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07 julho 2013

eu e o marinheiro


Como atividade dominical, resolvi levar meu marinheiro favorito lá pra Praia dos Ingleses e ter um encontro com ele. Como o coitado ama o som do Mar e dá uma de filósofo quando vê gaivotas pairando loucamente no ar em busca de qualquer coisa para comer, resolvi que dividir um cachorro quente seria o bastante para ficarmos de boa ali perto do Grande Mar.

Claro que temi pela integridade de meu cachorro-quente de recheio duplo e a eminência de um ataque gaivotístico, então após degustar o lanche (Que esfriou rapidamente, aquela praia faz um frio tremendo) fui dar uma andadinha perto das águas de Iemanjá acompanhada do serzinho miserável que fica me cutucando o tempo todo para visitar mais as areias e as ondas.



Eu já havia comentado isso no Twitter que se você ficar muito tempo olhando para o horizonte, vai perceber que ele não é nada reto e dá a impressão que a bagunça séria tá acontecendo bem lá no fundo mesmo. O meu marinheiro favorito gosta de dizer que aguentaria esse tipo de bagunça por achar que é fichinha perto do que passou nas águas geladas do Eire, mas bem... duvidar do meu alter-ego presunçoso sempre foi o acordo entre nós dois.

Liam gosta de ficar na praia, espiando o movimento das marés, sentindo o vento gelado cortar o rosto, ter areia nos pés e sal da areia nos lábios. Ele sente falta seriamente de estar em um barco navegando por aí (Vai ver que foi a única vida que ele conheceu mesmo), mas eu, a mocinha precavida e cheia de desconfianças sobre os frequentadores dominicais naquela hora, preferi comer meu cachorro-quente em silêncio e esperar até ele dizer: "Vamos pra casa, porque você não está apreciando o frio.".

Não é nem por conta do frio, mas o de estar sozinha mesmo, conversando comigo mesma, enquanto há milhares de pensamentos rodando na minha mente. O barulho das ondas é relaxante, é revigorante, é temeroso, mas não consigo aguentar muito o silêncio dessas horas. Enquanto o cachorro-quente esfriava, minhas pernas se cansavam pela friagem e meus pensamentos iam de uma época não muito longe quando eu era feliz mesmo, resolvi apenas ouvir o que as ondas me diziam.

Nenhum mistério vindo das profundezas, nenhuma novidade: estou em um encontro comigo mesma, dialogando internamente com alguém que sei que está aqui, mas que não quer mais dar as caras (A não ser para ir na praia, é claro). Então foi isso que fiz, levei meu marinheiro irlandês pra passear. Se ele ficou feliz de ser atendido prontamente ou não, jamais saberei, ele nunca fala nessas horas. Já informei que não tolero mais metáforas e quebra-cabeças aqui dentro da minha cachola (Se é pra falar logo, que fale zé mané!), sorry irish dude, sei que a saudades de sei-lá-o-quê é esmagadora, mas acompanhar a nostalgia contigo é pedir demais para uma pessoa que precisa estar atenta aos próprios pensamentos.

Tive que sair de meu lugar, havia movimentação de pessoas por perto. Meu alarme natural sinaliza que devo ir para casa logo, o frio já chegou ao auge mesmo, o cachorro-quente já acabou, só restou mesmo o barulho das ondas. Volto para casa com areia dentro de meus tênis, uma caixa de leite Ninho e uma vontade de repetir o encontro, afinal de contas era para ser um momento em que eu poderia me encontrar comigo mesma. Mas não encontrei ainda.


Ps: O cachorro-quente tava muito gostoso. E gaivotas são comprovadamente malucas. Não é só areia nos meus tênis, é dentro dos meus ouvidos também, yey!
Ps²: Toda vez que passo por esse poste na volta, caio na risada (vide foto abaixo)


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