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02 agosto 2016

[eu não sei fazer poesia] sem título 2

Talvez vá chegar esse dia, em que a troca de olhares seja diferente
O gosto no paladar não mais acrescente
Enquanto uma alma está pronta pra se entregar
A outra queira dizer que não há mais nada
Que o mundo lá fora é sua morada
E que não há nada aqui dentro que a prenda no corpo

E quando esse dia chegar
Espero dessa vez ser apenas espectadorx
Não mais notar que o brilho nos olhos abrandou
Na verdade, gelou
Para um pálido cinza nevoento que não quer espera nada

Porque é isso que talvez esse dia seja
Quando se está totalmente preparadx para dizer o que mais importa
Para as palavras serem trancadas pra sempre antes
De subir pela garganta, encontrar os lábios
Sussurrar com a certeza de que fez o certo

E esse dia, espero que seja, eu esteja
Apenas na plateia, vendo o desenrolar
De um conto de fadas que poderia ser perfeito
Quando uma alma quer se doar com o que tem
E a outra que prefere ignorar

Talvez o dia chegue e as palavras jamais saiam
Se engasguem entre os pulmões e ali fiquem
Sem cano de escape, cirurgia ou exorcismo
Para que na próxima vez (Se tiver) seja breve
Não vá além do que deveria ser
Não se atrever a ir longe demais quando não se sabe o caminho direito

Talvez vá chegar esse dia, em que outra alma irá fazer companhia
Na figura curvada de 97 anos, cadeira de balanço e dentadura na gengiva
Ou na pequeneza em quatro patas, focinho gelado e longos cochilos
Talvez chegue, talvez não. Talvez nem tenha existido, ou tenha sido em vão

E esse dia, espero que seja, eu esteja
Apenas de soslaio de olho, cara enfiada em um miolo
De um livro bem grosso e interessante
Pra eu dar a devida atenção ao que é mais relevante
E parar de pensar por um instante que contos de fadas existem

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