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01 setembro 2019

começou setembro

Aquele momento em que você percebe que não tava com otite totalmente, tava em processo de despersonalização a prestação.

Que maravilha!!
Até nesse aspecto da minha saúde mental vem em boletos.

(Então se me virem pirando na batatinha a conta gotas, me avisem por favor, porque eu não tou sabendo)

E agora para algo completamente diferente:


Setembro chegooooooou!
Não sejam babacas, procurem ajuda especializada se a coisa dentro da cachola ficar tensa...
Não peçam conselho via facebook, não tem tutorial no YouTube pra saúde Mental (já chequei, várias vezes).

28 agosto 2019

Ontem,
um baldinho borbulhante de muitas emoções

Hoje a crise de ansiedade atacou sorrateiramente, deixando uma apatia automática violenta e silenciosa, destruindo o sistema de defesa autônomo que demorei uns 2 anos pra ter certeza que tava funcionando bem.

Bem, voltemos a oficina novamente.

Metáforas com cozinhas vazias

Tem essa cozinha vazia, com azulejos recém colocados, imaculados na brancura e rejunte impecável. Ela é enorme, tem paredes bem azulejadas até o teto.
Há um eco gigantesco soando a cada respirada, a cozinha vazia com o eco.

E há esse único objeto no centro da cozinha, o utensílio doméstico de um liquidificador na máxima potência, triturando coisas que parecem não ser feitas para as pás de um liquidificador. O barulho é ensurdecedor de tão ecoante nessa cozinha enorme azulejada até o teto.

Há ali uma janela, um pouco aberta, de onde escapa ou adentra mais outro som cafofônico de um bode balindo em prantos ferido tragicamente no baço na janela.

O liquidificador parece engolir o balido do bode, transformando no vai e vem do eco alarmante um grito gutural bizarro que sai de uma garganta rasgada por cacos dos mesmos azulejos imaculados de rejunte perfeito.

Tudo ecoa em um volume inaudível de tão alto que é, derrotando qualquer outro ruído, barulho, produzido por objeto inanimado ou não.

Do eco da cozinha azulejada, do liquidificador triturando objetos aleatórios em um redemoinho infernal, do bode na fresta da janela, do chiado grotesco de um peito que na porta da cozinha está presenciando essa sinfonia esquisita e angustiante em cada acorde macabro e desafinado que pode produzir.

Do peito chiado, coração quebrado, ouvido estalado, uma voz do outro lado de toda a barulheira infernal chama atenção.

É baixa, é conhecida, é confortante, é segura.

A voz declama Vinicius de Moraes sem temer a barulheira. Até parece fazer troça com a confusão. Até parece rimar com a expiação. 

A voz dita poesia.
Poesia que insisto dizer que não entendo.

Porque a barulheira é alta demais pra ouvir qualquer coisa além daquilo que o eco quer ressoar.

As palavras da poesia não me atingem de primeiro.
Mas a voz?
Baixa, familiar, confortante, segura, adorada.
A voz não ecoa nessa cozinha vazia, mas me puxa pela mão, me coloca sentada ao chão, com a poesia que ainda não compreendo as palavras, mas a voz?

A voz me faz sentar e deixar a barulheira infernal lá na cozinha, me abraça sem eu pedir, me acaricia sem eu saber que é carinho.

Percebo que ao não ouvir mais aquele eco da cozinha azulejada, eu estava implorando o tempo todo. Debaixo de quilos de armadura de grossas placas e um elmo tão pesado que não sustenta mais uma cabeça. 

"Desculpa, desculpa, por favor, por favor..."

Esse peito chiado de ouvido estalando implorando pra algum som agradável me tirar de perto dessa barulheira infernal.

Não sou de implorar.
Jamais peço clemência.
Nunca deixo meu escudo baixar.
Não fui criada para ceder.
A minha lança triturada pelo liquidificador.
O balido trágico do bode atingido no baço na janela.
O eco não vence mais essa batalha

Nunca tirei meu elmo sem um motivo aparente.
Jamais abaixei a cabeça para ninguém.
Não fui criada para ceder.
Sem armas, sem armadura, sem elmo, me mantenho ao chão, recebendo o abraço, o carinho, a voz ainda ditando o poema.

E todas as cantigas amorosas parecem fazer sentido.

(quero apenas ter forças pra arrancar essas placas, ir naquela maldita cozinha de eco ensurdecedor, destruir o liquidificador em pedaços e dar um fim honroso para aquele bode desgraçado que me persegue)

25 agosto 2019

pra quem eu acendo a vela?

Alguém poderia me explicar que minha devoção vai para deus da trapaça, dos ladrões, dos viajantes, mensageiro dos outros deuses, que estripou tartaruga pra fazer uma lira e NÃO PARA DEUSA BARRAQUEIRA DISSIMULADA QUE CAUSA MAIS MORTES QUE O PRÓPRIO AMANTE?!



Agradecide se alguém enviar essa mensagem pro departamento certo no Olimpo.
(Apesar de que também sou inclinade a querer acender umas velas para a Caçadora.)

19 agosto 2019

o que a gente não lembra é porque não aconteceu?


A vida tem umas surpresas aí.
E nesse meio de informações novas, consegui recuperar 305 postagens do blog nefasto que tinha naquela plataforma que não deve ser nomeada (Ah, mas é tão mais simples de mexer, Morgan, VÉSIFUDÊ MERMANE!! Odeio aquele lugar com todas as forças!!) e plim, aparecem coisas muuuuuito intimistas que apenas os últimos anos em Betinópolis, o vilarejo brejeiro onde eu vivia, poderia proporcionar.

Vou manter lá por motivos que já expliquei trocentas vezes aqui.
O meu medo de não lembrar mais de nada é maior que o de qualquer outra coisa que eu tenha medo nessa existência. Infelizmente já passei por experiências em que o medo se concretizou e óia só o resultado?

Então há uma lacuna entre 2010 e 2012, porque sinceramente eu não sei exatamente o que aconteceu em 2011, apenas que em dezembro eu fui para o Rio de Janeiro visitar meu primo e minha avó paterna e tive um momento de lucidez.

Começa aqui - [2010] - [2009]

05 agosto 2019

compartimentando personas

Heeeey meu 2º morador favorito do Hades¹!
Em meu mundinho ideal pessoas entenderiam que sim, dá para compartimentar vivências como a gente guarda comida em tupperware e só abre quando precisa ou tá com fome.

O que sou na vida real (IRL = in real life) não é a mesma coisa que sou nas interwebs que também não tem nada a ver com o que sou quando estou jogando MMORPG e gezuis amado barbosa da silva, não confundam com meu eu-lírico, muito menos com meu fazer bibliotecário.

Compartimentar caracteres e estados de vivência faz um bem danado, cês não sabem como. Primeiro que delimita sujeitos e discursos, dá a vantagem de prever como certas situações irão se desenrolar - sabe aquele papinho de "papéis sociais", bem isso - e o mais importante pra integridade da minha pessoa: separar público do privado.

Porque infelizmente nesse antro vil e maléfico de Cthulhu - também conhecido como bolha acadêmica da universidade dos Megazords ou qualquer outra instituição em que te fragmenta ao ponto de quebrar e dissolver, mas quer que você continue em um pedaço só para fingir que tá de boas nessa confusão - pessoas não aprenderam ainda separar o público do privado. E eu tento, juro! Todos os dias vigiando qualquer derrapada pra não confundir ou interpretar falta de profissionalismo com falta de semancol. Faço a minha parte, como uma pessoa treinadinha desde quiança a não vacilar nos escorregos do misturar as personas e acabar causando mais outra situação embaraçosa.
(Podia dar um exemplo explícito aqui? Podia, mas acho que os bafões acadêmicos devem virar lenda urbana naquele espaço tão elitista de certo centro que abriga certo departamento de certa universidade... aaaaaah vocês entenderam aí!)

Assim como os lindos, civilizados, politeístas, escravagistas e xenófobos gregos faziam, separar o público do privado descomplica tantas coisas que pelo jeito a galera do Iluminismo esqueceu de resgatar junto ao Parnasianismo e o Narcisismo Acadêmico. Separar essas duas tipologias de personas é essencial para a manutenção de uma saúde mental intacta.

(Aliás, fun fact: a persona é o papel social do ator do teatro grego, eles costumavam usar máscaras para separar quem eram de verdade, do personagem e do eu-lírico ali expressado. As pessoas não entendiam bem quando alguém interpretava um papel no teatro, às vezes confundiam o ator com o personagem que ele interpretava e rolava uns bafões do tipo, literalmente levar a sério a interpretação e alguém da plateia ir lá tirar satisfações com o ator como se ele fosse o personagem. Fantástico!)

Então vamos falar de personas e separação de público e privado e como isso faz bem?
Não sei quanto a vocês, mas é bom dar uma revisitada em todas as máscaras que guardamos toda vez que temos que nos submeter a situações sociais que nos impõe diferentes meios de se comunicar e de existir.
(Tá na hora do mindfuck de final de semestre?! Táááá sim!)

Debaixo do link: se não tá a fim de dar uma olhada para si mesme, nem clica.
(Mas tá sendo engraçado descobrir que na verdade meu perfil profissional é de extrema filhadaputice burocracia por simples gosto de querer complicar a vida de quem vive prejudicando os outros)

30 julho 2019

Economia Solidária da ADEH

A ADEH - Associação em Defesa dos Direitos Humanos está atuante em Florianópolis desde 1993. É uma ONG que dá auxílio psicológico, social e jurídico gratuito a comunidade LGBTs e mulheres cis vítimas de violências. Todos os profissionais que atuam na ADEH trabalham de forma voluntária, e a falta de recursos financeiros precarizam os nossos serviços.




Bora lá ajudar a galera da ADEH?
Com quantia mensal entre R$5,00 a R$100,00 você pode ajudar a organização a manter seus serviços e acolhimento.


28 julho 2019

cuidados extras

Disclaimer: essa postagem é de 25 de abril e só fui ver que tava na fila agora!!

Percebi que meus baixos e altos durante a inconstância da vida de escriba nesses últimos anos coincidiram com algumas situações que me faziam entrar em desespero antes do tempo de desesperar.

Que novidade!
Óbvio que grandes mudanças irão desencadear reações diversas.

É o que dizem.
Mas quando se caminha na corda bamba por um bom tempo da sua vida, limitar as grandes mudanças são cruciais pra não sofrer uma portada bem dada nas fuça.

O importante dessa quest interminável de "não posso nem chegar perto desse poço e muito menos ouvir esse bode" foi de saber onde o ponto de limite aparece.

Esse cuidado extra me fez perder oportunidades de fazer mudanças grandes, mas ao mesmo tempo me manteve longe de perder total controle sobre minha mente.
(E quando falo que Literatura salva e ninguém acredita...)

Acho que tou no recorde de tempos sem pensar em algo autodestrutivo faz cerca de uns 5 meses, na intensa forma mais humilde de não se meter na encrenca de overthinking. Receber notícias boas de potenciais mudanças boas também ajudou, mas ainda assim, vigilância constante.

Parece estúpido colocar isso em palavras escritas, pois não parece algo urgente agora. Tô bem, nada está me afetando substancialmente (Carpe diem modafocas funciona com mentes ansiosas) e se começo a ver um padrão de entrar na noia novamente, meu corpo aprendeu a responder rapidamente com algo bem simples: substituir o pensamento repetitivo e destrutivo que se aproxima por uma canção.

Eu sei. É besta, mas tá funcionando.

Às vezes no meio da noite, quando acordo de um pesadelo em específico, acordo com a letra de alguma música tosca na cabeça. Quando estou particularmente estressada no estágio (porque me estresso com a negligência do governo atual com um lugar que poderia estar ajudando muita gente em um potencial enorme) é Take on me do A-Ha com direito a dancinha.

E ir para as estantes fazer leitura de estante. Acalma, porque livros e suas capas engraçadas com títulos diferentes me acalmam.

Chocolate também.
Pepsi também.
Assistir novela da CW também.
Matar pessoas imaginárias e históricas em games também.

Mas mesmo assim fico no modo cautela sempre. É algo que 20 anos de intensa experiência em se proteger de um colapso mental inevitável faz com você em algum ponto de sua vida. O meu maior foi aos 24 anos pra depois ter um pior aos 26/27 e se os 28 me ensinou é que (in)felizmente tenho que me alinhar comigo mesma para ter algum resultado que preste.

Me entender como trans não-binárie também ajudou pra caramba a não pensar demais em questões impostas pelo externo e que me perturbavam demais por não fazerem parte do meu conjuntinho fajuto de valores e moralidade. Me entender como profissional também ajudou mais ainda por saber que mesmo se eu perder isso que valorizo tanto (e não é o coração, pessoinhas, nunca foi), ainda conseguiria ser prestável guardando livro na estante.
(Aaaaaaaaaaaaah sarcasmo, como te adoro)

Se dá vontade de botar fogo no putero?
Dá.
Mas vai valer a pena?

A maturidade traz um dilema do "o que vai me beneficiar somente" com o "vai beneficiar o bem estar comum" - e (in)felizmente sigo isso a risca para não cair no meu limbo pessoal: estar sendo incoerente.
(Purgatório é refresco perto da minha versão ao vivo de portão do Tártaro)

Quando a gente encontra a Ética em nós mesmos, o de perceber o mundo de uma forma que não é necessário ter vantagem em qualquer coisa (FU Darwin e seleção natural) ou manter status para se ganhar alguém, isso já ajuda pra caramba.

O desapropriar a questão da propriedade da própria vida (???) foi um dos pontos-chaves de sacar que a valorização que tanto buscava não tava no Outro, mas naquilo que me mantém viva. Peguei o hábito de levantar me dando tapinhas imaginários nas costas por conseguir acordar mais um dia. E também de ao dormir me agradecer por conseguir chegar até o final do dia sem um pensamento ruim sequer contra mim mesma.
(contra as pessoas, outros quinhentos, todos temos nossos pecados internos)

Descobri nesse ritual de acordamento e dormitação que tenho direito em sentir coisas, que repreendê-las por tanto tempo não me ajudou crescer, mas sim de me afastar de algum propósito dessa vida. Ir ao psicólogo foi o necessário para manter a listinha de "tá tudo bem aí em cima na cachola" em ordem.

Autossabotagem é algo real e palpável.