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14 julho 2020

o quietim e indo pelas beiradas

Disclaimer: Este é um post intimista, faz tempo que não faço um desses, então vou botar essa foto de um lolcat aqui para disfarçar e se não quiser ler sobre, vai para uma postagem mais alegre ou sei lá... vai em nova aba e digita https://icanhas.cheezburger.com/ 

Fonte: Aqui nesse link
A pandemia está fazendo algo inédito na minha família: as pessoas estão começando a falar.

E isso é muito bizarro pra mim, porque neste exato momento agora estou com o raciocínio lento pra cacete e uma velocidade de oratória bem menor do que meu cérebro realmente quer. Então eu escuto e reflito.

(Debaixo do link aquelas coisas que precisavam ser ditas em voz alta, mas estão sendo escritas primeiro antes que eu perca a coragem e o fio finiiiiiinho de raciocínio que estou conseguindo cultivar esses dias) 

27 outubro 2019

[bibliotequices] sistemas de classificação e comparações com a vida real

Tem umas parada na área da Biblioteconomia que pode ser usada como metáfora pra coisas do cotidiano. 

Tipo (o que tá parecendo) dicotomia monogamia e não-monogamia. A guerra santa dicotômica que mais pega fogo em ambiente virtual... 

Existem 2 sistemas de classificação de assuntos superpopulares e extensivamente usados para organizar um acervo de uma biblioteca. 

Sistemas de classificação servem para a gente encontrar melhor (ou assim supõe a teoria) os livros nas prateleiras. Eles costumam ter uma cronologia ascendente de assuntos. Dá até para traçar a História da Humanidade ao ver verificar os assuntos e seus desdobramentos. 

CDD, sistema decimal de Dewey, um dos mais usados em bibliotecas de pequeno e médio porte ou que não necessitam de especificações nos assuntos. Bibliotecas públicas, escolares e algumas comunitárias seguem esse sistema porque é "mais fácil" de classificar os assuntos dos livros e não gera um número absurdo de grande na hora de imprimir na etiqueta e colar (pra quê colar gezuis?! Pra quê?!) ao terminar o processamento técnico do livro. 

Maaaaaas quem inventou esse sistema largamente difundido nas bibliotecas do mundo inteiro foi um déspota bibliotecário babaca misógino racista, que foi rebaixado a um ser medíocre e hipócrita por suas opiniões nas grandes entidades de valorização da profissão bibliotequera. 
(Sabe o que é banir o nome do cara do principal prêmio internacional que prestigia a classe? Bem, isso que ocorreu com o Zé mané) 

Esse manual é impregnado com uma doutrina cristã-judaica embebida de branquitude yankee-centrica que espelhava e ainda espelha como a minha área não se dá o trabalho de entender que 95% do planeta Terra NÃO É americano-estadunidense. 
Quer um exemplo básico? Estamos em 2019 e ainda tem classe de assunto da CDD que NÃO FOI modificada desde o século 19, em assuntos delicados e/ou que estejam enquadrados na discussão de temas étnico-raciais, a CDD é uma vergonha tamanha que na prateleira de religião, a 290, serve pra jogar as "outras religiões/mitos". 

Nem vamos entrar na 150 (Psicologia) e na famigerada inimiga minha, a 616 (Medicina e todo o ranço ali embutido). 

Aí tem a CDU, sistema decimal universal. 
Foi o troco dos europeus (belgas) Otlet e LaFontaine que decidiram pegar o caderno do Dewey pra fazer cópia pro trabalho da escola, mas acabaram fazendo um trabalho mil vezes melhor e com nota máxima. A CDU é um sistema complexo, com mais detalhes, e com um número monstruoso nas etiquetas. Ele foi pensado para centros de informação que necessitassem de uma classificação mais específica, como Arquivos, Bibliotecas especializadas e universitárias. O motivo? 
Porque nesses ambientes mais elitizados de ensino e conhecimento os assuntos vão se tornando quase uma frase inteira. 

Exemplo: 
Hermenêutica provavelmente estará em algum lugar na 100 da CDD, mas a Prosopopeia da Hermenêutica listada em periódicos científicos entre os anos 1940 e 1970 na região do Cazaquistão é mais possível estar em uma biblioteca especializada e com um número tão extenso que não vai caber na lombada.
(aliás se você entendeu a minha piada interna sobre Prosopopeia da Hermenêutica, vem cá pra eu te dar um abraço!) 

A CDU também tem muito conteúdo ferrado da CDD por não sair do rolê eurocêntrico, branco, elitizado, estigmatizador, mas olha só! Deixaram abertura para adaptação de assuntos com mais versalidade que a CDD! 

Tem até duas centenas para encaixar assuntos novos! 

Quer começar a fazer a revolução via estantes? Bota fogo no quengaral e expande nessas duas centenas (com 999 oportunidades dentro de cada centena, e mais 999.999 microchances de revisar conceitos dentro de cada número seguinte a centena). 

Há a questão do acesso e custo-benefício:
A CDU é traduzida em português e são 2 tomos não tão exagerados de tamanho com um preço razoável. 

A CDD é um monopólio que desde sempre é editada em inglês ou raramente em espanhol. AND FUCKING 4 TOMOS PESADÉRRIMOS DA POWHA! É $1200 gold!!!

Debaixo do link, mais filosofamentos básicos sobre isso.

21 novembro 2017

abandono à favor de algo edificante.


Então.

Assucedeu-se que para valorizar a minha integridade e saúde mental, resolvi abandonar uma famigerada aula.

A medida drástica se deu devido motivos extremamente importantes que deveríamos discutir mais vezes entre os discentes e docentes. Tipo mansplaining, gaslighting, maninterrupting, anacronismo, falta de responsabilidade social.
A famigerada aula tinha um potencial incrível de fazer a geração da Biblio e Ciências da Informação de contribuírem - mesmo que em menor escala - com as questões de acessibilidade e inclusão digital/social dentro do curso. Temos diversos problemas nesse requisito devido a infraestrutura do centro e do campus, mas com uma disciplina dessas seria promissor realizar um trabalho de campo nos diversos órgãos que o campus possui para facilitar e otimizar a vida de quem antes não era nem cogitado em estar ocupando uma carteira no ensino superior.

Mas aí o que ocorre?
Aquele erro crucial incrível que nós gamers chamamos de #EPICFAIL ao termos um exemplo de o mínimo de didática possível para instigar os estudantes a se aprofundarem nesse assunto. Ou se interessarem. Ou sei lá. Pensar nisso já me causou muitos problemas em anterior experiência. 

Não estou pedindo life changes, apenas fingir.
Sorrir e acenar. 

Desconhecer os órgãos da universidade que promovem Acessibilidade foi o mínimo, o pior foi receber a resposta ao questionar sobre se conhecia os locais (no próprio centro HÁ uma fucking Coordenadoria de Acessibilidade e Inclusão FFS) de que se eu mandasse por email com todas essas informações, ele daria aula sobre elas. 

Detalhe: pros de cinco dígitos na conta todo final do mês, beleza. Legal mesmo é ver a turma de bocós não aprendendo nada edificante pra vida de bibliotequeros. Sim, pessoas, vocês são bocós e estão se prejudicando por não saberem se organizar direito. Por não buscarem seus direitos. Por não levantarem a mão e questionar. Eu sou bocó também. Eu desisti. A bocosidade também me pertence.

Dali já sabia que minha Sanidade não merecia ser minada por incoerência. Dali não apareci mais na aula, e dali minha vida acadêmica foi se tornando bem mais feliz e aceitável. O problema é: com um registro de Frequência Insuficiente não tenho mais direito a estágio na dita universidade no próximo semestre. Se eu pensei bem antes de fazer isso?
Eu sei meus limites.
E os gatilhos.
E igualmente a morosidade das instâncias.
E a desorganização estudantil que meus colegas parecem sádicamente propagar quando algo assim acontece (botar o seu na reta por uma causa de urgência não, arruinar com ensino de qualidade, yep, bora lá!).

Então você que passa por esse aperto em alguma fase do curso de Biblioteconomia da universidade dos Megazords, não se preocupe: proteja a sua saúde mental primeiro.
Pelamoooooor, mantenha sua integridade mental.

[Editando porque olha só final de semestre!]

02 outubro 2017

onde foi que o erro começou?


Era uma bela manhã de começo de semana. Tudo estava certo e sob controle. Os passarinhos cantavam, o sol brilhava pálido em um céu coberto por grossas nuvens de uma possível chuva para a tarde. Dava pra ouvir o ruído incessante do mundo revolver a terra, o ar. Com uma banana já machucada do tempo guardada e deixada em cima do tampo da bancada, não percebeu que o dia começaria com vida. Seis na verdade. Pequeninas vidas cobertas de pelos, da mesma classe mamallia, ordem primates, pequeninos em suas constituições, vorazes no devorar a pequena banana meio amarela, meio preta. Comida afinal.

O menorzinho era o que arrancava mais pedaços, ávido pelo alimento, por não querer passar mais fome, não se sabe o que se passa na cabeça de primatas irracionais com um nome científico tão diferente. Era manhã ainda, as cascas detonadas retiradas, despojos do banquete dos seis atentos a qualquer outra oferta de alimento. Melhor fechar a janela para não entrarem em lugar que não pertence a eles.

A cada janela fechada, um olhar curioso. Os cinco maiores em volta do pequeno, como uma proteção na couraça daquele que deveria receber mais atenção para seu crescimento.

Todos nós crescemos algum dia.
Uns com proteção de cinco poderes.
Outros com a repreensão de cinco carrascos.

Era para ser uma manhã normal, café passado, mágoas internas a remoer, aquela frase mal escrita que ruminada várias vezes causa indigestão em sua entoação. Tudo funciona maravilhosamente do lado de fora, esse sistema de fingimentos tão elaborado.

Um belo teatro de tragicomédia que ninguém quer admitir que também já foi ator.

A primeira pedra no teto de vidro é jogada por seres racionais, nada de micos em busca de bananas meio apodrecidas. O que chamam de gatilho entre os meios de proteção, se torna vergonha, humilhação, doença. Onde foi que o erro começou?

É assim que nos observam na maior parte do tempo.

11 setembro 2017

enjoa o silêncio


Há esse tipo de silêncio que vem me acompanhando desde criança.
É como um instante oco dentro da minha cabeça, ramificando pelos ouvidos até atingir alguma parte que se locomova e a faça se movimentar em movimento retilíneo uniforme. Esse espasmo cadavérico já é conhecido na família, - apesar de sempre gostar andar à pé desde criança - tem um caso em especial de "vontades de dar um sumiço andando por aí". Na maioria das vezes esse movimento me leva em direção ao Mar.

Essa atração pelo Mar tem sido uma novelinha meio estranha de se acompanhar aqui dentro de mim, desde criança gosto do som das ondas, da sensação da areia debaixo dos pés, dos respingos que a brisa traz, da imensidão salgada que nos leva a pensar o quanto somos finitos, e ele (o Grande Mar) não. Constantemente sonho com água corrente, mas não é o mesmo que ouvir o Mar bem perto de si. Foi nos momentos mais difíceis de decisões erradas que o Mar me acalmou, me lembrou onde era o meu chão e também da minha Sorte.

Querendo ou não, a gente sempre vai se reportar a alguém superior, mesmo quando não está muito a fim de se religar ao divino.

O silêncio ali da infância me preocupa mais que minha mente barulhenta 24 horas por dia. Aterroriza mais que os pensamentos nada legais, as crises de ego, as culpas decidindo tocar campainha e saindo correndo e principalmente as memórias.Essas são de me tirar do sério.

Era pra ter aproveitado esse dia na companhia de alguém, mas preferi me recolher a esse estado catatônico de movimento retilíneo uniforme direto ao mar e ver se alguma coisa acontecia. Qualquer coisa. Mesmo que fosse nada já me contentaria. Então fui subindo a trilha pra uma parte do morro perto da praia, prestando atenção especialmente naquilo que havia estudado sobre o tal morro (6 meses de museu fizeram tantas maravilhas que nem sei como agradecer), recapitulei o conhecimento herdado de lá, vi algumas curiosidades, li as placas, fiquei um tempinho sacando a inscrição rupestre que os Sambaquieiros talharam em pedra há 7 mil anos atrás.

E essa sensação de Nada se apossou duma maneira que fui obrigada a sentar em algum lugar para simplesmente não fazer coisa alguma. Olhar para o Mar não foi escolha, foi única salvação, eu diria.

O que me atraia nesse gigante, também me faz morrer de medo da minha própria (res)existência.

Porque quando estamos diante de algo beeeem maior que a gente, costumamos ter a mesma reação besta, no caso aqui, o silêncio deu lugar para as perguntas fundamentais de alguém que tem ansiedade excessiva e pouca motivação pra ser melhor socialmente. O que é que eu tou fazendo aqui foi a mais redundante no bloco de questões. A do Por que/quem estou fazendo isso tudo (resumo da vida) também foi a mais chatinha de não deixar martelar demais, afinal o barulho das ondas tava alto, alto demais e as perguntas ficaram só no eco.

Acontece uma coisa bem estranha quando ficamos olhando o Mar por muito tempo, você acaba percebendo que o horizonte é meio tortinho, ao invés dessa linha esquisita que a ótica nos revela, se você observar bem bem mesmo por um bom tempo vai perceber que o que era para ser uma linha reta, vai mostrar mais ondulações que supostamente deveria ter. Essa constatação afogou a pergunta estúpida que me faz querer chorar um bocado quando menos espero, mas ao entender que nem na natureza a perfeição de uma linha pode ser equivocada pela nossa ótica limitada, então é melhor concordar com o que já tá posto ali há cerca de trocentos bilhões de anos.

Uma pena não poder ficar mais, já escurecia. E há coisas nesse mundo em que pessoas que são lidas como corpos femininos não podem ficar em lugares assim sozinhas e sossegadas. Desci o morro, catei conchinhas, praguejei um bocado pela dor nas costas (Que veio comigo pelo caminho sem dar aviso de quando iria embora), subi pro asfalto, segui meu caminho pra casa. Seis quilômetros pra ir, seis pra voltar.

Se melhorou a sensação do Vazio, do Nada e tudo mais?
Em partes.
Preciso lembrar mais de deixar meus pés me levarem pra visitas assim.

12 agosto 2017

Sonhos estranhos com detalhes: tenho uma alma faltando

O mito mais awesoooooome na minha opinião é o de Psique e Eros. Não, não é pela história "romântica" (o level de fofurice se dá entre inveja divina, tortura psicológica familiar, ameaça matrimonial e o que mais? Oh sim! O moleque estrábico enganou ela o tempo todo?!), mas por toda a noção simbólica ali desenvolvida. Algo estupendo que os gregos faziam ao interpretar seus mitos como possíveis racionalizações de seus atos - e tudo que poderia ser construído a partir de uma narrativa literária simples de uma mocinha que atraiu a atenção da deusa que não irei nomear aqui por sua beleza, mandou o filho moleque estrábico e sem noção pra dar uma lição nela e acabou se ferrando, porque o babaquinha se feriu na própria flecha que ia atingir a mocinha. 

Psiquê revivida por beijo de Cupido por Canova (ano de 1.793)
Escultura em mármore, Museu do Louvre, França.

É fucking complicado! 
Deuses gregos são mais estúpidos que nós no requisito de causar fu**** federal. Sério. 
Galera do panteão celta, viking e sumerio se reuniriam pra dar #EpicFacepalm com os absurdos. 

Para os gregos Psiquê, em sua etimologia quer dizer "Sopro de vida", o equivalente de alma, na qual toda a criação racional do ser humano surge e afeta o exterior. Eles não tinham ainda o conceito de espírito como temos (obrigadão seus pulhas, por separarem entre espírito e alma e confundir a cabeça do povo!), mas concordavam que a alma é imortal. É ela que fica quando o corpo morre e é ela que se encaminha pro Hades pra além vida. 

Mas voltando a personagem e ao mito, Psiquê se tornou minha chuchuzinha, pois é de longe uma das poucas pessoas a causarem tanto estrago no Olimpo sem fazer absolutamente nada. Tipo Helena de Troia, que poucas vezes é citada na Ilíada, pessoas, então não achem que a briga de 10 anos foi pra reaver a filha de Zeus (era pra concretizar 2 destinos inevitáveis: vai ler Oresteia que tem lá, mmmmkay?).

Debaixo do link, o tal sonho estranho e com detalhe...

03 julho 2017

[videos] a luz e a sombra/branco por scalene



Ainda vou ter forças para escrever algo sobre a Angie inspirada nessa música. Porque, olha só, pqp gente! Essa guriazinha eshu changeling não sai do meu campo gravitacional de escrita (tentei, tentei, não deu!) e volta e meia tem algum rascunho não processado aqui na fileira, no celular, nos cantos de páginas de textos acadêmicos.

O que para alguém que escreve deve ser uma maravilha, para alguém que NÃO QUER escrever sobre ela nesse exato momento da vida tá se tornando insuportável. Não no sentido da palavra que me aborrece, mas o de não caber mais nos feelings. Há muita coisa para se falar da Ângela Filha dos Ventos, há trocentas estórias para narrar, estruturar, redigir, editar, desgastar, vociferar, desmantelar em lágrimas, porque é isso que essa chuchuzinha faz comigo quando vem aquela inspiração das Musas.

Essa letra em especial me chamou atenção mais pela parte final da primeira música (A luz e a sombra), que é basicamente o dilema da vida da Angie no mundo Feérico. E eu levo à sério demais a concepção de personagem da mocinha, ela se estruturou de emoções que eu mesma estava experimentando na época, para então haver aquele elemento inexorável de "coincidência" (Chamem do que quiser, magia, feitiço, ligação entre dois pontos, telepatia, lalalalala i can't hear you...) e depois plim! Surge essa coisinha bizarra vestida como um acidente de carro para me atormentar de tempos em tempos.

Também tenho minhas limitações quanto ao escrever sobre ela, porque por um lado não quero dar muito spoiler e ao mesmo tempo nem apresentei ela para o mundo como queria. Talvez deva ser isso mesmo, o limiar entre o escrever apenas para mim mesme e/ou não escrever coisa alguma, ter uma contraparte fictícia me cutucando continuamente para me lembrar sobre um projeto que mais me faz querer gritar de agonia por não saber mais como escrever do que me dar boas risadas como antes.

É a fucking vida de escriba.
Alguma coisa sempre vai ser deixada para trás entre a papelada.

Acordei no chão
Despido e sem razão, e percebi

Desconstruí, nos renova
Só eu sei o que será de nossos sonhos

Só eu sei o que virá de outros mundos
Pra dizer:
Pelas ruas eu procurei
Só preto e cinza encontrei
Como irei reinventar minha sombra
O que será real?
Dessa janela eu via que o mundo atual
Não me agradaria
Por que não escolher?
Eu mesmo definir qual devo eu acolher
Só eu sei

Assim como o maldito coelho da Alice, sinto que com a Angie, estou sempre atrasade.

15 maio 2017

le petit muerte

O problema não é a causa disso tudo. 
O problema são as pequenas coisinhas que matam.
Pequenas mortes.

O que mata é não poder ter seus dedos ficar entrelaçados nos outros dedos, em público não pode.
O que mata é não poder sentar ao lado de quem ama porque vão perceber, em público, que não deveria amar aquela pessoa.
O que mata é não ter escolha de palavras quando perguntam o estado civil, mesmo após anos de vivência, de rotina conjunta, de vidas entrelaçadas (como os dedos lá de cima).
Não é o grande problema que mata, mas são os pequenos, todos os dias, se repetindo em uma espiral de não-expectativas.

O que mata é a olhada de cima abaixo em como você se sente confortável sendo você mesmo. 
O que mata é a recusa de emprego por ser quem você quer ser, mas em público não pode
O que mata é a vergonha da família, do não poder falar
O que mata é o silêncio de quem tá junto e sofrendo o mesmo assassinato todos os dias. É o ninguém falar
O que mata é cada "Eu gosto muito de você, mas não posso ficar contigo", porque em público não podemos
O que mata é não esperar por mais nada, porque esperou tanto por algo inesperado na vida e ter nenhuma expectativa de viver aquilo novamente. 
O que mata são as contas das soluções paliativas médicas, dos atestados de sanidade, das terapias, dos medicamentos, das taxas a mais, da burocracia. Isso pode ir à público.

Isso que vai matando um pouco a cada dia. 

O que mata é outra vez não poder contar com ninguém quando a coisa aperta. Em público não posso.
O que mata é quando se convence disso é de que em público não pode
O que mata mesmo é ter um termo científico pra isso só esperando o momento oportuno - entre um diagnóstico caseiro, paranoico, atestado por autoridades e outros - para aparecer. 
O que mata é colocarem uma categoria em que não se quer ou se imagina encaixar. 
O que mata é aquela foda muito boa na noite anterior e se sentir sem vida pro resto do dia. Porque entre quatro paredes tudo pode, mas demonstrar carinho em público não pode
O que mata é saber que a foda não vai acontecer novamente, porque não vai haver mais do que aquilo.
O que mata é ver que ainda estão matando gente como a gente, porque em público não pode.
(mas matar pode, em público tá virando moda) 
O que mata é dizerem que é invenção da cabeça, modinha de intelectual, que é fase, que vai passar quando achar um padrão decente pra colocar no lugar. Essas coisas em público não pode
O que mata é não se ver em lugar algum. 
O que mata é ver que a mídia mata quem você acha que pode representar um pouco daquilo que você sente na maior parte do tempo. 
O que mata é não ter a ilusão de conto de fadas, nem de final feliz. É não sonhar mais.
O que mata é não poder passar os dedos nos cabelos de quem ama, nem que seja discretamente, em público não pode.

O que mata mesmo é ver isso acontecer há poucos bancos no ônibus para um lugar onde supostamente deveria (e se proclama) dar segurança de viver como sou. 
O que mata é ver isso acontecer enquanto um casal padrão normativo fazer isso e muito mais, bancos a frente, sem ser admoestado. Em público não pode. Eles podem.
O que mata é ver aquela fagulha ínfima de cumplicidade, de carinho, se tornar um olhar desconfiado ao redor e um sorriso amarelo para se explicar. Em público não pode.
O que mata mesmo é ainda ser obrigado a se explicar por querer dar carinho a alguém que amo.


O problema não é a causa disso tudo. 

O problema são as pequenas coisinhas que matam.
Pequenas mortes.

E como elas vão silenciando a gente, aos poucos, conta-gota, até a normalização ser habitual, o controle imediato, as ações de sobrevivência mais automáticas.

O que mata mesmo é isso. 
E em público não pode
Pro resto da sua existência miserável nesse planeta: em público não pode.

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N/A: Le petit mort é uma expressão francesa para conotar o orgasmo "a pequena morte", já muerte é uma alusão a Santa Muerte, a padroeira dos pobres, dos comerciantes ilegais e traficantes, e não tem nada a ver com prazeres.

08 maio 2017

conselhos valiosos

Recebi os seguintes conselhos nessas 2 últimas semanas. Valiosos, só para constar:

1 - seja mais filha da puta.
2 - tem coisa que só você vai conseguir se levantar sozinha.
3 - você precisa pedir ajuda quando precisa pedir ajuda.

São meia noite e dezesseis de uma segundona, após domingo esquisito e surreal. Triste por assim dizer, foi um vazio oco bem no meio do estômago com uma ligeira sensação de dor no baço. E com esses 3 conselhos ecoando nas caraminholas, bora filosofar.

26 abril 2017

aprendimento no agradecimento

Uma coisa que aprendi de uns anos pra cá foi de agradecer as pessoas que me deram oportunidade de crescer como ser humano, como profissional, como estudante e tal.

Os altos e baixos que já havia escrito em alguma postagem anterior mostrou isso, ontem eu tava em péssimo estado, hoje trmho mais lucidez graças a algumas pessoinhas que brotaram ontem e foram ao meu encontro.

Uma delas faz aniversário hoje e com o pouco tempo de convívio já me mostrou que muita coisa da vida se conquista com insistência e sensibilidade com o próximo. Ela é um dos exemplos mais admiráveis de vivência na carreira onde tou me enfiando e isso significa muito pra mim.

Agradecer faz bem, sabe?
Ter essa gratidão por quem te apoia, tem um carinho especial e te deixa feliz por saber que essa pessoa existe no mundo.

É meio isso.

Escrevi pra não perder esse fio da meada dentro do ônibus e não conseguir resgatar o feeling do dia de hoje.

04 julho 2015

a constância, me gusta


Uma das coisas muito boas de se perceber às 02:38 da manhã é que a constância do Universo é infinita. Pode até não ser a mesma, mas a trajetória é linear de uma forma muito bizarra.

Porque o mundo pode estar desabando dentro de um universo interno específico, mas o restante ao redor continua de acordo com o plano geral das coisas.

Nada e nem ninguém vai parar para apreciar a completa destruição de alguma coisa dentro de alguém. E mesmo que se expresse o quanto está prestes a deixar algo muito ruim sair pra ver se algo de bom ou pelo menos neutro apareça pra preencher aquele conteúdo vazio, o Universo não dá a mínima. Quem diria as pessoas, essas estão mais perdidas do que cego em briga de foice no escuro.

Não é que é tempestade em copo d'água, é que a importância/relevância disso no esquema geral das coisas é ínfimo, então não me resta mais nada a não ser deixar o feeling vir, e esperar que ele vá embora do mesmo jeito que veio. Há monstrinhos que alimentamos que costumam ficar cheios e vão embora, há outros que se escondem do banquete e esperam pelas sobras da mesa quando tudo termina. O importante aqui é não deixar sobras, nem dar comida pra ninguém. Nem pro Universo.

A constância continua, o mundo não vai parar de girar, movimento de translação e rotação forévis. O mundo não acabou como muitos dizem que parece. Na verdade... é até esperançoso. Assim que esse blues for embora (Ou fazer questão de anular toda uma existência em favor da minha sanidade fraquinha), tudo vai estar do mesmo jeito.

Inclusive as leis da Física!
Fascinante!


25 fevereiro 2015

A família Morgan

Sem tantas postagens esses dias, muita coisa andou acontecendo aqui pelas quebrada.

Família Morgan visitou o recinto e sequestrei meu primo pra um interrogatório básico na luz do luar, o som das ondas e o BRILHINHUUUUU das estrelas.

Melhor coisa que fiz nesses últimos anos, com certeza.

Algumas respostas foram encontradas, algumas dúvidas explicadas, por um momento me senti um pouco mais feliz comigo mesma. É bom ter o feedback do Universo dizendo que você não arruinou tudo ou que sua vida inteira é feita de falhas pra se poder consertar.

Obrigada Universo, você é um fofuxo quando explica direitinho como as regras funcionam.

Fazia um bom tempo que não sentia essa sensação de dever cumprido no miocárdio. Deve significar alguma coisa.

14 fevereiro 2015

considerações no dia de são valentim

Possivelmente um dos dias mais estranhos desse começo de ano, com direito a dobradinha especial da sexta-feira 13 de ontem com a Lady Murphy me cortejando divinamente. E a chuva.

The fucking chuva.

O importante é que durante o período de claustro em que me encontro devido fatores climáticos e emocionais, mesmo estando bem equipada com gaterapeuta, chocolate, playlist musical boa (Apesar de ter um pequeno probleminha com Bonnie Tyler no começo da manhã até a tarde), artigos bons para se ler, chá quente e muito pensamento positivo, deu para se perceber que não precisa de muito para ser felizinha aqui na conchinha do Gary.

Na verdade faz tempo que não passo um dia quietinho na minha, cuca meio fresquinha e acordada (Graças a Eru,sem mais caídas de sono bruscas) para aproveitar o dia. Faz tempo que não sinto que os pensamentos estão em ordem, que posso sentir um pouco do controle voltando, que posso fazer algo que preste de minha vida sem incluir absolutamente terceiros em minha vida. É um pensamento bem egocêntrico, mas talvez estivesse precisando ter esse momento de clareza para notar que não estou perdida: só meio que desviei do caminho novamente porque a pedra gigante sempre estará lá, só precisava decifrá-la sem pegar atalhos na floresta escura.

A vida circula como a espiral que supostamente deve ser. Muita coisa a ser feita.

12 fevereiro 2015

acerca 50 tons de cinza

A BDSM-style collar that buckles in the back. ...
(Photo credit: Wikipedia)
 Com toda a controvérsia sobre 50 tons de cinza - o filme - causando por aí, tive a oportunidade de deliberar wtpowha devo me posicionar quanto a isso (hehehehe trocadiiiiilho):

Méh.

Vai ser um daqueles filmes que terei o prazer (mais outro trocadilho) de baixar ilegalmente sem sentir pena alguma da distribuidora, estúdio e salários dos envolvidos.

Na época em que "li" o livro - ler é uma expressão razoavelmente parecida com o exercício monótono e rápido que fiz até quase a metade, passando os olhos entre página e outra pra vasculhar se havia algo realmente interessante e apenas ver que é inner-dialogue O TEMPO TODO e descrito de forma nada criativo - meu interesse principal eram os parâmetros usados em relações BDSM. Mas aí quando fui pesquisar o histórico do enredo, deixei de lado e fui fazer algo mais interessante.

Não desmerecendo o trabalho árduo da autora E.L. James em escrever uma fanfiction A.U. de Crepúsculo - o que me dá uma oportunidade boa para explicar o que é fanfiction para as pessoas que desconhecem! E hey, até seus desdobramentos espaço-temporais dá para se discutir - mas sério, amiga, que lesse um pouco mais da cultura underground, faz bem pra escrita pesquisar ANTES, vivenciar talvez (Nunca se sabe). E yep, quando o assunto é polêmico como tabus sociais, tem que ter cuidados extras. Não é questão de moral, cívica e toda essa bobagem, é questão do dever glorioso de ser escritor

Povo estadunidense tá ameaçando boicotar o filme por vários motivos: violência contra mulher, relações afetivas com abuso psicológico, porque vai te levar pro Inferno, porque vai influenciar a quiançada fazer a mesma coisa (As if) e a lista vai aumentando. Aqui no Brasil a classificação indicativa ficou para maiores de 16 anos, o que me dá uma esperança que alguém lá do Ministério da Justiça LEU a fanfiction, depois o livro, achou uma porcaria e julgou bem o quanto de zoeira isso pode causar.

Well done Coordenação de Classificação Indicativa, vocês às vezes acertam na limitação da zoeira - apesar de que classificação +16 não vai resolver coisa alguma nesse país.

Esse tipo de livro me deixa no muro inquietante dos "nãos" e "sims", pois há tantas nuances de o que fazer e o que não fazer. Não vou mentir: ver esse reconhecimento de 50 tons de cinza me dá esperanças como fanficwriter, como escritora amadora, oh hell, se essa criatura escreveu algo assim e foi reconhecida, eu que escrevo BEM MELHOR posso ir longe. #HýbrisEmAltaHoje

Mas o lado de ser humano racional e emotivo também me deixa em completo estupor por tudo que isso pode desencandear em uma geração que tá cheia de informação sobre tudo, disponível a hora que quiser, mas que não sabe lidar com os filtros. Meu lado bibliotecária apoia ter essa trilogia em uma biblioteca pública ou universitária, mas não se sente feliz se estivesse em uma biblioteca escolar. Meu lado anarquista quer espalhar conhecimento pra tudo quanto é canto, sem me importar com quem esteja captando as mensagens, mas for crying out loud, se os "adultos sérios e responsáveis" tratam os jovens como se estivessem nos anos 50 ainda, como isso vai ser possível?!

A powha do pensamento crítico não ajuda nessas horas.

18 maio 2014

o recado do meu eu do futuro



Então recebi ontem esse email de mim mesma de cerca de 1 ano e 2 meses atrás. Não lembro exatamente onde escrevi e como estava, mas fez sentido por mais confuso que estivesse. O serviço do FutureMe.org foi uma mãozinha na roda e descoberto no Blog da VeVa Danger Dame Diary.

The awesomeness dessa cartinha básica? O desejo latente de ir pra Biblioteconomia estava muito muito forte e até cogitei a UDESC - mas foi a UFSC que me apareceu primeiro neaw? Não lembro também porque decidi colocar essa data de agora, sendo que comentei sobre o St. Paddy's e deveria ser 2 meses atrás... Anyway! O trem tá aí para deliberação aqui no Tribunal da Tríade Coração, Mente e Espírito e faz muito, MUITO sentido!

17 abril 2014

Pulos no ônibus

"Mas você não se arrisca em nada!"


Arrisco sim, já tentou andar equilibradamente sem se guiar pelos corrimãos num corredor de ônibus em movimento retilíneo com toda confiança que não vai tropeçar e cair em público?


Pois é, pequenas coragens geram desafios maiores.
(Isso e estourar pipoca com a tampa aberta, aposto que ninguém aqui tem coragem pra fazer isso)


O conceito de coragem para muitos pode denotar bravura, iniciativa ativa, ter os culhões de se envolver em situações que podem ou não culminar em sua morte prematura. Ter coragem pode ser também a iniciativa ativa, aquela em que a pessoa. Dá uma fungada boa de ar, levanta o peito e vai lá enfrentar o que for.

Então andar sem a ajuda do corrimão dentro de um transporte público pra mim é o exemplo-mor de coragem suprema, pois só não desafia as leis regentes da gravidade, como também implica no total desibinimento de se enfrentar uma gafe social. É quase um se livrar de correntes megalíticas do status quo - posso ser ou não alvo do escárnio e desprezo do ser humano, mas posso igualmente estar ofertando uma sensação de liberdade ao fazer isso.

Isso pra mim é ter coragem: fazer coisas que provocam o coletivo mesmo sendo uma atitude individual.


E se eu cair, não passo do chão. Loki tá me vigiando, logo medo não tenho.
(Tá, medo eu tenho, posso quebrar um osso nessas horinhas de puro distraimento)

18 março 2014

Vida de adulto.

Os métodos aprovados para aprendizado para uma vida inteira se resume a simples noção de que não há nada o que se possa fazer.

Por exemplo:
Mesmo que eu me desespere por causa de diversos motivos, é melhor manter a calma tranquila antes da bomba explodir. Porque se o barco afundar, quero ser a tiazinha que fica balançando a cabeça conforme a música para o quarteto de cordas que vai continuar no barco condenado.

Legal que essa metáfora serve pra qualquer coisa na minha vida, inclusive assuntos de Banalidade ferrada.
(começo a desconfiar que os sentimentos mais nobres de um ser humano são na verdade fabricação dos deuses pra distrair a gente da loucura ou da ira).
Ps bem assinalado: ser adulto nesse mundo atual é chato.

13 dezembro 2013

ano novo, foto nova

My reflection, dirty mirror
There's no connection to myself
(Smashing Pumpkins - Zero)

True story, bros...
Toda vez que me olho no espelho tenho essa impressão de reconhecer quem me olha de volta. Isso não acontecia anos atrás, em que munida de meus longos cabelos castanhos escuros e cara de sono não me dava a impressão que eu era eu mesma. Aliás, o meu rosto ainda me parece desconhecido (Meu corpo não, conheço-o bem e sei que ele é meu mesmo), mas aos poucos me acostumo com essa cara que me olha de volta no reflexo do espelho.

Ao cortar as madeixas pela trogésima vez e deixar a cor natural voltar, percebo algumas nuances de familiaridade. O rosto é meu, só não o reconheço como algo meu. A cicatriz em meu queixo é a que mais me faz lembrar que o rosto é meu, mas de resto não consigo identificar uma semelhança com o restante.

Muita coisa supostamente deveria mudar de outubro pra cá, mas finalmente percebi que a mudança tem de vir de dentro (Oh poético isso não?), então a tendência é deixar as mudanças virem sem me esconder dentro da conchinha do Gary (meow!). E sim, me olhar mais em refletores de imagem sem ter medo que algo vá roubar a minha alma no processo.

23 novembro 2013

regras mundanas que atrapalham a evolução (e o entendimento)

Uma das coisas que mais me barra ao estudar qualquer tipo de crença religiosa é quando eles, de certa forma, discursam sobre o corpo. Yep, o corpo, esse físico, saco de ossos e tiras de carne que arrastamos por aí nessa viagem maluca cósmica de aproveitamento de disciplinas em Retorno de Graduado Espiritual - porque vivemos um ciclo em espiral, queridos, trazemos bagagem cultural até de outras vidas para podermos reaproveitar e reinventar algumas coisas aqui.

Das experiências negativas que tive ao tocar nesse assunto - o corpo físico - a questão que mais pegava era a sexualidade envolvida no processo. A eterna premissa do saber sexual, a experimentação física para se achar algum sentido no transcendental sempre feriu alguns dos meus princípios básicos de convivência em Sociedade. Motivos? Tenho vários, só de me sentir 70% culpada quase toda parte de minha vida por desejar sexualmente e emocionalmente o mesmo gênero (palavra feia, muito feia) já me rendeu uma trava psicológica que não vai ser resolvida tão cedo.

Viver em uma cultura judaica-cristã é massante, você é culturalmente engrenado para rejeitar qualquer coisa anormal e imoral da vigência estabelecida, ser homossexual é como sair da norma (Isso quando não apelam pro bom e famoso "pecado divino" que tanto gostam de pautar seus discursos nada solidários e humanitários), como ser tão subversivo ao ponto de quebrar regras que essencialmente o fisiológico deixa transparente que não deveriam ser quebradas. É estafante e se não dizer: desestimulante.

01 novembro 2013

Pedi Pepsi, me empurraram Coca-cola.

Vamos ver se não estou tão maluca assim para entender a lógica do mundo capitalista/patriarcal/ocidental:

Se eu vejo alguém entrando num comércio e perguntando se tem Pepsi há algumas possibilidades de interpretação para o pedido:

1 - a pessoa não localizou ou está com preguiça de localizar a Pepsi;

2 - a pessoa viu a Coca-cola ali, ela SABE MUITO BEM da Onisciência do líquido desentupidor do Capitalismo, que tem uma geladeira da Coca em TODO LUGAR que a pessoa vá, mas ela NÃO VAI trocar Pepsi por Coca por alguns motivos:

a) Pedir Pepsi é uma forma de se rebelar contra o sistema e não seguir o padrão pré-estabelecido;
b) Pepsi é mais açucarada, tem gosto melhor e custa menos que a porcaria da Coca-cola;
c) a pessoa é viciada em Pepsi (acontece!).

3 - a pessoa quer variar hoje. Se ela perguntou por Pepsi é porque está implicitamente marcado que ela NÃO QUER Coca-cola (já que essa é pedida padrão da grande maioria).