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14 janeiro 2012

defeito 3 - politicar - profissão e professores

[originalmente publicado em 02/04/11 18:33]

Como hoje não tem maniçoba e nem folga no serviço, fui lá cumprir algumas horinhas preditas no contrato. Sábado de tarde é a pior coisa que possa existir na loja, ainda mais quando se sabe que não haverá movimento após às 13h. Em compensação os carros tunados com funk no último volume foram desafiadores. Mal sabia distinguir letra de batidão e muito menos conseguiu ouvir as pessoas ao fazerem os pedidos.

Tudo melhorou quando os tunados saíram e deram lugar ao churrasquinho de gato do açougue ao lado. Maravilha. E eu tava com fome naquela hora, e com calor e com sono. 8 horas não estão dando mais para manter os olhos abertos. Acho porque acordo de madrugada e fico morcegando nas palavras-cruzadas enquanto o sono não chega.

Se não fosse isso eu pudia tá robano, matano ou cherano pó royal nas esquina da vida na roça de Betinópolis.

Esse objeto em particular tirou o meu sono por alguns dias: GUILHOTINAS DE PAPEL.

Operar guilhotinas sempre foi meu desejo secreto quando via os anúncios no incrível jornal Betim do Canal 53 – a Tv que é a sua cara – mas ao manusear o objeto pareceu-me uma daquelas cenas dramáticas de novelas mexicanas em que o protagonista se vira para a câmera e faz uma cara de aterrorizado.

Essa porcaria é um inferno de mexer, sério. E tive que fazer uso do maldito instrumento torturador durante a semana. Quando a coisa não cortava torto, cortava pela metade. Suspeitei que precisava de uma amolação no fio, mas nem assim ajudou muito. Então o desastre eminente se aproxima: mais de 50 encadernações para se fazer e o papel era ofício. Brilhante! Lá fui eu tentar cortar a papelada na guilhotina e o que me custa? Lágrimas de suplício e momento Amy Winehouse nela. Deu um chutão, não doeu meu pé, fiquei mais aliviada.

Claro que fiz isso em hora ociosa do expediente. Jamais perderia a compostura beeeesha na frente de um cliente.

Final de contas: Após muito lutar e não compreender a amargura vinda da guilhotina from Hell, percebi que fazer o trabalho via estilete é mais produtivo. Demora mais, mas é garantido. Parecia ser bem fácil durante a Revolução francesa Sr. Gillete.



Recado para a posteridade: Papel Kraft e papel A4 são ótimos para praticar suicídios rituais. Se você for uma pessoa extremamente sensível, sinta-se a vontade em comprar uma folha de papel kraft e fazer o serviço, tem menos perigo do fio estar infectado, ser mais eficiente e mais barato. (E eu falando de tabus sociais em pleno sábado? Eu quero minha Pepsi!!)

Uma coisa interessante de se observar é a quantidade de pessoas que aparece 3 ou 2 minutos antes de fechar a loja e como elas ficam com aquela cara de “vou pagar mesmo!” quando me recuso a atender quando chega a hora cravada. Hoje foram uma senhora atrás de papel de presente – até deu razão, ela tinha rodado a cidade toda e nada de encontrar papelaria aberta – e depois um bando de garotos de aproximadamente 12 anos que atravessam a rua em gritos e brados de “Peraê!! Peraê!!” quando eu já estava com a porta no chão, meia fechadura passada. “É cartolina, abre aí que eu vou comprar…”, a resposta polida foi: “Não.”. Peguei minha mochila e dei o fora.

Eu já sei qual é o esquema: Se eu fico ali mais 5 minutos com o bando de pré-adolescentes, eu SABIA que entraria mais gente pra comprar mais coisa e assim sucessivamente até eu ver que o horário de expediente se estende por mais 1 hora e eu nem veria (Não é exagero, já aconteceu isso algumas vezes). E eu tava cansada pra baraleo – 8 horas insuficientes?! – e queria ir ao banheiro. Tenho álibis bons dessa vez.

O mais engraçado da semana foi ouvir a mulher de meu chefe reclamar intensamente sobre o povo mineiro. Classificamos como “Pior erro de nossas vidas” ter instalado residência em tal Vilarejo-Brejeiro e afins. Graças a Eru, Nienna e Varda isso logo mudará, obrigada, obrigada, agradeço, necessito e acredito, Amém!



E já que Betinópolis tá uma bagunça federal mesmo – o Sind-UTE (Sindicato incrível e maravilhoso que representa os professores em todas as formas e volumes e recipientes cabíveis) fechou a praça principal da cidade para protestar contra o incrível abono salarial menor que eles esperavam e blablablá. Tudo bem reclamar pelos seus direitos profissionais, mas o discurso tava muito manjado para ter algum ponto de veracidade nas reclamações. Havia uma banda de fanfarra tocando, faixas muito decoradas, um palanque novinho, aparelhagem de som, telão e distribuindo panfletos e dando nariz de palhaço e apetrechos para todos que passavam. Ótimo, circo formado.

Mas quem pagou mesmo o ingresso?

Pelo que eu lembro a Sind-UTE é especialista em 3 coisas nessa vida – pegar parte do salário ruim dos professores, de fazer greves que NUNCA dão muito resultado real e concreto e NUNCA costuma bancar tanta parafernália em passeata. Aí já dá para desconfiar que tem dinheiro grande rolando por baixo e com o background bizarro político desse lugarzinho filhodaputinha é porque alguém que tem controle da metade da cidade – e do ÚNICO jornal de grande circulação – está dando AQUELA mãozinha. Tudo bem, tudo bem. Ano que vem é ano eleitoral neaw? O que foi que ele disse mesmo? Que venderia o SADA Minas (Vôlei) se o partido de oposição ganhasse? Bem… O SADA Minas agora é do Cruzeiro Esporte Clube e todos os jogadores aqui de Betim foram chutados do time…

E a banda de fanfarra… Essa sim foi o que denunciou mais. São 5 ou 6 caras – todos de certa idade e muito ocupados para aceitarem oferta de sindicato sem dinheiro – que cobram no mínimo uns 1000 reais por hora de músicas improvisadas e marchinhas. Sindicato de professores não tem dinheiro pra contratar banda de fanfarra por cerca de 4 horas de protesto. Nem palanque, ou aparelhagem de som ou telão e projetor. E aquelas lembrancinhas lá que o povo espalhava para qualquer um? Aquilo custa caro pacas!!

Quando uma esforçada militante me entregou o panfleto da manifestação, sorri gentilmente e ouvi o que ela tinha a dizer. Em sua maioria culpando a Prefeita por tudo que aconteceu até então. Que estavam há mais de 10 anos sem abono salarial, que não dava pra viver assim e tudo mais. Eu, camaradamente, cheguei-me nela e perguntei: “10 anos e nada?”, mais reclamações contra a Prefeita, lalalala. Prefeita, não o Sistema Educacional, a Distribuição de Renda Municipal/Estadual/Federal ou o Governo para a Educação Municipal/Estadual/Federal. As reclamações foram para a pessoa Prefeita, sabe? Eeeeita lelê… Usando os pobres coitados sofredores professores como massa de manobra? Que lindo!!

Ouvi e não opinei. Peguei meu rumo o mais rápido possível ao ver que a PM já estava encostando na praça – o povo fechou as duas ruas da praça, pode fazer isso sem autorização non. Se metade deles ali soubessem que estão sendo usados só para fazer baderna política, estariam em casa. Ou não. Talvez pensassem um pouco mais na situação do aluno desmotivado que já não tá nem aí pra Escola e ainda é obrigado a ir a aula aos sábados e nas férias pra compensar a picuinha politicatória de uns babacas que nem mostram as caras na hora do vamos ver. Ou talvez o seu próprio papel como professor dentro da sala de aula, já que se reclamavam tanto da Prefeita da cidade é porque votaram erroneamente na porcaria da Eleição – se a proposta do partido adversário era tão boa assim. E se votaram errado é porque eram descompromissados com os direitos e deveres civis, logo: Por que raios um cara como esse tá na sala de aula “ensinando”?!

E assim esse Vilarejo-Brejeiro continua em sua rotina, brigas internas políticas, gastação de dinheiro e energia com pouca porcaria e nenhuma solução concreta para um problema de mais de 10 anos. Aliás… 10 anos? Por que não reclamaram no Governo anterior – na época PSDB, agora PT – quando tinham mais chance e apoio dos vereadores…?
Estranho…

Bora ficar calada que é a melhor coisa que nós estudantes fazemos.
Ah! E o abono salarial não foi reconsiderado e parece que o Ministério Público se meteu de vez com um Concurso Público para vagas na Educação. Massa de manobra política e Desesperados para não perder o emprego – que com certeza vão, já que continuam a fazer listinhas de fulanos que participaram da greve e colocarem a data para os respectivos passarem no RH da Prefeitura.

Graças a Mandos não ter me juntado ao Clã dos Vendidos Políticos.

Ps: O brigadeiro comprado na Padaria ao lado não era um brigadeiro, era um Muffin disfarçado. Não sei se choro por não comer brigadeiro ou se saltito por ter gosto de muffin.

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