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16 setembro 2013

desidratando com Les Miserables


Alguém muito legal já me disse que se você vê/assiste/ouve/lê algo e sente alguma coisa (Qualquer coisa), é porque o autor(a) conseguiu atingir a meta artística dele. Não foi diferente ao tentar me embrenhar em musicais, ainda mais um com a produção magnífica de Les Miserables (2012). Depois de desidratar horrores com o filme de 2h37, percebi em algumas coisas muito importantes na minha vida (in)existente de quase-escritora e algumas considerações sobre o filme/musical:

Meu fraco pela escória do mundo É realmente um grande problema emocional que devo ter falhado em consertar em alguma vida passada, não há sentido algum cair no choro aos 12 minutos do filme. E MUITO menos já me debulhar em lágrimas ao ouvir a voz da Anne Hathaway - embaraçoso por assim dizer (Jamais verei esse filme com alguém do meu lado). A carga emocional é tanta que a gente se exaspera - fui obrigada parar de ver um tempo, me recuperar de toda a bagunça mental rolando aqui em cima, dar uma voltinha pela casa, enrolar por um tempinho e voltar pro filme.

Hugh Jackman: ele sabe o que está fazendo. SIM, ELE SABE MUITO BEM O QUE ESTÁ FAZENDO!! Desde o Wolverine eu desconfiava que ele não servia só para herói de filme de ação, vemos ele em alguns dramas de cortar o coração e incrível atuação.

Anne Hathaway, preciso dizer mais? O tema dela já me fazia cair em prantos na época em que o trailer saiu, imagina agora? Ela tem uma voz linda e forte e carregada de emoção e bem... Fangirl é fangirl, não tem como não ficar toda ZOMFGBBQ quando ela aparecia em cena (Perfeição em pessoa, perfeição!).

As crianças! OMFG! As crianças! Cosette aos 9 anos (Isabelle Allen) e Gavroche (Daniel Huttlestone), os dois roubaram a cena com atuações impecáveis. Vemos poucas atuações boas de crianças em filmes "pesados emocionalmente" como esse. Aplaudo de pé.
Ambientação foi de tirar o fôlego (Vai ver que é por isso que passei cerca de 2h babando, chorando, lamentando e fungando), os cenários, o figurino e a escolha do cast foi excelente (Menos um item abaixo, frisando bem).

O alívio cômico, mas trágico veio dos Thénardier (Helena Bonham-Carter e Sasha "Ali G" Cohen), eles colocaram um pouco do sadismo moral e social daquela época hipócrita, ladrões, malandros, golpistas e realmente "os miseráveis" dessa história toda.

Como sempre, a burguesia é que planeja a Revolução e
ACHA que o povo tem que participar só quando a
porrada começa a atingir seus traseirinhos fofos. 
Decepções já previstas - ou itens que me perturbaram por razões óbvias:
  • Eponine Friendzoned. Tudo bem que low class e high society nunca se misturou em qualquer época de nossa sociedade tão justa, igualitária, perfeita¹, mas não há nada pior do que estar amando um mauricinho que planeja a eminente Revolução Francesa e ser obrigada a ouvir ele ficar pedindo pra achar o endereço da menininha que ele se apaixonou em menos de 3 nanosegundos. Isso é cruel, errado e totalmente pedindo para que Marius seja fuzilado na 1ª cena de batalha (O que não aconteceu, óbvio. Helloooo?! Final feliz burguês?!) #MariusFail - essa parte principalmente me deixou entediada (se estendeu demais) porque já dava para saber que não ia dar certo - e sofrer MAIS do que já está por causa da guria flechada erroneamente pelo maldito do Eros é um tanto hardcore.

  • Russel Crowe, I hate this guy. Srsly, vairy much. E ele pegou um papel que moralmente eu acharia válido para ter uma catarse awesome (Perceber que quem era o prisioneiro do sistema era ele e decidir ir pelo lado da Tragédia Grega, lalalala, oh mártires sem noção do perigo...), de todos ali foi o mais legítimo em que me senti querer me identificar. Méh, continuo odiando o cara na mesma intensidade e dei pulinhos quando teve o desfecho.

  • As mulheres e seus papéis na sociedade. Tá, Victor Hugo escreveu Les Miserables em um tempo em que éramos menos que um trapo velho (1862), com todo o furor da Revolução chegando, toda a ideologia Iluminista de Igualdade, Fraternidade e mais alguma coisa-ade, mas é duro de assistir a ficção realística de algo que está tão entranhado nos nossos genes. Se você quiser apresentar um belo exemplo da sociedade patriarcal funcionando direitinho sem ninguém chiar, faça a pessoa ver esse filme (Não comigo por perto! Não quero ficar chorando de novo!). Até onde deveria ter um POUCO de compreensão solidária de Humanidade (vide foto abaixo da fábrica onde Fantine trabalhava), a repressão come solta. Parabéns! Captaram lindamente esse aspecto, mas me dá náuseas pensar que o modelo de submissão continua.
Eu conheço essa atriz² do lado direito de algum lugar...
Chega! Quero me recuperar, tomar mais 2 litros de água e ir dormir. Já tive minha epifania artística do mês (And J-zuis Freakin' Crisps, como é exaustivo!)

¹ - sarcasmo detectado?
² - descobri!

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