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13 outubro 2017

Desafio Musical U2 - parte 5 de 10

Continuando o desafio musical do U2, 3 músicas por dia.
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas)


13. Uma das suas músicas do U2 favoritas dos anos 80 = Bad.




Essa música o Bono escreveu para o amigo dele que acabou morrendo por overdose de heroína. E é clássicão gritar a parte final e desafinar. Essa letra me chamou atenção pra um projeto que eu escrevia na época, "Felicidade Adormecida".

14. Uma música do U2 que você gostaria de tocar no seu casamento = All I want is you


Wants! Please! Pelamooooooor! Porque tio Bono não escreve muitas músicas românticas se não estiver bêbado. E adivinha quem fez cover dessa música que quase me fulminou em cheio no meio da caixa torácica?

15. Uma música do U2 que é uma cover de outro artista = Sattelite of Love


Aquele caso de "Músicas que NÃO SE DEVE tocar em casamentos", então? 

[Felicidade Adormecida]

Título: Felicidade Adormecida (por BRMorgan)
Cenário: Original/Nova Orleans.
Classificação: 18+.
Tamanho: ??? palavras.
Status: Completa.
Disclaimer: Essa fanfiction foi feita sob o desafio "Escreva sobre sua bisneta" e acabei indo para um enredo totalmente diferente. Depois de quase 2 anos enfurnando as páginas na minha gaveta, resolvi mostrar. Ps: Leiam Trainspotting de Irving Welsh caso se interessem pelo tema.
Personagens: Sarah Irina
Resumo: Felicidade adormecida. Heroína é o nome nas ruas. Felicidade adormecida é o que diz o meu coração.

Apaixonada por algo infantil.

Um singelo piscar de olhos que enlouquece qualquer criatura, é tudo que você precisa e menos o que você quer. Devo estar aqui há 2 dias, gastei o dinheiro todo de um mês de trabalho forçado. Consegui mais que queria, 50 gramas a mais da dosagem permitida que meu corpo agüenta. Um belo jeito de se começar um feriado. A música lá embaixo, muito distante. As batidas de meu coração, incrivelmente perto. Me sufoca, entope meu nariz e faz minha garganta arder, mas depois a sensação de prazer absoluto. Nem preciso mais de tentar ou me forçar a fazer algo que talvez elas gostassem. Heroína é o nome nas ruas. Felicidade adormecida é o que diz o meu coração.

A música continua e me dá vontade de dançar para sempre, até meus pés doerem, mas é minha cabeça de novo. E eu quero aliviar essa dor, preciso de mais. Não muito, pois sei que mais um pouco do desejado, eu morro. Como seria bom...

Então me deito na cama e estico o braço. Não sei como a agulha consegue achar o lugar confortável, levar o meu encanto secreto direto para meu coração, veias, sangue, água, ossos... Minha cabeça dói. Repito o processo e o pacote parece diminuir, o quarto está vazio e eu não estou mais aqui...


– Você precisa parar... – diz alguém e eu balanço a cabeça desaprovando a sugestão absurda.
– Pra quê? – alguém fica em silêncio
– Isso ta te destruindo... Olha só pra você...
– Pra quê?
– Porque essa porcaria corrói teu cérebro e você nem ta vendo! Não me olha assim!
– Seu nome tem jeito de música...
– Ta delirando? Essa porcaria ainda ta agindo!
– Sei lá... Foi uma idéia, é legal o seu nome... Um compasso de ¾...
– Interna essa guria...?
– Pra quê? – mesmo silêncio, mesma negligencia...
– Vai ser melhor, ela melhora e sem problema pra gente, que tal? – aponto para algum lugar no meu cérebro e minha querida bisnetinha responde:
– Nietzsche acabou com sua vida, não é?

– Você tá me ouvindo...? – diz alguém na rua movimentada. Estou sentada. Realmente meu corpo está sentado, mas meus olhos dançam nas ruas movimentadas da maior festa de Nova Orleans. Vejo marchinhas de 4/4, ¾ e às vezes 6/6 quando estão correndo atrás do moleque trombadinha, ouço Dó sustenidos em vozes de homens e Fá maiores em mulheres, crianças são Lãs desafinados e velhos casais cansados da vida são como um quarteto de cordas de Jazz... Aqueles que ouviam em cada esquina da Seventy Street em Nova Orleans. Sentia falta de minha vida na cidade velha... – Hey, guria! Acorda!
– Não tou legal... – e meu corpo tomba no colo de alguém.

– Já pensou em morrer...? – diz alguém nos fundos do barzinho famoso do bairro chique dos franceses. Eu respondo que não, mas minha língua está enorme em minha boca. Mordi-a ao errar a mira da colher na vela. Foda-se, vai na perna mesmo...
– Tá doidona, a guria... Legal...
– Vai lá e mexe com ela... – diz alguém malicioso e meu alerta sonoro ressoa na minha mente. Sinto alguém me apalpando asquerosamente. Pego a primeira coisa ao meu alcance e bato em sua cabeça. Cano de ferro de velho encanamento. Sangue fresco em meu casaco surrado, um dente quebrado no meu tênis, um grito agonizante no meio de uma noite de sábado na velha cidade...

– Sarah Irina... ahn... que porra de nome é esse...?
– É húngaro... – respondo para o delegado da noite.
– Por que bateu no pobre garoto, menina?
– Ele não é pobre, senhor delegado...
– Você entendeu!
– Ele não é pobre... – sono nas pálpebras, falta de mais alegria, meu sangue quer dizer “olá” para alguém.
– Olha aqui, criança. Vou te manter aqui essa noite pra não arranjar mais confusão com os franceses, okay?
– Aqui tem comida boa?
– Deve ter, te mando alguma coisa no final do expediente.
– Pode me arranjar um absorvente? – silêncio do velho delegado tão dedicado a ficar sentado em sua cadeira fofa. - Ele não era pobre, delegado... – sendo arrastada para uma cela escura, alguém está ali dentro na mesma sina.

– Tá chapada...? – diz alguém na cela.
– Ahn...? – respondo sem certeza, acho que não.
– Crack? – nego com a cabeça – Cocaína...?
– Não uso essas porcarias...
– Heroína...? – e meu sorriso abre em meu rosto inchado e pálido. – Uma viciada em heroína... Parabéns... Quantos anos tem guria?
– 16 anos e 6 meses e meio e... umas horas aí...
– Que merda você andou fazendo hoje pra parar aqui?
– Mandei Johnny Stenfield pro Hospital, acho...
– O safado queria te agarrar, certo?
– Sei lá... Fiquei com raiva porque atrapalhou minha música...
– Música...? – ouvi uma risada debochada.
– Fá sustenido...
– O quê...?
– Nada... – e me escondo para não mostrar que estou chorando.


Tudo começou naquela tarde estranha de setembro.

Cercou o gringo atrás dos becos da French Street e catou logo a mochila do riquinho. Quis espancar o coitado, ver ele sangrando e implorando por misericórdia, mas a raiva era deixada de lado ao lembrar do sofrimento do irmão mais novo em algum lugarzinho medíocre do bairro mais abastado, lavando roupa, secando chão, servindo aqueles que os deixavam com os restos do jantar.

O guri fugiu assustado com a força de sua mão, sempre disseram isso pra você, a sua pegada forte de direita, as mãos firmes no bastão, a bola certeira para bem longe da demarcação do campo de jogo, os dedos calosos de tanto ajudar a namorada do pai a lavar as roupas dos irmãos mais novos. Maggie passava muito tempo no Hospital com o velho beberrão, e Dylan sujava mais meias que ela própria. Jogava futebol nas segundas-feiras.

O rapaz recém-chegado na cidade fugiu assustado porque não tava acostumado com a vida normal da periferia de Nova Orleans, só estava prevendo as festas tradicionais, a bebedeira, a facilidade e o abuso de substâncias ilícitas. Roubo, morte e sobrevivência, isso ele não estaria acostumado.

– Hmmm, chocolate! - sorriu com satisfação e engoliu o doce com vontade, revirou o conteúdo da mochila cara e espaçosa, daria pra guardar as roupas do irmão Timothy ali, ou talvez ajudar Dyan levar seu material escolar.

Pegou a carteira e riu com a quantidade de dinheiro do estrangeiro. Bastante pra botar carne de verdade na mesa, nada de restos mal passados dos ricos, nem as sobras do açougue comunitário na Quarter Street, hoje jantaria como uma realeza e deixaria o pai orgulhoso.

– Caramba... - assoviou baixinho ao ver que um celular moderno estava cintilando na palma da sua mão. Venderia pro penhor e conseguiria uma bela grana pra pagar os remédios de Maggie, já as carteiras de habilitação, identidade e passaporte foram pro bueiro. Ah foda-se que vá entupir o ralo, eles jogam mesmo os dejetos em cima de vocês, não?

Desceu a rua de pedras esfolantes para o tênis barato e rasgado na sola, cruzou a avenida principal sem se preocupar se algum carro atropelasse seu corpo miúdo e entrou nos domínios do bairro negro e pobre da mística Nova Orleans. Pulou a cerca que separava os pobres do resto do mundo e viu que o céu daquela tarde estava meio diferente do normal... Sem nuvens e aquela calmaria estranha que só a cidade do Jazz tem às vezes. Os prédios Habitacionais imponentes na decadência do cinza-amarelado do tempo.

Tinha medo desse silêncio, talvez fosse por estar em constante movimento e a gritaria e o choro e a dor, mas mesmo assim o silêncio era algo que parecia perturbar sua consciência.

Viu o negro Bishop ajeitando as calças pra atender alguns clientes, não podia entrar na loja dele porque era proibido pra menores, mas bem se a namorada do pai entrava sem problemas pra pegar aquele pacotinho todo final de semana pra vender pros seus colegas de sala, então ela poderia...

– Tá fazendo o que aqui? - Bishop já pegava a vassoura pra enxotar a menina miúda.
– Quero um pacotinho que nem o da Fabian.
– Pra quê guria? - ele disse olhando pro celular reluzente e absurdamente caro na mão dela. - Tá afim de ficar como teu pai é? Já não basta ele ter sido preso?
– Quero o pacotinho pra vender, ajudar nos remédios da Maggie. - ela disse com firmeza, olhou o mostruário nas estantes, armas de todos os calibres, munição e facas artesanais. Bishop vendia de tudo. Ele estendeu o pacotinho e pediu o celular.
– Isso dá uns 20g... E esse dinheiro aqui guria, é pro remédio da pequena. É muita grana, falou? Não seja estúpida e não vá gastar com outra coisa...
– S-sim senhor. - Ela respeitava mais Bishop do que o próprio pai.
– E vê se passa essa branquinha aí longe dos olhos dos otários do Distrito. Quase pegaram teu irmão daquela vez...
– Sim, senhor.
– E pára de me chamar de senhor, porra... - ele sorriu para a menina fragilizada a sua frente. - Vai cuidar da tua vida e volta aqui depois com o lucro disso aê, falou? - ela concordou mal sabendo como funcionava o esquema de tráfico do Bishop. A namorada do pai Fabian já sabia, estava nessa desde pequena, e não era entregando ou repassando dinheiro, mas Sarah achava que era outra coisa. Um pózinho branco sem significado, mas que nas mãos da namorada do pai parecia que era algo muito importante e ajudava muito nas despesas da família.

Sentou no parquinho da última esquina até o Ferro-velho dos Drennan ocupar o resto do terreno. Não havia muita gente ali, uns rapazes lá curtindo suas namoradas, uma delas com um pacotinho igual ao seu e ao invés de esperar alguém pra poder vender, ela simplesmente abriu e espalhou o conteúdo na mão. Riu um pouco e apertou a narina direita e inalou o pó profundamente. A rodinha riu novamente e continuou com o ritual. Então era assim? Era assim que deveria fazer e depois vender? 'Que coisa mais idiota' ela pensou aos seus 12 anos e 7 meses de vida. Repetiu os mesmos gestos, cheirou um pouco o pózinho pra ver se podia mesmo, tinha um gosto adocicado no paladar quando inalou pela 1ª vez. Gostou. Corrigindo: Amou. Deleitou-se na 2ª inalação. Na 3ª e última sentiu que suas pernas tremiam. Não de frio ou de temor, era diferente e deitou-se ali na areia do parquinho enferrujado, peito arfando como se estivesse correndo por quase 5 quarteirões sem parar. Sensação boa e amedrontadora ao mesmo tempo. Tinha medo de não sentir mais ela e não ter como conseguir mais daquele pó açucarado.

Lembrou da música nova do neto do Bronx, falava de uma donzela adormecida que ao acordar viu que o mundo todo era belo e maravilhoso, com paisagens paradisíacas e emoções fortes de felicidade. Lembrou também que essa música era difícil de tocar no cello quando não se tinha um arco de 1,20m e quando não se sabia muito bem a clava de Fá.

Sorriu e gemeu. Mal percebera que entrara na adolescência.

12 outubro 2017

Desafio Musical U2 - parte 4 de 10

Continuando o desafio musical do U2, 3 músicas por dia.
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas)


10. Uma música do U2 que te deixa triste = Sometimes you can't make it (On your own)



A letra é pro pai falecido do Bono. Os dois não se entendiam bem. Aliás, One, o classicão é pra ele também. Essa música em especial tem um significado beeeeeem </3 pra mim, então...

11. Uma música do U2 com a qual você nunca se cansa = LIMÃO!! Lemon.



MACPHISTO É PURO GLAM E AMOR!!

12. Uma música do U2 de seus anos de adolescente = Stay (Faraway, so close)


Eu descobri que era fã ao ver esse vídeo em 1996. Curiosidade: esse video aí acima tá cortado, a versão original nem no U2Vevo tem, muito muuuuuito estranho... (E eu ligava para a rádio local de Betinópolis pedindo essa música, eles nunca tocaram)

11 outubro 2017

Desafio Musical U2 - parte 3 de 10

Continuando o desafio musical do U2, 3 músicas por dia.
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas)

7. Uma música do U2 para dirigir = Fast Cars?


Nem carro tenho, mas acho que seria irônico ouvir essa xD

8. Uma música do U2 sobre drogas ou álcool = Zoo Station


Curiosidade: Zoo Station é uma estação de metrô de Verlin e é citada no livro e filme Christiane F.

9. Uma música do U2 que faz você feliz = Beautiful Day <3


Quando essa foi lançada, era 1999 e foi um ano bem importante pra mim. Ouvir essa tocando no rádio era um alívio pra alma inquieta e ansiosa.

[Forgiven] 2 Jojo Ulhoa

Título: Forgiven 2 Jojo Ulhoa (por BRMorgan)
Cenário: Original/Cotidiano, Nova Orleans..
Classificação: PG-13.
Tamanho: ??? palavras.
Status: Incompleta.
Disclaimer: Esse conto faz parte de uma epopeia que comecei na época da Graduação:  Teve uma continuação não terminada e não prestou muito para continuar, mas não custa nada postar por aqui. Mais sobre Forgiven Jojo Ulhoa tá aqui nesses links [x] [x] [x] [x] - vou postar tudo aqui.
Personagens: Joanne Ulhoa, Erin Cassidy.
Resumo: Forgiven Jojo Ulhoa conta a história de uma assistente de medicina legal, residente em um Hospital de uma cidadezinha chamada Morgan no distrito de Parish na Lousiana. Ela tem alguns probleminhas existenciais.


When I thought I was so proud, you shoot me down...

A frase foi rabiscada na porta de algum box de banheiro de alguma escola de alguma cidadezinha qualquer por aí. Feita com compasso das aulas de álgebra que nunca assistia direito e enfeitada com vários “x”s por todos os lados. Era como desenhar um mapa do tesouro, só que não havia nenhum para se encontrar. A surpresa fingida ao terminar o próprio vandalismo, o ajeitar da saia apertada nos quadris, a insatisfação de ter feito a coisa certa naquele momento, mas não estar totalmente certa para mostrar a alguém. Essa seria sua sina para o resto de sua vida, se ela pensasse um pouquinho melhor sobre o que fazia como tempo que Deus lhe dera naquela Terra.

A cidade de Morgan era tão enfadonha quanto o pseudo-convento que era obrigada a viver, a menina tão comum quanto qualquer menina da Louisiana só queria fazer algo que se sobressaísse as outras meninas, mas até então apenas uma frase mal entalhada na porta do banheiro era o melhor que poderia pensar. Parou por um momento em sua euforia matutina de uma noite cheia de aventuras e subindo na tampa do vaso sanitário, espiou o movimento nulo do banheiro do 2º andar. Saiu vagarosamente e fitou seu rosto nada novo no espelho limpíssimo, abriu a boca e verificou alguma coisa em sua língua, soprou na mão para cheirar o odor do hálito matutino, checou bem os olhos e as pálpebras. Por último, a pulsação que continuava imperceptível para ela, mas que os médicos que já fora diziam que era devida sua compleição física e sua pressão baixa.

Que fosse, não iria parar de fazer a checagem da manhã porque um cara de jaleco com diploma prometera com suas chapas de raio-x e exames periódicos que ela estava bem. Não estava, só precisava de um pouco mais de prática para continuar vivendo.

O ano era de 1996, o bairro era notável pelas construções antigas da colonização dos franceses naquela parte da Louisiana, a cidadezinha se firmava como dormitório de muitos trabalhadores e estudantes da Capital que achavam ali o sossego para as vidas apressadas. Cidadezinha pequena no meio de um provinciano estado em um país moralista. A cidadezinha marcada por boatos e mexericos, todos inventados pela maioria de seus habitantes e aumentados pelos mesmos.

Todos tinham seus papéis marcados, todos com seus dias contados. Dali, só para a eternidade, pois não havia nada naquela cidadezinha que levasse alguém para frente. O que muitos achavam que era tranquilidade, passividade e nenhuma surpresa, a minoria jovem e agitada se perdia nas ruas de Nova Orleans.

Debaixo do link, Forgiven 2 Jojo Ulhoa.

10 outubro 2017

Desafio Musical U2 - parte 2 de 10

Continuando o desafio musical do U2, 3 músicas por dia.
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas)


4. Uma música do U2 que lembra você de alguém que você prefere esquecer = Magnificent.


Apesar de ser uma música linda, há razões. Muitas razões, tipo cinco minutos e vinte e quatro segundos de razões para pular essa.

5. Uma música do U2 que precisa ser tocada no talo = ELEVATIOOOOOOON!!


Precisa de confirmação? No Slane Castle foi o meu coração pro umbigo e subir pra garganta quando ouvi essa ao vivo!

6. Uma música do U2 que faz você querer dançar = Discotéque


Como não dançar nessa versão remasterizada do YMCA de um álbum mais fora do padrão U2 lá de 1997?

09 outubro 2017

signos biblioteconomísticos

Quem me conhece sabe o quanto respeito autoridade alheia de um modo bem peculiar. E que sarcasmo é meu combustível since 1986, logo sacanear com os patronos da Biblioteconomia, livro e afins é default para eu levar essa área a sério.
(PARADOOOOOOOXO!!)


Os malako podem ter feito um ótimo trabalho, mas não quer dizer que tenho que concordar com eles, né non monamu?

E já que a Astrologia é algo que as Ciências não aceitam bem como sendo algo real, palpável e experimentável, bora assuntar sobre? E julgar o livro pela capa é sempre bem vindo aqui nas estantes da vida *wink wink*

Dewey, Melvil. Modafóca irritante Dewey do nosso coração bibliotequêro. Sagitário.

Então, Dewey... (Fonte: Pinterest)
Pra um cara que tem epifania de organizar um manual maquiavélico como a CDD durante um sermão de pastor, o cara tava muito comprometido com seu espiritual na hora. E não vamos esquecer da despensa da mamãe quando criança! O mané já tinha fama de controlador desde pequeno.
(E também de machista, ignorante e cristão extremista, então bora mudar de assunto...)

Vamos ao carinha mais fofo do Zodíaco biblioteconomístico - sacaram, Biblioteconomia e místico? Hein? Hein? - Henrique La Fontaine, taurino. Fofuxo do caramba. Mesmo sendo jurista, aposto que enquanto o index universal tava sendo produzido freneticamente pelo workaholic do Paul Otlet, era ele que serenamente botava música pra tocar, trazia café, bolo, lanche, cobria o Paulinho com cobertor e de vez em quando aumentava o tom de voz e lascava as verdades doloridas pro Zé da CDU parar um pouco e relaxar.

Ou se lembrar que virginiano não precisa consertar o mundo pra ser útil na Ciência Informação.

Paulinho Otlet - que pelo jeito não usava roupas de ponta de estoque por razões óbvias, o cara era advogado, rycoh e famoso - era o modafóca workaholic, estressado, neurado e com princípios pautados em alguma manifestação de TOC.

Eu delibero que era alfabético e índices. Mas posso estar projetando a minha virginianice na dele do século 19. Paulinho era o cara que acordava no meio da noite com uma ideia absurda de que símbolos fariam um trabalho melhor de identificação em estantes na recuperação da informação que as tabelas malditas do antecessor. É provável também que Paulinho tinha um crush pelo Dewey, mas como ele era americano, chato pra baraleo e sagitariano, NOPE, não rolaria clima.

(Mas shippo total combo Virgo + Taurus, é meu perfect match romântico, meloso, sem noção e com dinâmica Dom/sub que é tão fofa nessa vida de controladoria de corpos)

Imagina? Tabela ferrada da 800 sendo feita com as inúmeras combinações, símbolos de marcação, notações de autor depois, aquele número de chamada enorme que universitário estremece só de ver. Paulinho levanta sua papelada da CDU em vitória após trocentas horas movido a bolinhos e chá belga (é chá preto com um pequeno pedaço de chocolate amargo btw), voz rouca de tanto falar consigo mesmo e em uma epifania grita:

"Para tudo, para tudoooooooo!!! E se a gente mandasse essas tabelas auxiliares pros inferno e simplificar com sinalização através de pontuação?! Tipo nóis não tá copiando o Zé Mel, mas tamos fazendo mais graficamente! Olha que lindo esse número aqui? *insira aqui um número enorme para assunto totalmente nada a ver* Super lindão!!"

"Paul, Dewey vai chiar... A gente pegou o Manual dele pra testar, não pra copiar descaradamente... "

*Paulinho ofendido segurando sua papelada com carinho perto dos peitinhos*

"Cê tá falando que meu trabalho árduo é cópia daquele trambolho de 4 volumes e que é horrível de manusear?!" (virginiane trait: autovitimismo)

"Não, não é isso... "

"Tá insinuando que além de cópia, sou incompetente o bastante para não fazer algo digno de reconhecimento universal?!" (virginiane trait: paranoia excessiva)

" Paulinho. Já pra cama, vai!" (Taurine trait: sabe mandar e botar ordem no pardieiro muito bem)

"Sim, senhor."

Desafio Musical U2 - parte 1 de 10

Alguém MIM SEGURA que faltam DEIX DIAZ!!




Segura na mão de DeU2 com muito louvooooooooor!!

Bora fazer aqueles desafios musicais bestas com 3 músicas por dia?
(3 vezes 10 dias igual 30 músicas do U2 para apreciação)

1. Uma música do U2 que você gosta com uma cor no título = Ultraviolet!!


A música mais AWESOOOOOOOME deles (na minha humilde opinião). E apesar de ser o nome de um tipo de refração de luz, não cisma que tem violeta no meio!! E a letra é uma das minhas favoritas for sooooo many reasons que nossa e está no meu álbum favorito também (Achtung Baby). Assim como muitas músicas do U2, dizem que uma das interpretações é baseada no Livro de Jó.

Debaixo do link tem as músicas and as considerações :D

Do nada aparece uma bolsista de licenciatura para ser atendida no lab onde estagio. Na blusa a seguinte frase: "Tô te explicando pra ti confundir"


Sim.
Do véi cearense trollador - troll com trovador - que me fez mudar de opinião na segunda fase ao ver o show ao vivo dele.

Tô.

Agradeci a guria aos montes.
Eu havia esquecido que meu grande plano maléfico é virar docente e me vingar de todos.
Oooooops virar docente pra explicar.
E confundir explicando.
Ou explicar confundindo.

É esse trem aí.
Tô.

Tô putiade com um tanto de troço.
Tô revoltz com uma série de absurdos.
Tô duvidando das minhas escolhas.
Tô deixando uma parte de mim ir pro limbo cósmico, because the tranco tá difícil guentar.

Já sei que ano que vem vou ter que desistir de um bocado de coisa, inclusive desse pulso de raiva que mapeia algumas decisões quando o levante é sobre estudantes e formação acadêmica.

Aí eu tô.

É tão bonito ver alguém que cê passou um tempo ou dividiu a sala ou conversas se dar bem e estar bem e sorridente e encontrou o caminho que queria, aquele sentido besta de pertencimento. Está acontecendo isso demais ultimamente. Colegas de turma, trabalho e amigos estão vislumbrando seus caminhos e fazendo o melhor que dá pra se manterem no foco. Às vezes eu tô.

Essa música, essa bendita música me faz ter certeza do é, não do ser. Quanto mais me lembro do que raios aconteceu com a menina Morgan (não mais) do começo de 2013 pra cá, consigo diagnosticar onde exatamente o meu foco tem sido desde então.

E caraca véi, tem sido a melhor sensação do mundo.

Porque as decepções são/fazem parte desse caminho, mas elas me deixam putiade por no máximo dois dias, já o Amor pela Biblio? Esse nunca sai de moda.

Ouvi de alguém muito zeloso que todos nós devemos ter canos de escape para outros prazeres na vida e por mais que eu tente, a profissão me rege a entender um mundo deteriorado por falta de abrirmos os olhos e a vermos nova perspectiva.

Talvez esteja na hora de achar os canos de escape.
(Esse blog já está sendo um faz um bom tempão)

08 outubro 2017

os espaços e os buracos

Fonte: Red Bubble
Sei que é tardio, mas ando percebendo melhor em algumas coisinhas que vem acontecendo nos espaços de interação em circulo. Isso é compreensível por alguns fatores, o fato de eu ter saído do armário mais tarde, de ter sido obrigade a me manter em silêncio sobre minha sexualidade e identidade de gênero, a forma como compartilho a minha visão de mundo com as pessoas e principalmente a minha atenção aos discursos que leio/ouço nesse meio tempo.

Mesmo ali, criança, eu já tinha um espaço não definido de encaixamento por transgredir algumas normas. Falo sobre banheiros acessíveis aqui, sobre as filas-metáforas de gênero binário que excluem aqui e também  de como preconceito mata um pouco cada dia.

Algo que me chamou atenção foram dois episódios da vida acadêmica - que teeeeenta ser inclusiva, mas acaba escorregando e feio em vários aspectos de identidade, pertencimento e humor. O primeiro foi ao ler um artigo bem bacana sobre monogamia e não-monogamia em relacionamentos lésbicos. Compreender como é a forma de opressão social em que um relacionamento não convencional (E no qual desejo e me identifico sexualmente e emocionalmente) pode ter/acobertar com a monogamia/não-monogamia foi um baque esquisito. Até eu ler lá embaixo no texto que o texto tinha sido escrito por uma autora que se identificava como radfem (Feminista Radical).

Separar o eu-lírico do autor é difícil nessas horas.

Porque antes mesmo de me assumir como não-binárie já lia/ouvia muitas coisas sobre como dentro dessa ramificação do feminismo há grupos que costumam tratar as pessoas trans+ como escória. O texto foi ótimo, obrigade, mas ainda com pé atrás quanto a refletir mais coisas por ele ou nele. Ruim isso né? Desconfiar até daquilo que você acha interessante em ler.

O espaço ali, nesse caso, é entender que até certo ponto eu posso ler como pessoa lésbica, MAS não posso ler como trans+ não-binárie. E qualquer tipo de leitura que me force a não deixar eu ser eu mesme é como me fazer recordar do armário de concreto e cheio de arame farpado que eu me forçava a ficar para ninguém me machucar/atingir. É esse espaço confinado que não suporto, e se é a leitura que me causa isso, dá uma tristeza danada.

A segunda situação foi de ouvir proibições veladas com algum fundo (ou não) de libertação de amarras sociais. Como aqueles convites de festas de "Apenas mulheres" e ficar com uma sensação amarga na boca de "Volta pra fila, Morgan que aqui não é teu lugar". E como eu disse antes, tardiamente percebendo essa proibição, mas fazendo o rememoramento de interdições (é essa a palavra, interdição!) em toda a minha vida, sempre esteve ali: interdições corporais arbitrárias para a não-apropriação de um espaço ou lugar de pertencimento.

Por isso a sensação de deslocamento se instaura com mais rapidez que eu pensava. porque tou sacando dessas coisas agora, não antes. Eu as sentia como tapas nas costas com um confortável "Oi, aqui não é teu lugar, porque você não se sente bem com isso", mas agora? É um soco nas fuças com um aviso em neon de "Você não pertence a esse lugar: dá o fora!"

Foda isso ter que ficar desviando de buracos.

E pode parecer ingenuidade ou falta de prestar atenção, mas como disse antes, só me vi/identifiquei como trans+ agora, não quando estava sob o julgo da heteronormatividade compulsória (Que acaba sendo mais uma dama-de-ferro do que uma armadura para se proteger do mundo. Sim, é sobre aparelhos de tortura medieval que estou me referindo). Aí isso emenda com as reflexões que tenho diariamente com colegas pertencentes a grupos de minoria étnica-racial, movimentos estudantis e populações em risco social e a interdição está ali, escancarada com a placa de neon e possivelmente algum agente passivo do status quo apontando um rifle bem mirado na sua testa. E essas pessoas que estão sob a mira são vítimas de violências bem piores que essa que estou tentando discorrer aqui. Os "privilégios" de sofrer preconceito não são equivalentes, e isso me incomoda seriamente.
(Aí puxa gancho para um "Aquelas pessoas que vivem no mundo da lua que tem problema na cabeça" para denominar um autista. É fucking dose!)

Essas interdições são agressões que vão acumulando com o tempo. Essa é uma das razões por eu não ter afinidade e vontade alguma em frequentar lugares de diversão e descontração com outros seres vivos. Eu morro de medo da interdição, porque ela já foi e continua sendo muito presente na minha vida em particular. O cerceamento de palavras, o autocontrole subjetivo, a admoestação coletiva de "Você não parece X, logo deve ser Y, mas também não é Y, então é melhor nem começar a pensar que é Z. Volta a parecer ser X que fica tudo certo".

O tio Fucô falava da Interdição muito ligada com a questão da Razão e da Loucura, que a fala do louco é silenciada na forma mais pura de violência no discurso: interdição. Então se eu falar, há mais formas do mundo exterior terem certeza científica-lógica que sofro de insanidade e se eu não falar já atesto a minha loucura comprovadamente no "Quem cala, consente.".

Isso pesa pra baraleo, gente.
É de virar noites inteiras sem dormir e acordar hoje tendo que fingir que aqueles fatos/discursos não bateram como ponta de faca em ferida já quase cicatrizada. É desviar de outro buraco que talvez eu possa estar cavando apenas por compreender como isso funciona.

[edit] Aí aparece na minha timeline uma discussão de um tweet de uma pessoa de fama moderada em canais televisivos falando que "Ser transexual é fácil, todo mundo acha lindo. Mas ser veado continua a ser uma das maiores aventuras do homem, tipo a escalada do Everest” e depois “Desde que os transsexuais viraram moda as bichinhas quaquás passaram a ser criaturas inferiores, sem graça, sem charme, sem nenhum sex apeal" - e aí confirmou a possível tabelinha de privilégios de preconceito (Algo que já vejo acontecer demais em movimentos de classe). Sabe o famoso #WhitePeopleProblem? Quase isso, só que no caso o "privilégio" a ser festejado é o preconceito recebido. Então quanto mais preconceito recebo por estar em classe X, ou ter a orientação sexual Y, ou sou visto pela sociedade de modo Z, tenho mais direitos de silenciar aqueles que não sofrem o que eu sofro.

Você vai lá, vai vendo a pontuação na tabelinha - branco, homem gay, classe média alta, escolarizado, de direita - e soma os resultados para ver o quanto de preconceito sofre para então cobrar o silêncio dos outros. Lembrando que de acordo no mundo fictício em que o sujeito narrou os 2 tweets (Apagados logo depois de causar polêmica, sabe? Ele pediu desculpas também), transexuais são os menos privilegiados na pontuação. Então pela lógica não deveriam nem começar a reclamar, certo? As bichinhas quáquás sim, essas merecem todo direito de serem reclamantes.