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19 janeiro 2015

Sobre guitarristas/violonistas e bardos




Não tenho lá muito respeito por guitarristas xDDD
Talvez eu não aprecie tanto a função que eles acabaram se tornando durante a evolução da música, mas me parece (E posso estar falando besteira, mas é impressão minha) que eles apenas seguram alguma coisa na música - seja lá qual for - e não totalmente são necessários.

Tem alguns que se destacam mais que os outros, aqueles que fazem realmente o instrumentos como uma parte de seu corpo ou como o apoio essencial de uma banda (Ou de quem esteja cantando), mas nada mais que isso.

No rock é difícil dizer como o papel do guitarrista não faz diferença alguma, porque literalmente sem guitarrista não há rock 'n roll (sim, bebê), mas a presença de apoio me incomoda mais que qualquer coisa. No jazz (de qualquer época), o guitarrista ou violonista está ali de apoio, mas também faz aquela ponte dos agudos pro restante da banda, é válido, é bom de se ouvir, mas seria um instrumento que poderia ser descartado e não faria muita diferença.

(Será que estou sendo uma babaca por renegar o instrumento que toco?)

O que tento muitas vezes conversar com quem entende um cadim a mais de música que eu se eles sentem essa situação estranha de "instrumento de apoio" e não de acompanhante da música. A maioria aponta que quem segura mesmo o ritmo de uma música é o baixo/contrabaixo e quem faz a harmonia do restante é o conjunto do todo - mas voltando ao problema inicial: se tirar a guitarra/violão, a música continua sem problema algum.

Sinto essa falta de instrumentos quando estou tentando tirar alguma música na Claire e ficar com cara de tacho por saber que um bendito baixo em um determinado lugar, ou mesmo a batida da bateria, o reforço de um piano, até mesmo uma gaitinha pode salvar uma música tocada apenas no violão não se transformar em um tédio. Aí que começo a reclamar.

Aí tem as exceções.
Billy Howerdel do A Perfect Circle e Ashes Divided é o exemplo clássico de cara que faz com a guitarra o que nenhum outro instrumento pode fazer, ele "segura" a música em um outra alternativa pro vocal acompanhar - dá pra notar de longe que a voz do Maynard (vocal do APC) está muito perto do que o Billy toca e às vezes é a guitarra que faz a segunda voz de algumas músicas. É lindo isso, um instrumento servindo de backvocal.

O Ritchie Blackmore é uma transição estranha entre o progressivo e o bardo moderno, o cara é um monstro no que toca, ele sim eu louvo com todas as forças, e assim como o Billy, o som da guitarra/violão é o acompanhamento perfeito para a voz da Candice Night no Blackmore's Night. Perfeito e bem jeitosinho. A face de bardo se estende quando ele despiroca e sai fazendo solos para entreter quem esteja ouvindo, não somente o segurar a música, isso é awesome.

AGORA o senhor Damião Arroz é outros esquema.

Primeiro porque o cara é um bardo, não um músico. Segundo porque ele não usa o violão como instrumento, mas como a primeira voz dele. Terceiro porque ele é irlandês.

Algo que acontece com ele que é fascinante é como uma criatura pequena como ele, que a voz nem é tão boa assim consegue manter um teatro cheio ou uma plateia de festival ficar calada por minutos a fio o ouvindo tocar. Essência de bardo aí.

O violão que ele vive usando é da época em que ele buskeava na Itália e na Irlanda antes de ser famoso, o tréco tem um buraco no tampo de tanto ele tocar, provavelmente que o trem virou uma quimera de tanto glamour que ele deposita no bendito. Não é o equipamento ou a voz do Damien que faz ele ser hipnotizante (For crying out loud, ele nem é fodão como o Ritchie Blackmore com altos solos), é o que ele tira dos dois elementos. Toda vez que vejo uma performance ao vivo dele fico imaginando o que se passa na cabeça do irlandês pra ter toda essa força com duas coisas tão simples, a voz e o violão.

Não consigo ver isso em outro lugar musical a não ser ali.

Ou pode ser predileção minha, quem sabe? Mas não há como negar que o ruivo faz algo extraordinário com essas duas coisas sem muito esforço.

Esse novo álbum dele me deu um estalo recente de como é a questão de usar a voz como instrumento e o violão como voz, porque de certa forma quem tá levando a música, quem está colocando o pano de fundo de cada história que ele apenas cantarola - sim, porque cada letra dele é uma história boa de se ouvir, triste, solitária e às vezes cômica - é o violão. Não gosto quando ele usa o sintetizador para colocar o efeito de guitarra em Woman like a Man ou quando faz peripécia demais com os pedais, o fator bardo cai na hora.

Essa música aí em cima em especial é que me fez deliberar o que raios escolhi tocar violão e me manter ali do que em outro instrumento: o que importa é o bendito storytelling, o violão/guitarra é apenas um veículo da voz, é a história sendo musicalizada de fundo pras palavras do bardo poderem ser ouvidas com mais clareza.

E isso é lindo.
(Coisa que nunca vou conseguir chegar aos pés do Sr. Arroz)

Chega de tagarelice, preciso voltar a escrever...
(Já que tocar violão não é lá meu forte)

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