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08 agosto 2017

Não parece, mas alguém aparece

Aquelas reminiscências de época de licenciatura sempre aparece.
Em uma conversa awesoooooome com a pessoa querida da Fran, resgatei algumas lembranças da época da graduação de Letras, os apertos que todo metido a docente vai passar algum dia e lembrei desse guri que foi uma experiência de alfabetização que deu errado - conforme o que a escola queria e a universidade dos Stormtroopers esperava em seus relatórios e estatísticas. 

O que eu devia fazer na época era ajudar alunos como ele - não regularmente alfabetizados em séries mais altas - a conseguirem no mínimo escrever o nome direito e saber o alfabeto. O carinha tinha 12 anos, tava parado na 2ª série (equivalente ao 3º ano agora, crianças entre a faixa de 8 a 9 anos), depois da bagunça estadual da reforma do ensino feita por certo governador almofadinha, agora senador com péssima reputação por conta de lava-jatos.

Crianças como ele ficavam retidas por um bom tempo até desistirem, haver um milagre docente, ou eram aprovados sem saber fazer uma conta direito pra desencargo de consciência do Estado. 

Era um bairro da periferia do vilarejo brejeiro, eu ia pra lá a pé na ida porque precisava chegar animada, motivada, ativada pra dar aula de reforço pra aquela gurizada ligada no 220v. Foram 8 meses nessa, eu, uma estagiária da biologia super zen, uma da matemática que passava um dobrado por não saber o que fazer e outro da psicologia pra fazer pesquisa de campo. Em geral a gente dava apoio aos professores das séries iniciais, dentro da sala de aula, eu preferia ficar com a galerinha que estava fora de sala de aula (aulas de educação física, horário alternativo pelo ensino integral) aprendendo com eles. E eles me ensinaram muito. 

25 julho 2017

Biblioródias - canção de escárnio


Fiz uma canção de escárnio pra quem mais amo.

E para momento literário fofuxo, deixo a definição de canção de escárnio, ok?
(Sim, vai ler na Wikipedia, tou aqui pra repassar a informação, não pra dr aula de Literatura.)

A gente vive numa caixinha, povo.
Não vamos negar.
O mundo lá fora é tão vasto e cru que é óbvio que irei ficar confortável em um lugar só e não cuidar de selvagens dentro das escolas,
Selvagens atrás das grades
Selvagens enfiados no mato nos confins do Brasil.

Não sou assistente social.
Não sou explorador aventureiro
Não sou babá de ninguém
Não sou como esse povinho aí

Nasci da elite mais refinada da erudição europeia,
Vim fugido pra essa terrinha abençoada em que tudo nos dá
A falta de culhão de monarquia atrasada culturalmente
Filho de herdeiro, de fubá, de sinhá
Achando que ser doutor é o topo da cadeia alimentar

Claro que na cadeia alimentar, toda espécie tem sua evolução.

Se ontem eu digeria burocracia pra escovar os dentes com os dicionários,
Hoje sou obrigado a virar jurássico,
Empoeirado com essa moçada que adora desconstruir paradigma com bisturi tecnológico.
Mas meu amigo, paradigma é temporário,
Sempre se eu fui paradoxo
Até que prove ao contrário
Ou "seje menas" nessa canção de escárnio

Faço parte de uma "profissão em extinção"
Computadores chegaram revolucionando a forma de obter informação?
Continuo aqui.
No mundo a Internet mudou a configuração?
Continuo aqui.
Inventaram outra nomenclatura pra designar o que faço (só que com mais bytes, mais outros termos científicos que você quiser adotar).
Continuo aqui.

Sobrevivo.
Tenho lei e tudo.
Escolas de louros espalhadas no país,
Escola que limpa mouros, esses não entram aqui
Escolas que higienizam ensinando algo que dizem que ninguém mais precisa
(tem a Wikipedia e Doutor Google agora)

Formo uma minoria de elite, branca, especialista em qualquer coisa que sirva no momento.
Conhecimento de tudo para servir de nada
Gratuito? É de graça, com a minha salvaguarda
Educo neutralidade em cada passo que ajudo o pupilo dar.
A lei me garante.
Os decretos também.
Minha imparcialidade se confunde com apatia que é só um reflexo do meu comodismo.
E ainda assim, continuo.

Desde Alexandria.
Desde a primeira dinastia.
Desde a primeira vez em que a escrita esteve presente na sua vida.
Continuo.

Sabe por que não faço mais que deveria?
Por que alguém vai fazer por mim,
Essa molecada com as fuças grudadas em tecnologia.
Esse é o desejo deles, não meu.
E eu continuo.

A quem sirvo não é pra todo mundo,
Não é pra ser,
Que meus teóricos preconceituosos, sexistas, machistas,
Crias de um sistema de manutenção permanente do patriarcado,
Estejam mais certos que qualquer outro de outra área.
Perpetuo os manuais sem averiguar as pistas
De uma violência muda, surda e cega

Conhecimento é poder.
Informação é a única realidade.
Eu tenho a chave.
E eu continuo.

Mude os termos, as nomenclaturas, as ementas, as leis, os decretos, os códigos, os anseios, os afetos, o chão a lamber, mude, se mude, faça upgrade.
Eu continuo.

Um monumento em homenagem a inércia.
Eu continuo
Te encarando como esfinge, dando a charada e penalizando seu mínimo erro.
Eu continuo
Devorando seu fígado, e você acorrentado
Eu continuo
Sendo a pedra que se precipita no alto do penhasco infinitas vezes
Eu continuo
Um diploma, um canudo, um juramento me habilita
Eu continuo mesmo assim.

Você, você faz reformulações, reedições, renovações.
Como todo organismo deve ser reinventado para se legitimar nessa sociedade desigual.
Eu continuo, não permaneço, óbvio!
Mas aqui, continuo.

Eu continuo! (tá me vendo aqui?)
A profissão que será "extinta" daqui alguns anos
O profissional que "não serve pra nada"
O "trabalhador encostado" que reclama demais
Ninguém pediu sua opinião, eu existo
(você também, caro amigo, você também)
Eu existo desde que homo sapiens começou a fazer conexão com as sinapses do sistema nervoso
Talha, cunha , argila e arconte
Pergaminho, papiro, hierofante
Continuo, tou aqui, tá me vendo?

Tudo na ordem? Tudo no progresso ?
Identidade, CPF, comprovante de residência e 2 contatos por favor?


18 dezembro 2015

dando tchau, tchau, tchau pro estágio

Assim como a musiquinha grudenta da Vovó Mafalda, estou dando tchau para essa biblioteca linda onde me firmei como pessoa biblioteconômica (???). Não, não irei viajar porque isso é coisa de bibliotecárix ryyyyyyycxxxxh e famozxxxxx, então resolvi gravar um vídeo sobre a despedida.

Para aqueles que estão tentando entender o que quero dizer, é porque faz cerca de 2 dias que não durmo direito, logo o discurso tá meio fuén-fuén balão furado: 


Ano que vem estarei em outra escola da Rede Municipal, por mais 6 meses e a notícia não me deixou muito bem durante esses dias. Sim, eu sei, a oportunidade é ótima, novos ares, coisas novas, mas mesmo assim eu e mudanças? Não nos adaptamos bem de cara.

Agradecendo à escola que me acolheu tão lindamente desde o começo, por entenderem que dar voz aos alunos é bem mais importante que seguir o status quo, que tudo se resolve no diálogo, que as peculiaridades são preciosidades e que colocar um violão com cordas na hora do recreio faz milagres com alunos bagunceiros. 

No resumão? Sei lá o que tou sentindo, mas aqui vai ser o meu marco inicial de toda a bagagem que vou levar pro resto da minha vida nessa carreira.

Há o problema do workaholismo também. Fiquei parada por muito tempo no começo do ano por conta da perna, meu ritmo de trabalhar foi quebrado justamente quando tava começando a produzir bem e aí houve o trem da dedetização que parou por quase 2 semanas e bem... Eis o motivo de não conseguir dormir direito!

Final do ano sei que estarei uma pilha básica de produção e vou ter que direcionar pra algum lugar - e não vai ser para o acadêmico pelo jeito.