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22 dezembro 2013

[interlúdio] dominação e submissão

Não, esse post não vai falar de coisas pervas e nem NC-17 ou R+18, okay. O trem é sério, o trem é real, o trem está em qualquer camada social até mesmo da sua casa. Pelo menos na minha está e é foda admitir que esse tipo de hierarquia social/emocional/semântica/parental possa estar afetando tanto as nossas vidas novamente.

Debaixo do link TL;DR;, mimimi de coisa séria: Dominação & Submissão. Enquanto faço uma autoavaliação da situação em que a vida chegou dentro da minha família, pode servir de ajuda para alguém que esteja passando o mesmo perrengue.



Here's the thing: sempre fui fascinada com as figuras dominantes femininas dos ambientes que eu convivia. Se fosse mãe, pior ainda, caía de amores no mesmo instante. desde pequena essa fascinação meio que trouxe desconforto pra minha estabilidade emocional - primeiro porque as pessoas em questão que foram extensamente admiradas, workshipadas e alvos de minha total devoção não sabiam bem disso, segundo porque é difícil você manejar isso quando a fascinação intelectual/psicológica vem com a bendita libido incluída no pacote.

O meu papel de submissa era inteiramente aceito pela minha personalidade questionadora, porque me deixava em paz comigo mesmo - e com os demons que tenho guardadinhos em cada cantinho de cada órgão que possuo, prontinhos para espetarem as coisas aqui dentro e dizerem: "Heeeeeey queridona! Hora de perder o controle!". Muita reza nessa hora? Oh sim claro! Literatura e escrita foram meus melhores terapeutas nos primeiros anos de identificação de gênero (Seja lá o que isso deva significar nesse mundo, traduzindo: quando saí do armário) e sufocou bastante essa fascinação secreta que eu tinha sobre mulheres poderosas, fortes de gênio, atraentes nos modos de argumentar e manipular pessoas, intelectuais natas e altamente perigosas em certos aspectos mais... hmmmm... sedutores.

Aí vai uma lista de mulheres que me interessavam exclusivamente por saberem usar bem o poder de manipulação para dobrar as pessoas e mostrarem o quanto elas são donas de si mesma. A transferência de carinho e fascinação poderia ser em 2 vias:
1 - ou eu queria ser como elas (Só não sabia como, então era a submissa);
2 - ou eu queria ser dominada por uma delas (Porque tenho essa certeza estúpida de que sendo smartass posso relativizar tudo e todos e ficar sempre em cima do muro).

O caso é que eu mesma não via que havia uma mulher dessas me dominando faz tempo: minha própria mãe.

Todo mundo que conhece a minha mãe tem o mesmo papo: o quanto ela é legal, o quanto é gente boa, o quanto é agradável, mas são impressões superficiais, coisas que ficam na primeira conversa, no primeiro contato, mas poucos sabem o quanto ela pode ser dominadora, literalmente.

Por muito tempo deliberei se isso não vinha com o pacote de maternidade - telepatia de longo alcance, visão raio-x, detector de mentiras e tudo mais... - mas me foi ficando claro após um relacionamento muito especial e extremamente maternal que tive com uma pessoa. Ela me tratava como filha, mas em nenhum momento senti que havia possessividade sobre mim, aquele sentimento de sufocamento que às vezes sentimos quando nossas mães se metem em nossas vidas querendo "arrumar a nossa bagunça" por assim dizer. Sem querer a pessoa me deu uma pista do quanto a minha progenitora poderia ser altamente viciante e destrutiva.

Assim como toda pessoa que é possessiva, o alvo mais fraco do link sempre será afetado. No caso lá em casa a primeira foi minha irmã - que fez o máximo possível para dar o fora de casa assim que completou 18 anos e se agarrar a vida dela, mesmo que fosse ruim e aos tropeços. Eu fiquei porque era novinha ainda e não percebia no damage que viria para cima de mim.

Desde os 13 anos me veio essa iluminação graciosa do além que me faz ter uma paciência fodida e de sempre ter curiosidade de entender o porquê as pessoas são palermas/filhas da putinha/sacaneadoras/trolls/fracassadas quando querem ser, me baseando nos exemplos da minha própria família - e acredite, tem muitos ali - fui resgatando o que seria essa personalidade possessiva de minha mãe. Começou lá bem cedo, na infância, em que incumbiram uma tarefa ferrada para ela manter na família - ela literalmente sustentava os 7 irmãos dando aulas de primário para filhos de militares no bairro onde morava. A minha querida e super inocente avó simplesmente desconhecia o conceito de psicologia infantil e pelo jeito piorou tudo conforme ela crescia. Em miúdos: minha mãe cresceu como uma criança já responsável por tarefas de adultos e uma crescente possessividade sobre as pessoas.

Ariano é foda, não é? (Não, não tou falando aqueles lá da filosofia nazista, geezuis! É o dos signos, carneiro e talz) Mandões, possessivos, territorialistas, nada convencidos de sua capacidade de manter tudo em "ordem" (A ordem deles) e de serem altamente convincentes em fazer as pessoas perceberem que eles estão certos. E acredite, eles estão! Ou pelo menos foi isso que achei durante cerca de 25 anos da minha vida.

Se ela me protegeu de muita besteira vinda de Betim e daquele povo horrível que eu convivia? Sim, muito. Se aprendi lições valiosas sobre o que NÃO FAZER para ser miserável naquela cidade e tentar o melhor para ser alguém nessa vida (E com sorte ser alguém na vida de alguém)? Sim, ela ajudou bastante, mas a super proteção estragou completamente qualquer sinal de humanidade na minha alma de cientista. Até hoje me convenço que não preciso de ninguém para continuar vivendo, andando, comendo, respirando e fazendo coisas normais de ser humano, mas a grande verdade é: quando você experiencia um Amor diferente daquele que você está acostumado a ter desde criança, você nota que tem algo errado. EXTREMAMENTE errado.

Quando finalmente veio a coragem de dizer que eu era lésbica, a possessividade veio em negação, ela se fechou numa conchinha própria e me manteve no quintal limpando as folhas caídas da árvore que eu havia subido alto demais. Foi doído pra caramba e ainda me dói até hoje por ter me submetido aquele tipo de prisão psicológica. Tudo foi ficando pior quando o filhadaputinha do Eros resolveu atirar flechinha novamente e eu sair da linha (Ou da linha dela) era uma questão de tempo. Controle sempre foi meu mote, manter ele por muito tempo é tipo meu hobby favorito, até porque algumas pessoas se admiram com isso e tentam quebrar a fachada fria e calculista e poucas conseguem realmente ver que na verdade eu quero e preciso ser cuidada por alguém mais responsável do que eu, não ao contrário.

Submissão tem um pouco a ver com isso. O fator de me submeter a certas situações para manter o controle me dava o papel de total serva da vontade da minha mãe e isso é horrível de deliberar agora. Todas as vezes em que ela usava de chantagem emocional, os silêncios por dias, a dedicação exagerada quando tudo ficava estável (para ela, instável para mim), quantas vezes caí doente de remoer pensamentos ruins de culpa, de indignação, de horror, até suicidas (Por que não? Você tem 16 anos, passa a maior parte do teu tempo escrevendo obsessivamente em páginas e páginas e depois não sabe o porquê de fazer isso, sobra espaço para planos mirabolantes para findar com toda a palhaçada que sua vida tomou rumo), tudo isso me indicava que algum dia ela iria deixar a máscara cair e revelar algum tipo de monstro mitológico que eu não seria capaz de derrotar com a minha imaginação, nem com minha paciência, muito menos com minhas ações - eu era pateta, continuo sendo, mas pelo menos sou pateta consciente e estou longe do gancho materno.

E quanto mais eu ficava doente, mais esse laço se amarrava em volta do meu pescoço, eu estava perdendo oportunidades ótimas de ter uma vida saudável, estava perdendo até um pouco de quem eu era e sim, entre meus 15 pra 17 anos eu não faço a mínima ideia do que fiz da minha vida (Se abrirem meu cérebro e investigarem essa parte da minha vida vão achar um buraco de minhocas). Sei que vim aqui para SC e passei um tempo com a minha irmã e fui para uma escola nova e conheci a pessoa mais awesome que deu uma sacudida no meu mundo, mas quando eu voltei para MG tudo pareceu trilhar pro mesmo poço, tudo. Até minha escolha para faculdade.

Letras não foi minha 1ª opção - foi Designer Gráfico na Estadual, quase passei por 1 ponto - e também não foi a mais correta (Sim, mimimi sobre isso porque tenho sempre a sensação que perdi 3 anos e meio fazendo algo que realmente estimulava o meu intelecto, mas não me dava nada em retorno, nem satisfação acadêmica, ou satisfação profissional!), mas como era perto de casa, a avó super delicada citada ali em cima pagando e eu com 17 anos mal sabendo o que fazer após receber a incrível notícia que entrara na faculdade.

A figura materna citada ali em cima ficou mais presente a partir desse momento e de certa forma - muitas formas, acredite, só fui me dar conta agora - estava me protegendo e me avisando desse turbilhão de porradas psíquicas e energéticas (Por que não? Eu acredito intensamente que aquele gancho maternal da progenitora tava em volta do meu pescoço, porque eu não conseguia falar nada por mim mesma) que recebia diariamente. Sem ofensas: minha mãe nunca me humilhou publicamente, nunca me agrediu fisicamente, nunca me denegriu na frente de ninguém, ao contrário, sempre vi ela dando uma certa predileção a minha pessoa ao invés da minha irmã que tinha mais méritos do que eu na escala de méritos sociais, mas ela me sufocava a cada comentário racista, homofóbico, negativo, manipulador que fazia. Certas ações me enojavam, certas situações me faziam querer sair gritando histericamente pela rua, certas ocasiões isso chegou a ser tão maquiavélico que atingia pessoas que eu me importava (E queria cuidar mais do que a mim mesma) até elas simplesmente darem aquele tchauzinho de longe e dizer timidamente: "Não passo por essa cerca elétrica de arame farpado que ela colocou em volta de você nem ferrando."

Essas situações me levou a crer que eu não era - obviamente a conclusão mais precipitada - merecedora de Amor por ninguém, o máximo que eu poderia fazer era me contentar com o que tinha (E por que não continuar idolatrando o chão que ela pisava e admirar mulheres dominantes mais do que antes). Na faculdade é que fui estudando um pouco mais dessa personalidade possessiva materna - no caso de minha mãe só se acentuou com a maternidade, já que ela mesmo confessa que não dava a mínima pro meu pai (Que por informações externas continuava amando minha mãe sei lá porque depois de tanto rolo na vida deles) - e hey! Dominatrixes! Não é legal isso? Encontrei TODOS os traços que minha mãe tinha com o plus de poder sacar que elas faziam isso por uma ideologia de poder e aversão ao sistema patriarcal. Ótimo! Posso me sentir menos idiota por ser submissa em qualquer coisa nessa vida por saber que há pessoas que fazem isso pelo simples fato de quererem saber os limites das outras pessoas. Só que a minha mãe não sabia (E nem sabe até hoje) o limite das pessoas que supostamente deveriam ser filhas dela.

O gancho maternal apertou quando decidi dar um jeito na fucking vibe que tava a minha vida, incluindo um relacionamento que tinha tudo para dar certo e ser feliz e ter cerquinhas brancas e domingos no parque e tudo mais porque de certa forma (E ainda vou descobrir isso ainda) ela manipulou alguns palitinhos para que tudo desse errado. Ela era o meu suporte, meu apoio principal, minha base, minha prioridade, ela não iria sair perdendo mesmo se eu saísse de casa e me ajeitasse com a pessoa em questão, mas bem... Bastaram uns 15 minutos de conversa com OUTRA mãe manipulativa das brabas (A mãe da pessoa que eu amava muito) e creio que um pacto ficou selado lindamente ali. Só sei que o controle que eu mantinha religiosamente (Com meus mantras, minhas rotinas, meu karma não dissolvido com certos demons instalados nos órgãos prontos para extravasar) foi pro brejo, a minha reação? Cortar todo mundo que me trazia um pouco de sanidade nessa vida, começando pela pessoa do futuro com cerquinhas brancas, domingos no parque e tudo mais. Não muito contente com a minha própria ignorância e consequentemente meu espírito fëanoriano de falar coisas só para me ferrar MAIS com Mandos, resolvi cortar relações com quem me salvava de praticamente tudo de ruim nesse mundo - e dudes, não vai ter sensação mais bizarra nesse universo de saber que estragou um laço literalmente moldado em Amor e Respeito e Carinho por uma situação que não se sabe lidar bem. Ainda não sei, mas tou aprendendo aos poucos.

O gosto amargo ficou, as ações foram feitas - oh muito bem feitas, aliás, fui tão perfeita em arruinar TUDO que o mesmo buraco de minhocas entre os 15 aos 17 se alojou bem ali. Se me perguntarem, não vou lembrar de absolutamente nada da época, mas sei que tenho provas concretas do meu crime em algum lugar, é só procurar (E a coragem? E a coragem? Essa maldita que nunca vem!), a conchinha de Gary foi instalada - para me proteger de mais alguma marretada que viesse sei lá da onde - pra então fechar com uma cerejinha no bolo: a progenitora tão gente boa para os outros, tão simpática para as pessoas, tão brilhante para todos, simplesmente me dizer que iria morar com a minha irmã em SC e me deixar sozinha em uma cidade que eu odiava com todas minhas forças, sem perspectiva alguma de ter uma vida normal sendo que a minha sanidade já estava danificada ao ponto de eu confundir coisas idiotas do trabalho, escrever rascunhos de posts em uma forma que me assustava e brotar do nada a ideia de como seria legal se o mundo sofresse algum tipo de ataque viral mundial e o Apocalipse Zumbi chegasse a todo vapor.

Sério, foi ali, nesse cenário de devastação, caos e hey ironia linda, mortos-vivos que me senti "segura". Porque se é pra padecer na powha de Mandos, tem que ir com estilo, certo? Agregar valor na Profecia e deixar o parente maldito ter as rédeas da narrativa. A ideia de mudança me atormentava todos os dias, as indiretas nas horas que supostamente deveriam ser sossegadas - durante o almoço, antes de dormir - foram tomando forma, a coisa tava se concretizando em menos de alguns meses, eu na minha idiotice suprema (Vamos dizer que eu era uma morta-viva na coleira) decidi ir junto né? Por que a submissa não pode viver sem sua dominadora, não nesse mundo (Ou o dela? Nunca sabia). O palco estava armado com as ameaças de sair de casa e nunca mais voltar - e me deixar naquela cidade horrível pro resto dos meus dias - com a pressão diária, com as cobranças disfarçadas em apelos e pedidos, a pequena manobra de enganchar fios invisíveis nas minhas decisões.

Só que aí a o Destino é muito gente boa com quem tem um plano maior nesse mundo - sei lá, eu tenho, mesmo que seja atrás de uma bancada de uma livraria ou de uma biblioteca, sei que tenho um plano maior - resolveu interceder antes de Mandos bater o carimbinho de "check" e me despachar pra mais um novo Inferno especial de pura apreciação. Uma outra dominadora me mostrou o que a dominadora-mor me fazia, não de um jeito sutil e gentil, mas do modo mais eficaz que um virginiano deve saber: levando a rasteira, quebrando as pernas, se arrastando no chão e se curando sozinho.

A dominadora em questão era uma taurina (Meu dharma, eterno dharma) que não só me disse que havia vida lá fora (Sim, Mulder não estava mentindo!), assim como eu poderia muito bem fazer o meu caminho. O intensivão de poucos meses me mostrou que ser morta-viva era demodê, que poderia mandar banana pra  Mandos e mostrar pelo menos um pouco de autopreservação - e eu achando que todo o tempo que eu me protegia dos outros era autopreservação, oh sim, como eu era babaca! (Conitnuo sendo, mas pelo menos uma babaca consciente!). Foi tudo bem, obrigada. Se estou aqui, escrevendo esse blog na minha própria morada, pagando minhas contas com o meu dinheiro, fazendo o que gosto (Finalmente!) e me curando de muita porrada que o Destino decidiu deixar pro meu lado pra ver se eu aguentava em pé (Olha só! Me apaixonei de novo e bem além do que achei que seria capaz depois de tanta facada retalhando o órgão cardíaco!), é porque essa pessoa especial me fez perceber que hey! Eu estou viva e sobreviverei!
Acontece que a dominadora não sossegou até agora. E apesar de eu ter saído de debaixo da guarda constante dela, toda frustração caiu sobre meus sobrinhos e minha irmã mais velha - e ela infelizmente já vive um relacionamento bem parecido com o meu entre minha mãe - para poder aguentar. A minha relação com minha irmã era quase inexistente até meus 24, ela é 6 anos mais velha e isso não trazia muita proximidade quando eu era criança, agora, felizmente, estamos boas uma com a outra, até dividir a minha vida pessoal com ela eu tenho coragem de fazer. Saber que ela confia certos assuntos apenas comigo me deixa mais segura da confiança que deposito nela, mas saber que a mesma aflição que eu passava meses atrás tá agora nela me deixa inquieta - infeliz também, um pouco com aquele sentimento de vingança, mas Eru me perdoa, não posso desejar mal para ninguém porque sei muito bem onde isso vai dar.

Mesmo que tenha uma vozinha me falando para proteger a progenitora dos comentários, tem aquele pedaço enorme de Razão me avisando: "Já ouvi essa canção antes. Só que o ritmo é diferente." e sinceramente me sinto mal pela minha mãe. Pedi paciência e muita meditação para minha irmã (Essa última parte ela riu na minha cara, leoninos e meditação = nevah), mas não me sinto inclinada a aquiescer a mais nada vindo da dominadora mãe. Isso tá ferrando com a autoestima da minha irmã e tá afetando demais meus sobrinhos, e a pessoa delicada sequer percebe (Ou percebe e se faz de vítima, só pode) ou sequer tenta se endireitar e prestar atenção no que fala. Eu sei que o karma é inevitável, que o empurrãozinho do Destino é feito com uma mão bem larga, pesada e desajeitada, sei que tudo que ela fala vai voltar pra ela de uma forma e de outra, mas não queria. É minha mãe, né? O instinto básico é proteger, cuidar, manter bem, mas quando vejo todos os problemas causados pela falta de sensibilidade dela quanto nossos desejos e escolhas me mostra o quanto ela precisa amadurecer espiritualmente/emocionalmente e deixar (Sim, eu disse isso) ser uma pessoa agradável novamente.

Minha irmã disse que ela não tem jeito - "Uma Rainha nunca sai do Trono", era o que ela me dizia - mas tenho esperanças que ela entenda que o mundo não gira ao redor dela, que ela pode viver bem se começar a largar as mágoas para trás e ver o mundo com mais otimismo. Foi por isso que vim morar bem longe dela e deixei o Hank com ela, porque sei que o Zézinho Buscapé tem a habilidade fodona de dobrar pessoas apenas com um olhar maroto, de fazer arte e tirar um riso bom, de ser naturalmente uma criaturinha tão adorável que a dominadora mãe confessa que não conseguiria jogá-lo na rua por conta da dificuldade dele se locomover - oh isso assusta? Tem que ver os comentários dela sobre pessoas afrodescendentes e gays... É uma maravilha passar horas ouvindo ela denegrir o caráter humano. Se alguém poderia mudar a minha mãe por dentro, de tirar todo o amargor que ela deixa circulando no sangue, teria que ser o Hank na debilidade dele e o carinho incondicional que ela tem pelo manézinho... A gentileza e carinho começa em casa, né? Educar minha mãe para ser alguém gentil e carinhosa de novo é uma tarefa que eu não quero mais fazer parte, mas tou vendo que terei que arregaçar a manga pra "curar" essa parte dela, nem que seja na base do esfregão de Mandos.

Vou passar o feriado do Natal com ela - Ano Novo não porque terminantemente quero ficar aqui em casa, apreciando os fogos dos Ingleses e fazendo as minhas preces sem ter que me preocupar com o que ninguém achar das minhas crenças e meus desejos - e vai ser tenso. Vai ser 1 semana de provação diária daquilo que eu deixei pra trás, ter que aguentar a barra da minha irmã pra ela não surtar (E sério, a última coisa que quero é minha irmã surtando, porque ela não é uma pessoa delicadinha e muito menos pratica o controle como eu faço todos os dias desde meus 13 anos e meio), o desconforto dos sobrinhos, as traquinagens do Hank (Tá, isso vai me salvar de querer sair correndo de lá). É como reviver todos meus piores pesadelos em versão estendida e com uma dose extra de perguntas que não quero responder agora - mas pelo jeito terei porque já chegou nos ouvidos de minha irmã as situações horrorosas que ela cometeu ao tentar me afastar das pessoas que eu amava.

Se continuo submissa? Hell yeah, bastante na verdade, até porque gosto desse papel em qualquer circunstância. Um cientista precisa se afastar do objeto de pesquisa para ter uma ideia maior da hipótese a ser estudada, me mantendo submissa eu tenho a chance de experimentar igualmente a hipótese formulada e de julgar (Sim, faço isso o tempo todo, surpresa!) o que me é bom, o que me é favorável, o que me vai fazer construir algo legal e duradouro nessa vida. Mas quanto a minha mãe dominadora? Não, aí preciso mudar de aparência, canalizar outra persona, ser a pessoa que quase todos que eu amava odiavam de com força.

Dica esperta para as lésbicas assim como eu: Sei que isso vai doer, mas jamais, jamaaaaaaais levem suas namoradas/esposas para presença de mães dominadoras como minha mãe. Além da pessoa ter que ser muito iluminada para ficar exposta a tanta energia negativa e possessiva, tem que ser dominadora ao extremo ou mais que a própria mãe citada (Sinceramente não me importaria de ser dominada por alguém que tem termos, ajustes e confiança em mim. Melhor ser submissa a alguém que você sabe que não vai te colocar em uma situação horrorosa e humilhante do que estar com a pessoa que te deu a luz e não saber qual vai ser a próxima puxada de tapete que ela dará pra te atrapalhar e todos aos seu redor).

Apelo universal para quem estiver ou esteve nessa situação: não ceda. Vença-os pelo cansaço e com atitudes bem planejadas. Não deixe ninguém, mas ninguém nesse mundo arruinar o propósito maior que você tem planejado pra tua vida. Eles não merecem a sua dó, sua piedade, sua pena, não conheço uma mãe dominadora que não pense em 2x para estragar o dia dos filhos apenas para satisfazer suas necessidades. Se der, fique bem longe, beeeeeeem longe e mantenha apenas contato necessário.