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10 maio 2015

onde as ruas não tinham nome

Foto extraída de: http://www.cityofsydney.nsw.gov.au/council/our-responsibilities/permits-and-notifications/busking
Então...
Desta vez foi melhor.

Foi em sonho.

Você estava lá me mostrando maquiagem.
Pura criancice de meninas que não sabem o que fazem com tantas opções.

Era pra eu ser a única opção. Ou não, talvez aquela opção daquela vez.

E foi em sonhos que você apareceu.
Continua
Aparece às vezes no rosto de alguém conhecido.
Na voz de alguém que admiro.
No perfume de dama-da-noite que não vejo.
Continua.

Receber sinais via sonho vêm se tornado uma constante.
Após o sonho bizarro de estar conversando com meu pai (E uma pancada de gente) vou saber que o velhaco tá são e salvo com a família lá nos Portos Cinzentos. E devem estar comemorando o Dia das Mães com a minha querida vózinha chuchu cutch-cutch salve salve. Good.

Dessa vez a coisa ficou menos séria, mas não deixou de chamar minha atenção.
Era uma busker - ou artista de rua, essas pessoas lindas e corajosas que tocam ou performam no meio da rua sem meod e serem felizes.



Talvez essa pra nk do Jimmy Fallon tenha afetado demais meu cérebro:


Mas sonhei que estava em alguma rua de qualquer cidade aí carregando a Claire (Coitada tava sem case e eu morrendo de medo dela estar quebrada, sei lá) e ia tocar com um carinha que nem conheço na frente de uma loja de departamentos que não vou citar o nome. Encontro o cara, trocamos algumas folhas com as músicas que vamos tocar, nenhuma delas eu jamais toquei no violão, uma delas me chama atenção, é Where the streets have no name do U2. Tinha uma outra do Joshua Tree, mas não lembro qual foi.

Preparamos alguma coisa, tem uma garrafa de café ali perto, uma caixinha com a placa de "tocamos por comida", algo assim, ele em uma daquelas caixas acústicas de madeira, o carinha é alto, latino, tem cavanhaque e cabelos espetados pro lado, como se acabasse de ter raspado, eu não sei como eu estava, mas tinha um boné enterrado na minha cabeça que estava aquecendo as minhas orelhas, eu tava com frio. O carinha tava sorridente, otimista, operante, eu já estava me encolhendo no lugar por não saber o que raios ia tocar. A Claire não precisou ser afinada (Graças), em poucos acordes estávamos prontos e aí começamos a tocar.

A primeira música vai, 3 minutos e pouco, alguns param, nos encaram, uns dão uns trocados, vejo um ticket de sei lá o quê na caixinha, a segunda continua, acho que já conheço a melodia, mas não recordo o que era. Pouca gente realmente para, muita gente passa apressada. O carinha canta alto e com um tom bem mais grave, ele improvisa uma música só no batuque, faz rima com o que vem, pede por mais uns trocados, eu na minha timidez exagerada me viro pra loja de departamentos. Tem alguém sorrindo pra mim.


Ela está escolhendo maquiagem. Sei lá porquê. Eu sei que é ela, deve ser, porque o feeling é diferente. O coração atropela a garganta diferente. E aí com uma olhada mais apurada - parei de prestar atenção nas rimas do carinha da bateria - vejo quem é. Sim, é ela. Valeu por avisar. Bem mais alta, me olha por cima, me julga pelo meu tamanho, bagunça o boné que eu uso, aperta minha orelha. Ela não gosta quando me escondo. Comento sobre algo do jantar (Tinha algo a ver com comida esfriar do lado de fora da geladeira com o frio que tava), ela responde que não é pra se preocupar, que tem tudo já esquematizado.

"Esquematizado."

Foi essa a palavra.
Em português, no meu idioma.

Estranho. Acho que não é ela. Será?
Pergunto sobre maquiagem, como que não quer nada (Quero memorizar a voz, preciso!), ela vai escolhendo algumas coisas em uma torre de exposição.

"Prefiro livros!" - eu digo voltando pro carinha para tocar seja lá o que for.
Ela sorri de volta e me assopra um beijo.

Yep, me enganei. É a noiva. Sabia!
É tão confuso! Parece a mesma. Quero dizer o feeling, né? Sempre que vejo "ela" e a Lenorezilda, a impressão é quase a mesma (Sendo que só muda no requisito de "qual nível de vontade de pular e querer abraçar, beijar e chorar de felicidade você está agora?" se é carinho cutch-cutch, wanna hugs forévis, é a Lenore. Se é whoooooa let's get it on, é ela - ou será que é o inverso?!). Mas bem era a Lenore.

Ufa.

Tocamos a música, fiquei agoniada com o frio, devia estar sem cobertas em casa. E aí o simples pensamentos dentro do sonho me faz ter a constatação que sim, eu tava sonhando. Droga.

Where the streets have no name, né? Tá aí marcado na folha deixada no chão pelo carinha da bateria improvisada. Começo a tocar sem saber tocar, dedilhando sem saber nem como fazer isso. E era pra ele cantar, só que já no primeiro verso eu sabia que deveria cantar. Drooooooga não quero me expor! Só quero voltar a falar com a Lenore vendendo maquiagem ali atrás disfarçada de você-sabe-quem!

Tou tocando, tou fazendo direito, não errei a letra, não errei acorde, algumas pessoas param, moedas vão pra caixinha, Lenore para ali, quase do meu lado, está cantarolando do jeito dela, pensei que ia me distrair, até olhar pra um pessoal que estava atrás do carinha, conversando com ele enquanto eu continuava no refrão.

Oh my fecking batatinhas: É O BONO?!

Deus resolveu fazer uma aparição. Urrum e veio com a banda toda.
Eu queria cavar um buraco no chão, tava estragando uma música deles com a minha nada impressionante voz de tom diferente do Bono e putz! PUTZ!! Continuei, a parte do final em que o refrão continua o pessoal que tava ali perto começou a cantar junto. Oficialmente quase desmaiando de fangirling, sério.

A música termina, eu tiro a Claire com cuidado da alça sustentada nos ombros, deixo ela no chão, dou um pulo na caixinha de dinheiro (E já tinha bastante, eba) e a única coisa que consigo falar é:
"Deus! Desculpa estragar sua música!"

Tio Bono, amigo da garotada, riu e apertou a minha mão como se agradecesse a sinceridade. O Beira pegou a Claire e ficou tocando alguma coisinha nela, Larry Bitch Face continuou falar com a carinha que eu não conhecia (Isso é tão estranho!), Adam (o meu padrasto que nem sabe disso) trocava umas ideias com Bono sobre tocar algumas musicas. E eu? Eu tava babando. A Lenore disfarçada me abraçou tanto que quase sufoquei, e eu do nada viro pra eles e digo:

"Wait a sec, dolls, need to call my Mah!" (Peraê povo que tenho que ligar pra minha mãe) - e quando puxo as moedas de dentro do bolso pra ligar para a mais alta dos Noldor o sonho acaba.

O SONHO FUCKING ACABA!!

*sons de bicha revoltada e que não conseguiu voltar pro sonho*

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