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25 março 2014

carta ao babaca chamado coração

Prezado Coração meio molenga e emocionalmente ignóbil,

Sei que tens dificuldades para entender a lógica ideal para o mundo aqui fora funcionar direitinho e não ter tantos tropeços ocasionais, mas você já está passando dos limites.

Não me importo de ficar horas e horas fantasiando sobre pessoas impossíveis que possam cruzar a minha trilha e me arrebatarem em uma paixão tão violenta que provavelmente cairei de imediato. Realmente não tenho problema algum com isso (Até porque as probabilidades disso acontecer diminuíram desde o ano passado), mas me vir com aquela de repetir o mesmo erro novamente?!

Estás maluco?
Entediado?
Endemoniado?
Sem nada o que fazer?

Trata de colocar essas bombinhas hormonais aí em seu lugar e tratar de bombear sangue direito pro resto desse corpo mal nutrido de guloseimas para ativar a seratonina que te falta. Faça logo antes que eu dê um aviso terminal, antes que eu te desconecte da rede e te deixe congelado aí nessa gaiola que parece não te conter.

Entenda: você tem uma única missão - bater regularmente - e apenas. Não precisa me colocar nas suas berlindas com o malandro estômago e o sonhador, romântico e melancólico baço, eu não preciso desse tipo de companhia, não necessito estar "antenado" com o resto das reações que vocês produzem, eu não sinto dor e não vai ser agora que você vai reabrir aquela pasta no mainframe pra me fazer funcionar além da capacidade, ter um colapso nervoso e me desligar de vez.

Não adianta que não vai conseguir.

Atenciosamente e te mandando pros quintos dos Ínferos por obedecer piamente Afrodite, seu órgão vendido, puxa-saco de terceira linha,

xx Cérebro xx

31 agosto 2013

cartas, lots of cartas

Ainda as tenho. Bem guardadinhas em um envelope enorme com um cartão impossivelmente mais enorme ainda, elas estão lá, em tinta azul, com a caligrafia bonita e redonda, com muitas palavras. Muitas.

Por um bom tempo eu as evitei para não me lembrar demais - essa benção de memória boa para detalhes jamais foi encaminhada pela minha pessoa, às vezes desejo ter uma amnésia total e só lembrar do meu nome - mas as palavras escritas estão lá, grafadas para sempre nessas cartas já amareladas, tão cheias de recordações - e não tenho coragem de me ver longe delas.

Quando você passa muito tempo se correspondendo com uma pessoa, acaba criando uma rotina de co-dependência de assuntos, algumas dessas cartas continham mais de 5 páginas, narrando literalmente um diário semanal de duas pessoas separadas por mais de 420 km e 21 horas de viagem. Estranho foi ver como consegui abrir a pasta com as cartas e dar um fim nelas como elas deveriam ter, a memória que tenho desses anos de trocas de correspondências são como flashes de lembranças, nada muito sofisticado, felizmente naquela época (Quase 14 anos atrás) não havia tomado para mim a irritante habilidade de relevar as palavras escritas acima das faladas - agora, brutalmente, faço o contrário.

27 junho 2013

Correspondências via sonho


Tem essa música do The Frames - uma das bandas indie mais awesome da Irlanda que pude conhecer - que em um show ao vivo (Set List) o Glen Hansard diz algo sobre o ritual de juntar cartas antigas e chamar a pessoa que você escreveu por muito tempo para queimá-las com você. Não é um sinal de destruição de lembrança, mas de purificar um pouco qualquer tensão ou esquecimento que haja entre as pessoas envolvidas na escrivinhação. Queimar cartas com a pessoa que você passou anos trocando correspondência pode selar muita coisa, tipo supercola universal que vivo teorizando.


Desde que conheci a Lenore Pierre tenho esse sonho recorrente meio maluquice nada a ver com nada: recebo cartas de uma Rainha velhaca, chateada com suas dores nas pernas e que sempre me dá dicas de boa postura e beleza e tudo mais.

Detalhe: quem é o interlocutor dela é um chinês, de meia idade, que trabalha em alguma empresa alimentícia que tem arroz no meio.