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11 outubro 2017

[Forgiven] 2 Jojo Ulhoa

Título: Forgiven 2 Jojo Ulhoa (por BRMorgan)
Cenário: Original/Cotidiano, Nova Orleans..
Classificação: PG-13.
Tamanho: ??? palavras.
Status: Incompleta.
Disclaimer: Esse conto faz parte de uma epopeia que comecei na época da Graduação:  Teve uma continuação não terminada e não prestou muito para continuar, mas não custa nada postar por aqui. Mais sobre Forgiven Jojo Ulhoa tá aqui nesses links [x] [x] [x] [x] - vou postar tudo aqui.
Personagens: Joanne Ulhoa, Erin Cassidy.
Resumo: Forgiven Jojo Ulhoa conta a história de uma assistente de medicina legal, residente em um Hospital de uma cidadezinha chamada Morgan no distrito de Parish na Lousiana. Ela tem alguns probleminhas existenciais.


When I thought I was so proud, you shoot me down...

A frase foi rabiscada na porta de algum box de banheiro de alguma escola de alguma cidadezinha qualquer por aí. Feita com compasso das aulas de álgebra que nunca assistia direito e enfeitada com vários “x”s por todos os lados. Era como desenhar um mapa do tesouro, só que não havia nenhum para se encontrar. A surpresa fingida ao terminar o próprio vandalismo, o ajeitar da saia apertada nos quadris, a insatisfação de ter feito a coisa certa naquele momento, mas não estar totalmente certa para mostrar a alguém. Essa seria sua sina para o resto de sua vida, se ela pensasse um pouquinho melhor sobre o que fazia como tempo que Deus lhe dera naquela Terra.

A cidade de Morgan era tão enfadonha quanto o pseudo-convento que era obrigada a viver, a menina tão comum quanto qualquer menina da Louisiana só queria fazer algo que se sobressaísse as outras meninas, mas até então apenas uma frase mal entalhada na porta do banheiro era o melhor que poderia pensar. Parou por um momento em sua euforia matutina de uma noite cheia de aventuras e subindo na tampa do vaso sanitário, espiou o movimento nulo do banheiro do 2º andar. Saiu vagarosamente e fitou seu rosto nada novo no espelho limpíssimo, abriu a boca e verificou alguma coisa em sua língua, soprou na mão para cheirar o odor do hálito matutino, checou bem os olhos e as pálpebras. Por último, a pulsação que continuava imperceptível para ela, mas que os médicos que já fora diziam que era devida sua compleição física e sua pressão baixa.

Que fosse, não iria parar de fazer a checagem da manhã porque um cara de jaleco com diploma prometera com suas chapas de raio-x e exames periódicos que ela estava bem. Não estava, só precisava de um pouco mais de prática para continuar vivendo.

O ano era de 1996, o bairro era notável pelas construções antigas da colonização dos franceses naquela parte da Louisiana, a cidadezinha se firmava como dormitório de muitos trabalhadores e estudantes da Capital que achavam ali o sossego para as vidas apressadas. Cidadezinha pequena no meio de um provinciano estado em um país moralista. A cidadezinha marcada por boatos e mexericos, todos inventados pela maioria de seus habitantes e aumentados pelos mesmos.

Todos tinham seus papéis marcados, todos com seus dias contados. Dali, só para a eternidade, pois não havia nada naquela cidadezinha que levasse alguém para frente. O que muitos achavam que era tranquilidade, passividade e nenhuma surpresa, a minoria jovem e agitada se perdia nas ruas de Nova Orleans.

Debaixo do link, Forgiven 2 Jojo Ulhoa.

10 outubro 2017

Desafio Musical U2 - parte 2 de 10

Continuando o desafio musical do U2, 3 músicas por dia.
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas)


4. Uma música do U2 que lembra você de alguém que você prefere esquecer = Magnificent.


Apesar de ser uma música linda, há razões. Muitas razões, tipo cinco minutos e vinte e quatro segundos de razões para pular essa.

5. Uma música do U2 que precisa ser tocada no talo = ELEVATIOOOOOOON!!


Precisa de confirmação? No Slane Castle foi o meu coração pro umbigo e subir pra garganta quando ouvi essa ao vivo!

6. Uma música do U2 que faz você querer dançar = Discotéque


Como não dançar nessa versão remasterizada do YMCA de um álbum mais fora do padrão U2 lá de 1997?

09 outubro 2017

signos biblioteconomísticos

Quem me conhece sabe o quanto respeito autoridade alheia de um modo bem peculiar. E que sarcasmo é meu combustível since 1986, logo sacanear com os patronos da Biblioteconomia, livro e afins é default para eu levar essa área a sério.
(PARADOOOOOOOXO!!)


Os malako podem ter feito um ótimo trabalho, mas não quer dizer que tenho que concordar com eles, né non monamu?

E já que a Astrologia é algo que as Ciências não aceitam bem como sendo algo real, palpável e experimentável, bora assuntar sobre? E julgar o livro pela capa é sempre bem vindo aqui nas estantes da vida *wink wink*

Dewey, Melvil. Modafóca irritante Dewey do nosso coração bibliotequêro. Sagitário.

Então, Dewey... (Fonte: Pinterest)
Pra um cara que tem epifania de organizar um manual maquiavélico como a CDD durante um sermão de pastor, o cara tava muito comprometido com seu espiritual na hora. E não vamos esquecer da despensa da mamãe quando criança! O mané já tinha fama de controlador desde pequeno.
(E também de machista, ignorante e cristão extremista, então bora mudar de assunto...)

Vamos ao carinha mais fofo do Zodíaco biblioteconomístico - sacaram, Biblioteconomia e místico? Hein? Hein? - Henrique La Fontaine, taurino. Fofuxo do caramba. Mesmo sendo jurista, aposto que enquanto o index universal tava sendo produzido freneticamente pelo workaholic do Paul Otlet, era ele que serenamente botava música pra tocar, trazia café, bolo, lanche, cobria o Paulinho com cobertor e de vez em quando aumentava o tom de voz e lascava as verdades doloridas pro Zé da CDU parar um pouco e relaxar.

Ou se lembrar que virginiano não precisa consertar o mundo pra ser útil na Ciência Informação.

Paulinho Otlet - que pelo jeito não usava roupas de ponta de estoque por razões óbvias, o cara era advogado, rycoh e famoso - era o modafóca workaholic, estressado, neurado e com princípios pautados em alguma manifestação de TOC.

Eu delibero que era alfabético e índices. Mas posso estar projetando a minha virginianice na dele do século 19. Paulinho era o cara que acordava no meio da noite com uma ideia absurda de que símbolos fariam um trabalho melhor de identificação em estantes na recuperação da informação que as tabelas malditas do antecessor. É provável também que Paulinho tinha um crush pelo Dewey, mas como ele era americano, chato pra baraleo e sagitariano, NOPE, não rolaria clima.

(Mas shippo total combo Virgo + Taurus, é meu perfect match romântico, meloso, sem noção e com dinâmica Dom/sub que é tão fofa nessa vida de controladoria de corpos)

Imagina? Tabela ferrada da 800 sendo feita com as inúmeras combinações, símbolos de marcação, notações de autor depois, aquele número de chamada enorme que universitário estremece só de ver. Paulinho levanta sua papelada da CDU em vitória após trocentas horas movido a bolinhos e chá belga (é chá preto com um pequeno pedaço de chocolate amargo btw), voz rouca de tanto falar consigo mesmo e em uma epifania grita:

"Para tudo, para tudoooooooo!!! E se a gente mandasse essas tabelas auxiliares pros inferno e simplificar com sinalização através de pontuação?! Tipo nóis não tá copiando o Zé Mel, mas tamos fazendo mais graficamente! Olha que lindo esse número aqui? *insira aqui um número enorme para assunto totalmente nada a ver* Super lindão!!"

"Paul, Dewey vai chiar... A gente pegou o Manual dele pra testar, não pra copiar descaradamente... "

*Paulinho ofendido segurando sua papelada com carinho perto dos peitinhos*

"Cê tá falando que meu trabalho árduo é cópia daquele trambolho de 4 volumes e que é horrível de manusear?!" (virginiane trait: autovitimismo)

"Não, não é isso... "

"Tá insinuando que além de cópia, sou incompetente o bastante para não fazer algo digno de reconhecimento universal?!" (virginiane trait: paranoia excessiva)

" Paulinho. Já pra cama, vai!" (Taurine trait: sabe mandar e botar ordem no pardieiro muito bem)

"Sim, senhor."

Desafio Musical U2 - parte 1 de 10

Alguém MIM SEGURA que faltam DEIX DIAZ!!




Segura na mão de DeU2 com muito louvooooooooor!!

Bora fazer aqueles desafios musicais bestas com 3 músicas por dia?
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas do U2 para apreciação)

1. Uma música do U2 que você gosta com uma cor no título = Ultraviolet!!


A música mais AWESOOOOOOOME deles (na minha humilde opinião). E apesar de ser o nome de um tipo de refração de luz, não cisma que tem violeta no meio!! E a letra é uma das minhas favoritas for sooooo many reasons que nossa e está no meu álbum favorito também (Achtung Baby). Assim como muitas músicas do U2, dizem que uma das interpretações é baseada no Livro de Jó.

Debaixo do link tem as músicas and as considerações :D

Do nada aparece uma bolsista de licenciatura para ser atendida no lab onde estagio. Na blusa a seguinte frase: "Tô te explicando pra ti confundir"


Sim.
Do véi cearense trollador - troll com trovador - que me fez mudar de opinião na segunda fase ao ver o show ao vivo dele.

Tô.

Agradeci a guria aos montes.
Eu havia esquecido que meu grande plano maléfico é virar docente e me vingar de todos.
Oooooops virar docente pra explicar.
E confundir explicando.
Ou explicar confundindo.

É esse trem aí.
Tô.

Tô putiade com um tanto de troço.
Tô revoltz com uma série de absurdos.
Tô duvidando das minhas escolhas.
Tô deixando uma parte de mim ir pro limbo cósmico, because the tranco tá difícil guentar.

Já sei que ano que vem vou ter que desistir de um bocado de coisa, inclusive desse pulso de raiva que mapeia algumas decisões quando o levante é sobre estudantes e formação acadêmica.

Aí eu tô.

É tão bonito ver alguém que cê passou um tempo ou dividiu a sala ou conversas se dar bem e estar bem e sorridente e encontrou o caminho que queria, aquele sentido besta de pertencimento. Está acontecendo isso demais ultimamente. Colegas de turma, trabalho e amigos estão vislumbrando seus caminhos e fazendo o melhor que dá pra se manterem no foco. Às vezes eu tô.

Essa música, essa bendita música me faz ter certeza do é, não do ser. Quanto mais me lembro do que raios aconteceu com a menina Morgan (não mais) do começo de 2013 pra cá, consigo diagnosticar onde exatamente o meu foco tem sido desde então.

E caraca véi, tem sido a melhor sensação do mundo.

Porque as decepções são/fazem parte desse caminho, mas elas me deixam putiade por no máximo dois dias, já o Amor pela Biblio? Esse nunca sai de moda.

Ouvi de alguém muito zeloso que todos nós devemos ter canos de escape para outros prazeres na vida e por mais que eu tente, a profissão me rege a entender um mundo deteriorado por falta de abrirmos os olhos e a vermos nova perspectiva.

Talvez esteja na hora de achar os canos de escape.
(Esse blog já está sendo um faz um bom tempão)

08 outubro 2017

os espaços e os buracos

Fonte: Red Bubble
Sei que é tardio, mas ando percebendo melhor em algumas coisinhas que vem acontecendo nos espaços de interação em circulo. Isso é compreensível por alguns fatores, o fato de eu ter saído do armário mais tarde, de ter sido obrigade a me manter em silêncio sobre minha sexualidade e identidade de gênero, a forma como compartilho a minha visão de mundo com as pessoas e principalmente a minha atenção aos discursos que leio/ouço nesse meio tempo.

Mesmo ali, criança, eu já tinha um espaço não definido de encaixamento por transgredir algumas normas. Falo sobre banheiros acessíveis aqui, sobre as filas-metáforas de gênero binário que excluem aqui e também  de como preconceito mata um pouco cada dia.

Algo que me chamou atenção foram dois episódios da vida acadêmica - que teeeeenta ser inclusiva, mas acaba escorregando e feio em vários aspectos de identidade, pertencimento e humor. O primeiro foi ao ler um artigo bem bacana sobre monogamia e não-monogamia em relacionamentos lésbicos. Compreender como é a forma de opressão social em que um relacionamento não convencional (E no qual desejo e me identifico sexualmente e emocionalmente) pode ter/acobertar com a monogamia/não-monogamia foi um baque esquisito. Até eu ler lá embaixo no texto que o texto tinha sido escrito por uma autora que se identificava como radfem (Feminista Radical).

Separar o eu-lírico do autor é difícil nessas horas.

Porque antes mesmo de me assumir como não-binárie já lia/ouvia muitas coisas sobre como dentro dessa ramificação do feminismo há grupos que costumam tratar as pessoas trans+ como escória. O texto foi ótimo, obrigade, mas ainda com pé atrás quanto a refletir mais coisas por ele ou nele. Ruim isso né? Desconfiar até daquilo que você acha interessante em ler.

O espaço ali, nesse caso, é entender que até certo ponto eu posso ler como pessoa lésbica, MAS não posso ler como trans+ não-binárie. E qualquer tipo de leitura que me force a não deixar eu ser eu mesme é como me fazer recordar do armário de concreto e cheio de arame farpado que eu me forçava a ficar para ninguém me machucar/atingir. É esse espaço confinado que não suporto, e se é a leitura que me causa isso, dá uma tristeza danada.

A segunda situação foi de ouvir proibições veladas com algum fundo (ou não) de libertação de amarras sociais. Como aqueles convites de festas de "Apenas mulheres" e ficar com uma sensação amarga na boca de "Volta pra fila, Morgan que aqui não é teu lugar". E como eu disse antes, tardiamente percebendo essa proibição, mas fazendo o rememoramento de interdições (é essa a palavra, interdição!) em toda a minha vida, sempre esteve ali: interdições corporais arbitrárias para a não-apropriação de um espaço ou lugar de pertencimento.

Por isso a sensação de deslocamento se instaura com mais rapidez que eu pensava. porque tou sacando dessas coisas agora, não antes. Eu as sentia como tapas nas costas com um confortável "Oi, aqui não é teu lugar, porque você não se sente bem com isso", mas agora? É um soco nas fuças com um aviso em neon de "Você não pertence a esse lugar: dá o fora!"

Foda isso ter que ficar desviando de buracos.

E pode parecer ingenuidade ou falta de prestar atenção, mas como disse antes, só me vi/identifiquei como trans+ agora, não quando estava sob o julgo da heteronormatividade compulsória (Que acaba sendo mais uma dama-de-ferro do que uma armadura para se proteger do mundo. Sim, é sobre aparelhos de tortura medieval que estou me referindo). Aí isso emenda com as reflexões que tenho diariamente com colegas pertencentes a grupos de minoria étnica-racial, movimentos estudantis e populações em risco social e a interdição está ali, escancarada com a placa de neon e possivelmente algum agente passivo do status quo apontando um rifle bem mirado na sua testa. E essas pessoas que estão sob a mira são vítimas de violências bem piores que essa que estou tentando discorrer aqui. Os "privilégios" de sofrer preconceito não são equivalentes, e isso me incomoda seriamente.
(Aí puxa gancho para um "Aquelas pessoas que vivem no mundo da lua que tem problema na cabeça" para denominar um autista. É fucking dose!)

Essas interdições são agressões que vão acumulando com o tempo. Essa é uma das razões por eu não ter afinidade e vontade alguma em frequentar lugares de diversão e descontração com outros seres vivos. Eu morro de medo da interdição, porque ela já foi e continua sendo muito presente na minha vida em particular. O cerceamento de palavras, o autocontrole subjetivo, a admoestação coletiva de "Você não parece X, logo deve ser Y, mas também não é Y, então é melhor nem começar a pensar que é Z. Volta a parecer ser X que fica tudo certo".

O tio Fucô falava da Interdição muito ligada com a questão da Razão e da Loucura, que a fala do louco é silenciada na forma mais pura de violência no discurso: interdição. Então se eu falar, há mais formas do mundo exterior terem certeza científica-lógica que sofro de insanidade e se eu não falar já atesto a minha loucura comprovadamente no "Quem cala, consente.".

Isso pesa pra baraleo, gente.
É de virar noites inteiras sem dormir e acordar hoje tendo que fingir que aqueles fatos/discursos não bateram como ponta de faca em ferida já quase cicatrizada. É desviar de outro buraco que talvez eu possa estar cavando apenas por compreender como isso funciona.

[edit] Aí aparece na minha timeline uma discussão de um tweet de uma pessoa de fama moderada em canais televisivos falando que "Ser transexual é fácil, todo mundo acha lindo. Mas ser veado continua a ser uma das maiores aventuras do homem, tipo a escalada do Everest” e depois “Desde que os transsexuais viraram moda as bichinhas quaquás passaram a ser criaturas inferiores, sem graça, sem charme, sem nenhum sex apeal" - e aí confirmou a possível tabelinha de privilégios de preconceito (Algo que já vejo acontecer demais em movimentos de classe). Sabe o famoso #WhitePeopleProblem? Quase isso, só que no caso o "privilégio" a ser festejado é o preconceito recebido. Então quanto mais preconceito recebo por estar em classe X, ou ter a orientação sexual Y, ou sou visto pela sociedade de modo Z, tenho mais direitos de silenciar aqueles que não sofrem o que eu sofro.

Você vai lá, vai vendo a pontuação na tabelinha - branco, homem gay, classe média alta, escolarizado, de direita - e soma os resultados para ver o quanto de preconceito sofre para então cobrar o silêncio dos outros. Lembrando que de acordo no mundo fictício em que o sujeito narrou os 2 tweets (Apagados logo depois de causar polêmica, sabe? Ele pediu desculpas também), transexuais são os menos privilegiados na pontuação. Então pela lógica não deveriam nem começar a reclamar, certo? As bichinhas quáquás sim, essas merecem todo direito de serem reclamantes.

07 outubro 2017

[eu não sei fazer poesia] espetacular cenário barroco

Descobri duas coisas sobre mim mesme nesse último semestre:
1) não sei escrever poema em estado diferenciado de consciência.
2) escrevo essas coisas aí embaixo quando estou nessa situação relatada acima.
(No caso remédios para dor muscular que yaaaay derruba-capota-estágio de contraturno com Patrão Morfeu)

Assim como na quinta fase tive o dia da divisão de águas (referência bíblica btw), percebo que vivo num espetacular cenário barroco.

Comecemos então, arrãm.
Céu e Inferno
Milagre e danação
Oração e maldição
Aquele anjinho na direita
Diabinho na esquerda
(sempre da/na/da esquerda)

É pecar o dia inteiro pra
De noitinha se ajoelhar e rezar
Trocentas ave-Maria, meu pai nosso
De cada dia é esse?!

É tipo, pisar num terreno macio
Pra escorregar em pedra maciça
É um quase rococó do avesso
Pra garantir, levo um terço
Um terço de hora pra entender
Qual exatamente é a minha punição

Tem dia certo pro barroco assentar
Não precisa de muito esforço
É só esperar

Obviamente esse post foi intensamente inspirado nessa música da Clarice Falcão enquanto estava em posição quase fetal em carteira escolar acadêmica. Mas a gente releva, porque paciência é algo precioso

02 outubro 2017

onde foi que o erro começou?


Era uma bela manhã de começo de semana. Tudo estava certo e sob controle. Os passarinhos cantavam, o sol brilhava pálido em um céu coberto por grossas nuvens de uma possível chuva para a tarde. Dava pra ouvir o ruído incessante do mundo revolver a terra, o ar. Com uma banana já machucada do tempo guardada e deixada em cima do tampo da bancada, não percebeu que o dia começaria com vida. Seis na verdade. Pequeninas vidas cobertas de pelos, da mesma classe mamallia, ordem primates, pequeninos em suas constituições, vorazes no devorar a pequena banana meio amarela, meio preta. Comida afinal.

O menorzinho era o que arrancava mais pedaços, ávido pelo alimento, por não querer passar mais fome, não se sabe o que se passa na cabeça de primatas irracionais com um nome científico tão diferente. Era manhã ainda, as cascas detonadas retiradas, despojos do banquete dos seis atentos a qualquer outra oferta de alimento. Melhor fechar a janela para não entrarem em lugar que não pertence a eles.

A cada janela fechada, um olhar curioso. Os cinco maiores em volta do pequeno, como uma proteção na couraça daquele que deveria receber mais atenção para seu crescimento.

Todos nós crescemos algum dia.
Uns com proteção de cinco poderes.
Outros com a repreensão de cinco carrascos.

Era para ser uma manhã normal, café passado, mágoas internas a remoer, aquela frase mal escrita que ruminada várias vezes causa indigestão em sua entoação. Tudo funciona maravilhosamente do lado de fora, esse sistema de fingimentos tão elaborado.

Um belo teatro de tragicomédia que ninguém quer admitir que também já foi ator.

A primeira pedra no teto de vidro é jogada por seres racionais, nada de micos em busca de bananas meio apodrecidas. O que chamam de gatilho entre os meios de proteção, se torna vergonha, humilhação, doença. Onde foi que o erro começou?

É assim que nos observam na maior parte do tempo.