Pesquisar este blog

21 novembro 2015

[contos] Feéricos - fios emaranhados

[FYI: estava um pouco alta ontem com cerveja de abóbora no sistema circulatório. Saiu isso. Agora relendo, vejo que há um futuro para o rascunho, mas vou arrumar as arestas fora de esquadro aqui, eita... Ps: a cerveja é até gostosa, tinha gosto de canela + cravo + abóbora + pimenta]

Arte: Parisian Cafe/Le Petite Rolleback por S. Sam Park

Título: Fios Emaranhados (por BRMorgado)
Cenário: Projeto Feéricos.
Classificação: 14 anos.
Tamanho: 4230 palavras.
Status: Completa.
Resumo: Angie recebe um convite para um encontro com velhos amigos. O que ela não esperava eram as novidades serem além do que planejava originalmente.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]



Encontros formais me deixam com vontade de dormir. Escutar a Realeza sempre me deu sono. Os ricões não sabem contar boas histórias, aquelas que deixam a gente sem pregar os olhos por dias imaginando os desdobramentos dos acontecimentos. A magia do contar histórias tá meio mortinha entre eles. O contar dinheiro e posses, beleza, fábulas para a quiançada? Nope.

Bem, são poucos que me fazem sair da Metrópole às 7 da madrugada para aparecer em alguma viela sei lá aonde nesses trods da vida bem na frente de um café com arzinho parisiense. Tou sabendo da agitação esses dias aqui nas quebradas, não gosto de me meter com política feérica, muito menos dar pilha para hobgoblins só esperando uma oportunidade para mastigar os crânios da gente. Sinceramente, entre a brutalidade dos hobgoblins e acordar antes das 7 da manhã, fico com a primeira opção.

(Deuses sabem o quanto é um pecado fazer uma nômade como eu sair do quentinho de debaixo das cobertas em um dia particularmente frio e chuvoso na Metrópole, após dias de intensa investigação furada com os Caçadores de Quimeras. Heresia, eu diria. Mas quem sou eu para professar alguma coisa? Sou só a garotinha do Caminho Prateado, ninguém tem que prestar atenção em mim não.)

Aqui estou eu, me arrastando sem meus saltos 15, mas de chinelos. Não custa nada ser um pouquinho de casa aqui nesse canto do mundo, até porque essa cidade é o ícone do relaxamento fofo do romantismo barato. Eu que não acredito mais nesse tipo de coisa faz tempo, vou preparando as caraminholas da cachola para ouvir o que eles têm a dizer.

Seja lá o que for, deve ser muito urgente.

interlúdio - mãos e constatações

Parece maluquice, mas a primeira coisa que percebo nas pessoas são as mãos.

As mãos revelam tudo: no que a pessoa ocupa o tempo, como ela reage as coisas, etc. Mãos me dizem mais coisas que olhares, ou aquela maldita sobrancelha expressiva. Mãos me dão um panorama completo de uma especificidade clandestina.

Prestar atenção em mãos vem sendo bem educativo desde criança, desde a observação da escrita ou os gestos nervosos de ansiedade, até o carinho suave no meio da noite. Mãos também fazem parte de abraços e esses são raros para durarem mais que 30 segundos no meu caso.

Os pesadelos recorrentes que tenho desde que entrei na vida adulta são de ter as mãos atadas, ou mutiladas, ou sei lá, sem mãos. Eu não conseguiria me imaginar sem elas, as duas formando uma ferramenta simples de produção intelectual, mas também de primária sobrevivência. Mãos me lembram do passado, principalmente aquele que a mente vai apagando conforme o tempo que passa, algumas eu já tive impressão de conhecer de outras vidas ou universos paralelos, outras me surpreenderam pela força em um corpo tão frágil. Poucas me tocaram de verdade, poucas conseguiram segurar o meu braço para evitar que eu fizesse algo imprudente ou impulsivo.

Um cutucar de dedos já me acalmou das piores explosões de humor. Mãos fazem parte do meu arquivo de fotografias mentais.

Hoje segurei a mão da minha mãe. As dela sempre me fascinaram por não serem relativamente desgastadas pelo tempo, pela lavação de roupas no tanque, pelos trabalhos manuais que realizava, pelos trabalhos domésticos, pela vida que levou desde pequena. As mãos de minha mãe tem veias protuberantes, fazendo um caminho tortuoso entre as costas até começo do antebraço. Hoje percebi que as mãos de minha mãe estão velhas.

Ao segurar e acompanhá-la de volta para a estação de ônibus quase me fez cair aos prantos. A minha véinha está ficando velha mesmo. Não há como retroceder, as mãos dela estão mostrando isso. Todos os anos de labuta, afirmação de personalidade, liderança natural, possessividade materna incomum, todos estampados ali. As mãos dela me dizem muita coisa, as lembranças que tenho dela atravessando a rua conosco de mãos dadas (Mesmo não precisando), as mãos preparando a comida do dia, os bolos que ela tanto se orgulha em fazer, inventando moda com retalhos e na costura, essas mãos me ensinaram a contar, a abrir portas, a cuidar do Hank quando ele precisava de toda atenção. Essas mãos jamais encostaram em mim se não fosse para me ensinar algo. Essas mãos nunca deixaram marcas em mim por desobediência ou traquinagem. E as mãos dela estão velhas.

Isso assusta pra caramba.

Peguei-me voltando para meu trajeto na formação de bibliotecários segurando o estômago na agonia de querer chorar um bocado. Não sei se sinto falta de me sentir super protegida por ela ou se sinto culpa por tê-la deixado sozinha para viver a minha vida aos trancos. Aquelas mãos sempre me apertam nas omoplatas - ou como ela fala: "as saboneteiras" - para verificar se estou comendo direitinho, se estou precisando de algo, elas também insistem em arrumar minhas roupas amassadas de longas horas dentro de ônibus para me deixar mais apresentável.

Realmente eu não sei mais o que sentir quando vejo as mãos dela. Porque elas estão velhas, enrugadas e provavelmente não estarão mais tão firmes como costumava ser quando eu era criança. Sei que costuma ser o ciclo da vida, que não há como impedir que o tempo vá trazendo essa certeza tão certeira desde que nascemos. Mas assusta e eu não parei de pensar nisso o dia todo.

Acho que nunca vou ter certeza se aquelas mãos vão passar todas as lições que aprenderam durante a vida dela, só queria que ela não soubesse que percebi nisso hoje, que ela está envelhecendo e isso me assusta muito.

16 novembro 2015

paródia let's dewey it




O que fazer dentro do busão quando há engarrafamento na 403 saída Ingleses? Acabo escrevendo paródia...

LET'S DEWEY IT
Ou a paródia pro pessoal do processamento técnico. (Pois nós sabemos o valor precioso que vocês têm em nossas vidas!)
Música incidental? Claro que tinha que ser Professor Elemental.

--------------------------------
Eu passo parte da minha vida sempre atrás das estantes
O que pode ser bom, mas pra você parece irrelevante
Vamos começar desde o início
Antes que você ache que eu deva me jogar de um precipício

Let's Dewey it
Sou eu, aquele não aparece!
Não dá as caras no balcão, mas minha decisão prevalece
Eu catalogo e classifico,
Não é nenhum robô, sou eu mesmo que indexico
Se os livros estão em ordem nas prateleiras
Você devia agradecer minhas detalhadas maneiras
Eu uso os melhores gerenciadores de acervo
Mas é a minha cachola que recorro no aperto

Let's Dewey it
Nada tema, não precisa memorizar
Temos um manual enorme pra só bibliotecário decorar
Nossa ordem é diferente, nosso código parece incoerente
Mas pra você achar um livro é mais rápido e eficiente

Let's Dewey it
Antes que eu perca um parafuso
Meus manuais estão sempre aqui, são eles que eu uso
Let's Dewey it
Ostentando é pouco, tenho a CDU sim
Gastei todo o orçamento de 12 anos e mesmo assim
Let's Dewey it
E quando não tem ficha catalografica no bendito livro
Me encolho no lugar, pra eles eu suplico:
"Por favor Ranganathan-Dewey-Otlet me ajude,
Será que esse vai na Economia ou pra area de Saúde?"

Let's Dewey it
Na graduação você já pode me reconhecer
Sou justamente aquele que tira nota máxima em LD
Vou até fazer um rap com termos de um tesauro
(Com o que posso rimar? Posso usar um dinossauro?)

Let's Dewey it
O que posso dizer? Sou bibliotecário catalogador
Meu paraíso é a Library of Congress, mas também uso buscador
Porque quando não tem jeito, sem registro no acervo
A gente reza pra Santo Ranganathá e espera um acerto

Let's Dewey it
Pensa que é tão fácil assim?
É só olhar no manual e o número faz plimplin?
Vamos lá, pessoal, me dêem um pouco de crédito
Minha vida sem o processamento técnico seria um puro tédio

Let's Dewey it
Apenas peço aos meus caros miguxos da Biblioteconomia
Catalogar não é luxo, é necessidade de todo dia
Ajudem uma pobre alma, aquele usuário perdido
Não precisa decorar os números, esse é meu serviço
Fiquem à vontade, o acervo é pra usar
Eu catalogo, classifico, indexico pra facilitar

11 novembro 2015

sucinto srsly assunto


...
...
...
...

É realmente estranho chegar no chegado a você e jogar a real de que você está na bédi da depressão.

sobre relacionamentos (e os fins)

Olha que estranho! Eu sei dar indireta também!


04 novembro 2015

amor em suas particularidades - relacionamentos de longa-distância

Palavras sábias do @Berlin-artparasites.


I believe throughout our lives we meet more than one person who can be destined to be “the one”. I’m not preaching for...
Posted by berlin-artparasites on Terça, 3 de novembro de 2015

02 novembro 2015

interlúdio - autonomia



[...] I stared into the light
To kill some of my pain
It was all in vain
Cause no senses remain
But an ache in my body
And regret on my mind
But I’ll be fine

Cause I live and I learn
Yes I live and I learn
If you live you will learn
I live and I learn


Autonomia é uma palavra que assusta.
Para o mais sábio, o mais burraldo, o menos ajustado, o super engajado, autonomia conota algo como um superpoder.

Quem dera.

Substantivo
au.to.no.mi.a [feminino]
1. capacidade de fazer as coisas independentemente, por si só.
2. distância que um veículo percorre com o combustível na capacidade máxima

Etimologia
Do Francês autonomie, derivado do Grego αὐτονομία, -ας: αὐτος próprio, si mesmo + νόμος lei, norma, regra