O processo do esquecimento é como uma máquina de lavar bem usada
E que as roupas novas são batidas demais e acabam perdendo a tonalidade
Aquele jeans que encaixava direitinho pode encolher ou alargar
A camiseta favorita manchar por culpa de outra colocada indevidamente
Rasgos, torces, aquela meia que some misteriosamente
Aliás péssima hora de comparar memórias com roupas, mas fazer o qué?
O cheiro do amaciante fica até determinado instante
Bem breve
Na primeira saída se vai e mistura com
Os odores da vida terrena coberta
De poeira, sujeira, fuligem
Assim como as memórias, dependendo do sabão usado
Memórias somem, dão lugar a esse borrão alvejado
Um alvejante errado
O ritmo constante da batida do motor até engana
Assim memórias construídas e alimentadas diariamente pela rotina
O zumbido, ruído, rangido se torna o mesmo
Aí desanda com o erro crucial do uso concomitante de alvejante
Ou aqueles produtos mais chiques
Tira-manchas
Tem como tirar manchas de uma memória?
A mancha é maquiada em algo que a química resolve,
mas não o que o tecido tece
O tecido, aliás, é o mais prejudicado
Esse tecido roto que achamos o mais potente
Tem mais manchas maquiadas que o costumeiro
Alvejantes memoriais
Começa por pequenos detalhes, uma data
Apagando aos poucos uma impressão que deveria durar mais um pouco
(mais outra lavagem e retrolavagem)
Um toque, um cheiro, um sabor, o grunhido do motor?
Persistente, até se tornar algo ambiente
Faz parte do seu sistema, mas é alienígena pro seu corpo
O som da voz se esvai por último
Como se desse o ultimato do botão de enxaguar
E das memórias lavadas nessa máquina de lavar
É quase certo que não recupere mais a elasticidade das lembranças
A voz é a última
Dissipando qualquer outra lembrança produzida em bolhas de sabão e cheiro inebriante de amaciante
Memória centrifugada
Uma pena, viu?
O tecido retirado da máquina
Estendido amarrotado no varal da vida
Péssima ideia comparar memórias e pessoas com roupas a lavar
O tecido, aliás, é o mais prejudicado
Esse tecido roto que achamos o mais potente
Tem mais manchas maquiadas que o costumeiro
Alvejantes memoriais
Começa por pequenos detalhes, uma data
Apagando aos poucos uma impressão que deveria durar mais um pouco
(mais outra lavagem e retrolavagem)
Um toque, um cheiro, um sabor, o grunhido do motor?
Persistente, até se tornar algo ambiente
Faz parte do seu sistema, mas é alienígena pro seu corpo
O som da voz se esvai por último
Como se desse o ultimato do botão de enxaguar
E das memórias lavadas nessa máquina de lavar
É quase certo que não recupere mais a elasticidade das lembranças
A voz é a última
Dissipando qualquer outra lembrança produzida em bolhas de sabão e cheiro inebriante de amaciante
Memória centrifugada
Uma pena, viu?
O tecido retirado da máquina
Estendido amarrotado no varal da vida
Péssima ideia comparar memórias e pessoas com roupas a lavar
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