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23 dezembro 2022

odeio festas de fim de ano

 

Esta é a única música de Natal que escuto sem problemas, e é por causa da Dido.

Eu não me sinto a vontade com festas de final de ano.
Isso é desde criança.
Explicações há várias, inclusive o de ter autismo e hipersensibilidade.
(Debaixo do link, se quiser ler, leia, se não quiser, volte aqui daqui uns meses - eu não escrevo mais tanto assim)

Há também o motivo maior de ter uma família tóxica e disfuncional, praticando a hipocrisia social de forçar as pessoas a adorar uma figura materna que nunca foi tão boa, muito menos generosa para as crias e agregades. As discussões eram eminentes, a sensação de tic-tac de bomba-relógio idem. Ver a minha figura materna se contorcer no canto servindo de cozinheira, faxineira, enfermeira, saco de pancadas para ofensas e abuso psicológico, a provedora toda a sorrisos falsos também me assombra até hoje.

Eu odeio festas familiares.

São anos carregando uma sensação de nojo versus apatia quando essas datas se aproximam, como um tumulto interno de que não vou me livrar das brigas infundadas, das discussões sem lógica alguma, das trocas de ameaças e agressões, até o ponto de na outra semana, a do Ano Novo, todos serem obrigades a estarem "de bem" uns com os outros, porque irá magoar demais a matriarca.

A matriarca que era minha suposta madrinha (mesmo eu não seguindo a religião católica), mas não media esforços para nos humilhar diariamente, ameaçar psicológicamente e nos reter financeiramente todos os anos. Aprendi a desgostar de pessoas muito depressa na vida, a família tóxica foi a responsável por esse desligamento básico de qualquer afeto com parentes.

Ridículo pensar que fazer amigues seria fácil com essa aversão a afetividade.

Festas de Natal me são horrorosas ao ponto de me fazer querer ir na direção contrária, correndo sem parar e não olhar para trás. Logo não sair do quarto, ver filmes de terror, fazer qualquer coisa que não seja relacionado a data, porque ela machuca. Machuca, pois a hipocrisia a gente reconhece de longe, com todo palco da cisgeneridade transfóbica que não compreende que além de mim há milhões de pessoas como eu sendo abusadas e expostas à violência familiar com mais concentração nessas datas.

Os comentários, os julgamentos, as frases passivo-agressivas, as críticas, as imposições, as chantagens, as submissões, a culpa. A eterna culpa de se estar fazendo algo de errado com a família de sangue, mesmo ela te tratando como lixo e chorume. Tudo legitimado com uma bela reunião familiar com mais gentinha que vai repetir o mesmo ódio que destila em outros para você.

E tem gente que se sente pertencente nessas datas.
Caramba, o acolhimento é uma ilusão.

E há vários de nós perambulando no mundo sem a família de sangue, sendo obrigades a trabalhar nossos traseiros para ter sustento em tempos em que não há pausa ou férias para quem não encontra emprego no mercado formal. A pessoa que serve no restaurante/fast-food, que atende no supermercado, telemarketing fazendo a ligação em pleno feriado, a profissional do sexo nas esquinas. Somos nós e precisamos sobreviver a mais um ano de hipocrisia e sustentando um modelo bizarro de "afetividade familiar" beirando ao círculo vicioso manipulativo de gente narcisista.

E quando eles nos jogam fora como lixo, descartam de suas vidas e esquecem que nós existimos, a tendência é piorar o quadro de culpa, afinal, nunca vamos ter respostas para as questões que nos assombram durante os dias e noites, será que é tão errado ser eu mesme? Será que eu for "menos", consigo a validação da família?

Mas o feeling continua fomentando uma gastrite nervosa, como a inadequação, o medo pela eminência de gritos e ameaças, as semanas de fingimento passivo para se mostrar como uma rocha quando éramos cooptados para as festas, a incerteza se iria sobreviver a essas festas sem dar dano ao cérebro.

O meu cérebro tomou dano demais. TEPT complexo é algo assustador de se pesquisar e tá relacionado a traumas repetitivos e de longa duração, então imagine ter o seu interior massacrado por uma sensação de impotência, vontade de sair correndo com medo, ou completamente parade por que não há escapatória?

E esses feriados de final de ano trazem isso tudo como uma avalanche de muita corrosão emocional.

E quando a saúde mental deteriora, há alguns caminhos muito ruins, um deles o meu cenário pior em todas as situações: pirar na frente de quem me quer morte. Isso é dar passaporte para que essas pessoas, esses parentes de sangue, tenham a convicção de que você enlouqueceu de vez e que tem a opção de te internar ou te diminuir até não restar nada.

Eu cansei disso.

Cansei de ser quem queriam que eu fosse, eu apenas desfui. Não mais.

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