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18 fevereiro 2018

waddahell is embuste?

Oi sincronicidade, 

Tudo bem? 
Rememorando uma pergunta que de certo jeito que já estava esperando vir de alguma forma (não da pessoa que fez), e que de vez em quando me pergunto no meio do dia quando a dúvida sobre o que tou fazendo nessa existência vale a pena.

A questão tratava sobre principalmente a forma que enxergamos as outras pessoas nessa lente graduada que temos nos globos oculares.

Engraçado em perceber que na ótica da pessoa querida a questão foi dirigida quanto a qualidade de um relacionamento que tava fadado a muito desgaste emocional por conta de outros e sacrifícios pessoais. Na minha ótica empirista, analisei a questão de duas formas, com visão utilitária (e perdoe-me se uma lente que uso pode ser tão fria, dura e grossa) e a outra a gente tríplice do bom, bonito e barato.

O que podemos trocar por:
Bom = maturidade 
Bonito = distância 
Barato = tempo

Nessa tríplice deu para responder com mais veemência. Até porque a pergunta não era para estabelecer exatamente o que eu achava da outra pessoa - isso aí foge um bocado de como nos enxergamos pelos olhos dos outros - era para reafirmar algo que todo dia levanto da cama com a cara amassada no travesseiro.

O que é embuste afinal?
O que é valer a pena para outrem?
O que é exatamente o se esforçar para um relacionamento funcionar?

Pelo que pude resgatar, o embuste é o equivalente ao que chamam de fardo.
Aí há coisas a se relevar:

O que mede o peso de alguém nas nossas vidas? A sensação de ter que levar a pessoa nas costas ou como você se enxerga como sendo o fardo? Isso me incomoda um bocado, pois no meu egocentrismo habitual: não quero atrapalhar ninguém, muito menos ser fardo de ninguém. Assim como não quero que ninguém me atrapalhe e me obrigue a carregar um fardo que não é meu para botar nas costas.

Já tenho minhas batatas, algumas podres, outras assadas, muitas fritas, mas as batatas que carrego, não deu ainda pra me livrar delas.

Então são os olhos de outrem que quantificam essas batatas? Só pode ser o olhar do outro que traz o peso para esse saco de batatas. Se é alguém que amamos que fala que somos um fardo na vida deles, é como interpretar quantas batatas você vai carregar nesse saco já meio furado.

A questão foi certeira, pois para tal pessoa eu carregaria todas as batatas do mundo, mas o olhar de outrem não permitiu que eu tivesse maturidade suficiente e tempo vivido para saber exatamente quais sacos eu poderia colocar nos ombros. Sinceramente? A única pessoa que me tratou com respeito, carinho e atenção incondicional foi essa que me perguntava se ela fora um peso na minha vida.

O que nos leva a tríplice.
Você não pode ter as três ao mesmo tempo.
A maturidade que eu não tinha, o tempo vivido que nos obrigou a nós distanciar por medida de segurança para nós mesmes, a impossibilidade de estar perto todos os dias, isso tudo somou na tríplice, criando esse monstro chamado: autossabotagem.

E esse saco de batatas da sabotagem que carrego comigo desde sempre pesou demais, dobrou joelhos, machucou muito essa pessoa, trouxe mais sofrimento para ambos os lados. A maturidade que eu buscava intensamente naquela época vivida não me possibilitou ter consciência da distância que estava cavando o meu buraco existencial.

Em resumo: não, não foi nenhum fardo, valeu muito a pena, a única coisa que queria ter tido na época era mais maturidade para encarar o olhar reprovador e criminal dos outros. Eu carregaria muito mais batatas por ela se me fosse permitido. 

A autossabotagem se dá aí quando não reavaliamos o que fizemos de uma situação em uma época vivida, com a maturidade que tínhamos em uma distância que corroía mais do que valorizar os tempos em que ficávamos juntes.

Se já me perguntei se fui um fardo na vida de outrem? Não preciso ir muito longe, dentro da família volta e meia escapa um desabafo de que ao nascer, tudo mudou quando estava encaminhando para outro rumo. É sempre reconfortante ouvir de parentes de sangue que se não fosse naquele momento específico de tempo vivido, a vida deles teria sido outra.
(Mas aí tem o alento de mesmos parentes confessarem que não seriam os mesmos se eu não estivesse ali, logo o começo de algo que parece ser rejeição se transforma em "Hey destino! Aconteceu! E que ótimo!" - o que me confunde pra cacete sobre maternidade compulsória e validação familiar) 

O provar pra si mesmo que não é um fardo na vida dos outros que é o mais difícil. Pedir perdão pra outrem (divino ou não) não costuma estar associado em um cura de pensamentos nocivos, mas sim de absolvição de uma culpa temporária - hello barroquismo mineiro, cresci com isso entranhado nas batatas que carrego nas costas. Por isso o processo é importante se autoconhecer, autocriticar, se descobrir como pessoa que faz parte de uma época específica, em um limite humano de tolerância e sentimentos.

Conhece a ti mesmo.

Fui me conhecer no pior momento de entendimento da Vida (sim, encarando a dona Muerte como uma possibilidade menos dolorosa que o fardo de viver pelo olhar dos outros), e não me acho ainda digne de Amor de outrem por assim dizer. Não que eu não vá mudar de opinião, claro que vou, mas é o gosto amargo que essa maturidade emocional deixou na minha língua e garganta.
(E porque querer não é poder. Conhecimento sim é poder.) 

Se Amar é uma coisa, um desafio diário (obrigade signo maldito de se encontrar através do trabalho braçal) e quando se chega a uma conclusão que "Yep, tou cansade de ser um fardo para mim mesme" - a lente muda de foco. Porque botaram aquele óculos na sua cara desde criança. O me aceitar como sou demorou cerca de 29 anos, e essas batatinhas não largo em qualquer lugar, levo no saco comigo pra onde for. Não porque houve uma iluminação divina de "Oh agora tenho plenitude!", mas o porquê tenho direito de pelo menos, por um breve tempo acreditar que faço diferença no universo não como peso de alguém, mas de que o trabalho que realizo transcende essa questão.

Nem tudo nessa existência se resume ao ideal Amor romântico que nos empurram goela abaixo desde o medievo, amigolhes. Na verdade esse mesmo "amor" se torna uma prisão para as mentes que estão em em produção contínua de pensamentos destrutivos e corações em processo de cura. 

A validação interna se constrói bastante com a ação externa, é isso que tenho carregado desde então. Não é a visão/lente de outro que me guia, me talha de forma conforme os ditames do externo, meu ego inflado já ultrapassou esse vício por validação. É bom receber elogios? Sim, óbvio, e é combustível pra eu fazer bem mais pra melhorar o mundo ao meu redor do que colocar esse ego como minha única personalidade. 

Uma coisa que me ajudou bastante a sacar como o universo tem um jeito estranho de curar as pessoas que se alguma forma estão num ciclo de autodestruição foi ler o manual do Narcóticos Anônimos sem fazer uso de drogas. Se substituir todas as vezes que aparece a palavra "drogas" (e seus sinônimos ali) por pensamentos destrutivos, a lógica do NA faz mais sentido que muita doutrina que já li pra me sentir funcional novamente. 

O level de maturidade também conta, assim como o tempo vivido e a distância em que se encontra de outras pessoas que supostamente te amam deveriam dar apoio.

Família pode ser algo extremamente tóxico, pessoas.

Não sei se respondi direito a pergunta feita na época pela pessoa querida, queria muito poder ser menos voltada pra instigar a autocrítica nos outros, mas talvez seja esse o meu trabalho afinal. E é no trabalho que eu me reconheço como pessoa plena.

(Não é o do Trabalho Dignifica o Homem, ok? É o colocar sentido de que ao realizar seja lá o que faço de alguma forma traz benefícios pra além de mim mesme)

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