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05 agosto 2015

arquivoversao1corrigidoqueaguerradeegotahdemaisessesdias.doc

Não sou adepta de guerra de egos. Tenho uma reputação a zelar - a de cara-de-pau que não toma partido algum em cima do muro? - e esta acaba pendendo na balança quando assuntos sérios são colocados em pauta.

Para introduzir esse assunto delicado em nossas rotinas trabalhísticas, românticas, conjugais, familiares e outras instâncias de pública e particular adversidade, apresento a minha paranoia constante de arquivos errados feitos em conjunto. Tenho pesadelos com cópias erradas de trabalhos acadêmicos e fanfiction. Sério. É um pavor insano que me acomete desde a graduação na PUC, nos tempos áureos de disquete 3/4, diversos emails na caixa de entrada com títulos do tipo: 

arquivoversao1corrigido.doc
arquivoversao22corrigidofessorapodecolaranexo.doc
arquivoversao666corrigidoversaofinalcorrigidafessorapodeclicarqueehessemesmo.doc

Junto a estes emails, frases de puro pânico como:

COPIA PARA A PASTA NO PC!!
COPIA PRO EMAIL DE ________ (nome de alguém do grupo ou amigx de sala)
COPIA PRO DISQUETE
IMPRIME E REIMPRIME E IMPRIME DE NOVO!

Era uma verdadeira maratona de paranoia que só terminava quando imprimia finalmente a versão aceitável, colocava o encadernamento e deixava bunitinho na mesa dos professores. Sempre deu certo, nunca me falhou dessa forma. Quando trabalhava em conjunto é que me perdia nas versões de arquivo, até que o Google Drive veio para salvar minha pobre alma designada ao limbo da edição de arquivos em conjunto com diversas versões.

Tenho tino de quanto é importante fazer anotações durante reuniões, como é bom manter um registro documentado em mãos para poder argumentar antes, durante e depois, é essencial para se cobrar ou justificar algumas situações. Mas o que fazer quando esse poder não é delegado a sua própria pessoa e sim outrém?

E o mais importante: e quando toda uma estrutura é negada quando esse registro é desvalidado pelo "erro" cometido no meio de uma guerra de egos?


E se esse alguém não tem interesse algum em manter um registro documentado por diversos motivos estranhos, inclusive alguns que não te competem como peixe pequeno no tanque cheio de tubarões já acostumados com as rodadas do joguete de egos fragilizados, e prontos para morder a jugular uns dos outros?

Esse impasse ocorreu não muito tempo atrás e me deixou numa posição de "voto de Minerva" entre o ideal, o real e o imaginário. A dinâmica desses 3 conceitos na rodinha de egos se digladiando me fez querer jogar uma bombinha ninja em meus pés, fazer puft com uma nuvem de fumaça e sair correndo e me esconder no primeiro canto escuro do local. É aterrorizante.

Não é apenas o não poder encarar uma situação dessas com a cabeça no lugar, ou deixar a racionalidade falar mais alto e ponderar do modo mais lógico possível, ou simplesmente dar de ombros e dizer: "Foi mal, mas eu me abstenho", há certas coisas na vida que se necessita ter aquele pulso firme para tirar obstáculos. Mas a guerra de egos? Sim, ela continua mesmo quando eu tento ser adulta com adultos presentes. Claramente há uma nuvem de desconfiança e falta de parceria envolvendo todos no balaio, uma guerra silenciosa que só se agrava e se mostra real quando a discussão se torna mais acalorada ou quando o primeiro tapete é puxado (Ou a primeira faca é arrancada das costas). É tenso pra baraleo.

Pior é manter uma postura decente (Ou aparentemente algo assim) quando a bomba cai no seu colo. O voto de Minerva não deve ser usado em vão e entre ter o poder de invalidar a opinião de alguém ou ficar taxada como "esquecida, distraída, etc" eu pego a saída de auto-punição. Já cometi erros piores na minha vida - acredite, ainda remôo muita coisa desse gênero - mas o de afetar substancialmente o andamento de um cotidiano já pré-estabelecido de propósito? Não, nem em sonhos eu teria coragem disso.

O que na guerra de egos é prato cheio para se papar algumas jogadas de farpas.

Sinalizando aqui que a guerra de egos não envolve o meu, sou peixe pequeno, não me envolvo na política bizarra da situação abordada, mas o que tentei apontar quando me deram o voto de Minerva "É verdade isso ou isso? Você estava lá!" era o fato de que o documento onde havia as provas de TUDO que poderia ser a realidade concreta, votada, concordada e assinalada não só por mim ou as pessoas em questão, mas também os demais envolvidos, estar faltando informações. TODAS as informações pertinentes, quero dizer.

Um documento de registro muito importante para a coisa toda andar, sabe? Algo que não poderia ter sido "Copiar e colar" e não deixar de ver as alterações radicais feitas. O que muitos falariam que "Não é nada demais" é justamente onde o monstro com 9 cabeças começa (E nem sei se é polido evocar o nome da Hidra aqui nessa confusão documentalística). Cortou uma cabeça dela, vai aparecer mais 3 e isso, senhoras e senhores, é inviável na altura do campeonato.

Além de invalidar a palavra de uma pessoa - que com certeza estava mais do que certa, pois eu e mais 20 estávamos lá para provar que a reunião aconteceu e diversas mudanças foram propostas, votadas e chanceladas - a chance daquele documento estar completamente errado é alta. E para explicar as criaturas de ego inflado que o erro pode estar ali, bem na frente delas? Não tenho peito, não tenho fôlego e definitivamente, não tenho mais cabeça para travar esse tipo de disputa com quem já está acostumado a viver dessa forma todos os dias.

Isso de certa forma me aterroriza, pois se é assim que muitas pessoas conseguem fazer carreira na área de ensino, como poderei ser competente o bastante em NÃO FAZER esse tipo de joguete e sobreviver? Dá medo, dá desgaste emocional, dá ânsia física de querer desistir daquilo que está coerente com a realidade e dar lugar pro "Okay, faz o que quiser" ou "É, foi esse trem aí mesmo". O desconforto foi tanto que os sinais físicos apareceram na horinha, a pontada da nuca pra testa, os ombros tensos, a vontade horrenda de querer fechar os olhos e dormir. Tudo compromete o escudinho básico que mantenho contra esse tipo de pessoa bem longe de mim.

Farpas trocadas, reclamações, resmungos, olhares espertos e nenhuma resposta quanto ao questionamento sobre os documentos mostrados não estarem de acordo com a reunião do ano passado - aquela em que mais de 20 pessoas proporam, votaram e chancelaram para esse ano e que são importantíssimas - coerência nas parada? Zero. Consciência limpa zero também, acredito.

Há certas coisas na vida que me dão vergonha de possuir em demasia: Orgulho desmedido é um deles. Porque ao ver ele manifestado de forma tão mesquinha em outras pessoas, isso me dá vontade de enfiar um garfo no meu próprio olho de tão ridiculo que é.

Mas diferente da hýbris violenta de cometer um delito e ser expurgado depois de 3 minutinhos sem tanta adição de água, essa desmedida complexa e conjunta vai crescendo conforme os confrontos vão se tornando comuns. "Quem é Rainha, nunca saiu do trono" isso era algo que minha véia Entesposa falava sempre: não importa onde você esteja agora, há sempre um desejo quase mórbido de você voltar a ocupar o lugar que era seu, querendo ou não.

Tem que ter jogo de cintura? Tem que ter paciência extra? Tem que empurrar com a barriga, eu me recuso a atender essas especificações de fábrica, mas ser obrigada disfarçar o #Facepalm toda vez que vejo essa guerra de egos ocorrendo, ainda mais em um abiente em que se deveria estar prezando pela Educação e Bem-Estar de uma comunidade, não os interesses próprios de "eu que mando nessa bagaça, porque já fiz isso, isso e isso e tou aqui mais tempo que vocês". Drástico demais? Tento me ver nessa situação mais vezes que já ocorrido e sempre chego a mesma solução: Voto de Minerva? Vá as favas e coma batatas, meu lugar em cima do muro tá quentinho e ali permaneço.

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