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12 agosto 2017

Sonhos estranhos com detalhes: tenho uma alma faltando

O mito mais awesoooooome na minha opinião é o de Psique e Eros. Não, não é pela história "romântica" (o level de fofurice se dá entre inveja divina, tortura psicológica familiar, ameaça matrimonial e o que mais? Oh sim! O moleque estrábico enganou ela o tempo todo?!), mas por toda a noção simbólica ali desenvolvida. Algo estupendo que os gregos faziam ao interpretar seus mitos como possíveis racionalizações de seus atos - e tudo que poderia ser construído a partir de uma narrativa literária simples de uma mocinha que atraiu a atenção da deusa que não irei nomear aqui por sua beleza, mandou o filho moleque estrábico e sem noção pra dar uma lição nela e acabou se ferrando, porque o babaquinha se feriu na própria flecha que ia atingir a mocinha. 

Psiquê revivida por beijo de Cupido por Canova (ano de 1.793)
Escultura em mármore, Museu do Louvre, França.

É fucking complicado! 
Deuses gregos são mais estúpidos que nós no requisito de causar fu**** federal. Sério. 
Galera do panteão celta, viking e sumerio se reuniriam pra dar #EpicFacepalm com os absurdos. 

Para os gregos Psiquê, em sua etimologia quer dizer "Sopro de vida", o equivalente de alma, na qual toda a criação racional do ser humano surge e afeta o exterior. Eles não tinham ainda o conceito de espírito como temos (obrigadão seus pulhas, por separarem entre espírito e alma e confundir a cabeça do povo!), mas concordavam que a alma é imortal. É ela que fica quando o corpo morre e é ela que se encaminha pro Hades pra além vida. 

Mas voltando a personagem e ao mito, Psiquê se tornou minha chuchuzinha, pois é de longe uma das poucas pessoas a causarem tanto estrago no Olimpo sem fazer absolutamente nada. Tipo Helena de Troia, que poucas vezes é citada na Ilíada, pessoas, então não achem que a briga de 10 anos foi pra reaver a filha de Zeus (era pra concretizar 2 destinos inevitáveis: vai ler Oresteia que tem lá, mmmmkay?).

Debaixo do link, o tal sonho estranho e com detalhe...


E o sonho dessa madrugada foi discutindo sobre a chuchuzinha com interlocutor inesperado (era alguém de grau elevado de sacerdócio, muito gente fina e de certa forma amedrontador a pra pra mim) e como esse conceito de alma, anima, e coisa e tal estava faltando ultimamente no mundo. O questionamento inusitado foi se o contrário (Eros) é que havia tomado conta e o quanto a influência do moleque sem noção poderia arruinar com a nossa sociedade vigente. 

Houve o argumento de que se o moleque sem noção domina as paradinha e as pessoas estão agindo mais por seus impulsos sexuais, destrutivos, temporários e espontâneos já estaríamos numa terceira guerra mundial. Lembrando que o pai do rebento daquela que não deve ser nomeada é Ares, sim, o deus da guerra. 

Aí discutimos sobre Afeganistão, Síria, Iraque e Coreia do Norte. E foi aí que dei o braço a torcer: Yep, pode ser que estamos sob o domínio do moleque estrábico. A conversa se seguiu com um pouco mais de leveza, mesmo eu me sentindo bem desconfortável por diminuir o ritmo do papo filosófico, até perceber onde eu tava.

Entre 2004 a 2006 morei em uma casa minúscula no vilarejo brejeiro, era tão pequena que consistia em um quarto de 4 por 4 metros, sala, cozinha, banheiro e uma varanda que improvisamos colocar a sala, mas sempre chovia muito forte ali pra isso. Aquele quarto em especial me foi um refúgio nos primeiros anos da Universidade dos Stormtroopers por ser mínimo e eu considerava como um claustro pessoal. Pelo basculante eu percebia quando tinha amanhecido durante as madrugadas acordada lendo textos da graduação ou me ferrando em trabalhos de "Redija um texto explicitando como...". 

Eu tava naquele quarto com a pessoa inusitada. 

Quando saquei onde tava, fui até a cozinha pegar algo pra comer, enquanto a pessoa conversava com outras pessoas que eu não conhecia - a casa tava lotada, nunca que acontecia isso lá, a gente dá família Rex tem pavor de reunião com muita gente e convidar socialmente, só os chegados. Quando voltei, a pessoa tava conversando sobre o assunto que havíamos levantado minutos depois. A outra pessoa, escandalizada, sei lá porquê, perguntou em tom ameaçado quem havia interpretado que Amor era algo ruim. A pessoa corrigiu que era sobre Eros exatamente que estávamos citando, eu, com metade da boca cheia de algo gostoso que não lembro (mas era alguma coisa com pasta, tinha algo gelatinoso no meio), recebi um olhar feroz e uma acusação:
" - Só pode ter vindo disso aí, essa pessoa desalmada." 

Fui obrigado a engolir o que tinha na boca e me afastar. A pessoa inusitada não falou nada, continuaram conversando. 

Teve mais coisas no sonho, mas o principal da discussão era isso. Após essa de ser sem alma é que percebi que o outrem tinha me julgado por questionar algo tão valioso pra ela (acho) e entender que não ter uma alma/psique pode ser uma benção ao invés de uma maldição. O que é contraditório, já que se não tenho alma, devo pender pra algum outro lado da balança e de acordo com os gregos é a própria emoção. 

Levantei de supetão por conta de um acesso de tosse, com esse trecho do sonho bem nítido atrás das minhas retinas. Sei lá como poder interpretar isso sem cair na risada.

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