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25 outubro 2017

a@s fessores, aquele abraço!

Deix dias atrasado, mas hey! Quem disse que memória tem que ser periódica?!
Até onde sei, esse blog apenas me serve como terapia alternativa, vazão criativa e caso de emergência para algum caso futuro de amnésia.

BTW, era para postar no dia 15 de outubro, então...
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Hoje é Dia dos Professores! Yey!
A profissão mais responsável e séria de todo universo.
Já escrevi sobre ela aqui [x] e volta e meia vou citando a bendita da docência (in)decente aqui no blog. Por que isso? É de família.

Não é legado não. Nem maldição. É tipo algum plano bem obscuro de manipulação mental que ainda não entendi direito como se faz.

Eu gosto muito de professores.
De incomodar bastante eles também.
Pois caso não tenham percebido, vocês são responsáveis por muita coisa que vai acontecer no futuro. Médico cortando cordão umbilical é pouco comparado com a (des)construção de vida que um professor é capaz de fazer com uma pessoa. E como eu acabo direcionando toda minha atenção para quem faz o trabalho com excelência (ou não), é possível perceber o quanto eu os adoro.

É porque eu quero mesmo ser professor algum dia desses, tipo num futuro distante.

Minha mãe já foi, minha irmã continua sendo, agora parece que só falta eu aprender os paranauê. Na universidade dos Stormtroopers aprendi que deveria ficar beeeeem longe do lugar/pedestal na frente de uma classe de carteirinhas enfileiradas, acabei tropeçando nas promessas e cair na Biblio. E aí a coisa mudou.

Mas a histórinha? Sim, tem que ter! Senão não tem reflexão do papel social em que estou inserida desde criança, né? Debaixo do link alguns professores que me fizeram acreditar num mundo melhor.

Era uma vez os anos 60 e que escolas públicas não eram lá muito bem definidas ou institucionalizadas, os riquinhos achavam que colocar filho em colégio de padre iria ajudar alguma coisa com a educação nata e tudo e tal, é aí que a minha mãe entra. Ou melhor, entrou de gaiata no navio, porque logo que começou a dar aula particular e alfabetizar a criançada da vizinhança em um bairro considerado "nobre" pela quantidade de família de militares, ela percebeu o quanto ser "professora" era algo muito muuuuuito pesado de se ter como título.

Ela manteve uma mini escolinha de aprendizado e reforço escolar por alguns anos, juntando o dinheiro que recebia na poupança para fazer algo depois, recebia apoio da comunidade e meu avô tinha essa biblioteca em casa que só pelos relatos dos tios da parte materna, fico triste de não ter conhecido o velho Argentino direito. A mãe entendeu que tinha importância na vida de seus "alunos", tanto que ajudou a formar alguns no ensino fundamental e soube anos depois que um deles se tornara um renomado engenheiro (blergh), além de outros darem notícias de que haviam conseguido encarar a realidade da Escola com mais facilidade com as lições dela.

A minha mãe é de Áries e é extremamente organizada, modo líder online all the fucking time e é difícil manter ela longe de trabalhar. A véia se aposentou anos atrás, mas tá trabalhando ainda. Por quê?! Porque não aguentou ficar em casa sem fazer nada. 

Ela me ensinou a ler, me encheu de livro de tudo quanto é tipo pra chegar na antiga pré-escola (Hoje é o 1º ano) já sabendo ler e escrever meu nome. A criatura incansável sabia que estava produzindo um projeto de nerd - será que era esse mesmo o plano? - assim como a minha irmã mais velha. E dela eu gosto de falar com orgulho bastante sobre a profissão.

Aliás, uma estatística interessante na minha vida de escriba é que todas as "Anas" que já estiveram e estão na minha vida são professoras e me ajudaram/ajudam muito com uma pancada de coisa. Obrigadaum Anas, cês são as melhores!

A minha irmã mais velha cuida da galerinha que tá começando, alfabetizando, desenvolvendo habilidades pras coisas mais destruidoras de autonomia (Tipo Matemática) e também trabalha com crianças especiais. A bicha é tão awesome que quando dá aula entra na onda da garotada e consegue emendar o último episódio de Bob Esponja com o conteúdo em Ciências. Frequentemente ela tr0lla com os alunos também e faz dancinhas. Tem gente que não entende o porquê ela se empolgar tanto pra dar aula, mas consigo entender um pouco do porque dela ter esse Amor (Com A maiúsculo, faz favor) por lecionar: ela quer mudar o mundo.

Uma cabeça de cada vez, um estudante por vez, logo um tantão de gente com cabeça aberta, cuca fresca e com vontade de aprender.


A lição que tiro da trajetória dela como docente é não perder o bom humor e ter perseverança. Assim como a mamãe sem diploma em licenciatura, mas fazendo o que dava nos anos 60-70, creio que essa vontade de ensinar tenha seguido na veia da família Rex por alguma razão - lembram o plano maléfico lá de cima? Pois é, eu também tou pra descobrir qual é.

Por ter passado por estágios na alfabetização (EJA and primário), eu sei o quanto significa ficar anos com essa nobre missão: algum dia o fruto rende. E é aí que entra as outras professoras adoro tanto.

Tia Vaninha me deu aula por 5 meses na 4ª série (eu tinha uns 9 anos), entrou em processo de aposentadoria, foi mandada pra onde? Yep. Biblioteca. E lá que conheci mais ela do que em sala-de-aula. A ex-professora me ensinava MAIS dentro da biblioteca escura e empilhada de livro didático do que eu conseguia absorver dos professores durante 4 anos que fiquei lá. E incrível eu não lembrar sequer de um fiodideuz daquela escola que me deu aula e que tenha sido substancialmente memorável. Foi mal. Exemplos de vida, a tia da biblioteca fez mais diferença.

Ela me ensinou matemática com mais facilidade, me ajudava com os teenager angst e me dava colher de chá quando eu matava  aula de educação física para ficar enfurnada nas estantes. Dali ela sacou o que eu precisava, me deu a responsabilidade de cuidar da estante de literatura - que vivia bagunçada - e ordenar os livros por título.

Já na outra escola o contato foi inteiramente diferente. Dali teve 4 professores em particular que me apoiaram pra vida futura. A primeira era um toquinho de gente da Biologia, mó zen, super vibe alto astral e incentivava os alunos a serem criativos nos trabalhos acadêmicos. Yep, a fessorinha já intimava a gente na xinxa e fazia a gente produzir trabalho acadêmico, nem que fosse no formato e algumas regrinhas.
(Cumé que cê faz espaçamento de 1,5 em folha pautada de papel almaço? Mede com a régua preibói!)

Ela tinha um fusquinha verde e me deixou ir um dia pra aula vestida de power ranger azul. Era para fins didáticos, eu ia apresentar trabalho, gente! A segunda pessoa fez uma diferença danada, professora de Inglês. Muito fofa, muito querida, estava grávida quando pegou a nossa turma, corrigia meus trabalhos quilométricos e não se importava em responder as minhas perguntas bestas sobre o idioma yankee durante as aulas. Ela trouxe um aspecto humano que eu não enxergava nos carrascos do Ensino Superior. O terceiro foi aquele bafão pra todo mundo, fessor de História, homão awesome, gay, ativista do movimento negro da cidade, esquerdista, articulador e frequentemente pontuava pra gente dentro de sala de aula que lá fora o mundo era bem cruel pra quem achava que passar no 2º grau era moleza. Ele foi o 1º professor negro que eu tive e gay assumido. Cês entendem o que é isso, aos 13 anos e meio, após compreender que a minha preferência sexual era diferente da maioria das pessoas que eu andava e numa cidadezinha tradicionalista do interior? Foi lindo. E ele corrigia prova com textão. Encontrei ele algumas vezes após me formar e quando ele soube que eu tava na licenciatura lembro dele me abraçar tanto que eu não entendi na hora. Acho que era o trem do "yep, o trabalho aqui foi feito", era um querido aquele lindo. Já o quarto não era tão querido assim. Ele era o fessor de Matemática. Urrum, imagina a figura estoica com nome estranho e que carregava um conjunto de regras pra fazer gráfico de Geometria Analítica? Esse cara falou de uma coisa muito esquisita na época de 2001: "Vestibular".

Eu tava no 2º ano, tentando compreender o que raios o raio da circunferência ia trazer benefícios pra minha sanidade (Eu já lia H.P. Lovecraft desde os 11 tá?) e o cara me fala do nada: "Faz vestibular". A gente não sabia o que era isso naquele vilarejo brejeiro. As vidas de milhares de jovens naquela cidadezinha horrenda era ou casar, ter filhos e pronto OU ir trabalhar na indústria automobilística, ter um acidente de trabalho grave e aposentar por invalidez antes dos 40. Era essa a sina. Nenhum professor falava de "Vestibular" ou "Faculdade" ou qualquer coisa do tipo.

Esse fessor, então, em uma reunião de pais e professores puxou minha mãe de lado e disse que ele dava aula na universidade dos Stormtroopers e que se eu levasse mais a sério o de estudar matemática, conseguia passar no Vestibular e entrar no curso ali na cidade. Problema era pagar né? Aí ele tranquilizou dizendo que existia bolsa pra alunos carentes e como eu era menor de idade (tinha 15 na época, me formei com 16) conseguiria entrar no programa. O cara falou de Ensino Superior pra senhora economista, sacas? Aquela que ralou o escambau pra conseguir completar o Contábil e ir pra Economia. Foi ali que entendi que minha profissão seria de estudante por mais alguns anos.

Obrigade fessor da área de Tratamento da Informação Espacial, você tirou alguém do destino infalível de ser o mesmo do mesmo em uma roça industrializada. E de 8 anos de estudos no Ensino Fundamental e Médio apenas 01 professor mencionou a questão de vida após o terceirão com o Ensino Superior.

O passar na Letras veio de outro Professor também, mas esse nem vivo tava pra me orientar. O Professor John Ronald Reuel Tolkien (sim, aquele véinho gente boa que escreveu Senhor dos Anéis) se tornou a minha grande inspiração para tudo na vida. Entrei na Letras já querendo sacar os esquemas  de Literatura Comparada e Filologia, até me deparar com a bucha do currículo e pedir arrego e querer chorar a cada aula de Linguística que tinha. Mas não quer dizer que não teve professores!!! Sim, teve e muitos!!

Porque eu comecei a prestar atenção neles!! E adorar tr0llar com eles!! E paródias (2º semestre em teoria Literária, paródia, pastiche e sátira, hello?!) e monitoria em estudos humanísticos (Filosofia e Sociologia)!! Foi aí que conheci umas figurinhas incríveis que mudaram o rumo da minha (im)possível carreira docente.

Tia da Psicolinguística super diva, fazendo a gente de cobaia pro doutorado? Teve! Foi legal? Super! Se entendi o que raios ela trabalha até hoje? Não, porque isso é coisa de gente da Linguística e não pro povo probri de Literatura. Teve fessora awesome de Morfologia que jogou a real do trem de análise sintática e grammar nazis? Teve! O que me ensinou? Tudo que aprendi pode jogar no limbo cósmico, as pessoas são mais importantes independente de como elas usam a linguagem. Eita coisa linda. Teve fessor subversivo que fumava dentro da sala, fazendo a gente quebrar a cabeça com interpretação de texto das Lusíadas, carta do Pero Vaz de Caminha e Hino Nacional? Teeeeeeve!! Teve fessora que dava aula pro tablado que me mostrou a maravilha da Análise do Discurso?! Teve baixinha nervosa marxista que não tava nem aí com o status quo e explodia nossos neurônios com uns conceitos de desconstrução e dizia "não confundam bife de caçarolinha com rifle de caçar rolinha"? (Aliás,ela me lembra uma outra professora que também me influencia muito agora lol) Teve doutor em latim que fazia piada no idioma morto? Teve orientadora de estágio, fessora há 20 anos na rede que dava cada #EpicFacepalm quando eu apresentava meus relatórios e reclamava que eu não tinha "didática" pra dar aula? Siiiiim, obrigada tia com nome de flor em um mês específico. Teve a única professora negra do curso inteiro mostrando como era a realidade nas escolas de periferia e abrindo nossos olhos com aos diversos preconceitos e repreensões que o Estado nos submetia? Arrãm e foi tapa na cara atrás de tapa, mas a cada tapa uma lição preciosa pro resto da vida. Para então culminar no Mestre Jedi mais incrível que tive a sorte de ser orientade.

Sim, ele é um Jedi sim, ninguém me tira essa indagação. O cara sabia o que era fanfiction. Doutor em Literatura Clássica e Comparada e saber o que era fanfiction!! Aí eu fui escrever sobre isso e ele gostou. E sacaneávamos demais com a Ilíada e a Odisseia. E ele não se importava de dar aula no sábado de manhã e entender que meu cérebro não funcionava antes das 10 da manhã. 

Essa galera da universidade dos Stormtroopers me fez perceber em 2 coisas: professor sofre e também é humano. Aí que a ficha caiu: eu seria um deles logo, logo.

A cisma com pesquisa me trouxe a esse momento em 2013 em voltar pra graduação, dessa vez na notória universidade dos Megazords de 4 anos pra estudar como colocar livro na estante. Bless Ranganathan, a melhor e única escolha certa que já fiz sozinhx em toda minha vida. E tem professores ali que também devo agradecer aos montes por participarem desse paradoxo espaço-tempo em que vivemos.

A eles agradeço ao vivo, porque a vida de escriba me ensinou a fazer logo quando se pode estar perto. Senão depois não dá.

AND! Apenas deixando aqui aquele pequeno recado para o eu daqui há, sei lá... 6/8 anos no futuro?
VAI VOLTAR SIM E VAI SE VINGAR DE TODOS ELES!!!!
E VAI SER A PESSOA QUE NINGUÉM GOSTA DE CITAR NOS ESCRITOS, MAS APARECE EM TUDO QUANTO É BANCA, EVENTO DA ÁREA E REUNIÃO DE DEPARTAMENTO!!



Pronto, fechou.

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