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31 março 2019

Aquela duvidazinha que aperta

Acho que a primeira vez que desconfiei que talvez o mundo em que vivemos poderia ser uma paródia bem tosca de um simulacro mal feito de deuses cansados foi ao fazer uma redação sobre meu melhor amigo.

Eis a questão para crianças introvertidas: a gente não costuma ter tantos amiguinhos, mas a gente observa bastante as pessoas sendo felizes tendo amigos.
Não é uma necessidade crucial de convivência social, não vou morrer de tristeza se não tiver a presença de miguxes por perto ou diariamente - ffs não sou um bloco de gelo, apenas tenho aquele trem de precisar de espaço pra recarregar as baterias por conta das interações - também até agora não arranquei meus olhos fora por não ter alguém pra dividir a cama e as contas, afinal de contas, gosto mais da minha solidão do que a ansiedade, apreensão e embaraçamento de estar na presença de pessoas.

E na redação escrevi sobre uma amiga imaginária que sempre esteve comigo até me convencerem que amigos imaginários são fases da infância pra se acostumar com a vida cruel e chata. Mas escrevi sobre ela e lembro de terminar de escrever uns dois parágrafos - minha letra horrenda era grande naquela época, então ocupou a folha inteira - e me perguntar: "Será que os outros vão entender o que tou tentando escrever aqui?"

Então escrevi sobre meu cachorro (que era companheiro de brincadeiras e a amiga imaginária também era chegada nele) e pronto, passável.

Não lembro de admoestação nisso, lembro de me preocupar se escrever sobre alguém que supostamente não existe, mas que volta e meia me ajudava nas brincadeiras e nos estudos e no entender o mundo ao meu redor (era confuso pra cacete gente, sério! Cês já fizeram esse rememoramento de como as coisas na infância, apesar de simples, os adultos babacas complicavam com trocentas regras impossíveis?!).

A amiga imaginária saiu da "materialidade" que uma mente fértil infantil pode formar - era uma moça bem bonita, aliás, às vezes reconheço a voz dela em lugares e sempre quando decido seguir o que chamam de "instintos" ou "intuição", acaba sendo batata - ou tá corretíssimo ou vai dar muito pano pra manga - e habita minha cabecinha de melão cheia de ideias despirocadas, porque eu não deixei aquela redação matar a minha criatividade. Ou qualquer outra manifestação autoritária de estrangulamento de criatividade.

Mas fazer esse esforço de esquecer que essa ideia que era externa - pergunte a qualquer criança que tem amigo imaginário, a persona "existe" em algum level de materialidade, nos sentidos principalmente, eu costumava sentir cheiro de perfume gostoso quando a amiga aparecia, ouvia pouco da voz, mas o segurar minha mão quando ficava escuro no quintal dos fundos ou de ficar do lado da cama contando alguma história que dava pra gente brincar no dia seguinte (eu já havia sido introduzida aos blocos de montar, storytelling veio cedo aqui e culpo a uma fonte externa. Eu era uma criança essencialmente sem graça e não muito empolgada com pessoas) - foi a primeira impressão que "Yep, esse é o mundo que todo mundo parece ver, então é isso que vou ter que aturar? Desafio aceito, né?"

Minhas aspirações de botar fogo no putero eram altas naquela época.
E quando digo isso era de se subverter da ordem geral.
O desconforto tava ali de não encontrar lógica em algo padrão como "meninas jogam vôlei, meninos futebol e usam a quadra maior".

Não é algo pra uma criança de 8 anos já sair no bate-boca com professores do primário.
Ou de falar demais dentro da sala, não com coleguinhas, mas de perguntas e mais perguntas, de me botarem na diretoria, por causa disso, por fazerem o ERRO CRUCIAL de me mandarem dar uma voltinha na biblioteca. Essa Realidade Estática sempre me deixou intrigada com as conformidades, não as deformidades. O padrão me é enjoativo, mas passável (Assim como minha existência até agora). Mas viver de padrão pode prejudicar sua criatividade.

Cair na Biblioteconomia não foi milagre ou decisão acertada, foi como um destino emaranhado de fios de diversas cores e grossuras fossem sendo costurados lá pelas fiandeiras, até uma catar o olho da outra irmã e apontar praquela manhã de pseudo-castigo na biblioteca fosse o fator decisivo de uma vida inteira de:
1 - esconder as minhas perguntas dos outros e fazer o trabalho sujo eu mesma (descubro sozinha blergh!)
2 - encontrar a profissão que amo de paixão e ninguém vai me convencer o contrário disso
3 - saber o que raios tou fazendo nesse plano de existência e o que posso fazer pra suportar um tempinho aqui sem causar tanta destruição contra mim mesma

Porque a destruição tá bem perto, sabe?
O Caos reina em uma mente que não sossega 24/7, nem quando medicada, ou exausta, ou enquanto dormindo.
Isso irrita.
Porque voltar ao estado normal das coisas não existe desde meus 7 anos (a memória de funcionamento do meu processo de entender o mundo é nessa idade, antes são borrões, flashes e um medo insano de me aproximar de pessoas). Tentar me adequar também é um problema, sempre dá erro 404.

Voltar a caixinha não rola, porque essa caixinha não foi uma opção que pude escolher, de entrar e ser domesticada ali dentro. Em outras caixas mais apertadas e blindadas sim, nessa da padronização não.

A criatividade, que insisto que veio de parte externa do sistema - afinal ter lembranças de uma amiga imaginária continua sendo meu atestado de quase insanidade - continua povoar a cuca aqui. Nunca me atrapalhou em cumprir meus compromissos,mas às vezes me fez apressar passos daquela precaução que a criança introvertida assustada com pessoas já planejava antes de ter tino que se proteger é bom, mas se blindar é algo péssimo.

E hoje vendo duas crianças no ponto de ônibus, cada uma dançando uma música que não existia materialmente, me fez pensar no que o mundo considera como sanidade e loucura. Esses pequenos vislumbres de criatividade espontânea das crianças estão em todos os lugares e até quando elas estão se esforçando pra forçar uma passabilidade de "Hey adulto babaca, sou normal tá. Aqui meu atestado de eficiência no status quo. Continua sua vida".

Na Educação é onde vejo mais esses focos de criatividade acontecerem com mais frequência - tanto pro bem quanto pro mal - e que infelizmente a própria Educação com "e" maiúsculo sufoca e esquarteja.

Não há um dia em que eu não acorde com uma ideia nova na cabeça, que mesmo que impraticável (maioria), vai me puxar pra outros cantos, não tem uma noite que não boto a cabeça no travesseiro e não esteja pensando em algo, possível, palpável, durável ou completamente platônico. Não há algum momento durante o dia em que não passe sem viajar na maionese com algum tópico.

Porque eu alimento a criatividade com o pouco que dá em dias como esse.

Duas crianças dançando desajeitadamente em um terminal de ônibus lotado de pessoas em uma massa amorfa de corpos, em um ritmo que não existe pra gente ouvir aqui fora (será que era o Ranganathanga?!) já me fez correr pra esse bloco de notas e escrever um pedaço de conto. Tem pessoas que gostam de contar, outras de narrar, outras de escrever. Fico com a tarefa de escriba mesmo, escrevendo pra não esquecer, rememorando com o que é possível recuperar nesse músculo falho nosso chamado cérebro.

Mas entre amigas imaginárias, despertares de novas percepções, convivências com um cérebro barulhento e insuportável em algumas situações (vai lá fazer prova de processo seletivo com uma música nada a ver tocando no looping dentro da cuca e ser obrigada a pegar um rascunho, escrever a powha da letra pra ver se o treco é expelido pra poder se concentrar), todo mundo tem o potencial de não esquecer aquela criança de antes, a de ideias lokaças e jeitos mirabolantes de se ver o mundo chato.

Até lá, conservando a sanidade aos pouquinhos.

14 setembro 2018

Updates do experimento de manspreading

Novidades, com essas duas semanas de intensa percepção e contato com manspreading - bem são 30 anos nessa, mas tou fazendo um esforço de olhar pra essas pobres criaturas com um olhar científico já que não inventaram o chá de simancol pros marmanjos - tenho alguns resultados nada surpreendentes.

O Buzzfeed UK fez um vídeo sobre 1 semana de 3 mulheres praticando tal afrontosa forma de sentar.



Vamos as contas, né? 
Pego 6 ônibus por 4 dias da semana. 
3 para ir, 3 para voltar. 
Isso dá 24 viagens em 1 semana normal. 
Como estou percebendo nesse fenômeno há cerca de 2 semanas, fica 48 viagens. 
Mais 2 sábados que necessitei sair para um destino que eu precisava pegar apenas 2 ônibus, logo 4 viagens para cada sábado. Coloca mais 8 viagens aí. 

No total tá 56 viagens de busão e 56 oportunidades de verificar o manspreading acontecendo. 

Meu local de sentar é sempre no banco final, do lado esquerdo - oposto a porta traseira - ou no banco do meio quando tenho muita coisa na mochila, pois dá pra deixar a mochila no chão, debaixo das pernas e xuxada debaixo do banco pra não atrapalhar ninguém. 

Cerca de 3 ou 4 vezes não tinha lugar atrás e peguei os bancos da esquerda, sempre janela, nunca me aproximando do meio do carro. Com essa metodologia que sempre segui, percebi alguns fatos:

(Debaixo do link, mais constatações)

20 julho 2018

breve hiatus fúngico de trato respiratório


Tou tomando fungos.
Amoxicilina.
Que é penicilina.
Que é um fungo.
Tudo explicado pros sonhos estranhos e com detalhes.
Nada a declarar, nem anoto mais, porque nem vale a pena ser registrado.
(Bitter bitch? uia)
Aquele sistema respiratório que pedi ao Papai Noel aos 17 parece que não rola mais...



E a Blizzard atualizou pro Battle for Azeroth.
(Yeaaaaaah)


E aí deixou todos os jogos free.
(Yeaaaaaaaaaaaaaah)


E mudou o patch de atualização para sistemas 64 bits.
(Noooooooooooooooooooooooooooooouz)

O que quer dizer apenas uma coisa na atual situação: não vou trocar de PC.

Não tenho nem dinheiro pra me manter lúcida com os remédios.
(Bless Karolentesposa das leguminosas)


E é provável que minha vida esteja uma bagunça e não faça ideia ainda do quanto.

AH DOTÔRA RU NOVA TREZE MEODEOZO!!


E Gezuis Ruiva. Gradecide pela graça atendida: High as Hope é maravilhenho.

Esses são os altos e baixos desse breve hiatus, espero que todos estejam bem, ando lendo muito sobre neurociência e alucinações, logo sem novidades. O quê? Brasil perdeu o Hexa? Nossa... Quando é que voltam as aulas hein?

09 outubro 2017

Do nada aparece uma bolsista de licenciatura para ser atendida no lab onde estagio. Na blusa a seguinte frase: "Tô te explicando pra ti confundir"


Sim.
Do véi cearense trollador - troll com trovador - que me fez mudar de opinião na segunda fase ao ver o show ao vivo dele.

Tô.

Agradeci a guria aos montes.
Eu havia esquecido que meu grande plano maléfico é virar docente e me vingar de todos.
Oooooops virar docente pra explicar.
E confundir explicando.
Ou explicar confundindo.

É esse trem aí.
Tô.

Tô putiade com um tanto de troço.
Tô revoltz com uma série de absurdos.
Tô duvidando das minhas escolhas.
Tô deixando uma parte de mim ir pro limbo cósmico, because the tranco tá difícil guentar.

Já sei que ano que vem vou ter que desistir de um bocado de coisa, inclusive desse pulso de raiva que mapeia algumas decisões quando o levante é sobre estudantes e formação acadêmica.

Aí eu tô.

É tão bonito ver alguém que cê passou um tempo ou dividiu a sala ou conversas se dar bem e estar bem e sorridente e encontrou o caminho que queria, aquele sentido besta de pertencimento. Está acontecendo isso demais ultimamente. Colegas de turma, trabalho e amigos estão vislumbrando seus caminhos e fazendo o melhor que dá pra se manterem no foco. Às vezes eu tô.

Essa música, essa bendita música me faz ter certeza do é, não do ser. Quanto mais me lembro do que raios aconteceu com a menina Morgan (não mais) do começo de 2013 pra cá, consigo diagnosticar onde exatamente o meu foco tem sido desde então.

E caraca véi, tem sido a melhor sensação do mundo.

Porque as decepções são/fazem parte desse caminho, mas elas me deixam putiade por no máximo dois dias, já o Amor pela Biblio? Esse nunca sai de moda.

Ouvi de alguém muito zeloso que todos nós devemos ter canos de escape para outros prazeres na vida e por mais que eu tente, a profissão me rege a entender um mundo deteriorado por falta de abrirmos os olhos e a vermos nova perspectiva.

Talvez esteja na hora de achar os canos de escape.
(Esse blog já está sendo um faz um bom tempão)

04 agosto 2017

As mesmas razões


Há coisas que me pergunto volta e meia, como saber se o mesmo motivo de alguém entornar uma garrafa de vodka barata ao meio dia no meio da semana é o mesmo que sufocar todas as emoções em ser um autômato em uma sociedade que não vai te aceitar mais. 

O bêbado do Pequeno Príncipe sabia o que tava falando

Talvez seja pra comemorar, talvez seja pra esquecer , talvez pra se esquentar, mas era meia garrafa de vodka barata ao meio dia de uma segunda-feira. Então, moradores de rua, ou pessoas em situação de rua.


Sempre lembro dessa velhinha andarilha errante que apareceu no albergue do vilarejo-brejeiro um dia, ela com mais de 70 anos, eu só com 19 e a pergunta: "Por que saiu de casa?

Porque ela não aguentava mais viver encarcerada em casa, servindo de empregada pros filhos desempregados, foi viúva cedo, morava lá pra cima. Norte de Minas? Não, nordeste, norte de lá. Veio andando, porque gostava de andar. Explicação simples.

Me foi permitido apertar a mão ossuda dela, desejar boa estadia na casa de passagem, ela foi ver o terço na TV católica local. Eu voltei pra casa me perguntando o que fazia uma senhora daquela idade andar sozinha por tanto tempo sem parecer que sofrera tanto. Por que alguém faria isso?! Minha mãe deu a notícia que o as depois ela aceitara a passagem de volta pra casa. Ninguém viu se pegou mesmo o ônibus ou chegou lá mesmo. Uma página virada, outro número no estatístico. 

11 anos depois de sentar ao lado da velhinha pra almoçar no albergue onde minha mãe trabalhava, noto que eles se amontoam  ao redor de prédios públicos como Assembleia Legislativa, monumentos históricos. Por que alie não em outros lugares? 

(FYI já ouvi de um morador de rua lendário da cidade onde morava que engravatado sente culpa e dá dinheiro pro café. Ele particularmente só pedia pingado e um pãozinho mole pra comer debaixo da ponte onde morava e não queria sair de jeito algum)

Não há crianças de rua no trajeto onde passo com a concentração de sem teto. Há poucas mulheres. Na Praça XV eles passam o dia, a noite é nas marquises do prédio fodão da Previdência Social. Há pedintes nas escadarias da Catedral? No que consigo perceber, não. 

Mochilas abarrotadas de coisas e utensílios, vejo graduandos caminhando pelo campus, alguns moradores de rua declarados, outros fazendo couch surfing pra garantir um lugar seguro pra dormir. Muitos são de fora da capital, interior, passaram no vestibular com a ideia de que ir pra capital iria tudo ser mais tranquilo. O custo de vida é alto, a cobrança social é alta, a repressão policial é tensa, o olhar de asco do Outro é perfurante. Viver nas ruas porque não tem condições de se manter conforme a sociedade diz que é o mais adequado. Viver nas ruas porque não aguentava mais seguir conforme a sociedade diz que é o mais adequado. 

Talvez seja por isso que assistir um deles, os invisíveis, botando meia garrafa de vodka barata pra dentro em plena segunda-feira faça sentido nessa lógica de percepção.

02 julho 2017

eu escrevendo textões

https://brdramallama.tumblr.com/post/161873162996/mewhen-im-all-about-library-information-science


Tradução:
"Eu não sei como ficar  emocionalmente neutra quanto estou escrevendo sobre algo que sou apaixonada. Eu tenho paixão, Winn. Um tanto disso."

Assim como a herdeira de Krypton, me acomete de tempos em tempos essa imparcialidade nos julgamentos quando vou escrever algo que está aparelhado ao conjunto coração/alma. Biblioteconomia vai bem nessa estradinha sem retorno.

Aliás, as postagens estão meio raras esses dias, culpem a volta da dor nas costas e o meu cérebro sendo ocupado por trabalhos acadêmicos (que não vou aproveitar tão cedo em qualquer coisa na vida de estagiárie).

08 maio 2017

Descobertas!!

Gente, eu descobri pra que servem engenheiros da produção!!
Alimentar a confusão no meu Plutão em Escorpião!!
Rimou!

(de resto não faço a mínima ideia do que eles fazem da vida.)

26 abril 2017

aprendimento no agradecimento

Uma coisa que aprendi de uns anos pra cá foi de agradecer as pessoas que me deram oportunidade de crescer como ser humano, como profissional, como estudante e tal.

Os altos e baixos que já havia escrito em alguma postagem anterior mostrou isso, ontem eu tava em péssimo estado, hoje trmho mais lucidez graças a algumas pessoinhas que brotaram ontem e foram ao meu encontro.

Uma delas faz aniversário hoje e com o pouco tempo de convívio já me mostrou que muita coisa da vida se conquista com insistência e sensibilidade com o próximo. Ela é um dos exemplos mais admiráveis de vivência na carreira onde tou me enfiando e isso significa muito pra mim.

Agradecer faz bem, sabe?
Ter essa gratidão por quem te apoia, tem um carinho especial e te deixa feliz por saber que essa pessoa existe no mundo.

É meio isso.

Escrevi pra não perder esse fio da meada dentro do ônibus e não conseguir resgatar o feeling do dia de hoje.

11 agosto 2016

le mimimi necessário miguxis

Algum gatilho deve ter sido puxado, não estou conseguindo identificar onde, mas já sei o porquê.

Tou cansada de ver omissão, falta de compromisso e batalha de egos. Eu não nasci pra essas porcaria não.

Ao invés de fazer algo pra mudar o curso das coisas, tou presenciando muito comodismo, muita briga de parquinho e muito "não mexe no meu status que haverá consequências". Isso me cansa de uma maneira tão grande que letargia é o estado atual. Ficar surda e distraída faz parte, manter a paciência no level considerável e forçar a barra pra me sentir mais útil nos lugares onde estou inserida é o processo diário.

Entre dividir a sala com gente que me é cara e mesmo assim ganhar um olhar indiferente ou cobrança, prefiro me fingir de véia doida, ficar no meu cantinho e fazer o meu trabalho. Não tenho mais paciência pra uma porção de coisa: tentar me colocar no lugar do outro já tá me irritando duma maneira que achei que não era possível.

E o bode amarrado, bem ele tá ali cantarolando enquanto bale bem faceiro. Nesse duelo deixei ele ganhar, mas a batalha começou há uns dias atrás com um simples telefonema.

Então se eu for rude, chatonildx, apáticx, sem noção ou demonstrar sarcasmo além do limite permitido, não venha me dar sermão, fazer reza braba ou querer que eu me explique, vai catar coquinho na entrada do barqueiro e deita no mármore branco do Hades. Poderia ser bem pior, poderia ser chão de brita.

Mais uma vez a Biblioteconomia meio que resgata minha vida de escriba, creio que o semestre vai render pra resolver a vida profissionalmente, mas tá difícil ver além de um palmo a frente quando seus colegas, professores, bibliotecárixs que conheço estão numa sucessão de mancadas federais. Brigar por um curso/carreira e suas melhorias é ótimo, mas topar com gente que só pensa em atrasar o processo por razões estúpidas? Dá vontade de dar uns chacoalhões nas criaturas.

Essa coisa toda junta e a única frase que está presa agora é: "Você não está sendo muito útil, vai sumir que é o melhor que você faz".

Autossabotagem: a gente vê por aqui.

Ps: eu precisava de uns abraços e momentos em silêncio pra me sentir mais segura e confiante, mas tá tenso. Deve ser a porcaria de idade... Tem que ser.


30 julho 2016

literal faz bem


Eu gosto de pessoas que falam tudo logo na cara. Mesmo verdade ou não, explosão de humor ou não.
Elas me fazem ter decisões rápidas se estou desperdiçando meu tempo com elas ou não.

Por favor, pessoas, sejam um pouco mais literais. Facilita um bocado a comunicação com tapadxs como eu.



12 maio 2016

esquecer/rememorar

Já avisando que essa postagem vai ser bem intimista, criptografada e provavelmente só para eu lembrar  (o tópico abordado) do que eu preciso realmente esquecer.

Ou o que já foi esquecido, tá muito nas gray areas que não consigo muito identificar de onde vai e para onde vai. O cerne todo tá na porcaria daquela memória de longo prazo, que transformou pequenos detalhes vivenciados em um turbilhão de coisas que chamam de lembranças.

Às vezes eu odeio ter que lembrar delas.
Mas paciência, não é como se eu pudesse dar um reset no cartucho, assoprar a placa interna e achar que tudo vai melhorar. Porque talvez melhorou, só não tou conseguindo me lembrar de esquecer. E é exatamente isso que tá doendo.

17 fevereiro 2016

[interlúdio] "cheguemo"

Créditos: ZaidoIgres
O agradecimento especial de hoje vai para essa senhorinha ao meu lado na viagem de volta do estágio para casa, em um calor infernal básico de verão florianopolitano, busão lotado, gente falando à beça e um turbilhão de coisas fervendo na minha cabeça desde cedo.

Já havia percebido nela dentro do terminal, quando ela entrou com algumas sacolas, um exame de raio-x (dava para ver a "chapa"), um sorvete colorido de casquinha segurado em uma mão de um braço imobilizado por taça de gesso. Ela parecia estar satisfeita com a vida, perdidinha em seu mundinho de sacolas ao sentar, pedir desculpas quando uma dessas bateu no meu joelho e ir sorvendo o sorvete com uma vontade linda de se ver. Ao que vi - e pelos grunhidos que ouvi durante a viagem - o tréco era no pulso, ela evitava de fazer muitos movimentos com a mão diretamente, mas o cotovelo direito estava a me acertar às vezes em uma virada mais acentuada no trajeto.

Assim como eu, ela caiu num sono ferrado após uns 10 minutos de viagem, sorvete já devorado, sacolas bem presas no chão entre as pernas, óculos de armação grossa pendendo no nariz e um leve ressonar de quem está cansadinha, mas precisa de um cochilo.

Das duas vezes que acordei durante a viagem para ver onde estava, a olhei. Olhei para o braço maculado, olhei para a janela e vi a paisagem, mas na verdade eu tava fazendo de tudo pra não ter um ataque escalafobético (Que me acomete sempre em lugares inapropriados para choradeira excessiva e vontade de simplesmente desistir de tudo) motivado por um iníciozinho de depressão já prevista. Enquanto a porrada me vem aos poucos - leves soquinhos no baço assim que chego em casa - aprecio ter esses momentos estranhos com completos estranhos.

A segunda vez que acordei - e sempre é o timing pra estar perto do terminal final do busão - olhei para os lados, a vi ainda no sono, cutuquei-a de leve, informei que havíamos chegado no terminal, não costumo esperar resposta. Os sonolentos de ônibus são meus favoritos, pois eles têm essa doçura de acordar sem espernear e da um leve sorriso - não sei de embaraço ou de agradecimento.
(BTW, sempre faça isso quando ver alguém dormindo ainda dentro do ônibus. Não deixe o cobrador fazer isso quando estiver revistando os bancos e perceber na única pessoa que ficou para trás. Seja gentil e acorde uma pessoa no busão, ela vai te agradecer muito depois.)

Ela apenas sorriu, do mesmo jeito que todo mundo, eu de fone de ouvido continuei, o costumeiro é não receber respostas. Mas aí ela me fala um: "Cheguemo", recolheu as sacolas do chão com o braço bom e levantou devagar para pegar a fila que estava na porta detrás. O meu mundinho - que não estava muito bem e já desabando por inúmeros motivos estúpidos - parou ao ouvir o singelo "cheguemo". Foi como ouvir algo mais, sei lá, mas o "cheguemo" fez diferença.

Então, você, velhinha que sentou ao meu lado no busão, o teu "cheguemo" me fez aguentar mais 40 minutos com outro busão e chegar em casa e chorar tudo que tinha que chorar de forma honrosa e silenciosa. Obrigada.

04 fevereiro 2016

FYI

I still miss you dearly every fucking day and I kind hate to feel it when my heart just sinks into my belly of thinking of you. I still miss you even of all these years
posted from Bloggeroid

31 janeiro 2016

quede a paciência com matéria prima do chocolate?

Certa vez já me falaram que quem questiona demais a vida morre mais cedo - a preocupação, o estresse, a frustração, a infinitude de mais perguntas a serem feitas, o medo de não ser compreendido no processo, a rejeição - e quando se é mulher essa premissa já é de berço com aquela pitadinha gostosa de "meninas não podem fazer tantas perguntas porque não é educado."

O nosso sistema de ensino é virado para isso de certa forma, normatizando o que aprendemos nas escolas e quais perguntas devem ser feitas. Devido a isso, meu destino parece ser fadado a famosa música do The Who em que prefiro morrer antes de ficar véia, irei continuar a questionar tudo que acontece na minha vida de escriba.

O comichão científico veio com tudo essa semana com a seguinte coluna de famoso comentarista florianopolitano que tem a chata mania de dar pitaco em assuntos sem necessariamente pesquisar mais a fundo. E assuntos polêmicos é com ele mesmo! A quantidade de pessoas que relevam a o opinião do dito jornalista é admirável, mas assim como qualquer pessoa que mantém um nível alto de glamour no ambiente, ele acaba delirando às vezes.

Não que ele seja um Changeling, mas se fosse ia trazer um puta dum Choque de Retorno nas minhas fucas.

O jornalista com pseudônimo de matéria-prima de choclate posta esse pequeno texto, enfatizando o desgosto por ver obra tão conhecida e palavras dele "reconhecida como valor de status" direcionada a 20 tomos da Enciclopédia Barsa deixadas em um local de despejo para o descarte para o reciclável.


Gente, não deu.Tive que escrever um comentário enorme naquela coluna do senhor de opiniões deveras sem noção sobre...


Embaixo do link, a resposta TL;DR; algumas considerações e mais implicações sobre o caso.

posted from Bloggeroid


14 janeiro 2016

sonhos estranhos com detalhes - Sandman de recorde

Então.
Sou estagiária vitalícia do Senhor do Sono. Cês já devem saber disso faz tempo - se não, hey! Sim, tenho um contrato permanente com a entidade e dormir facilmente é algo que faz parte da minha vida de escriba - então qual há eventos especiais lá na Morada dele, há sonhos estranhos com detalhes.

Creio que os 6 dias de sonhos envolvendo pessoas que não gostaria de ver deve ser uma demonstração básica do poder chatinho dele de dizer que preciso voltar a lavar a louça ou limpar o lustre antes das raves que ele dá por lá no Sonho. Não que eu seja uma funcionária preguiçosa, até sou dedicada, o problema é que se pudesse eu dormiria o mínimo pedido no curriculo - tipo de 4 ou 5 créditos, sabe? - e ocuparia o resto do meu dia com algo produtivo (Como escrever por exemplo!). Aí ele coloca uma cereja no topo dos sonhos esquisitos com o enredo horroroso relatado abaixo de sua contraparte revisitada nos quadrinhos.

Uma coisa que percebi também: se o sonho é felizinho e cutch-cutch só vou lembrar pedaços, se o sonho é uber-creepy e cheio de bizarrice vou lembrar fielmente cada detalhe. #PowhaMorfeu!

Tudo começa com uma notícia sobre certa emissora de televisão que costuma fazer adaptações épicas de livros bíblicos para novelas com mais de 200 capítulos. Com esse background fantástico da certa emissora de televisão que também é governada por um cara muito esquisito que diz que tem a arca da Aliança de Salomão lá dentro do templo de mais de 680 milhões de reaux, a notícia era que os direitos de adaptação para TV de Sandman eram da certa emissora que não falaremos o nome..

Okay.

Sim, era o Sandman do Gaiman.



Eu, no sonho, fiquei estática, porque ler a notícia pelo celular pode ser um hoax lindo de seguidores de Loki - mas tenho imunidade para spells desse tipo, sorry bros! - então deixei para lá. Deveria ser um simples fato que aconteceu dentro de sonho que eu nem ia prestar atenção depois, SÓ QUE NÃO!

A sequência do sonho foi de como a bendita novela - agora intitulada "Oneiros" - estava sendo televisionada pela certa emissora e como era ruim pra cacete!

Nem eu sei porque estava vendo TV na hora - não era aqui em casa, com certeza - mas só sei que fiz questão de manter meu traseiro grudado na poltrona vendo o diálogo mais tosco possível se desenrolar na telinha. Eu tinha companhia, eram os gatos de um lado me ouvindo ter pseudos-ataques de "WTF ROTEIRISTA?! WTF?!" ou gritando algo aleatório quando via algo realmente absurdo nada a ver com a mitologia grega OU o universo de Sandman. Já a turminha do barulho que estava comigo na poltrona também estava revoltada com a adaptação mal feita. As usual, gente que não lembro ou não vi o rosto, mas revoltados.



O senhor "Oneiros" era o Marcos Palmeira (urrum urrum) com uma maquiagem branca na cara, muito delineador, sombra e talz, os cabelos bagunçados à la Robert Smith, roupa gótica clássica e uma voz de pobre coitado. Era aquela cena inicial clássica do 1º arco em que a maninha Morte vai lá conversar com ele, enquanto estão jogando pãozinho pros pombos e vendo a mulecada jogando bola perto da avenida. A Morte eu não sei quem era, mas estava bem no cosplay (Pena não ser a versão que formei da Muerte no meu subconsciente). O roteiro estava péssimo e não seguia muito bem o que era canon, isso já foi me deu o hint que a zoeira seria épica.

Certo, os pombos, a conversa nada a ver entre os irmãos, o mimimi básico do protagonista (Isso o Palmeiras conseguiu pegar bem) e entãããão a cena do guri indo conversar com a Morte? E depois? Então... "Oneiros" salva o guri... Urrum, o roteirista sem noção dessa adaptação fictícia fez o senhor do Sono virar HERÓI e salvar TODO MUNDO que estava em perigo. Tipo herói em redenção? Com toda a firula de "preciso fazer o bem e ajudar as pessoas" com "Oh como estou sofrendo com essa jornada de herói, porque tenho o peso do mundo nas costas!" - daí pra frente eu já tava grudada em um gato e pedindo pelamooooooooooooooooor pra bendita novela terminar.



Sei que o sonho foi intercalando com os possíveis episódios, muita coisa que não tinha nada a ver com o universo de Sandman tava no meio, muita coisa ficou PG-13 e cenas importantes foram estendidas mais que o necessário. Uma coisa que me deixou particularmente puta foi que cortaram o Coríntio (Pelo jeito, muito hardcore, neaw?) e fizeram o Matthew virar um Diego da vida como o corvo da Malévola. O bicho fazia piadas muito toscas como alívio cômico e os efeitos especiais...? Pois então, virar corvo para homem e vice-versa é uma coisa linda com o baixo orçamento.

Lembro de ter a Biblioteca dos Sonhos - até aí tudo bem, fiquei satisfeita em como haviam retratado essa parte TÃO IMPORTANTE do reino - mas a jornada chata de herói continuava. E véi, de Bowie, sei que terminou um dos capítulos e eu estava com a cara enterrada nas mãos, back and forth, exclamando: "Nooooooooouz nouz nope nope nope!"



E foi assim que o sonho estranho com detalhes continuou, porque patrão não é nada piedoso e me fez rever todos os conceitos que tenho dos quadrinhos do Gaiman após me fazer revisitar a história dessa forma. Assim, não, sabe? Apenas não. Tem um limite pra tudo e adaptar esse trem pra novela brasileira não dá certo, tá? Esquece esse memorando de sonho bem, mas bem escondido lá na biblioteca dos Sonhos.

E que jamais saia de lá!

17 outubro 2015

astronautas, tubaínas, compre uma biz, feijões gritantes e felinos marotos

Esse post é para ser bem prolixo e disléxico.
Não, não estou sob efeito de nenhum medicamento e muito menos etílico no sistema sanguíneo. É a vontade de Loki permanecendo no recinto, só isso.

Caturday é sempre um momento especial na minha semana devido ao descansamento já dado ao corpo e mente. Como sempre serei acordada antes das 6h para alimentar as criaturinhas de quem sou minion e fazer o favor de colocar o Zé para tomar soro.



Quem sou eu para desviar da rotina?

Então após uma manhã turbulenta, com trocentas coisas para se resolver e vontade alguma, divirto-me no site da NASA com a biografia de trocentos astronautas e cosmonautas que já passearam por esse mundão aí afora da estratosfera. Neil Armstrong é meu clichê favorito, pois foi a primeira foto que lembro de ver de um astronauta. Nem era dele pisando na lua ou hasteando a bandeira americana, era aquela foto clássica de uniforme de astronauta, capacete debaixo do braço, cabelo arrumadinho e sorrisão pra câmera.

Tenho um livro aqui embaixo do monitor que tem uma parte dedicada a conquista da lua e sobre os astronautas da Apolo 11. O que me leva ao meu sonho de criança de ser uma astronauta e que nunca vai acontecer mesmo, porque é preferível eu ficar navegando nas bibliotecas ajudando o povo de Humanas a fazer miçanga e vender a Arte na praia.

A gente escolhe o Destino que percorre, não ele.



Nesse meio tempo o felino adoentado Zé Walter vai tomar a 2ª dosagem de antibiótico e aí tudo bem. O negócio é que ele agora está muito quietinho, na dele, sem extravasar muito e no máximo dá uns giros com a Bete e vai deitar. O clima também não está ajudando, todos os dias com 17º graux na fuça não é mole não. A Bete Vanessão é espoleta, adora escalar em lugares que não se deve escalar e preferencialmente na minha perna quando estou para sair. Não quero nem ver quando crescer e continuar a fazer isso.

Quando eu disquei o telefone do Veterinário deu a melodia exata de uma música clássica que não lembro de quem é, mas que todo mundo sabe do que estou falando...
*essa sou eu assoviando a melodia*

Achei isso MARA!

Ter 2 felinos em casa equilibrou um bocado da tensão que estava pairando aqui. Apesar de eu me preocupar muito com os dois quando estou fora, tenho aquela impressão que os dois estão se gostando muito e se divertindo um ao outro. Ainda observando o comportamento do mais velho, little Walter me assustou com a infecção respiratória - nunca mais deixo ele ir naquela varanda até esse clima medonho ir embora, credo!

Com tudo em riba, consigo descolar uma Tubaína Retrô no Angeloni e de quebra o R$1,99 onde compro guloseimas e tranqueiras toca Gretchen, Raul Seixas e Wanderléia. Nostalgia trash anos 80 puro. A gente dá "Amém" pra Loki e pede pra Nimb rolar bons dados, não é todo dia que coisas nonsense e aleatórias de alinhamento bondoso e leal acontecem na nossa vida.

Consigo mais alguns itens para abastecer a geladeira vazia, passo o dia todo planejando a semana depois da semana que vem, sorrio bobamente para a entrada da praia, daqui algum tempo vou precisar voltar a sentir as ondas nos meus pés. Volto pra casa, entulhada de coisas na mochila, sacolas nas mãos, encontro gente do prédio, conversinha mole sobre trânsito, síndico p** no c* que é um passivo-agressivo do c****** tenta ser amigável, vizinha me solta uma:

"Bem que você poderia fazer aula de direção e pegar uma Biz..." - o que consequentemente emenda com outra opinião:
"Cê é nova ainda, vai de moto que não perde tanto tempo no trânsito daqui."

Aí eu lembro as criaturas envolvidas no papo que o mês que fiquei trancada em casa em maio era por conta de um idiota que resolveu tirar carteira e pegou uma Biz e eu acabei parando com ele na BR estrada. Silêncio total. As pessoas às vezes não tem noção do que falam e isso para mim é espetacular. O meu inner-Bowie reagiu do seguinte modo:

Véi de Bowie... Cê tá de brinks, am I rite?

O dia não precisa ir pro ralo com esse tipo de comentário na minha vida, então vou procurar segurança em meu lar, querido pequeno lar e encontro a chuchuzinha Bete escalando a estante de livros e mastigando meus fones de ouvido. Ao que parece ela não se contentou em saber que dentro não havia recheio e foi para o fio do abajur. Resultado: felina marota retirada do local e fios escondidos. Fones de ouvido pro lixo, óbeveeeeeeo.

Hoje vai ter versão amadora de red beans and rice de Nova Orleans no cardápio da semana (é literalmente a nossa feijoada, só que lotada de pimenta, só que eu não sou louca e fiz a versão mais levinha com couve refogado, feijão, calabresa, carne cozinha em tirinhas e muita páprica. Provavelmente vai ficar gostoso amanhã) e esse site é a tradução de muito de meus pensamentos de hoje.

(Pode clicar é legalzinho, tem feijões...)

30 julho 2015

A inexorável, inoxidável Lady Murphy

O legal de não vir equipada com aquele negócio que chamam de "intuição feminina" - algo que me é altamente interessante, mas pelo jeito devo ter pulado a fila da distribuição antes de vir pra cá (Provavelmente peguei o "pacote pragmatismo" nessa) - é que existe uma Lady que ajuda a gente perceber o quanto o dia vai ser desastroso.


Tão graciosa que ninguém resiste!
Adorável senhora folgada que tem peculiaridades e trejitos exóticos para se aprochegar das pessoas. Quando vejo que as chances de algo dar errado estão acima do normal para os padrões da senhora chiar, respiro fundo, firmo os pés no chão e yep, vai dar merda.

Ela pode vir como uma dama insolente, desregrada, rebelde e irresistível, sentando em nossos colos, tomando conta de nosso espaço pessoal e suspirando as mais obcenas verdades óbvias que fariam o Capitão Óbvio sentir inveja. Ela te dá uma certa euforia em viver: "Oh ohohohoho contrariar as leis pré-existentes! Vamos lá!", aquele espírito aventureiro de fazer traquinagem já sabendo que será descoberto cedo ou tarde, aquela ponte imaginária ligando a sua medida com a hýbris ao redor, até algo deliciosamente errado, bem, dar errado. Essa face perigosa da dama me faz ter alguns espasmos de lucidez amarga, mas a aceito gentilmente ao meu favor. Nimb sabe os dados que me lança, Loki me abençoa todos os dias, pra quê ter medo do Caos então?
(Feck deez sheep, feck dah puliça, gimme sum shenanigans!!)

Já quando ela se mostra como a velhinha frágil, de chapéu de aba mole, cenho cabisbaixo e rugoso, falando arrastado e mostrando como o nosso papel do Universo é apenas um capricho das leis infindáveis da Física, aí sim me preocupo. Lady velhaca gosta de relembrar isso quando passa, tocando nossos calcanhares com a bengala de madeira maciça e lustrada, um pretexto para que nós prestemos atenção no que ela avisa. Se nada disso adiantar, ela não será como a sua contraparte sedutora, não há espaço para aventuras aqui, ela simplesmente irá meter a bengala na nossa cuca e gritar algo inteligível como: "NÃO FALEI?! TE DIIIIIISSE!!"

Eu gosto de coincidências, gosto de analisá-las bem, só não gosto quando elas aparecem demais já dando aviso prévio que vai dar merda. E acreditem, sempre dá merda. e quando a constante é de vai dar merda nas situações equiparadas em um dia só, é melhor ouvir a velha e não a nova.
(Tudo bem, tudo bem que ela é quentinha quando fica em nosso colo, tão esparramada em todo seu esplendor que é difícil recusar um afago, uma troca de palavras dóceis, e por aí vai...)

Véinha não é mole não...
Se o dia começou estranho com coincidências demais, é melhor já pegar um escudo com bônus em aleatoriedades e randomices, armar a fronte em formação tartaruga e esperar sentada. Nunca se sabe de onde o golpe vai vir.

Este lindo dia foi assim, cercado de detalhezinhos bizonhos pipocando a cada clique ou a cada palavra falada/escrita, cada fluxo de pensamento que me arrastava e culminando com um cochilo às avessas recheado de sonhos esquisitos com gente que não preciso nem mencionar pro meu subconsciente que tem que ficar LONGE dos meus sonhos. Aliás, isso me faz crer que preciso retirar o que disse anteriormente sobre meus sonhos: não os levo à sério, apenas sinto a vontade singular de ruminá-los para fazer o melhor de mim para lembrar do porque querer acordar todos os dias, levantar, tomar café e fazer minhas coisas. E hey, processo de update no software da memória curta para longo prazo? Sim, preciso deles. Não tenho um sótão/quartinho com paredes elásticas aqui em cima na cachola!

"Dreams, inconsistent angel things..."¹ - e eu parei de acreditar neles faz um tempo.
Prefiro fadas.
Ou leprechauns.
Changelings seriam awesome.

Mas a Lady é uma constante universal, assim como as leis da física, não há nada que se possa fazer para evitar sua presença, suas predições e seu empenho em realizar todo um empreendimento já pré-datado que nós, meros mortais, não poderíamos entender em sua totalidade.

E com a lua cheia reinando lá em cima - e um Vênus retrógrado² que me fez rir até chorar ao pesquisar sobre - deixo esse breve recado aos incautos exploradores dessa Realidade Estática: Se a dama sentar no colo, entre no clima, converse com ela, agrade. Ela pode ir com a sua cara. Se a véia aparecer com a bengala: escute, não custa nada (E não terás sua cuca rachada com a pancada, hey isso rimou!).

Obrigada Lady Murphy³, desprovida de "intintos" ou "intuição", respeito vossa sabedoria bem mais que de muita gente por aí.

===xxx===
¹ essa música se chama "We Have Forgotten" e é da banda texana Sixpence None the Richer, vai ouvir!
² que venham as taxações mínimas, sou uma virginiana supersticiosa!
³ e cacetada, mas não sabia que as leis da Robótica entravam na mesma categoria que as de Murphy!

26 julho 2015

a matriarca da família Morgan de aniver

Hoje é aniversário da minha avó Sant'Anna (Yep, tem apóstrofo no nome dela e possivelmente minha obsessão com Anas venham daí), o povo está lá na casinha dela, entulhado na salinha pequena, numa bagunça só que só eles conseguem fazer e após desligar o telefone é que me veio o aperto chato no s2 que sim, mais um ano pra véinha. E ela já suportou muita coisa bizarra desse mundo - muita provação da vida, XP ganho e dragões derrubados - sinceramente eu fico desejando que sejam muitos, muitos anos de vida mesmo e espero que ela esteja bem de saúde, feliz e satisfeita com o que realizou.

Havia escrito um post no dia 13 de março de 2012 (Oh data que me persegue) sobre como havia sido a andança na casa de minha avó paterna pela primeira vez após estar mais mocinha e mais sabida das coisas. O post, seja lá como, se perdeu aqui e no Tumblr, mas pelo menos um pequeno trecho ficou para eu desenvolver nesse.

22 dias no Rio de Janeiro e essa boneca singular que me fez entender metade das perguntas que eu sempre questionava em toda minha vida. O porquê de nunca se sentir aconchegada em um local só, o porquê de estar sempre mudando de casa, de estado, de cidade, o porquê ter uma saudade esquisita por aquilo que jamais existiu, mas o que deveria sentir falta permanecia como uma nostalgia, o porquê de estar sempre agoniada com alguma coisa não explicada, mas que está ali debaixo da sua pele e infestando o seu sangue. O porquê de resolver minha vida em partes desiguais. O porquê de relutar a ir onde eu deveria estar.

Já havia comentado como ela me influenciou demais nessa vida estranha e como certas situações na família me deixam deliberando se não há algo a mais do que apenas ligação hereditária genética e tudo mais (Desconfio que minha avó saiba telepatia e faça uso constante disso). Essa viagem do trecho acima foi como o começo de uma investigação sobre essa família que pouco convivi, mas que conheço mais que a da parte materna. Como sempre: mistérios estão por ali, precisamente escondidos na pequena casinha de minha avó que criou raízes, Ia escrever altas coisas aqui, mas realmente não tá dando, a zézinha aqui tá muito chorona pra poder escrever algo bonito agora.