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27 junho 2022

Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia 2022.

Vamos lá?
Vamos lá: Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia. Querem saber de onde veio? Vai ler a Wikipédia: Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia 
Se você trabalha em bibliotecas e precisa de uma orientação inicial sobre como tratar esse tema O ANO TODO.

Caso estejam tratando do Dia Internacional Contra a LGBTfobia em suas bibliotecas escolares, tem coisas mínimas que vocês podem fazer para assegurar que não vão fazer presepada, reproduzirem discurso batido que contribui para a violência ou omitirem informações... 

1) REVISEM seus vocabulários controlados na indexação de softwares de gestão de acervo.
<< Homossexualismo >> , << bissexualismo >> , << transexualismo >> e << hermafrodita >> são ofensas BEM FEIAS pra gente aqui do Vale Colorido.
NÃO USE DE JEITO ALGUM!

A UNESCO tem um tesauro bacana da Educação que tem termos pra tudo nessa área. Vocês deveriam já saber usar ele, eu tive que aprender na força do ódio.

2) Pessoas LGBT NÃO SÃO DOENTES MENTAIS, então nada de colocar na 616, muito menos na 150 pelamoooooor?!
Ciências sociais, sim.
Grupos de pessoas é uma boa!

Na dúvida, não sigam o Dewey nem Otlet.
Eles eram babacas.
Nossos manuais infelizmente não tiveram tantas correções desde 1997 por algum motivo burguês elitista-capitalista.
(Se você leu a página da Wikipedia, sabe o porque da data)

3) Por mais que seja noticiado, divulgado, promovido e mostrado na mídia que GAYS CIS BRANCOS sejam as pessoas-alvo desse dia, o Movimento LGBT no Brasil começou com AS TRAVESTIS, PROFISSIONAIS DO SEXO.
Então TRATA de respeitar as Monas!!
AS travestis.
No feminino, caramba!

Elas (as travestis) estavam organizadas e ativistas de mó tempão lá nos anos 90 e cobraram em Brasília por mudanças nas políticas públicas de Saúde, Assistência Social, Educação e Direitos Civis.
E conseguiram.
A "Parada Gay" (É Parada do Orgulho LGBT+ tá?) em São Paulo é consequência dessas ações.

4) Cuidem de nossa JUVENTUDE!!

A Biblioteca é um lugar onde pessoas LGBT encontram refúgio, conforto, segurança e um pouco de paz no meio de uma sociedade que todos os dias nos quer mortos, violentados, sequelados.
Empatia e ser gentil faz parte da profissão.

Galera bibliotecária praticando LGBTfobia não merece o diploma, nem registro na profissão: 

Prometemos no Juramento ao nos formarmos que iríamos cuidar de QUALQUER PESSOA que precisasse de nossas habilidades para encontrar Informação, Cidadania, Cultura e Educação.

(e se você tá achando que isso é um absurdo, recomendo que rasgue o diploma e vá ser engenheiro da produção. Lá pelo jeito tem passaporte livre pra ser escroto com as pessoas)

Um abraço procêis e fiquem de olho: LGBTfobia é crime no Brasil, na mesma Lei do Racismo (7.716/1989) - não deixem impunes quem destrói a nossa juventude dentro das escolas - informação salva muitas vidas.

02 junho 2022

junho chegou! os boletos também!


Chegamos naquela época do ano:

- JUNHO LGBT+ e a falta de noção de pessoas ao nos chamar para falar/palestrar/oferecer nossos serviços - e achar que fazemos isso de graça.

Pessoas LGBT+ tem boletos para pagar também.
Pessoas LGBT+ não conseguem se inserir no mercado formal de trabalho com tanta facilidade assim.
Pessoas LGBT+ estão mais em vulnerabilidade social do que vocês imaginam.

Quer que a gente participe de seu evento/palestra/aula?

Pergunte disponibilidade.
Seja educado ao fazer o pedido.
Não fique insistindo e usando carta de "aliado da luta" pra pressionar barganha, forçando a barra.
Combine os horários direitinho.
Pague o cachê combinado.

Se para os outros você faz isso, por que com a gente tem que ser de graça?
E galerinha LGBT+, não aceitem menos ou migalhas.
Chega de gente se aproveitar do nosso trabalho, nossas vivências e nosso tempo e não dar um centavo de volta.

(A única coisa gratuita aqui é o livro "A primavera não-binárie: protagonismos trans NB no fazer científico” publicado pelo Selo Nyota)









alguns pensamentos aleatórios

Tem uns rolês dentro da minha cabeça que só foi possível perceber na terapia quando le psicólogue me levou à sério.Ter TEPT e amnésia dissociativa no mesmo prato pra comer todos os dias me faz revisar hábitos que tive e tenho pra sobreviver às situações estressantes.

E às vezes é revisitar o passado e lembrar que toda negligência que tive é dei em relacionamentos diversos foi por ficar fazendo manutenção forçada da sanidade pra não ter apagões, esquecer metade de 1 dia inteiro, não cair no sono no meio da situação estressante.

Me é esquisito ter amigues agora que não só compreendem minhas limitações como me fazem sentir confortável o bastante para sentir o que preciso sentir pra não forçar a barra da manutenção e provocar um apagão ferrado.
Sou muito sortude por encontrar essas pessoas <3

Me é super esquisito receber afeição e empatia por essas pessoas quando estou quase beirando ao colapso, quando por anos passei sendo pressionade a "fazer o meu melhor", "aguentar o tranco" pra não demonstrar que estava quebrade por dentro.

O feeling de esquisitice me é bittersweet, tem dias que não sei se é mais confortável não demonstrar nada ("Tá tudo bem! Tudo sob controle!") ou ser vulnerável para não deixar esse trem me atropelar de supetão.
Ter amigues que me apoiam nessa caminhada ajuda pacas a entender.

Que por mais que antes o mundo me disse que meus sentimentos e minha existência não era válida, posso contar com essa galerinha linda glitterosa pra botar uma plaquinha de "Em manutenção" na minha porta quando preciso recarregar as pilhas.

Obrigadão gente boa que está sempre comigo!
Vocês sabem quem são 🤩
É Junho e como Gezuis Ruiva cantou:
"in those heavy days in June/when love became an act of defiance/Hold onto each other..."


10 outubro 2018

quando a violência sempre esteve muito perto

Aquele textão que talvez sirva pra ilustrar bem o que outras pessoas possam estar sentindo nesse exato momento, mas que não consigo mais segurar em não escrever por diversas razões.

Não sei quanto a vocês, amigolhes da timeline, mas nunca fui uma pessoa de saber lidar com conflitos, seja qual fosse a natureza. Sou péssima em debates calorosos em que as emoções estão à tona, não me sinto confortável com pessoas discutindo, odeio ver bate-boca e minha reação para brigas com envolvimento físico é de correr na direção oposta. Não é por falta de tentativa em ser alguém corajoso ou de ter vontade de me impor, é que a violência sempre teve muito perto de acontecer quando você é uma pessoa que pertence a uma dita minoria.

Em algumas vezes a violência é tão intensa e rotineira que vira algo banal aos olhos de quem sofre.
(Já acontecia antes, não é? Agora começou de novo? Ah tá.)

06 março 2018

insira a sigla aqui

O que tem me surpreendido nesse meio tempo entre descobrimento da coisa mais óbvia da minha vida de escriba e verificar como funciona as maquinações acadêmicas de sustentação da verdade absoluta (Fucô-Fucô-Fucô, na cabeça com Fucô) é como certos termos são apropriados por outras vertentes sociais.
(pessoas cis gênero, heteronormativas, de bem, pagadores de imposto, da família tradicional brasileira e por aí vai)



Sem pretensiosismo ou protecionismo, mas me é confuso ouvir alguém, que por padrão não daria a mínima sobre o que a comunidade LGBTQ+ sente ou se expressa, se direcionar a esse público com mais afeição.

I mean, tem uma boa parcela que sofre de violência verbal, física e psicológica todo santo dia desde criança por estar com o grupo, por se sentir parte do grupo, por manter esse acordo tácito de vias de comunicação interna que são marginalizadas pelo restante do mundo. A minha surpresa vai no sentido de: "Eu ouvi isso mesmo ou há algum outro discurso permeando esse direcionamento de fala?"

Debaixo do link a constatação e spoiler alert: sim, era discurso acadêmico de produtivismo inflacionário.

07 novembro 2017

a privação predatória

A tradução tá bem por cima, gente, mas a mensagem... Foi realmente lá onde queria chegar quando penso nessa de socialização de gênero e vivência como pessoa não-binárie e sim o que ando lendo sobre experiências das pessoas nisso tudo - se substituir algumas coisinhas ali, encaixa direitinho em como muit@s vivem.

~ Todas as lésbicas com que falei concordam que uma das coisas mais humilhantes e desmoralizantes é ter uma garota hétero pensando que você está (conversando) vindo até elas simplesmente porque você gosta de garotas e isso ... realmente ferra com nossos relacionamentos platônicos e românticos, porque enquanto as outras garotas se sentam nos colos das outras, e dormem nas mesmas camas e pegam na bunda umas das outras por diversão, estamos colocando tantos muros apenas no caso de nossas amigas héteros (não) acharem que estamos atrás delas.
e por nossa concepção de relacionamentos com outras meninas em geral é tão fodido e reprimido que não temos idéia de como navegar em nossas emoções quando realmente nos atraímos por uma garota e queremos chegar perto.
Vocês reblogando com "as meninas hétero / caras gays experimentam isso também" ... .nah, isso não é sobre pessoas que pensam que você as quer, é uma experiência excepcionalmente atrofiante para lésbicas que estão excluídas do desenvolvimento de amizades e se comportando ao redor de outras garotas de formas em que todos somos socializadas para (entender que), porque nos julgamos / os outros nos julgam como "predatórias"




Esse tópico me é particularmente delicado por ter/ser/absorver esse julgamento de "predatório" sem ao menos fazer jus ao título. O que a heteronormatividade compulsória nos obriga a ter papéis bem distintos e quadradinhos na socialização em grupos específicos, entre os potenciais pares do LGBT apenas consigo visualizar esse distanciamento entre forma de expressar seus sentidos/pensamentos e a forma como é o entendimento exterior.

08 outubro 2017

os espaços e os buracos

Fonte: Red Bubble
Sei que é tardio, mas ando percebendo melhor em algumas coisinhas que vem acontecendo nos espaços de interação em circulo. Isso é compreensível por alguns fatores, o fato de eu ter saído do armário mais tarde, de ter sido obrigade a me manter em silêncio sobre minha sexualidade e identidade de gênero, a forma como compartilho a minha visão de mundo com as pessoas e principalmente a minha atenção aos discursos que leio/ouço nesse meio tempo.

Mesmo ali, criança, eu já tinha um espaço não definido de encaixamento por transgredir algumas normas. Falo sobre banheiros acessíveis aqui, sobre as filas-metáforas de gênero binário que excluem aqui e também  de como preconceito mata um pouco cada dia.

Algo que me chamou atenção foram dois episódios da vida acadêmica - que teeeeenta ser inclusiva, mas acaba escorregando e feio em vários aspectos de identidade, pertencimento e humor. O primeiro foi ao ler um artigo bem bacana sobre monogamia e não-monogamia em relacionamentos lésbicos. Compreender como é a forma de opressão social em que um relacionamento não convencional (E no qual desejo e me identifico sexualmente e emocionalmente) pode ter/acobertar com a monogamia/não-monogamia foi um baque esquisito. Até eu ler lá embaixo no texto que o texto tinha sido escrito por uma autora que se identificava como radfem (Feminista Radical).

Separar o eu-lírico do autor é difícil nessas horas.

Porque antes mesmo de me assumir como não-binárie já lia/ouvia muitas coisas sobre como dentro dessa ramificação do feminismo há grupos que costumam tratar as pessoas trans+ como escória. O texto foi ótimo, obrigade, mas ainda com pé atrás quanto a refletir mais coisas por ele ou nele. Ruim isso né? Desconfiar até daquilo que você acha interessante em ler.

O espaço ali, nesse caso, é entender que até certo ponto eu posso ler como pessoa lésbica, MAS não posso ler como trans+ não-binárie. E qualquer tipo de leitura que me force a não deixar eu ser eu mesme é como me fazer recordar do armário de concreto e cheio de arame farpado que eu me forçava a ficar para ninguém me machucar/atingir. É esse espaço confinado que não suporto, e se é a leitura que me causa isso, dá uma tristeza danada.

A segunda situação foi de ouvir proibições veladas com algum fundo (ou não) de libertação de amarras sociais. Como aqueles convites de festas de "Apenas mulheres" e ficar com uma sensação amarga na boca de "Volta pra fila, Morgan que aqui não é teu lugar". E como eu disse antes, tardiamente percebendo essa proibição, mas fazendo o rememoramento de interdições (é essa a palavra, interdição!) em toda a minha vida, sempre esteve ali: interdições corporais arbitrárias para a não-apropriação de um espaço ou lugar de pertencimento.

Por isso a sensação de deslocamento se instaura com mais rapidez que eu pensava. porque tou sacando dessas coisas agora, não antes. Eu as sentia como tapas nas costas com um confortável "Oi, aqui não é teu lugar, porque você não se sente bem com isso", mas agora? É um soco nas fuças com um aviso em neon de "Você não pertence a esse lugar: dá o fora!"

Foda isso ter que ficar desviando de buracos.

E pode parecer ingenuidade ou falta de prestar atenção, mas como disse antes, só me vi/identifiquei como trans+ agora, não quando estava sob o julgo da heteronormatividade compulsória (Que acaba sendo mais uma dama-de-ferro do que uma armadura para se proteger do mundo. Sim, é sobre aparelhos de tortura medieval que estou me referindo). Aí isso emenda com as reflexões que tenho diariamente com colegas pertencentes a grupos de minoria étnica-racial, movimentos estudantis e populações em risco social e a interdição está ali, escancarada com a placa de neon e possivelmente algum agente passivo do status quo apontando um rifle bem mirado na sua testa. E essas pessoas que estão sob a mira são vítimas de violências bem piores que essa que estou tentando discorrer aqui. Os "privilégios" de sofrer preconceito não são equivalentes, e isso me incomoda seriamente.
(Aí puxa gancho para um "Aquelas pessoas que vivem no mundo da lua que tem problema na cabeça" para denominar um autista. É fucking dose!)

Essas interdições são agressões que vão acumulando com o tempo. Essa é uma das razões por eu não ter afinidade e vontade alguma em frequentar lugares de diversão e descontração com outros seres vivos. Eu morro de medo da interdição, porque ela já foi e continua sendo muito presente na minha vida em particular. O cerceamento de palavras, o autocontrole subjetivo, a admoestação coletiva de "Você não parece X, logo deve ser Y, mas também não é Y, então é melhor nem começar a pensar que é Z. Volta a parecer ser X que fica tudo certo".

O tio Fucô falava da Interdição muito ligada com a questão da Razão e da Loucura, que a fala do louco é silenciada na forma mais pura de violência no discurso: interdição. Então se eu falar, há mais formas do mundo exterior terem certeza científica-lógica que sofro de insanidade e se eu não falar já atesto a minha loucura comprovadamente no "Quem cala, consente.".

Isso pesa pra baraleo, gente.
É de virar noites inteiras sem dormir e acordar hoje tendo que fingir que aqueles fatos/discursos não bateram como ponta de faca em ferida já quase cicatrizada. É desviar de outro buraco que talvez eu possa estar cavando apenas por compreender como isso funciona.

[edit] Aí aparece na minha timeline uma discussão de um tweet de uma pessoa de fama moderada em canais televisivos falando que "Ser transexual é fácil, todo mundo acha lindo. Mas ser veado continua a ser uma das maiores aventuras do homem, tipo a escalada do Everest” e depois “Desde que os transsexuais viraram moda as bichinhas quaquás passaram a ser criaturas inferiores, sem graça, sem charme, sem nenhum sex apeal" - e aí confirmou a possível tabelinha de privilégios de preconceito (Algo que já vejo acontecer demais em movimentos de classe). Sabe o famoso #WhitePeopleProblem? Quase isso, só que no caso o "privilégio" a ser festejado é o preconceito recebido. Então quanto mais preconceito recebo por estar em classe X, ou ter a orientação sexual Y, ou sou visto pela sociedade de modo Z, tenho mais direitos de silenciar aqueles que não sofrem o que eu sofro.

Você vai lá, vai vendo a pontuação na tabelinha - branco, homem gay, classe média alta, escolarizado, de direita - e soma os resultados para ver o quanto de preconceito sofre para então cobrar o silêncio dos outros. Lembrando que de acordo no mundo fictício em que o sujeito narrou os 2 tweets (Apagados logo depois de causar polêmica, sabe? Ele pediu desculpas também), transexuais são os menos privilegiados na pontuação. Então pela lógica não deveriam nem começar a reclamar, certo? As bichinhas quáquás sim, essas merecem todo direito de serem reclamantes.