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12 julho 2020

expectorantes

Ainda me surpreende quando pessoas tem alguma expectativa sobre minha pessoa, gente eu nem esperava chegar aos 30 direito, ultimamente só tou aqui para tirar o CRB, ir pra um interiorzão afora, ajeitar uma biblioteca escolar da vida e ser a tia Elza da referência forévis nesse lugar.

Não tenho grandes aspirações ou expectativas justamente por não corresponder a maioria das vezes quando alguém demonstra interesse em saber o que quero fazer da vida. Sou bem lugar-comum e monótono nesses tréco, então já pra deixar bem óbvio, é isso aí em cima.

Ah! E manter meus pontos de sanidade no 1d20 que tirei desde que nasci. Minha saúde mental não troco por nenhum sonho, expectativa ou projeto aí não.

Teje dito.
Voltemos a programação normal.

05 agosto 2019

compartimentando personas

Heeeey meu 2º morador favorito do Hades¹!
Em meu mundinho ideal pessoas entenderiam que sim, dá para compartimentar vivências como a gente guarda comida em tupperware e só abre quando precisa ou tá com fome.

O que sou na vida real (IRL = in real life) não é a mesma coisa que sou nas interwebs que também não tem nada a ver com o que sou quando estou jogando MMORPG e gezuis amado barbosa da silva, não confundam com meu eu-lírico, muito menos com meu fazer bibliotecário.

Compartimentar caracteres e estados de vivência faz um bem danado, cês não sabem como. Primeiro que delimita sujeitos e discursos, dá a vantagem de prever como certas situações irão se desenrolar - sabe aquele papinho de "papéis sociais", bem isso - e o mais importante pra integridade da minha pessoa: separar público do privado.

Porque infelizmente nesse antro vil e maléfico de Cthulhu - também conhecido como bolha acadêmica da universidade dos Megazords ou qualquer outra instituição em que te fragmenta ao ponto de quebrar e dissolver, mas quer que você continue em um pedaço só para fingir que tá de boas nessa confusão - pessoas não aprenderam ainda separar o público do privado. E eu tento, juro! Todos os dias vigiando qualquer derrapada pra não confundir ou interpretar falta de profissionalismo com falta de semancol. Faço a minha parte, como uma pessoa treinadinha desde quiança a não vacilar nos escorregos do misturar as personas e acabar causando mais outra situação embaraçosa.
(Podia dar um exemplo explícito aqui? Podia, mas acho que os bafões acadêmicos devem virar lenda urbana naquele espaço tão elitista de certo centro que abriga certo departamento de certa universidade... aaaaaah vocês entenderam aí!)

Assim como os lindos, civilizados, politeístas, escravagistas e xenófobos gregos faziam, separar o público do privado descomplica tantas coisas que pelo jeito a galera do Iluminismo esqueceu de resgatar junto ao Parnasianismo e o Narcisismo Acadêmico. Separar essas duas tipologias de personas é essencial para a manutenção de uma saúde mental intacta.

(Aliás, fun fact: a persona é o papel social do ator do teatro grego, eles costumavam usar máscaras para separar quem eram de verdade, do personagem e do eu-lírico ali expressado. As pessoas não entendiam bem quando alguém interpretava um papel no teatro, às vezes confundiam o ator com o personagem que ele interpretava e rolava uns bafões do tipo, literalmente levar a sério a interpretação e alguém da plateia ir lá tirar satisfações com o ator como se ele fosse o personagem. Fantástico!)

Então vamos falar de personas e separação de público e privado e como isso faz bem?
Não sei quanto a vocês, mas é bom dar uma revisitada em todas as máscaras que guardamos toda vez que temos que nos submeter a situações sociais que nos impõe diferentes meios de se comunicar e de existir.
(Tá na hora do mindfuck de final de semestre?! Táááá sim!)

Debaixo do link: se não tá a fim de dar uma olhada para si mesme, nem clica.
(Mas tá sendo engraçado descobrir que na verdade meu perfil profissional é de extrema filhadaputice burocracia por simples gosto de querer complicar a vida de quem vive prejudicando os outros)

31 março 2019

Aquela duvidazinha que aperta

Acho que a primeira vez que desconfiei que talvez o mundo em que vivemos poderia ser uma paródia bem tosca de um simulacro mal feito de deuses cansados foi ao fazer uma redação sobre meu melhor amigo.

Eis a questão para crianças introvertidas: a gente não costuma ter tantos amiguinhos, mas a gente observa bastante as pessoas sendo felizes tendo amigos.
Não é uma necessidade crucial de convivência social, não vou morrer de tristeza se não tiver a presença de miguxes por perto ou diariamente - ffs não sou um bloco de gelo, apenas tenho aquele trem de precisar de espaço pra recarregar as baterias por conta das interações - também até agora não arranquei meus olhos fora por não ter alguém pra dividir a cama e as contas, afinal de contas, gosto mais da minha solidão do que a ansiedade, apreensão e embaraçamento de estar na presença de pessoas.

E na redação escrevi sobre uma amiga imaginária que sempre esteve comigo até me convencerem que amigos imaginários são fases da infância pra se acostumar com a vida cruel e chata. Mas escrevi sobre ela e lembro de terminar de escrever uns dois parágrafos - minha letra horrenda era grande naquela época, então ocupou a folha inteira - e me perguntar: "Será que os outros vão entender o que tou tentando escrever aqui?"

Então escrevi sobre meu cachorro (que era companheiro de brincadeiras e a amiga imaginária também era chegada nele) e pronto, passável.

Não lembro de admoestação nisso, lembro de me preocupar se escrever sobre alguém que supostamente não existe, mas que volta e meia me ajudava nas brincadeiras e nos estudos e no entender o mundo ao meu redor (era confuso pra cacete gente, sério! Cês já fizeram esse rememoramento de como as coisas na infância, apesar de simples, os adultos babacas complicavam com trocentas regras impossíveis?!).

A amiga imaginária saiu da "materialidade" que uma mente fértil infantil pode formar - era uma moça bem bonita, aliás, às vezes reconheço a voz dela em lugares e sempre quando decido seguir o que chamam de "instintos" ou "intuição", acaba sendo batata - ou tá corretíssimo ou vai dar muito pano pra manga - e habita minha cabecinha de melão cheia de ideias despirocadas, porque eu não deixei aquela redação matar a minha criatividade. Ou qualquer outra manifestação autoritária de estrangulamento de criatividade.

Mas fazer esse esforço de esquecer que essa ideia que era externa - pergunte a qualquer criança que tem amigo imaginário, a persona "existe" em algum level de materialidade, nos sentidos principalmente, eu costumava sentir cheiro de perfume gostoso quando a amiga aparecia, ouvia pouco da voz, mas o segurar minha mão quando ficava escuro no quintal dos fundos ou de ficar do lado da cama contando alguma história que dava pra gente brincar no dia seguinte (eu já havia sido introduzida aos blocos de montar, storytelling veio cedo aqui e culpo a uma fonte externa. Eu era uma criança essencialmente sem graça e não muito empolgada com pessoas) - foi a primeira impressão que "Yep, esse é o mundo que todo mundo parece ver, então é isso que vou ter que aturar? Desafio aceito, né?"

Minhas aspirações de botar fogo no putero eram altas naquela época.
E quando digo isso era de se subverter da ordem geral.
O desconforto tava ali de não encontrar lógica em algo padrão como "meninas jogam vôlei, meninos futebol e usam a quadra maior".

Não é algo pra uma criança de 8 anos já sair no bate-boca com professores do primário.
Ou de falar demais dentro da sala, não com coleguinhas, mas de perguntas e mais perguntas, de me botarem na diretoria, por causa disso, por fazerem o ERRO CRUCIAL de me mandarem dar uma voltinha na biblioteca. Essa Realidade Estática sempre me deixou intrigada com as conformidades, não as deformidades. O padrão me é enjoativo, mas passável (Assim como minha existência até agora). Mas viver de padrão pode prejudicar sua criatividade.

Cair na Biblioteconomia não foi milagre ou decisão acertada, foi como um destino emaranhado de fios de diversas cores e grossuras fossem sendo costurados lá pelas fiandeiras, até uma catar o olho da outra irmã e apontar praquela manhã de pseudo-castigo na biblioteca fosse o fator decisivo de uma vida inteira de:
1 - esconder as minhas perguntas dos outros e fazer o trabalho sujo eu mesma (descubro sozinha blergh!)
2 - encontrar a profissão que amo de paixão e ninguém vai me convencer o contrário disso
3 - saber o que raios tou fazendo nesse plano de existência e o que posso fazer pra suportar um tempinho aqui sem causar tanta destruição contra mim mesma

Porque a destruição tá bem perto, sabe?
O Caos reina em uma mente que não sossega 24/7, nem quando medicada, ou exausta, ou enquanto dormindo.
Isso irrita.
Porque voltar ao estado normal das coisas não existe desde meus 7 anos (a memória de funcionamento do meu processo de entender o mundo é nessa idade, antes são borrões, flashes e um medo insano de me aproximar de pessoas). Tentar me adequar também é um problema, sempre dá erro 404.

Voltar a caixinha não rola, porque essa caixinha não foi uma opção que pude escolher, de entrar e ser domesticada ali dentro. Em outras caixas mais apertadas e blindadas sim, nessa da padronização não.

A criatividade, que insisto que veio de parte externa do sistema - afinal ter lembranças de uma amiga imaginária continua sendo meu atestado de quase insanidade - continua povoar a cuca aqui. Nunca me atrapalhou em cumprir meus compromissos,mas às vezes me fez apressar passos daquela precaução que a criança introvertida assustada com pessoas já planejava antes de ter tino que se proteger é bom, mas se blindar é algo péssimo.

E hoje vendo duas crianças no ponto de ônibus, cada uma dançando uma música que não existia materialmente, me fez pensar no que o mundo considera como sanidade e loucura. Esses pequenos vislumbres de criatividade espontânea das crianças estão em todos os lugares e até quando elas estão se esforçando pra forçar uma passabilidade de "Hey adulto babaca, sou normal tá. Aqui meu atestado de eficiência no status quo. Continua sua vida".

Na Educação é onde vejo mais esses focos de criatividade acontecerem com mais frequência - tanto pro bem quanto pro mal - e que infelizmente a própria Educação com "e" maiúsculo sufoca e esquarteja.

Não há um dia em que eu não acorde com uma ideia nova na cabeça, que mesmo que impraticável (maioria), vai me puxar pra outros cantos, não tem uma noite que não boto a cabeça no travesseiro e não esteja pensando em algo, possível, palpável, durável ou completamente platônico. Não há algum momento durante o dia em que não passe sem viajar na maionese com algum tópico.

Porque eu alimento a criatividade com o pouco que dá em dias como esse.

Duas crianças dançando desajeitadamente em um terminal de ônibus lotado de pessoas em uma massa amorfa de corpos, em um ritmo que não existe pra gente ouvir aqui fora (será que era o Ranganathanga?!) já me fez correr pra esse bloco de notas e escrever um pedaço de conto. Tem pessoas que gostam de contar, outras de narrar, outras de escrever. Fico com a tarefa de escriba mesmo, escrevendo pra não esquecer, rememorando com o que é possível recuperar nesse músculo falho nosso chamado cérebro.

Mas entre amigas imaginárias, despertares de novas percepções, convivências com um cérebro barulhento e insuportável em algumas situações (vai lá fazer prova de processo seletivo com uma música nada a ver tocando no looping dentro da cuca e ser obrigada a pegar um rascunho, escrever a powha da letra pra ver se o treco é expelido pra poder se concentrar), todo mundo tem o potencial de não esquecer aquela criança de antes, a de ideias lokaças e jeitos mirabolantes de se ver o mundo chato.

Até lá, conservando a sanidade aos pouquinhos.

07 dezembro 2018

o melhor conselho: terapia

"Diga a um terapeuta, não pro Facebook" - crédito
Algo que tem demonstrado forte o quanto as pessoas ainda não sacaram a questão de limites é quando você próprio tá no limite - tipo puxando a linha imaginária até ela ficar tensa que nem elástico antes de se soltar com toda força - e ainda assim te cobram por algo.

Qualquer coisa.

Um dos conselhos que vivo recebendo repetidamente da psicóloga em que me oriento é sobre não levar mais carga emocional de outrem. Isso já ferrou comigo desde criança, com todo rolo de viver em uma família em que abuso emocional era prato diário (e a criança madura aqui tinha que aguentar as pontas que supostamente nem eram dela, mas de adultos irresponsáveis e que não sabiam se comunicar?), não quero que cave um buraco a mais o que eu mesmo faço por vontade própria e com louvor (overthinking achievement aqui, muito obrigado).

Aí todo cuidado é pouco.

Porque a minha tendência é de ajudar ouvindo - aconselhar é um problema, isso já me abstenho - mas quando você está invariavelmente RUIM da cabeça, não é saudável tentar ajudar outra pessoa ruim também. Isso não é recomendável por diversos motivos, pois dependendo da situação, ou posso ser interpretada como alguém extremamente rude e egoísta, salvando a minha cabeça de piorar algo que já não tá mil maravilhas. Ou posso piorar as coisas dando uma opinião que não vai ser aquela que querem ouvir. ou eu simplesmente sumo que nem ninja e só apareço 5 anos depois como se nada tivesse acontecido (E aconteceu e guess what? Ainda estou remoendo por ter feito isso.)

É uma luta diária.

Ser fdp nessas horas pode te custar uma amizade, um amor, um laço de confiança. Mas gostaria de explicar o que que rola quando se está no poço, abraçando a Samara e cavando mais fundo no lodo com uma pá feita com meus pensamentos. Pode ou não acontecer como todo mundo que tem um bode balindo na canela. Pode ou não ser aplicado em todos os casos, pode ou não.

A gente não consegue sacar quando alguém precisa de ajuda, porque dependendo de como estamos, não vai rolar de adivinhar. Também aceitar ajuda é tenso, porque a bagunça é tanta dentro da cachola que nos convencemos que aquele problema é nosso e de mais ninguém, não importa o que nos digam para acreditarmos que é merecido ter ajuda de fora.

E aquele medo irracional que estamos atrapalhando a vida dos outros quando elas entram em nossos círculos de convívio. Aí imagina isso, esse bode balindo alto acima das vozes de quem quer ajudar e plim, aparece alguém que tá ferrado das ideias como você pedindo ajuda igualmente. E justamente pra você, diretamente ou indiretamente, e a única coisa que dá pra responder é algo nada feliz.

No meu caso, sempre aconselho pra procurar um profissional o mais rápido possível.

Às vezes o que a pessoa gostaria de ouvir NÃO É isso, talvez uma palavra de conforto, um "calma que vai melhorar", um sacudidão, um ombro amigo?

Como é que dá pra ser o ombro amigo se o complexo de Atlas chegou ao limite aqui? Como é que vou ajudar se eu mesma não consigo tirar os pés afundados da lama, dentro do poço, Samara abraçada? Faz sentido?

É que estava pensando nisso, das vezes em que fui âncora para resolução de cabeças perdidas, sendo que a minha sequer chegou a um ponto de começar a se consertar. E é injusto para ambas as partes, extremamente egoísta de ambas as partes, mas estranhamente rude somente de um lado.

Parece que o mantra do "amigos não são terapeutas" [x] está me perseguindo de uma maneira espetacular. E dizer isso em voz alta incomoda quem precisa de ajuda urgente, ou que acha que é urgente, mas que dá para procurar alguém especializado pra entender e trabalhar juntos nisso. Às vezes somos impacientes, e demandamos respostas para pessoas que sinceramente não tem estrutura emocional e racional para nos apoiar de forma mais adequada, por isso parentes, amig@s, namorad@s, bibliotecári@s (isso foi uma indireta, não sou terapeuta), tiozinh@ da esquina que tá esperando o mesmo busão não são terapeutas. Tem gente que não está preparada a ouvir o que tem a ser dito de nossas bocas, tem gente que se apavora por estarmos nessa condição horrível e não conseguirmos sair.

Tem gente que vai falar que é falta de Deus na vida. Falta de louça ou roupa pra lavar, falta de palmadas e surras, falta de homem na vida, falta de alguma coisa... Tem nada faltando não, é porque tou no mesmo barco, não tenho como ajudar se estou afundando também né?

Escrevi mais sobre isso aqui [x] [x] [x]

07 março 2017

[interlúdio] entre o lacre e o jarro de picles

Comecei a escrever esse texto uma semana atrás, aí veio esse artigo na minha timeline do Facebook e isso no meu dashboard do Tumblr aaaaand, bem... caiu como uma luvinha.


(Florentina é deusa d@s desamparad@s nessas horas cruciais...)

Cê vai ficando coroca e não prevê mais as "cousa" direito.

Tenho essa mãe, meio me fez passar raiva quando mais novilhe, com todo um arsenal de cuidados e quadrados, tudo pra me encaixar em algum lugar. Ela massageava demais um ego que tinha tendência em inflar e sabotar uns feelings de vez em quando pra ajudar.

Não foi legal.

A gente via isso acontecer com os primos, a mesma neurose rolando, a mesma desculpa sendo repetida (nunca recebi amor dos meus pais), o sufocamento era o mesmo. Tardios na saída de casa, sedados por medo de crescer. Fracassados em algum lugar no lugar dos nossos pais.

A atenção era desmedida, no que tinha de "supermãe" para os outros, tinha era uma jarra de conserva sendo mantida. A vida dentro da redoma vai riscando algumas coisinhas da nossa vida, uma personalidade ali, uma opinião concreta aqui, às vezes moldava coisa que não devia, como seu verdadeiro eu, aquele que você procura tanto depois que perde quando criança, mas tá lá em algum fundilho rasgado do bolso de alguém. Nunca o seu.

A dependência, essa vai criando uns tentáculos bem oscilantes, traçando espirais de fuligem e tinta escura, obscurecendo aquilo que era pra ser naturalmente colorido. Dá pra entender: eles só querem o nosso bem. Apenas isso. Mas não compreendem que entre o bem e o mal tem um caminho bem tortuoso com um pedra gigantesca no meio e um horizonte que a gente não vê. 

É assustador.


28 dezembro 2016

Interlúdio - Rememorando o memorando

Antes de fazer a retrospectiva linda do blog pra esse ano f*****, vai o último interlúdio do ano.

Coloca aí na lista, seu dotô!
"Como você pode estar em depressão se você tem tudo o que quer?"
"Você é só uma menina mimada que não sabe o que quer e fica reclamando à toa"
"Você só está assim porque decidiu se afastar de mim"
"Você estaria mais feliz se tentasse ser normal"
"Monstro"
"Dissimulada"
"Prepotente"
"Preguiçosa"
"Só está triste hoje, daqui a pouco melhora"
"Não posso segurar a sua mão, porque as pessoas não iriam gostar disso"
"Gosto de você, mas você não é o suficiente. Tenta melhorar"
"Fria e calculista, egoísta incapaz de amar alguém direito"

E ao pesquisar direito sobre as pessoas que têm problemas parecidos com os meus, há uma constância bem bem chatinha ali no gráfico: relacionamento abusivo.

Ou atitudes expressadas em situações adversas que caracterizam a desnecessária força de vontade de algumas pessoas em me lembrar que não presto pra muita coisa, mas hey! Pras poucas coisas que me garanto sem humildade alguma, sou demais. Sou melhor que o esperado. Eu faço diferença.
É nessas poucas coisas que me asseguro a manter a Sanidade.
(E hail Cthulhu!)

Nelas que vou me manter, porque é nelas que faço coisas muito boas não só pra mim, pra quem está ao meu redor. Relacionamentos abusivos e amizades beirando o possessivo me ensinaram que quebrar regras que ninguém gosta de dialogar, ter curiosidade, ser pró-ative não é um defeito, é uma arma pra aguentar o tranco depois.

Estar ou conviver com alguém encaixado nesse arquétipo e estar em um estado alarmante de depressão pode ser uma combinação muito ruim. Dá m****, sério. Algumas pessoas que amamos/gostamos/afeiçoamos conseguem ser tóxicas quando ultrapassam a linha entre o "Quero cuidar de você" com "Quero você numa redoma" ou "Espero você disponível o tempo todo, porque preciso de muletas". Essa linha costumava enroscar no meu pescoço a adolescência toda, com alguém muito possessivo e rancoroso cuidando de mim (e eu tentando ser a melhor pessoa do mundo pra dar certeza a pessoa que ela não precisava surtar quando eu queria ser como as outras meninas - e aqui trato no passado, quando a heteronormatividade me fazia acreditar que ser uma menina normal, comum, típica da família tradicional era bom, era seguro, não ia magoar ninguém, ia ser até divertido #SqN). Eu gritava pros cadernos, nos estudos, no violão. Era a única forma de escape. Continua sendo.

Ali alguns pensamentos muito ruins iam se mesclando aos poucos aos pensamentos bons. Talvez eu não fizesse muita diferença entre as pessoas em que vivia, talvez a dor de não conseguir me expressar devidamente passasse, talvez não tava certo para amadurecer de vez. A oportunidade jamais viria. Amigos ciumentos, amores tão imaturos quanto eu, familiares em negação. Isso tudo enche a cabeça de caraminholas... Vai dando a impressão que aquela tabela de autossuficiência não vai subir nunca.

A depressão (bode amarrado na perna) é um dos fatores que mais ocasionam óbitos autoinfligidos (é como alguns especialistas intitulam pomposamente no eufemismo científico o suicídio), fazendo com que muitas das rotinas de prevenção e contenção precisem ser firmes e disciplinadas.

É como viver numa gaiola aberta, porque cismou que suas asas não funcionam mais. Incrível que com esse estado - aqui minha teoria do que me acomete em dias horrendos, é um estado, não um "ser depressivo" - vem oportunidades únicas. Aí que reside a vontade de ultrapassar as limitações e fazer por onde, mas autossabotagem é uma das coisas que mais me perturbam no processo.

Estar com o bode sintonizado para alguns pensamentos desastrosos faz parte, evitar que eles se tornem planos ou esquemas intricados de execução também é um esforço danado. Mas graças a ironia do destino, a letargia que nos acomete a cometer coisa alguma acaba frustrando o caminho entre pensar e fazer. É um lugar muito tênue de se definir.

Nessas horas que tem que ficar mais atento a vida é aos arredores: nada de alimentar os monstrinho alojados na cachola e muito menos deixar que comam sua vontade de viver, se afastar de algumas pessoas é preciso para autopreservação. O desequilíbrio energético começa quando você serve de muleta para outrém. E acreditem, ficar de muletas é um saco: machuca as mãos, os ombros doem, tenho esse incomodo em um músculo das costas que me fisga até hoje por passar muito tempo na muleta literal. A muleta metafórica faz o mesmo com quem está se apoiando firmemente nessa coisa, não entendo o porquê de certas pessoas cismarem em usar muletas por mais tempo que o devido.

As coisas mudaram desde então, muita coisa mudou muito desde lá. Não há motivos para se sujeitar mais a comportamentos destrutivos, não faz coisas quando não quer fazer, limita-se o repertório de charminho para ocasiões raras, se aceita como é, se torna esse trem que batizei como "aquele pedaço da letra de Rebel, Rebel"Entender que isso, todo esse aperto, não é parâmetro para ritualizar tortura psicológica - por conta da percepção errônea de alguém não esclarecido, de mente fechada e incapaz de sororidade - não é necessariamente a verdade para se tornar cânone. Na verdade não existe verdade alguma. E mesmo quando se vai questionar a verdade, vai ter o questionamento de se questionar tal coisa. Deixa no embrulho pra presente e toca a vida. Desapego.

Percebi que com o desapego muitos dos demônios ululantes nos meus ombros meio que pararam de pular e viraram números estatísticos. Yep, eu reduzo meus inimigos internos através de números matemáticos - posso saber ler os sinais e signos (linguísticos, não... ah deu pra entender!), mas não farei esforço algum em compreendê-los. E as estatísticas nunca mentem e costumam só me causar dor de cabeça quando há comparação de dados. Então, estatisticamente falando, não fui a única idiota em me relacionar com pessoas que mais me tiraram o sossego e sair pedindo arrego pro Pinel. É, bem assim mesmo no teor mais tenebroso da capacidade humana de fazer o outro sofrer e se automutilar psiquicamente por erros que não cometeu. É bom sair do micro e apelar pro macro. É bom entender que há certas coisas na vida que precisam ser feitas para serem revistas. Desa-fucking-pego.

Vai tentar conversar com alguém que esteve em relacionamento abusivo e não sabe que esteve, ou tá chegando a essa conclusão? É o que ando fazendo - ou as pessoas aparecem aleatoriamente, acho o máximo Universo mandando uns sinais bem assim estampados na cara - e graças aos deuses que me protegem, as estatísticas que tanto me incomodam, agora me confortam, dão uma saída da porta de ferro, sólida e enferrujada na qual estava me trancando quando era pra reunir confiança e vontade de ser feliz de novo.
(Singularmente chamada de conchinha do Gary)

Rememorando o memorando de 2015: desapego loading 99%.
Se até  o final do ano chegar aos 100% consegui me livrar de metade dos meus problemas.
(Aaaaaaand economizar o dinheiro que pago em terapia).

25 setembro 2015

as skills dos vinte e nove

"Altas skillz, yo tengo!"

A dos 26 foi de beber tequila sem ter um piripaque. A dos 27 foi sobreviver a idade maldita do Rock, dos 28 foi parar com a moto na BR, agora essa dos 29 tou desconfiando que seja começar a ter aquela delícia de amnésia seletiva que nos acomete após alguns anos de afastamento voluntário.

Talvez esse don't give a feck about seja resgatado em uma viagem de busão de meu talan para a casa de minha mãe (menos de 40km). O caminho traz boas e más lembranças, mas não tão fortes quanto antes, já que os fragmentos estão se perdendo. Passar por lugares que foram emblemáticos e ficar pescando lá dentro do sótão de paredes elásticas o que raios aconteceu em tal dia está ficando cada vez mais difícil.

Se devo agradecer a idade ou a codeína, acho que vou pelos opióodes. Algum efeito colateral permanente deve ter causado depois da semana absurda de pesadelos e alucinações.

Fazer aquele exercício legal de colocar o que é intermediário para descarte ou permanente é importante para podermos nos mover, algo como aquela catarse necessária para se livrar da hýbris que carrega a muito tempo. Sinceramente tou cansada da minha ficar me mordiscando no traseiro e me mostrando o quanto sou falha (Yep, admito, registra em cartório aew...). Ao invés de entrar em estado de posição fetal pelo passado (que me condena pra cacete por assim dizer), estou processando melhor as burrices que fiz e deixei de fazer - porque tudo é uma questão de ponto de vista - a paranóia de cometer as besteiras voltam de vez em quando, mas são controláveis. 

A vida tem outras esfinges grandes pra se decifrar, elementar Édipo.

I mean, se a autoestima se encontra mais que enterrada com um caixão cheio de pregos, pode apostar que haverá uma sequelas boas pra aprender a lição de vez. Mas se estiver até felizinha, dá até para dizer a powha da sua consciência pesada que desta vez dá pra encarar a realidade sem surtar (por enquanto). 

Lembro desse episódio ao sair do busão no terminal central certa vez e ser obrigada a entrar no próximo, pois a crise de pânico (temporária, graças a Eru) me comandou a voltar imediatamente pra casa. O motivo? Até hoje tou em dúvida entre 2 coisas: encontrar quem não queria no meio do caminho, o de deixar a casa sozinha. 

Isso foi bem depois do assalto, mas muita coisa ficou no subconsciente buzinando, uma delas foi de que a minha capacidade de lidar com situações assim (de crise de pânico instantânea) é nula perto da minha imensa paciência cultivada com os anos.

Na verdade, acho que a impaciência decidiu dar oizinho do modo mais hardcore possível quando isso aconteceu, então se trancar os feelings faz mal pra saúde, quiançada, vocês só irão saber o quanto isso é ferrado de se lidar  quando estiverem no meio de um tanto de gente, se sentindo um vermezinho bem pequenininho e sua mente gostaria de repetir aquela sinapse do bode gritante:

Sim, 10 horas disso no looping é bastante divertido...

Lembrar disso dentro do ônibus não me fez quer repetir a experiência jamais, e os pulmões tomados por uma pressão absurda e o coração descer pra barriga e dar aquele alarme estranho de que a sua intuição - por mais falha que seja - está te obrigando a ceder ao medo, ao inevitável, aos instintos básicos de sobrevivência de fugir seja lá do que ou de quem. 

É interessante rever isso de um ângulo diferente, pois a última crise de pânico fudida que tive foi aliviada com um simples: "Pra quê isso agora? Vai mesmo se importar com o que dizem ou que deixam de dizer?" - detalhe que pra arrancar essa premissa acima foi necessário mutio autocontrole, é vivendo perigosamente com autoajuda, gente... Não tem como escapar do trabalho solo quando o bicho pega, é o bloco do eu e o tu sozinho.

A gente aprende com esses pequenos modos do corpo demonstrar que quando se vive 24/7 na ansiedade, alguma hora a coisa vai vazar. Então quando fico particularmente agitada e sem noção, recolho meus trapos, a minha insignificância e vou pro cantinho do castigo. As coisas tem sido melhores com a presença do Walter em casa, dá pra sentar com o senhorio e perguntar qual é a opinião dele sobre o assunto, sábio como ele é, um simples headbutt me mostra que o mundo aqui dentro pode desmoronar todos os dias aos poucos, mas tem um toquim de felino te lembrando que há esperança pra coisa toda ficar mais coloridinha, mais suportável, menos agitada.

Talvez se eu for uma boa menina consigo até um pouco de paz. 

Ou talvez não.

Postado via Blogaway

05 abril 2015

conselhos amorosos

Que fiquem avisados: não me peçam conselhos amorosos.
Que estejam acordados de antemão: não confessem erros de outras pessoas comigo.

Eu simplesmente vou entender, mas não o lado da pessoa que está me relatando, mas sim da pessoa que fez a besteira. Motivos pessoais, tenho de sobra. Tenho minha porcentagem alta de besteiras feitas em relacionamentos, tenhos minhas mancadas que deveriam ser pulverizadas da minha memória, tenho meus problemas de autoestima feminina com outras mulheres que parecem saber lidar com autoestima bem mais agilmente do que eu, então sempre vou ver pelo lado do perdedor.

Fatalismo? Não imagina! 

Apenas um pequeno adendo de como pode ser angustiante ouvir alguém reclamar sobre o par afetivo e não entender que a pessoa que possa estar escutando tenha feito coisa bem pior - ou se sentir pior por isso por achar que fez algo horrível e não saber lidar direito.

Lola "Just be normal!" Perry (2014) sempre certíssima.

29 junho 2013

#2con(c)sertodesabafo

Porque o primeiro foi o de postar uma figurinha bonita do Caronte navegando em seu barquinho do Estige com o Sr. Hades de carona e deixando os pontinhos para serem ligados.

Entonces...

Sabe quando alguém te cobra muito algo que mesmo que você tenha prometido a tal coisa, é quase impossível realizar no exato momento em que a pessoa quer? Pois é, na minha linda e defeituosa educação de "faça de tripas, um coração e veja se consegue sentir algo com isso" me dá essa sensação eternamente chata de que a via é de mão única. Mesmo que isso seja errado de sentir por estar pedindo demais por uma situação pouca. Ou não. São os poucos que realmente percebem que às vezes posso ter uma possível perna quebrada, um bolo cozendo debaixo dos meus pulmões, uma dor aguda no baço, algo assim, que me impossibilite de SEMPRE aquiescer as promessas feitas?

E tipo: não moro tão longe assim, tá? Nem no fim do mundo e muito menos (E como eu desejava!) sou cigana ou nômade. Cansei de correr atrás da estrada quando me chamam, tá na hora de esperar sentadinha. #prontofalei

E se tem alguém aqui que passe por babaquinha e presunçosa, que seja eu primeiro, porque né, a via é sempre de mão única mesmo com um beco sem saída.