Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador literatura clássica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador literatura clássica. Mostrar todas as postagens

13 fevereiro 2021

consumo de histórias de amor trágicas

Tava aqui matutando:

A gente passou tempo demais consumindo histórias de amor trágicas né?

Desde lá em Odisseia, Eneida, Divina Comédia e o escambau. Aí chegamos a esse ponto da civilização descobrindo que Amor pode ser sim algo saudável, bonito, livre e não sacrifício, culpa, narcisista, estragador de psiquês e corpos.

E é difícil de se livrar desse padrão literário cultural que nos empurrou uma narrativa ferrada de se mutilar antes pra colher frutos depois. Essa powha toda tá errada desde o inicio pra começo de conversa.

Aí quando tento escrever sobre - no modo escritor mesmo - me faltam referências, me falta conhecimento tácito, me falta tato pra descrever personagens que se relacionam com aquela trem de Amor romântico (outra invenção da carochinha literária igualmente).

Na real, cansei de escrever sobre Amor.

Afrodite nunca assinou os meus requerimentos autenticados. Fico com Hermes que sempre foi meu parça nas horas difíceis e agradeço todos os dias pelas Parcas manterem minha sanidade no lugar.

Era essa a matutação, adoraria ver mais narrativas em que essa noção bizarra de Amor que temos implantada em nossa História. Se vocês tiverem dicas aí de autores, só chama no probleminha

18 agosto 2014

profecias que nem são metáforas assim

Gosto de voltar ao mito de Eros & Psiquê, porque esses dois vivem me perseguindo since descobri que raios serve a Vida, o Universo e tudo mais (E não, pode parecer ilógico, mas não é 42).

A passagem abaixo é o oráculo de Apolo falando ao pai de Psiquê qual era o destino da filha nos próximos dias depois da confusão toda com a galera a colocando como deusa de maior beleza do que a de problemas de autoaceitação da Afrodite.
(Oh srsly, ma'am! 1º inventa o pomo da discórdia pra um fiodazunha sem miolos do Páris pra saber que era a mais bonita do Olimpo e depois me vem com essa de perseguir uma humana só porque a pressão social de seus seguidores não mais espanaram e varreram seu templo? Autoconfiança, queridona! Couching com Atena, porque aquela não desce do salto não...)



As figuras de linguagem que o troll do oráculo traz à tona são definitivamente toda a personalidade e essência do deus Eros, filho de Afrodite com Ares (Ou Zeus em algumas versões), em botar lenha, gasolina e C4 na fogueira e assistir o circo pegar fogo, seja lá qual for, dos deuses, dos mortais, de absolutamente tudo (Óia a cola universal aí). O próprio Zeus admite de q muitos de seus casos amorosos foram instigados pelas travessuras do menino alado com sua flecha envenenada de luxúria, paixão e inquietude.

Tudo bem que a ingenuidade de Psiquê a fez ter uma atitude completamente wtf quanto ao despecho do mito, mas o importante desse parágrafo printado é que a situação é uma metáfora muito bem versada pelo oráculo para ilustrar o senso de humor perverso das Moiras (São elas que conduzem os destinos de todos no Universo, essas velhotas não dão ponto sem nó, oras!).

As bodas fúnebres remete a idéia de que Psiquê - não esquecer que a palavra psiquê em grego significa "respiração", "sopro de vida", "alma", "borboleta", o si mesmo. - VAI MORRER quando se encontrar com Eros, o amor carnal, avassalador, aquele que espeta os outros com suas flechas ao bel prazer, mas nunca o real protagonista desse mito. O si mesmo se esvai ao se encontrar o Amor, assim como as faculdades mentais necessárias parase racionalizar algo. Aí é a Morte de Psiquê, o ego, a razão se vai para alojar o emotivo, o coração.

Fonte:  SymbolReader.net
Genro de sangue não-humano: dããããããããããããããããããããn, tá na cara!
Voa e assusta todo mundo e quer pegar mulher a todo instante, um claro sinal de quem estamos falando realmente, não que é um monstro cruel e feroz conforme a descrição, mas sim como ele se comportava quanto aos demais, rosto e corpo de criança com asas, mas um avassalador de códigos de ética, morais, destruidor de conceitos e desconstruindo toda a hierarquia divina ao se empenhar em atazaná-los.

Claro que a Morte irá temê-lo, pois está passível de também entrar nesse ciclo de paixonite aguda e fazer as mesmas besteiras que seus amigos olimpianos.

Enquanto os habitantes da cidadezinha estão alvoraçados pela partida da menina, temos esse contexto da pressão social que não a deixava isso mesmo. Psiquê subiu as escadas atrás do "esposo", pois não tinha medo ou dúvidas quanto ao seu destino: se apaixonar perdidamente pelo Amor.

O mito não termina bem, se pode se dizer, há o endeusamento de Psiquê, o real casamento com Eros abençoado pelos deuses (tipo, sogra vingativa até dá umas dançadinhas depois, wtf wtf?), mas vemos que há uma perda da essência para ser elevada aos céus. A Psiquê é totalmente ignorada durante os seus trabalhos hercúleos de agradar a deusa Afrodite, mas ao se casar com o filho dela, as amarras estão ali: a Psiquê, a alma, o ego, a respiração, ela apenas irá sobreviver ao lado de Eros.

Bucado triste isso, viu?
Mas serve de uma lição tremenda para as peripércias do Amor...
E nunca confie em oráculos, eles fazem predições em criptografia que dá vazão pra muita coisa estranha (Vide Édipo, hello?!)

(Ainda tenho a teoria de que Psiquê fez tudo por Afrodite, não pelo moleque alado, maaaaaaas meu ship não vai sair da baía tão rápido hahahahaha)