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23 fevereiro 2018

erros de interpreta-direção


Desde criança gosto de direções.
A Rosa dos ventos é fascinante pra mim desde que consegui mexer numa régua direito.
Mapas, bússolas, continuo sendo a pessoa loka que cata todo guia turístico vagabundo printado em rodoviária.

Antes de escrever algo substancial faço rascunho de mapas, plantas baixas, lugares que existem, lugares que não existem (ou não), direções.

Sinto também que toda minha vida percorreu sobre caminhos em que tomar decisões de direção fizeram toda a diferença. Entre ficar na inércia da zona de conforto e o limiar de botar os pés e o corpo na frente da batalha diária. O de ter de repentes de querer andar por horas e horas sem destino algum para depois de um tempo o desejo sumir e dar lugar a entendimento e voltar pra casa.

Eu não tenho uma casa, ou lar, tenho um lugar temporário.
E esse lugar temporário se firma em pedaços que vou catando nas direções do caminho.
Como me envolver com movimento estudantil, com associação, com bibliotecas escolares.

Em lugares onde eu me sentia bem e pertencente.

Lugares que nunca vi em sonhos, concretizados em passeios aleatórios. Uma casa abandonada ali no Santo Antônio que vi meses antes em sonho. O som de atabaques em uma noite meio chuvosa que me levou pro lugar onde eu deveria estar há um tempo atrás (Era preciso me curar). A facilidade de encontrar direções quando não há placas (Apesar de me deixar bem irritade quando não há sinalização). Caminhos e direções e interpretações.

O modo como observamos o mundo é um problemão de interpretação que a linguagem prega peças o tempo todo. Erros de interpretação causam tantos estragos, mas também ajudam a cozinhar mais tempo ideais dentro do caldeirão.

Estava a ler algumas coisinhas para refrescar a mente sobre assuntos que deixei de lado por medo de ultrapassar aquela linha imaginária entre o poder fazer e o poder crer (E não são tão parecidos esses poderes?) e depois de um puxão de orelha vindo de quem devo respeitar como um caminho a seguir, percebi que a direção tá sendo ajustada. Não é o guia, é o caminho mesmo.

A minha briga interna sempre foi de não encontrar direções quando a coisa aperta aqui dentro da cachola.
Eu me distraio muito quando estou sem direções.
A Rosa dos Ventos.
O ritmo de uma música.
O balançar dentro do ônibus.
Os mapas imaginários e reais.
Onde foi que eu perdi a direção?
Foi quando decidi não acreditar mais em meus pés.

Não porque a maioria segue o guia, o quem que vai levar a algum lugar, é o não saber quando confiar nos próprios pés, na própria trilha. Eu quis esquecer isso, empurrar pra bem fundo do meu coração pra não ser afetade por ninguém. Ninguém. Um quem, não um quê ou como ou quando.

O porquê já está traçado desde que eu era criança, direções. Eu gosto de direções. E estou tendo direções agora, finalmente agora. Demorou três décadas de bater a cabeça no tronco da árvore, tropeçando no chão cheio de pedras, caindo de cara na lama da trilha. Direções. Não placas, placas são feitas para quem precisa de um caminho. Eu preciso de direções e elas consegui rever novamente.

Os erros de interpretação começam na linguagem, em como interpretei algumas coisas ditas, situações vistas, tive que morrer de medo de morrer pra poder aprender a viver com mais calma, me apavorar com dor e remédios pára entender que todo esse tempo era só voltar pro caminho, era achar a direção. E os erros de interpretação me ferraram tanto no coração que preferi fazer disso apenas uma ferramenta oposta daquilo que realmente serve. Não é pelo quem, quando ou o quê, é pelo onde. O lugar.

Em minhas andanças de vida de escriba há essa constante de encontrar meios de interpretar lugares como outras formas de existência do que a que estamos acostumados. Constantemente meus devaneios me levam a lugares (Terrinha abençoada por exemplo), não a quems ou quais, ou o quês. A direção se formando debaixo de pés que não gostam de ficar parados. Eu ainda tenho problemas de tremer as pernas enquanto durmo. Esses tremeliques me acordam de madrugada. Junto com isso vem sonhos que me levam a lugares imaginários ou reais em que estou andando, atuando, sendo, produzindo, criando com mãos sujas de poeira, fuligem, areia, massa, sangue, suor, meios de, não modos de. E quando me falta direção, me sinto deslocade do pertencimento.

Tou de saco cheio do meu curso, da direção que ele tá tomando, do lugar onde estamos ocupando, os caminhos não estão crescendo, estão afunilando a um corredorzinho bem apertado com milhares de outros se espremendo até chegar a uma porta. Eu não quero chegar na porta, quero as direções. O porquê eu já perguntei, agora me diga como chegar lá? Não, não, não é disso que preciso.

As direções eu faço.
É esse meu Amor. É essa a minha verdadeira Paixão.
(A notória ciência Biblioteconomia incorpórea que me deixa em estado de excitação constante e também no limiar da raiva compulsória por ver tanta coisa errada a ser recompassada, remapeada, redirecionada)

E aí entra o erro de interpretação.

Pois há um tempo atrás me foi confidenciado que um quem iria me guiar (Ou já estava guiando?) para encontrar um lugar, ou a porta ou seja lá o que deve ter sido. E eu apenas pensando no meio de chegar lá, a caminhada, a duração, a distância. Sem rosa dos ventos, bússola, mapas, apenas intuição (Péssima, péssima forma de se manifestar, linguagem antiga que provoca interpretações ambíguas). Não é pra isso que a gente acaba se religando a algo divino? Procurando uma direção.

O de dirigir e o de direcionar.

Três décadas, cinco anos após a primeira evidência de direção, três de me escondendo dentro da caverna da alegoria, os ciclos vão e vão e vão. a Roda da Fortuna pelo jeito deu a virada, o questionamento do porquê não mais válido, mas o para onde agora está acabando com minhas tentativas estúpidas de não ver o que já estou vendo.

Enquanto vinha de volta para casa - ou o lugar temporário onde dormito - me dei conta de que uma das coisas que me foram guiadas era de que caminhos se abririam sempre com a presença de alguém dando as direções. Quatro anos nesse bendito relacionamento tumultuado com a Paixão da minha vida de escriba (Biblioteconomia) e finalmente saquei o que a interpretação dizia. Um erro horrível meu em pensar que seria alguém ou quem.

Era a direção mesmo.

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