(Lisa Hannigan cantando Cannonball do Damien Rice)
Crescer é uma coisa bizarra que acontece com cada criatura desse universo, não tem como escapar mesmo com síndrome de Peter Pan que seja. O trem das células e elasticidade dos tecidos? Bem isso.
Sobreviver ao processo é legal se encontrar uma lógica nesse negócio todo, alguém tão centrada na powha do funcionamento total das engrenagens como eu fico feliz de ter essas pequenas demonstrações do Universo de "Hey amontoado de átomos insignificante que acha que tem crânio propenso para abrigar um órgão primitivo com capacidades únicas de raciocínio, você é um amontoado não tão idiota assim!".
A descrição da fala do Universo é linda, porque dentro da minha cabeça soa como o Morgan Freeman, logo precisa ser mais longa.
Perder meu tempo na adolescência trancadx no meu quarto, escrevendo incessantemente sobre personagens que encaravam a Dona Muerte como algo trivial anda me ajudando em muitas coisas que estão seguindo um rumo inesperado.
Tudo que precisa é de um palco enorme, uma multidão, um violão todo arrebentado, vários instrumentos a disposição e um irlandês maluco. Se esse cara fizer show aqui no Brasil não sei qual outro órgão terei que vender pra comprar ingresso.
Yep, ele conseguiu. O vinhado vai fazer show aqui no Brasil e pro meu desespero não terei órgão algum para vender a tempo. Valeu irlandês com nome de cereal mais cultivado na China!
Vou ali no cantinho chorar...
It takes a lot to know a man It takes a lot to understand The warrior, the sage The little boy enraged It takes a lot to know a woman A lot to understand what's humming The honeybee, the sting The little girl with wings It takes a lot to give, to ask for help To be yourself, to know and love what you live with It takes a lot to breathe, to touch, to feel The slow reveal of what another body needs It takes a lot to know a man A lot to know, to understand The father and the son The hunter and the gun It takes a lot know a woman A lot to comprehend what's coming The mother and the child The muse and the beguiled It takes a lot to give, to ask for help To be yourself, to know and love what you live with It takes a lot to breathe, to touch, to feel The slow reveal of what another body needs It takes a lot to give, to ask for help To be yourself, to know and love what you live with It takes a lot to breathe, to touch, to feel The slow reveal of what another body needs It takes a lot to live, to ask for help To be yourself, to know and love what you live with It takes a lot to breathe, to touch, to feel The slow reveal of what another body needs What are you so afraid to lose? What is it you're thinking that will happen if you do? What are you so afraid to lose? (You wrote me to tell me you're nervous and you're sorry) What is it you're thinking that will happen if you do? (Crying like a baby saying "this thing is killing me") What are you so afraid to lose? (You wrote me to tell me you're nervous and you're sorry) What is it you're thinking that will happen if you do? (Crying like a baby saying "this thing is killing me") You wrote me to tell me you're nervous and you're sorry Crying like a baby saying "this thing is killing me"
Santo Damião Arroz dos Pseudo-Irlandeses de Terceiro Mundo dando a iluminação linda de sempre para acalmarmos nossos nervos inquietos, nossos demônios internos, nossas frustrações diárias, nossa sede da água da Fonte de "Preciso saber de tudo ou enlouqueço".
Still a little bit of your taste in my mouth Still a little bit of you laced with my doubt Still a little hard to say what's going on Still a little bit of your ghost, your witness Still a little bit of your face I haven't kissed You step a little closer each day That I can't say what's going on Stones taught me to fly Love ‒ it taught me to lie Life ‒ it taught me to die So it's not hard to fall When you float like a cannonball Still a little bit of your song in my ear Still a little bit of your words I long to hear You step a little closer to me So close that I can't see what's going on Stones taught me to fly Love ‒ it taught me to lie Life taught me to die So it's not hard to fall When you float like a cannon Stones taught me to fly Love taught me to cry So come on, courage, teach me to be shy 'Cause it's not hard to fall And I don't wanna scare her It's not hard to fall And I don't wanna lose It's not hard to grow When you know that you just don't know
Talvez eu não aprecie tanto a função que eles acabaram se tornando durante a evolução da música, mas me parece (E posso estar falando besteira, mas é impressão minha) que eles apenas seguram alguma coisa na música - seja lá qual for - e não totalmente são necessários.
Tem alguns que se destacam mais que os outros, aqueles que fazem realmente o instrumentos como uma parte de seu corpo ou como o apoio essencial de uma banda (Ou de quem esteja cantando), mas nada mais que isso.
No rock é difícil dizer como o papel do guitarrista não faz diferença alguma, porque literalmente sem guitarrista não há rock 'n roll (sim, bebê), mas a presença de apoio me incomoda mais que qualquer coisa. No jazz (de qualquer época), o guitarrista ou violonista está ali de apoio, mas também faz aquela ponte dos agudos pro restante da banda, é válido, é bom de se ouvir, mas seria um instrumento que poderia ser descartado e não faria muita diferença.
(Será que estou sendo uma babaca por renegar o instrumento que toco?)
O que tento muitas vezes conversar com quem entende um cadim a mais de música que eu se eles sentem essa situação estranha de "instrumento de apoio" e não de acompanhante da música. A maioria aponta que quem segura mesmo o ritmo de uma música é o baixo/contrabaixo e quem faz a harmonia do restante é o conjunto do todo - mas voltando ao problema inicial: se tirar a guitarra/violão, a música continua sem problema algum.
Sinto essa falta de instrumentos quando estou tentando tirar alguma música na Claire e ficar com cara de tacho por saber que um bendito baixo em um determinado lugar, ou mesmo a batida da bateria, o reforço de um piano, até mesmo uma gaitinha pode salvar uma música tocada apenas no violão não se transformar em um tédio. Aí que começo a reclamar.
Aí tem as exceções.
Billy Howerdel do A Perfect Circle e Ashes Divided é o exemplo clássico de cara que faz com a guitarra o que nenhum outro instrumento pode fazer, ele "segura" a música em um outra alternativa pro vocal acompanhar - dá pra notar de longe que a voz do Maynard (vocal do APC) está muito perto do que o Billy toca e às vezes é a guitarra que faz a segunda voz de algumas músicas. É lindo isso, um instrumento servindo de backvocal.
O Ritchie Blackmore é uma transição estranha entre o progressivo e o bardo moderno, o cara é um monstro no que toca, ele sim eu louvo com todas as forças, e assim como o Billy, o som da guitarra/violão é o acompanhamento perfeito para a voz da Candice Night no Blackmore's Night. Perfeito e bem jeitosinho. A face de bardo se estende quando ele despiroca e sai fazendo solos para entreter quem esteja ouvindo, não somente o segurar a música, isso é awesome.
AGORA o senhor Damião Arroz é outros esquema.
Primeiro porque o cara é um bardo, não um músico. Segundo porque ele não usa o violão como instrumento, mas como a primeira voz dele. Terceiro porque ele é irlandês.
Algo que acontece com ele que é fascinante é como uma criatura pequena como ele, que a voz nem é tão boa assim consegue manter um teatro cheio ou uma plateia de festival ficar calada por minutos a fio o ouvindo tocar. Essência de bardo aí.
O violão que ele vive usando é da época em que ele buskeava na Itália e na Irlanda antes de ser famoso, o tréco tem um buraco no tampo de tanto ele tocar, provavelmente que o trem virou uma quimera de tanto glamour que ele deposita no bendito. Não é o equipamento ou a voz do Damien que faz ele ser hipnotizante (For crying out loud, ele nem é fodão como o Ritchie Blackmore com altos solos), é o que ele tira dos dois elementos. Toda vez que vejo uma performance ao vivo dele fico imaginando o que se passa na cabeça do irlandês pra ter toda essa força com duas coisas tão simples, a voz e o violão.
Não consigo ver isso em outro lugar musical a não ser ali.
Ou pode ser predileção minha, quem sabe? Mas não há como negar que o ruivo faz algo extraordinário com essas duas coisas sem muito esforço.
Esse novo álbum dele me deu um estalo recente de como é a questão de usar a voz como instrumento e o violão como voz, porque de certa forma quem tá levando a música, quem está colocando o pano de fundo de cada história que ele apenas cantarola - sim, porque cada letra dele é uma história boa de se ouvir, triste, solitária e às vezes cômica - é o violão. Não gosto quando ele usa o sintetizador para colocar o efeito de guitarra em Woman like a Man ou quando faz peripécia demais com os pedais, o fator bardo cai na hora.
Essa música aí em cima em especial é que me fez deliberar o que raios escolhi tocar violão e me manter ali do que em outro instrumento: o que importa é o bendito storytelling, o violão/guitarra é apenas um veículo da voz, é a história sendo musicalizada de fundo pras palavras do bardo poderem ser ouvidas com mais clareza.
E isso é lindo. (Coisa que nunca vou conseguir chegar aos pés do Sr. Arroz)
Chega de tagarelice, preciso voltar a escrever... (Já que tocar violão não é lá meu forte)
Sacaneio com o pessoal que fui alimentada de pop-trash nos meus anos de adolescente, mas esse cara em especial me doutrinou (Essa é a palavra, doutrinar) a ver o mundo através dos olhos de um simples viajante, aquele andarilho na estrada, afastado do mundo tumultuado, avista o cotidiano e se inspira em pedaços para criar seu próprio mundo, sua Arte.
Andarilhos e músicos (irlandeses em sua maioria que encontro) têm esse poder de juntar os fragmentos da Realidade e colocá-los em forma de melodias e letras e vozes e rimas, sempre acreditei nisso, é algo que vai comigo para o túmulo que ninguém irá me tirar. Mas quando se percebe que o andarilho passou muito tempo longe dessa filosofia, tudo se perde, inclusive alguma estrelinha que tenha brilhado o tempo todo, mas que você não enxergava por conta da noite ser tão escura (Não, não costumam levar lanterna ou lamparinas nessa de andar a esmo pelo mundo).
Algumas pessoas entendem o porquê dos andarilhos serem assim, outros não tanto, mas acreditem, eles tentam o máximo possível em ver o mundo como um todo não como os pedacinhos pequenos que costumam vir. A Música é o único modo de se expressar o Universo em pedaços (a supercola universal às vezes não cola tudo), por isso estar munido de Música e um fio de prata no bolso é o melhor a se fazer em épocas como essa - sem estrada para andar, sem estrela para se orientar, sem tantos pedacinhos para se juntar, sem tantos ouvintes para apreciar sua música.
E essa música é a síntese de absolutamente tudo que acredito em minha vida. I still haven't found what I'm looking for, mas sei que tem uma estrelinha lá em cima para me guiar e me ensinar a brilhar (E no final tem essa de filha dos ventos com a faca para poder cortar certas coisas ruins que se amarram em nossos pés).
Uma ótima semana, pessoal e jamais deixem de crer na estrelinha lá em cima.
Se em um universo paralelo ao meu, eu fosse irlandesa, morasse em Dublin e estivesse em algum Pub que esse senhorio ocupasse o palco cantando suas canções, eu o pediria em casamento.