Tem umas parada na área da Biblioteconomia que pode ser usada como metáfora pra coisas do cotidiano.
Tipo (o que tá parecendo) dicotomia monogamia e não-monogamia. A guerra santa dicotômica que mais pega fogo em ambiente virtual...
Existem 2 sistemas de classificação de assuntos superpopulares e extensivamente usados para organizar um acervo de uma biblioteca.
Sistemas de classificação servem para a gente encontrar melhor (ou assim supõe a teoria) os livros nas prateleiras. Eles costumam ter uma cronologia ascendente de assuntos. Dá até para traçar a História da Humanidade ao ver verificar os assuntos e seus desdobramentos.
CDD, sistema decimal de Dewey, um dos mais usados em bibliotecas de pequeno e médio porte ou que não necessitam de especificações nos assuntos. Bibliotecas públicas, escolares e algumas comunitárias seguem esse sistema porque é "mais fácil" de classificar os assuntos dos livros e não gera um número absurdo de grande na hora de imprimir na etiqueta e colar (pra quê colar gezuis?! Pra quê?!) ao terminar o processamento técnico do livro.
Maaaaaas quem inventou esse sistema largamente difundido nas bibliotecas do mundo inteiro foi um déspota bibliotecário babaca misógino racista, que foi rebaixado a um ser medíocre e hipócrita por suas opiniões nas grandes entidades de valorização da profissão bibliotequera.
(Sabe o que é banir o nome do cara do principal prêmio internacional que prestigia a classe? Bem, isso que ocorreu com o Zé mané)
Esse manual é impregnado com uma doutrina cristã-judaica embebida de branquitude yankee-centrica que espelhava e ainda espelha como a minha área não se dá o trabalho de entender que 95% do planeta Terra NÃO É americano-estadunidense.
Quer um exemplo básico? Estamos em 2019 e ainda tem classe de assunto da CDD que NÃO FOI modificada desde o século 19, em assuntos delicados e/ou que estejam enquadrados na discussão de temas étnico-raciais, a CDD é uma vergonha tamanha que na prateleira de religião, a 290, serve pra jogar as "outras religiões/mitos".
Nem vamos entrar na 150 (Psicologia) e na famigerada inimiga minha, a 616 (Medicina e todo o ranço ali embutido).
Aí tem a CDU, sistema decimal universal.
Foi o troco dos europeus (belgas) Otlet e LaFontaine que decidiram pegar o caderno do Dewey pra fazer cópia pro trabalho da escola, mas acabaram fazendo um trabalho mil vezes melhor e com nota máxima. A CDU é um sistema complexo, com mais detalhes, e com um número monstruoso nas etiquetas. Ele foi pensado para centros de informação que necessitassem de uma classificação mais específica, como Arquivos, Bibliotecas especializadas e universitárias. O motivo?
Porque nesses ambientes mais elitizados de ensino e conhecimento os assuntos vão se tornando quase uma frase inteira.
Exemplo:
Hermenêutica provavelmente estará em algum lugar na 100 da CDD, mas a Prosopopeia da Hermenêutica listada em periódicos científicos entre os anos 1940 e 1970 na região do Cazaquistão é mais possível estar em uma biblioteca especializada e com um número tão extenso que não vai caber na lombada.
(aliás se você entendeu a minha piada interna sobre Prosopopeia da Hermenêutica, vem cá pra eu te dar um abraço!)
A CDU também tem muito conteúdo ferrado da CDD por não sair do rolê eurocêntrico, branco, elitizado, estigmatizador, mas olha só! Deixaram abertura para adaptação de assuntos com mais versalidade que a CDD!
Tem até duas centenas para encaixar assuntos novos!
Quer começar a fazer a revolução via estantes? Bota fogo no quengaral e expande nessas duas centenas (com 999 oportunidades dentro de cada centena, e mais 999.999 microchances de revisar conceitos dentro de cada número seguinte a centena).
Há a questão do acesso e custo-benefício:
A CDU é traduzida em português e são 2 tomos não tão exagerados de tamanho com um preço razoável.
A CDD é um monopólio que desde sempre é editada em inglês ou raramente em espanhol. AND FUCKING 4 TOMOS PESADÉRRIMOS DA POWHA! É $1200 gold!!!
Debaixo do link, mais filosofamentos básicos sobre isso.