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04 outubro 2020

culpe os deuses que é mais fácil


Cenários de Rollecoaster Tycoon costumam perambular em minha cuca quando infelizmente estou muito ruim para ligar para meus pontos de sanidade - que são poucos e perdidos durante alguns anos, aliás. Esse crescente medo de perder a Razão (essa coisa asquerosa que mantenho bem rente ao meu corpo como escudo contra qualquer ameaça de fora) está se extrapolando para o que mais abomino.

Eu não gosto de sentir raiva, não tenho predileção alguma em negociar com esse deus horrendo que devora existências como se estivesse tomando sopinha. Mas a raiva me domina já no começo do dia e vai se desdobrando em outros silêncios propositais. Silêncios que preciso ter para não ter forças e coragem (?!) suficiente para machucar alguém, no sentido nada figurado da palavra. Eu já havia detectado esse pulso de ódio desde um bom tempo na infância e na adolescência, por motivos óbvios de sobrevivência e resposta à hostilidade ao meu redor, mas principalmente tem a ver com a impotência em desenrolar explicações para as idiotices que minha família fazia e não corrigia.

Ser uma criança-adulto parece ser a solução para resolver esses impasses na infância/adolescência né? A gente toma na tarraqueta agora, anos depois de ficar matutando e evitando os mesmos padrões destrutivos, para então perceber que hey você também quer destruir literalmente.

Eu leio uns trem sobre luto, porque perdas é isso aí na vida de um ser humano, saber se recuperar delas que é um segredo que ninguém descobre antes dos 30. E depois dos 30 muito menos. Tenho medo de só saber se chegar aos 40 e ver a quantidade de perdas maior que os ganhos. Ou de não chegar aos 40 para saber, às vezes adoraria manuais de instruções para esse tipo de coisa. Para Raiva e para o Amor, porque nenhum desses dois sentimentos eu consigo lidar sem haver perdas significativas dos pontos que já não tenho - e sanidade é algo que prezo para continuar existindo, pelamooooour.

Autopreservação também é algo que perco com facilidade, por isso tive pesadelos seguidos de estar no Hospital de novo, com a dor que não queria estar, algo faltando dentro do corpo, sentir que estava sangrando sem poder localizar o lugar machucado. Essa powha vai entrando nos poros, sabe? De não conseguir saber o que é real, o que é sonho, porque por cerca de algumas horas (Essa foi a sensação) eu achei realmente que eu estava naquele Hospital de novo, subindo as escadas para não ser examinada e *alguém* atrás de mim querendo explicações que não sei nem porque dar. Eu não tenho resposta alguma para essa pessoa, tenho alguns créditos de perdas e uma sacola de expectativas que está se esvaziando por ter um furinho há anos, eu não enchia essa sacola por saber bem disso (E por ela estar constantemente remendada após as perdas). Acho que a minha sanidade tá também contida nessa sacola furada.

Mas a raiva está reverberando, em sonho, aqui em IRL, de não saber lidar com essa incompetência emocional que demonstro toda vez que é um sentimento que não sei lidar, mas por alguma insistência divina (Culpo os deuses que é mais fácil) preciso sentir até ele se desgastar. Ou ir para a sacolinha furada de expectativas.

E pode ser a anemia voltando com tudo também - um dos sintomas aparentes é a irritabilidade constante e sangue nos zóio como já me informaram - e aí vamos a espiral de coisas que não quero que aconteça novamente: descuidar da minha saúde física, porque a minha mental tá arruinada de um jeito difícil de colocar de volta nos trilhos (Será que tá ali em um dos carrinhos na montanha-russa ilustrativa e não tou sabendo?) e ter que passar mais tempo em um Hospital, concretizando os sonhos bisonhos.

Ou eu poderia simplesmente começar a admitir que ainda continuo amando alguém que não vai querer nada comigo novamente - e que pelas opiniões circulando na minha cabeça nem deveria ter começado, pra quê dar corda pra algo que não vai ter futuro (me escapou esse fato dentro da minha vida, nunca tem futuro, mas acho engraçado as pessoas acharem que tem jeito sim).

Não é à toa que Ares e Afrodite eram amantes.
Esses dois arruínam tudo que tocam.

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