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10 julho 2020

os sem-tomas

Há coisas bem interessantes que a pandemia está me fazendo refletir intensamente - acho que todo mundo nessa pandemia - e estar de cama por conta de outra moléstia, me deu sensações extras de como rever muitos aspectos da vida.

Por exemplo a palpitação constante.
(Não leia abaixo se você não quiser ter imagens gráficas. É o que eu faço quando me sinto ruim fisicamente, eu descrevo pra ver se o mal que está assolando vai embora. Vai que dá certo)

28 dezembro 2019

sistemas de culpa

Venho pensado muito em sistemas de culpa.

E não dormindo direito há 7 dias.

Tendo o desprazer de tomar banho (uma das atividades que mais gosto, de me limpar, de estar em contato com água, de aliviar a cabeça por um período) porque o som do chuveiro ecoando no banheiro, dentro da minha cabeça, se torna insuportável depois de 2 minutos. Comer? Até pouco tempo achava interessante como a minha mandíbula fazia os movimentos mais encaixados para poder mastigar qualquer coisa, agora ou engulo a comida o mais rápido possível e passo mal ou vou devagar e aprecio o tormento de estar na fileira da frente, ouvindo o doce som de muitos ruídos altos dentro da minha cabeça



Tendo que me esforçar além do limite para ser paciente. Exaustivo.

Fingindo não me assustar com barulhos corriqueiros, tentando não me inclinar demais para ouvir uma pessoa falando, aumentar o volume do celular ou da ligação mesmo sabendo que aquilo também tá prejudicando o quadro todo, tentando evitar de estar em lugares em que vai haver muita bagunça, sendo obrigada a falar mais alto, repetidamente, porque do lado de fora tou falando baixo, mas dentro da cachola parece que tou no volume máximo com acréscimos.

Digitar esse texto tá sendo tenso, porque o bater nas teclas tá ecoando no nicho onde me meti para colocar o PC.

Ouvir o ventilador tá sendo um treino de não me desesperar com o calor e com a possibilidade remota de que não vou mais ouvir direito do jeito que era antes. O ruído das pás antes me deixava sonolenta, agora isso me incomoda terrivelmente.

O zumbido que é o mais assustador.
Ele aparece fraquinho, depois de um longo período em algum lugar onde tenha muito barulho (ônibus por exemplo) e vai aumentando em uma frequência devagar e irritante como se fosse um raio laser bizarro passando pelo ouvido direito e sem previsão de parar.  Em alguns casos, como estar dentro de uma biblioteca por muito tempo, realizando um trabalho chato burocrático, o som vai aumentando, até eu sentir náuseas e um pouco de desequilíbrio.

Nessas horas peço para qualquer deus pagão aí ouvindo (haha!) que ninguém me veja pedindo arrego.

Eu quero pedir arrego, mas não dá.
as contas não vão se pagar sozinhas, o diploma não vai ser feito sem antes terminar o TCC, definitivamente desistir de tudo não é uma opção.
(Não quando agora, finalmente agora tenho muita coisa a perder)

Mas há esse período no meio da madrugada, em que não consigo distinguir se tou caindo ou saindo do sono ou ainda noiando com o zumbido que não vai embora tão cedo, que meu corpo meio que dá uma trégua e tranca o ouvido de vez. Nadinha passa por ali.

Aí na exaustão e de algumas sessões de pensamentos fazendo manutenção dos sistemas de culpa, consigo dormir.

E os sonhos estão já fabricando formas bem criativas de me apresentar esse problema.
Os sistemas de culpa. Carregados de um ódio tão guardado que em meus pesadelos, estou me tornando quem eu mais gostaria que nem tivesse passado na minha vida. Quem sou obrigada a conviver.

Em uma das noites mal dormidas tive terror noturno.
Enquanto o episódio se desenrolou, eu paralisada na cama, olhos fixos na porta do quarto, alguém que eu não queria ver já faz uma pá de tempo me encarando de volta, só consegui espremer um "tudo sua culpa".

Transferir emoções nunca foi meu forte, ainda mais as culpas que mantenho em meu sistema.

01 setembro 2019

começou setembro

Aquele momento em que você percebe que não tava com otite totalmente, tava em processo de despersonalização a prestação.

Que maravilha!!
Até nesse aspecto da minha saúde mental vem em boletos.

(Então se me virem pirando na batatinha a conta gotas, me avisem por favor, porque eu não tou sabendo)

E agora para algo completamente diferente:


Setembro chegooooooou!
Não sejam babacas, procurem ajuda especializada se a coisa dentro da cachola ficar tensa...
Não peçam conselho via facebook, não tem tutorial no YouTube pra saúde Mental (já chequei, várias vezes).

28 agosto 2019

Ontem,
um baldinho borbulhante de muitas emoções

Hoje a crise de ansiedade atacou sorrateiramente, deixando uma apatia automática violenta e silenciosa, destruindo o sistema de defesa autônomo que demorei uns 2 anos pra ter certeza que tava funcionando bem.

Bem, voltemos a oficina novamente.

Metáforas com cozinhas vazias

Tem essa cozinha vazia, com azulejos recém colocados, imaculados na brancura e rejunte impecável. Ela é enorme, tem paredes bem azulejadas até o teto.
Há um eco gigantesco soando a cada respirada, a cozinha vazia com o eco.

E há esse único objeto no centro da cozinha, o utensílio doméstico de um liquidificador na máxima potência, triturando coisas que parecem não ser feitas para as pás de um liquidificador. O barulho é ensurdecedor de tão ecoante nessa cozinha enorme azulejada até o teto.

Há ali uma janela, um pouco aberta, de onde escapa ou adentra mais outro som cafofônico de um bode balindo em prantos ferido tragicamente no baço na janela.

O liquidificador parece engolir o balido do bode, transformando no vai e vem do eco alarmante um grito gutural bizarro que sai de uma garganta rasgada por cacos dos mesmos azulejos imaculados de rejunte perfeito.

Tudo ecoa em um volume inaudível de tão alto que é, derrotando qualquer outro ruído, barulho, produzido por objeto inanimado ou não.

Do eco da cozinha azulejada, do liquidificador triturando objetos aleatórios em um redemoinho infernal, do bode na fresta da janela, do chiado grotesco de um peito que na porta da cozinha está presenciando essa sinfonia esquisita e angustiante em cada acorde macabro e desafinado que pode produzir.

Do peito chiado, coração quebrado, ouvido estalado, uma voz do outro lado de toda a barulheira infernal chama atenção.

É baixa, é conhecida, é confortante, é segura.

A voz declama Vinicius de Moraes sem temer a barulheira. Até parece fazer troça com a confusão. Até parece rimar com a expiação. 

A voz dita poesia.
Poesia que insisto dizer que não entendo.

Porque a barulheira é alta demais pra ouvir qualquer coisa além daquilo que o eco quer ressoar.

As palavras da poesia não me atingem de primeiro.
Mas a voz?
Baixa, familiar, confortante, segura, adorada.
A voz não ecoa nessa cozinha vazia, mas me puxa pela mão, me coloca sentada ao chão, com a poesia que ainda não compreendo as palavras, mas a voz?

A voz me faz sentar e deixar a barulheira infernal lá na cozinha, me abraça sem eu pedir, me acaricia sem eu saber que é carinho.

Percebo que ao não ouvir mais aquele eco da cozinha azulejada, eu estava implorando o tempo todo. Debaixo de quilos de armadura de grossas placas e um elmo tão pesado que não sustenta mais uma cabeça. 

"Desculpa, desculpa, por favor, por favor..."

Esse peito chiado de ouvido estalando implorando pra algum som agradável me tirar de perto dessa barulheira infernal.

Não sou de implorar.
Jamais peço clemência.
Nunca deixo meu escudo baixar.
Não fui criada para ceder.
A minha lança triturada pelo liquidificador.
O balido trágico do bode atingido no baço na janela.
O eco não vence mais essa batalha

Nunca tirei meu elmo sem um motivo aparente.
Jamais abaixei a cabeça para ninguém.
Não fui criada para ceder.
Sem armas, sem armadura, sem elmo, me mantenho ao chão, recebendo o abraço, o carinho, a voz ainda ditando o poema.

E todas as cantigas amorosas parecem fazer sentido.

(quero apenas ter forças pra arrancar essas placas, ir naquela maldita cozinha de eco ensurdecedor, destruir o liquidificador em pedaços e dar um fim honroso para aquele bode desgraçado que me persegue)

24 janeiro 2019

[video] Enjoy the silence por Depeche Mode



Fui cismar de ver todos os vídeos do DM, óbvio que rolou lágrimas.
Um combo perfeito de "Precious" primeiro para então "Enjoy the silence".

"Precious" bate bem nos feels devido a letra fodástica do Martin sobre o que ele achava que deveria dizer pros filhos dele na época em que se divorciou. É triste pra caramba. (Já escrevi algo aqui)

Agora "Enjoy the silence" é aquela que está no 2º lugar depois de "Bizarre Love Triangle" do New Order como "música que pode tocar no meu enterro, porque é a minha música aí ó!".

A letra é forte, porradeira de cima abaixo, o vídeo é aquela fucking referência ao Rei d'O Pequeno Príncipe ou até o próprio Príncipe crescido - lembram que o guri puxava a cadeirinha de tempos em tempos para ver o pôr-do-sol no asteroide onde vivia? O vídeo é basicamente isso, ele indo pros lugares mais longínquos ir ver o pôr do sol.
É difícil não ficar emotiva com tudo isso, srsly.

Na fita k7 que minha irmã mais velha deixou em casa tinha essa música, pois a MTV na época não tocava tanto os hits de 1990 pra saber quem eles eram. E como hino fundamental da minha alma torturada, vamos nessa: aproveite o silêncio que as palavras só machucam mesmo.

Enjoy the silence é do álbum Violator de 1990 e se tornou a marca registrada da banda britânica.

14 janeiro 2019

playlist - VH1 Storytellers por David Bowie



O que tá sendo esse janeiro que tá difícil de sair do climão de ficar em posição fetal, abraçar o travesseiro, tremer queixinho e desejar que tudo esteja legalzinho para a nossa terceira avó seja lá onde Patrono esteja?

E a versão de Survive desse acústico tá assim de arrancar o coração. If I'm dreaming my life sempre soou estranha nos meus ouvidos, mas desta vez tá de boas.
(A escolha de músicas também está inusitada... Até China Girl entrou!)

07 dezembro 2018

o melhor conselho: terapia

"Diga a um terapeuta, não pro Facebook" - crédito
Algo que tem demonstrado forte o quanto as pessoas ainda não sacaram a questão de limites é quando você próprio tá no limite - tipo puxando a linha imaginária até ela ficar tensa que nem elástico antes de se soltar com toda força - e ainda assim te cobram por algo.

Qualquer coisa.

Um dos conselhos que vivo recebendo repetidamente da psicóloga em que me oriento é sobre não levar mais carga emocional de outrem. Isso já ferrou comigo desde criança, com todo rolo de viver em uma família em que abuso emocional era prato diário (e a criança madura aqui tinha que aguentar as pontas que supostamente nem eram dela, mas de adultos irresponsáveis e que não sabiam se comunicar?), não quero que cave um buraco a mais o que eu mesmo faço por vontade própria e com louvor (overthinking achievement aqui, muito obrigado).

Aí todo cuidado é pouco.

Porque a minha tendência é de ajudar ouvindo - aconselhar é um problema, isso já me abstenho - mas quando você está invariavelmente RUIM da cabeça, não é saudável tentar ajudar outra pessoa ruim também. Isso não é recomendável por diversos motivos, pois dependendo da situação, ou posso ser interpretada como alguém extremamente rude e egoísta, salvando a minha cabeça de piorar algo que já não tá mil maravilhas. Ou posso piorar as coisas dando uma opinião que não vai ser aquela que querem ouvir. ou eu simplesmente sumo que nem ninja e só apareço 5 anos depois como se nada tivesse acontecido (E aconteceu e guess what? Ainda estou remoendo por ter feito isso.)

É uma luta diária.

Ser fdp nessas horas pode te custar uma amizade, um amor, um laço de confiança. Mas gostaria de explicar o que que rola quando se está no poço, abraçando a Samara e cavando mais fundo no lodo com uma pá feita com meus pensamentos. Pode ou não acontecer como todo mundo que tem um bode balindo na canela. Pode ou não ser aplicado em todos os casos, pode ou não.

A gente não consegue sacar quando alguém precisa de ajuda, porque dependendo de como estamos, não vai rolar de adivinhar. Também aceitar ajuda é tenso, porque a bagunça é tanta dentro da cachola que nos convencemos que aquele problema é nosso e de mais ninguém, não importa o que nos digam para acreditarmos que é merecido ter ajuda de fora.

E aquele medo irracional que estamos atrapalhando a vida dos outros quando elas entram em nossos círculos de convívio. Aí imagina isso, esse bode balindo alto acima das vozes de quem quer ajudar e plim, aparece alguém que tá ferrado das ideias como você pedindo ajuda igualmente. E justamente pra você, diretamente ou indiretamente, e a única coisa que dá pra responder é algo nada feliz.

No meu caso, sempre aconselho pra procurar um profissional o mais rápido possível.

Às vezes o que a pessoa gostaria de ouvir NÃO É isso, talvez uma palavra de conforto, um "calma que vai melhorar", um sacudidão, um ombro amigo?

Como é que dá pra ser o ombro amigo se o complexo de Atlas chegou ao limite aqui? Como é que vou ajudar se eu mesma não consigo tirar os pés afundados da lama, dentro do poço, Samara abraçada? Faz sentido?

É que estava pensando nisso, das vezes em que fui âncora para resolução de cabeças perdidas, sendo que a minha sequer chegou a um ponto de começar a se consertar. E é injusto para ambas as partes, extremamente egoísta de ambas as partes, mas estranhamente rude somente de um lado.

Parece que o mantra do "amigos não são terapeutas" [x] está me perseguindo de uma maneira espetacular. E dizer isso em voz alta incomoda quem precisa de ajuda urgente, ou que acha que é urgente, mas que dá para procurar alguém especializado pra entender e trabalhar juntos nisso. Às vezes somos impacientes, e demandamos respostas para pessoas que sinceramente não tem estrutura emocional e racional para nos apoiar de forma mais adequada, por isso parentes, amig@s, namorad@s, bibliotecári@s (isso foi uma indireta, não sou terapeuta), tiozinh@ da esquina que tá esperando o mesmo busão não são terapeutas. Tem gente que não está preparada a ouvir o que tem a ser dito de nossas bocas, tem gente que se apavora por estarmos nessa condição horrível e não conseguirmos sair.

Tem gente que vai falar que é falta de Deus na vida. Falta de louça ou roupa pra lavar, falta de palmadas e surras, falta de homem na vida, falta de alguma coisa... Tem nada faltando não, é porque tou no mesmo barco, não tenho como ajudar se estou afundando também né?

Escrevi mais sobre isso aqui [x] [x] [x]

10 outubro 2018

quando a violência sempre esteve muito perto

Aquele textão que talvez sirva pra ilustrar bem o que outras pessoas possam estar sentindo nesse exato momento, mas que não consigo mais segurar em não escrever por diversas razões.

Não sei quanto a vocês, amigolhes da timeline, mas nunca fui uma pessoa de saber lidar com conflitos, seja qual fosse a natureza. Sou péssima em debates calorosos em que as emoções estão à tona, não me sinto confortável com pessoas discutindo, odeio ver bate-boca e minha reação para brigas com envolvimento físico é de correr na direção oposta. Não é por falta de tentativa em ser alguém corajoso ou de ter vontade de me impor, é que a violência sempre teve muito perto de acontecer quando você é uma pessoa que pertence a uma dita minoria.

Em algumas vezes a violência é tão intensa e rotineira que vira algo banal aos olhos de quem sofre.
(Já acontecia antes, não é? Agora começou de novo? Ah tá.)

29 agosto 2018

A proteção necessária

A política de manter distância das pessoas com no mínimo um braço de distância tem sido uma das consequências de período ruim de vida.
Eu fazia isso quando criança pra não me aproximar demais de quem já sabia que ia sair de meu convívio - família nômade, muitas mudanças, amizades ralas para não se apegar demais e mudar de cidade e bem... - isso foi se tornando útil para evitar agressões seja nos esportes, ou na escola. Crianças podem ser ruins as vezes. No que eu via coleguinhas destratando outros não desejava me ajuntar a patota por razão óbvia.

Melhor sozinho que mal acompanhado.

Na adolescência o claustro foi algo básico na rotina, raros eram os abraços e mais raros ainda o tocar ou deixar alguém tocar. Mas ruim admitir a violência tava presente em muitas socializações em que estava incluída. Desisti dos esportes por conta tá disso, o contato corpo a corpo que machucava, independente do gênero que se encaixassem. Levei mais bordoadas em times de handebol feminino que em futebol com maioria masculina.

O medo de sentir dor também era real.

Nunca fui de me ligar muito em alguns assuntos da maioria, mas assim como o futuro irônico de ser uma pessoa acadêmica e me fazer mais observar ações e tirar conclusões dali foi moldando o afastamento necessário de pessoas. Elas são esquisitas quando motivadas por emoções extremas.

E mais esquisita sou eu quando tento fazer algo pra chegar a esse level de contato mesmo não me sentindo bem.

Engraçado ver todas essas observações empíricas de quase 30 anos de ter noção de quem sou e verificar que atualmente tenho uma pontada de horror ao saber de casos de violência perto de um círculo que convivo. Horror mesmo de perder pontos de sanidade, mermão que Cthulhu tá no comando faz tempo.

E enquanto violência física não costuma ser minha resposta como a mais sábia (correr na direção oposta sim), a violência psicológica foi o que sobrou pra assombrar algumas partes dessa mente já nada otimista com as últimas notícias. O medo de me machucar e a política da distância a um braço vieram com toda força após alguns eventos infelizes. E estavam atrelados a emoções extremas igualmente, então parece que meu cérebro automaticamente entende que se me aproximar demais ou deixar alguém chegar perto, logo haverá porradeira psicológica que meu emocional nunca foi bem preparado por falta de prática.

Houve uma ocasião que me obriguei a testar uma teoria para saber até que ponto estaria disposta a me deixar soltar um pouco, o resultado foi uma noite mal dormida em completo estado catatônico forçado pra não encostar ou me mover do lado da pessoa que tinha um crush danado (admiração, respeito e carinho foi o que ficou. Não me atrevo a voltar a sentir coisa alguma com tanta incerteza rolando). Hoje eu rio comigo mesma, porque foi uma besteira imensa de minha parte em relação a situação, poderia ter dormido que nem faço com cartão VIP pra rave de Morfeu, mas preferi ferver meus neurônios com nervosismo e ansiedade.

Acontece com a gente extremamente preocupado com o que vai acontecer no futuro e não aproveita o presente.

Carpe diem my butt.

09 agosto 2018

[interlúdio] vivendo um dia com bode amarrado na perna

Viver com o bode amarrado na perna é mazomeno assim:

Esse bode é ilustrativo, o meu costuma ter a péssima mania
de balir tão alto que me atrapalha com o restante das coisas

Acordar terrivelmente cansade de uma noite cheia de sonhos que não vão acontecer e de pesadelos que já aconteceram e parecem não serem colocados na pasta de lixo mental que deveria desaparecer do repertório onírico, mas levantar né? Há algo a ser cumprido, logo não adianta pedir os 5 minutos na cama. É levantar, se arrumar no automático, fazer um esforço pra colocar comida no estômago e enfrentar o mundo barulhento lá fora. Aqui dentro tá bem alto também, mas depois de um tempo acostumar com a cacofonia de barulheiras vira rotina.

Porque o volume dos meus fones de ouvido está sempre no máximo, mesmo eu não conseguindo ouvir direito as músicas e a infecção sazonal no ouvido faz parte do mecanismo nada agradável de coping.

Aí surge algo que faz com que me sinta útil pra sociedade, o estágio faz isso que é uma maravilha. Ali consigo centrar o que me resta de ânimo e vontade para tarefas que não necessariamente vão gastar minha energia. Se tiver algo do tipo aí vou deixar o barulho de dentro da cachola cuspir algo nada a ver, tipo ajeitar as cadeiras de jeito diferente, botar algo diferente no telão do lab pros estudantes verem enquanto se acomodam na aula, pensar em uma postagem besta para ajudar a divulgar algo. Isso que é preciso pra tudo vir de forma mais fácil de lidar com a cabeça já cheia de palavras nada felizes sobre mim mesme, lembranças fragmentadas de episódios tristes e plim! O vídeo no telão dá munição para formular um esboço de cartaz de organização do que vou tratar no TCC. Mesmo sendo bobo, mesmo sendo amador, mesmo sendo talvez imprestável e que não vá usar.

Café. Oh café.

20 junho 2018

a semana dos pesadelos

Assim como eventos esporádicos de nossa vida, a semana de pesadelos é um bocado tensa pra mim, pois é um aviso certeiro que minha mente está overloaded de informação.

Os feelings também fazem parte, já que este ano foi rollercoaster de emoções por trocentas coisas e descobertas e novas sensações e experiências.

Estar realizando um bom trabalho também mexe um bocado com os enredos de pesadelos. Então chego a conclusão que quando estou sendo boa demais em algo, é porque vai dar ruim. Fatalismo aqui comigo sempre...

Como já tinha relatado em post anterior, experiências de sonho lúcido foram um modo de coping as angústias de sonhos relativamente dolorosos e com monstros demais para se lutar. Quando se tem uma imaginação fértil para o cognitivo criativo, a vaca que vai pro brejo vira uma vaca revoltada com uma foice, raivosa e bípede. Sim, isso foi uma referência ao meu jogo favorito.

There is no cow level.

Exceto que na semana do pesadelo o círculo de palestras oníricas gira em torno de uma porção de atividades, desde terror noturno e episódios de paralisia do sono - que é o que tá rolando mais e tá agressivo os esquemas de sair do torpor - gatos fazendo rave de madrugada e me fazendo levantar pra ver o que será que derrubaram, viraram, se machucaram e talz. É cansativo.

Na maior parte do dia dá pra abstrair, fazer a rotina de sempre, tentar não me exaurir ao extremo pra chegar em casa, ir pro automático no chuveiro e dormir com metade do corpo fora da cama. Mas há sempre algo e esse algo vira uma série de pequenos enxertos de pesadelos que são costurados nos sonhos habituais (sonhos com rotina são os mais numerosos, eles me confundem às vezes ao acordar quando são intensos na questão de imersão).

Então uma situação que me incomoda no diário VAI vir me perturbar no sonho.
Mesmo tentando evitar de pensar demais nisso.

A semana do pesadelo não me priva de sono, mas me cansa mentalmente e fisicamente quando excede o limite possível. Já teve Passos do Luto, Clube da Luta, os sonhos que apelidei de "Cthulhu Calls" são os sonhos malucos com detalhes nada felizes e sempre terminam IRL com episódio de paralisia do sono. 

Paralisia do sono é aquela sensação em que você acorda e não consegue se mexer, falar, gritar, fazer qualquer coisa e para a cereja do bolo, há a sensação inquietante que há algo ou alguém no quarto em IRL com você. Muitos falam que esse estado de torpor é semilúcido, entre o sono profundo e o despertar, e é possível que tenha alguém (aí vai da crença de cada um, ok?) ali fazendo isso.

O que a semana de pesadelos faz comigo, acho que ninguém em IRL consegue fazer pra me tirar do sério. Pra manter o bom humor durante o dia é um custo, e os cochilos dentro do busão são mais proveitosos do que o conforto da própria cama. 

A falta de seguridade tá me perturbando até em sonhos.
Se não consigo relaxar em casa, no meu quarto que mantenho exclusivamente para dormir, então não sei mesmo como voltar ao ritmo normal e aceitável de descanso.

26 abril 2018

devagarinho prá poder caber

O cuidado consigo mesmo é algo que se conquista com alguns entraves e engasgos. Mais tentativas e erros que acertos. Até chegar a uma fórmula ideal de manter a calma, ser paciente, estar em equilíbrio. Enquanto essa hora não chega, o que faço? Sim! Escrever é a única terapia gratuita que vem me ajudado por anos.


Debaixo do link, coisas para não me esquecer e sem alarmes e sem surpresas.
(OK computer é o álbum mais fodástico do Radiohead)

13 dezembro 2017

disclaimer de final de ano

Como é que chama aquele feeling que começa fermentar bem assim do ladinho do estômago com uma pitadinha de pimenta malagueta que vai sendo adicionada aos poucos na infusão de bile amarga e suco gástrico?

Oh gastrite nervosa?
Úlcera?
Epopeia estomacal?

A garotada chama de ranço.
Então é isso mesmo que vou acabar nomeando esse estado de completa aversão a qualquer coisa vinda de certa universidade que não irei nomear, because...

Vai demorar pra expelir essa toxicidade do meu organismo pelo jeito.
(Acreditar 100% no potencial desse curso como relevante pra sociedade? Oremos para algum milagre.)

11 novembro 2017

Eu sonho vidas inteiras de vez em quando

Post levemente patrocinado pela playlist da Sofrência da Alma Torturada que é até bonitinha com umas músicas dos anos 80 que dá pra rir.



Há alguns sonhos que me deixam esgotade quando acordo.

Quando há detalhes demais para absorver, lembrar sem querer, conectar pontos, relaxar no sono e curtir o REM. Nope. Esses sonhos geralmente tomam parte de todo um tempo que não consigo medir exatamente em horas reais, mas que lá, no Mundo Onírico me toma quase uma vida toda. Urrum.

Eu sonho vidas inteiras de vez em quando.

Debaixo do link, mais uma daquelas filosofações após ter sonhos estranhos com detalhes.

02 setembro 2017

[videos] heteronomia por scalene

Apenas a música resumindo a minha vida nessas três décadas e mais 365 dias. Já tá na hora de mudar o paradigma, né?

Heteronomia de acordo com um site da hora é:

"[...] dependência, submissão, obediência. É um sistema de ética segundo o qual as normas de conduta provêm de fora.

A palavra heteronomia é formada do radical grego “hetero” que significa “diferente”, e “momos” que significa “lei”, portanto, é a aceitação de normas que não são nossas, mas que reconhecemos como válidas para orientar a nossa consciência que vai discernir o valor moral de nossos atos.

Heteronomia é a condição de submissão de valores e tradições, é a obediência passiva aos costumes por conformismo ou por temor à reprovação da sociedade ou dos deuses.[...]"



Atento ao pudor e tentado a quebrá-lo

Do berço já veio a noção de pecar
É inevitável
É incontrolável
O peso nos ombros vai me dobrar

Se o perdão vai prevalecer
Por que a culpa está sempre aqui?
Quero existência sem dor
Sentir em liberdade e amor

Não é necessário se violentar
Constantes cobranças descomunais
Endeusam um lado
Demonizam o outro

Certo e errado não é de alguém
Para poder monopolizar
Quero existência sem dor
Sentir em liberdade e amor
Libertar

(o bem e a fé posto com sistema)
(doutrinário perde sua função)
(estamos sempre nos mesmos dilemas)
(que mais nos limitam do que nos faz ver)

03 julho 2017

[videos] a luz e a sombra/branco por scalene



Ainda vou ter forças para escrever algo sobre a Angie inspirada nessa música. Porque, olha só, pqp gente! Essa guriazinha eshu changeling não sai do meu campo gravitacional de escrita (tentei, tentei, não deu!) e volta e meia tem algum rascunho não processado aqui na fileira, no celular, nos cantos de páginas de textos acadêmicos.

O que para alguém que escreve deve ser uma maravilha, para alguém que NÃO QUER escrever sobre ela nesse exato momento da vida tá se tornando insuportável. Não no sentido da palavra que me aborrece, mas o de não caber mais nos feelings. Há muita coisa para se falar da Ângela Filha dos Ventos, há trocentas estórias para narrar, estruturar, redigir, editar, desgastar, vociferar, desmantelar em lágrimas, porque é isso que essa chuchuzinha faz comigo quando vem aquela inspiração das Musas.

Essa letra em especial me chamou atenção mais pela parte final da primeira música (A luz e a sombra), que é basicamente o dilema da vida da Angie no mundo Feérico. E eu levo à sério demais a concepção de personagem da mocinha, ela se estruturou de emoções que eu mesma estava experimentando na época, para então haver aquele elemento inexorável de "coincidência" (Chamem do que quiser, magia, feitiço, ligação entre dois pontos, telepatia, lalalalala i can't hear you...) e depois plim! Surge essa coisinha bizarra vestida como um acidente de carro para me atormentar de tempos em tempos.

Também tenho minhas limitações quanto ao escrever sobre ela, porque por um lado não quero dar muito spoiler e ao mesmo tempo nem apresentei ela para o mundo como queria. Talvez deva ser isso mesmo, o limiar entre o escrever apenas para mim mesme e/ou não escrever coisa alguma, ter uma contraparte fictícia me cutucando continuamente para me lembrar sobre um projeto que mais me faz querer gritar de agonia por não saber mais como escrever do que me dar boas risadas como antes.

É a fucking vida de escriba.
Alguma coisa sempre vai ser deixada para trás entre a papelada.

Acordei no chão
Despido e sem razão, e percebi

Desconstruí, nos renova
Só eu sei o que será de nossos sonhos

Só eu sei o que virá de outros mundos
Pra dizer:
Pelas ruas eu procurei
Só preto e cinza encontrei
Como irei reinventar minha sombra
O que será real?
Dessa janela eu via que o mundo atual
Não me agradaria
Por que não escolher?
Eu mesmo definir qual devo eu acolher
Só eu sei

Assim como o maldito coelho da Alice, sinto que com a Angie, estou sempre atrasade.

08 maio 2017

essa tal liberdade

Porque não há nada melhor que aliviar a tensão de um assunto sério com uma música de pagode trash dos anos 90...

A Malévola awesome do Um sofá para Cinco havia escrito um texto muito bacana há um tempo atrás e por incrível que pareça o tópico voltou a rotina aqui das caraminholas ao me deparar com algumas conversas que ando tendo com pessoas queridas próximas.

Para fins de conhecimento, esse texto foi escrito para eu revisar meu discurso, pois é dessa forma - através da escrita - que consigo me encontrar como pessoa, como ser pensante.

Então o que eu escrever aqui são impressões que tive por experiência própria e que não necessariamente contam como a realidade de todo mundo que sofreu/sofre dependência emocional por outrem ou alguma coisa.

Um traço forte na personalidade de pessoas que já tiveram um trauma em relacionamentos de qualquer tipo é a tal da dependência emocional que nos impulsiona ou repulsiona (Essa palavra não existe btw) a nutrir ou evitar tal bichinho roedor de autoconfiança, identidade e amor próprio.

E é triste ver como uma pessoa tão centrada, pé no chão e aparentemente em sã consciência pode fazer ou causar enquanto está nesse ciclo vicioso de dependência emocional por outra pessoa ou situação que possa estar sofrendo.