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24 novembro 2013

percepções familiares nos diversos Amores

Gosto de metáforas. Elas me são úteis no futuro quando preciso revisitar aqui para entender porquê raios escrevi tal coisa em tal tempo e em tal situação, é um exercício de autoconhecimento que pratico desde os 13 anos e mesmo com a interrupção por conta de Sumo-sacerdote de Deus Ancião nas Profundezas do Mar, creio que voltar ao seu próprio texto pode trazer benefícios para a saúde mental.

Para mim, em minha opinião afetada pelo imperceptível joguinho cósmico de emoções e razões, o Amor seria representado como uma reunião familiar bem desconfortável.

Afrodite: "Vai lá, apronta mil confusões com uma turminha do barulho e
volta pra casa pra me contar os babados, ok fiote?"
Eros: "Mas mainha, e o estrago? E minha merenda?"
Afrodite: "Isso fala com teu pai, ele que cuida disso..."




Psiquê (A alma mais centrada e atenta ao seu redor usando os saberes antes de qualquer impulsividade) é aquela priminha pequena, que sabe já de uma porção de coisa sobre a vida, mas não sabe expressar bem isso pros outros. Ela costuma ficar no cantinho da sala de estar, consertando coisinhas que os familiares pedem pra "gente moderninha que entende dessas novas tecnologias". Na verdade a Psi só entende que é necessária em tarefas mecânicas e de cunho científico, ela não tem desenvoltura ainda em confiar em si mesma para partir para algo maior a não ser autoprogramar a TV ou ajeitar os cabos do videocassete.

Eros (O Amor avassalador, mais causador de problemas que muito deus olímpico) é aquele primo que ainda não é adulto, mas que adorava fuçar TUDO absolutamente TUDO sobre sua vida, o que inclui entrar no teu quarto, mexer no teu computador, conversar com teus amigos mais chegados sobre coisas que você não quer falar com ninguém, causar constrangimento geral na frente da família, te sacaneando muito pelas fotos de criança que você tinha, fuçar seu guarda-roupa e gavetas, ficar apontando ridicularidades de sua coleção de livros e o quanto aquilo ali que você chama de "vida acadêmica" é perda de tempo e supérflua. Após ler teus emails pessoais, ele vai deixar uma postagem bem ferrada no Facebook com algum segredo sórdido seu (Isso se não trocar TODAS as suas senhas de particularidades). Ou vai te convencer a se vestir algo mais "atrativo". Seguir conselhos desse é uma questão de causa e consequência: se for, racha, se não o bicho devora.

Afrodite é a tia velha, já manjada de bastante coisa, mas que nunca entrega a fórmula dos esquemas pra você tirar de letra. Ela se apieda quando você se ferra, aperta suas bochechas com ambas as mãos de unhas polidas e vermelho carmim para dizer em uma voz beirando a sensualidade:

" - Oh que peninha... Vamos tentar de novo?" ou;
" - Ai gente, coitadinha... Vem cá, deixa eu te dar um alento e te dizer que no final vai dar tudo certo, okay?"

Às vezes essa mesma tia irá te oferecer benefícios financeiros diferente dos outros: ela sabe que você é capaz, mas não entende o porquê você demora tanto para entender uma coisa tão simples: ela te dá um cookie, uma garrafa de bebida alcoólica, uma canção sertaneja de dor-de-cotovelo ou uma distração qualquer que VAI fazer efeito na hora, mas depois vai ser mais uma pra pilha de "coisas que me arrependi.".

Ela é a aquela tia que tem balinha ou docinho dentro da bolsa para alegrar os outros. É difícil ver essa deusa na ativa (mas pelos mitos que pesquisei, ser cuidadosa faz parte da figura dela...), indo atrás do prejuízo que o filho retardado fez e se desculpando em ter que partir muito cedo (Ela provavelmente vai cuidar do marido ou do amante ou de qualquer outro assunto que ela entende bem, que você morreria ou mataria para saber como funciona, mas ela não vai liberar nada.


Marte ou Ares é aquele mancebo babaca que a tia sabida Afrodite arranjou pra namorar, chato pra baraleo, só fala de um assunto só (Futebol, baladinhas de gente rica, como a empresa dele está crescendo) que não limpa as mãos no guardanapo, mas sim na toalha da mesa do jantar, não se prontifica a ajudar ninguém ou está sempre irritando os cachorros só por pirraça. O comum dele nesses casos é conforme a figura de Nelson, dos Simpson. "Haha, se ferrou, mané!"

A Sophia (Não confundir com a Ágape) é aquela tia mais estudada, que se lascou toda durante e vida inteira para dar aos outros um conhecimento melhor. É provável que ela seja bibliotecária ou advogada, mais provável ainda é saber que quando Eros vai incomodar ela, a Sophia acaba pecando muito na hýbris pra se colocar no eixo novamente.

Já a Dona Ágape é a avó, a matriarca da família. Sem ela não há princípio de nada, não há História, não há Razão. Ela já é uma velha senhora, ajeitadinha em suas vestes simples e balançando de um lado para cá na sua cadeira de balanço. Vovó Ágape gosta de conversar com os seus netinhos, ela cultiva o Amor Incondicional e Sagrado para todos, mas não aprecia muito quando Afrodite vem cumprimentar-lhe e depois a chama de velha retraída. Vovó Ágape é a energia essencial para essa família seguir em frente, mas ela não percebe muito nisso. A Vovó Ágape tem como melhor amigo o Tempo, Chronus, um enorme cão de guarda que parece dócil, mas quando cerra a mandíbula, só amputando mesmo pra se livrar da mordida (Sophia é campeã em levar mordida do Tempo e deixar pedaços seus e egos ali). Esse é um cachorro que nem Eros ou Ares queiram chegar perto - ele faz bagunça demais nos planos deles.

Vovó Ágape não pede nada em troca em que faz/aconselha/vive, apenas que você saiba amar ao próximo e a ti mesmo na mesma quantidade. Ela também vai admoestar você por chegar atrasado no almoço, mas vai guardar um lugarzinho ao lado dela, caso necessite.

E você é esse vermezinho solitário - na mesma mesa de almoço na sala de estar - a geração promissora que talvez vá trazer orgulho para essa família disfuncional, que procura entender que essas pessoas/personificações do Amor fazem parte na sua Vida. Se você vive com eles todo santo dia, por que não conhecer metade da história deles?! Vovó Ágape sabe, pergunta a ela.

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