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31 março 2018

[videos] the noose by A Perfect Circle


manuais e lagartas e outras coisas

Fonte: Créditos We Heart It StripedJumper
Pensamentos nada bons para a integridade física de nosso corpo são como pequenas lagartas fingindo que algum dia vão virar borboletas bem lindas e afrontosas.
(E meu pavor por borboletas não é a toa, pode apostar)

Em certo estado de depressão elas podem ficar mais ativas e persistentes e insistentes e altamente barulhentas. Quando a âncora pra se segurar nesse mar revolto não ajuda em nada, acabar escutando essas borboletas malditas pode causar consequências bem feias.

Pra quem já lidou com isso sabe muito bem que se torna sufocante qualquer coisa que se possa fazer para sair dessa com pelo menos um fiapo de dignidade. Problema é saber quando as lagartas estão planejando virar borboletas com suas asas coloridinhas e todo aquele jazz de "Hey, olha quanto essa ideia de voar, como parece legal".

Caso não entenderam a alegoria, tou falando de suicídio. E volta e meia as ideias-lagartas voltam como se foram. É um círculo vicioso infernal em esperar não ter ideias sobre, para isso levar a ter e quando ter, já ter o plano para parar de ter.

Se junta com ansiedade e outros monstrinhos empurrados garganta abaixo durante anos, pode apostar, as lagartas estarão lá como uma praga infestando qualquer lugar.

Durante o ano de 2016 foi de ler os 2 manuais do Narcóticos Anônimos e do Alcoólicos Anônimos. Mesmo sendo direcionado para uma forma de autoajuda documentada para uso geral, achei pertinente quanto a insistência de considerar os pensamentos suicidas como um tipo de vício. E são. Porque quando eles começam a surgir, nutrir cada um deles parece mais prazeroso do que sair do buraco e tentar ser um pouco feliz.

O processo se forma quase no mesmo patamar, desde de alimentar uma dependência fodida por algo que será prejudicial ao seu corpo e mente e como o tempo faz com que se torne cada vez pior se livrar dela. O desejo inconstante de se autodestruir, seja por meio de agente físico, também segue um paralelo ferrado em nutrir um vício em pensamentos suicidas.

Não falo com propriedade alguma, mas a forma de coping que encontrei foi de lembrar sempre o que aqueles 2 manuais diziam sobre a intrusão e insistência de pensamentos assim.

Ah, mas fácil falar! E como se escapa desse círculo vicioso? 
Aí que chamam de pulo do gato, porque há anos tento descobrir um jeito de escapar disso com poucas vitórias em não chegar a um ponto de pedir arrego e admitir que tem coisa errada.
(E demora, como demora admitir que não se tem mais controle sobre a própria vida)

Não somos totalmente conscientes de nossa parte tumultuada, e essa parte é que contém alto teor de violência e autodepreciação. Essa última aí vem sendo abafada por minhas escolhas profissionais e acadêmicas, até então correndo de forma linear e sem tantas surpresas, mas a emoção mais errada do cardápio? Sim, essa fica na superfície, esperando um belo momento de aparecer.

E não vai, porque aí entra o círculo vicioso da autodestruição e do medo, principalmente. Não é o medo de machucar, é o de doer. E dor é algo evito o máximo possível. Egocentrismo, mas infalível. Apenas esperando doer para entrar no looping infinito de não querer sentir nada, sentir algo, sentir tudo, sentir nada, e por aí vai.

Ajudar alguém nesse estado também é um desafio quando você mesmo não sabe o que fazer consigo próprio. Em um impulso de carinho há a possibilidade de acertar na medida e fazer a pessoa esquecer um pouco daquilo que fode a equação, mas todos sabemos que a dor não vai embora assim. É pra isso que há especialistas, há gente capacitada para dar assistência.

Fui aprender essa lição silenciosa de maneira bem dolorosa com a destruição de muitas coisas na vida, a confiança foi uma delas (a que sinto mais falta em momentos ruins) e tem outras que não prefiro comentar. Encarar essa condição como vício tem sido minha forma de lidar com mais calma pra ficar menos tensa, mais focada, receptiva a uma melhora, ou como dizem "ser normal", seja lá o que isso seja.

Tá cheio de lugar-comum nesse texto né? Mas é necessário para fixação de conceitos e quando sua mente passa 24 horas caraminholando coisas que supostamente não deveriam para ter uma qualidade de vida suportável = mecanismos de coping.

===[para ler]===

Para ler o manual do grupo internacional Narcóticos Anônimos na íntegra [clique aqui] - 231 páginas.
A versão do Alcoólicos Anônimos é parecida com a do N.A., mesmos princípios, algumas modificações de conteúdo.
E na pesquisa para linkar os manuais, encontro o CoDA - CoDependentes Anônimos, vale a pena dar uma lida no manual deles também [clique aqui]. Esse manual é baseado nos 12 passos, mas para uma questão pertinente sobre codependência.
(Detalhe a literatura dada pelos 2 grupos é restrita e apenas membros podem conseguir os exemplares pagando uma taxa. Oh well...)

28 março 2018

sobrevivendo na administração

Irei falhar miseravelmente nas aulas de administração.
Por que?
Porque passo mais tempo observando a dinâmica de estudantes com a aula do que realmente prestando atenção no conteúdo.
(Não tem como desligar esse modo cientista-analítico, não tem! Não quando é tão peculiar!)

Eles têm diversas formas de expressar dominância uns sobre os outros, a vestimenta, as conversas altas, por que as meninas sentam na frente e os rapazes no fundão? Há a questão também de haver alunos mais novos que frequentemente confundem a sala de aula com pátio de escola.

Ainda tou tentando compreender como eles funcionam, como eles enxergam o mundo, mas tudo parece um pouco forçado pra mim. Há uma camada de aparência ali que não me é tão feliz em perceber, como se todos os olhos estivessem vigiando cada um, pronto para julgamento, repreensão e vaias.

Oh acontece bastante na sala: sons altos demais para alguém que esteja estudando entenda o porquê estar acontecendo aquilo.

Então quando o fessor levanta aquela bandeirinha tímida do materialismo histórico, começam a elevação de voz até culminar em algo inteligível que denota oposição a qualquer tipo de pensamento além da visão empresarial-comanda-os-pobres-peões. E essa visão que me é ainda uma incógnita.
Na verdade já estive em um lugar assim por um tempo há anos atrás e era uma sala cheia de doutorandos em aula ouvinte de pós-graduação. A batalha de egos era eminente a cada aula e diferenças ideológicas visíveis.

Assusta?
Muito.
Ainda mais quando teu emocional tá abalado e oscilando entre o vulnerável para o extremamente frio-calculista.

Eu deveria prestar mais atenção nas aulas, fixar a matéria, decorar os nomes.
Tá difícil de entender como eles funcionam.
(Peraê, eles funcionam?! Porque parece um mundo de sonhos pra esses camaradas...)

24 março 2018

[contos] personal jesus

O Colégio Carmim era um cenário beeeeeem extenso formulado em conversas densas entre eu e meu primo Arkafan entre 2002 e 2004. Tem hints de tudo quanto é canto de cultura vampírica, como Drácula de Bram Stoker (e as adaptações que Hollywood e o mundo pop decidiu fazer desse classicão), Ravenloft, Mundo das Trevas Antigo, mitologias, cenários e personagens feitos em jogos de RPG online via Orkut (#SddsVillandry) e referências! All the referências!

A premissa da história era o estabelecimento de uma sociedade secreta de 4 famílias contra o lendário Vlad, o Empalador, desde o século 14. A Irmandade dos Condenados construiu um colégio interno no meio de Bucareste (Romênia) para preparar potenciais caçadores de vampiros com motivos fortes para se converterem ao único objetivo de eliminar os mortos-vivos. Óbvio que não foi tão fácil assim, e muitos dos integrantes dessa escola não eram totalmente humanos, ou tinham a mesma opinião das autoridades.

E tem trilha sonora! Tem sim! Volto aqui depois para postar o link da playlist no Spotify :)

Personal Jesus (1340 words) by brmorgan
Rating: Mature
Warnings: Graphic Depictions Of Violence
Additional Tags: Alternate Universe - Post-Apocalypse, Vampires, Amenti
Series: Part 1 of Rosenrot - o colégio carmim

Décadas depois do colégio ser destruído por completo, tendo seus integrantes mortos e/ou espalhados pela Europa escondidos, a dissolução da Irmandade foi esmagadora. A noite voltou a ser dos predadores das trevas. Mas nem todos os mortos continuam deitados...

23 março 2018

[contos] Felicidade Adormecida



Essa história foi feita sob desafio de uma pessoa muito especial que fez parte da minha vida literária láááá do começo de 2006-2008.
Depois de quase 10 anos enfurnando as páginas na minha gaveta, resolvi mostrar.
A pessoa queria que eu escrevesse sobre alguém que tem uma bisneta, então... elevei a loucura até a máxima potência!
Vamos aos disclaimers básicos:
História fala sobre distorção de leis e convenções morais.
Sim, tem trigger para várias coisas como violência doméstica, uso abusivo de drogas pesadas, doenças crônicas, problemas de saúde mental, transtorno pós-traumático, sinestesia, esquizofrenia, negligência infantil e outras situações nada delicadas. Se você não tem muito estômago para isso, vá ler outra coisa, por favor? Tentei escrever uma história, sob um ponto-de-vista singelo de uma personagem e tentei chamar de ficção. Até agora tá dando certo.


Chapters: 1/?
Rating: Mature
Warnings: Graphic Depictions Of Violence
Additional Tags: Drug Use, Drug Addiction, Underage Drug Use, New Orleans, Heroin
Series: Part 1 of Felicidade Adormecida
Summary:

Felicidade adormecida.
Heroína é o nome nas ruas.
Felicidade adormecida é o que diz o meu coração.

Fun fact: a primeira página escrita em lápis 2B em meados de 2006 foi feita dentro de uma aula de Literatura Africana na universidade dos stormtroopers, auditório a meia-luz, Billy Holliday de fundo e professora falando sobre como o jazz era o lamento do povo negro e pobre do sul dos EUA, assim como uma das primeiras formas narrativas dessa população que fora levada à sério pelos brancos nos anos 30 e 40. Foi a primeira vez na vida, na cidade do interior onde eu morava que ouvi um professor direcionar seu discurso aos problemas étnicos-raciais de uma maioria em nosso estado (MG). Foi mágico.

Isso sim é um desabafo.

Acho um barato quando tentam deslegitimar a forma como nos expressamos racionalmente chamando de "desabafo". Porque há toda uma argumentação envolvida, uma organização de ideias a ser colocada, todo um esforço babaca de colocar pingos nos "is", citar nomes e datas, para mesmo assim "isso foi um desabafo".

Não quando você está tratando de algo sério na continuidade saudável do seu curso, da sua carreira, da sua vida. Não é desabafo justificar todo um processo em etapas de um problema que poderia ser resolvido com (pasmem!) empatia e alteridade. Um desabafo tem um teor mais emocional e apelativo para a 1ª pessoa, não um texto de quase 1 página explicando detalhadamente como a burocracia trabalhista de certos lugares podem prejudicar o andamento de um relacionamento bacana entre uma instituição de renome com outra instituição universitária de renome.

Eu não chamaria de "desabafo" usar o bendito português cânone - aquele mesmo que odiamos tão Machadiano em suas entrelinhas e que 90% da população não usa diariamente - redigindo um email enorme para argumentar o quanto o sistema é nocivo com os alunos e que oportunidades estão sendo perdidas por conta de burocracia cega.

A universidade não ensina a gente a dialogar, argumentar, planejar falas, redigir textos, expressar nossas ideias da forma mais metodológica científica possível para as instâncias maiores aceitarem. O cientista turco de "O pequeno Príncipe" tinha uma equação incrível de uma nova descoberta sobre o asteróide que descobriu, não foi aceito por se vestir como turco e não no padrão europeu p´re-estabelecido.

Uma pessoa - no caso estagiário, graduando, identificada pelo lado de fora como "mulher" (sim, rola um sexismo na questão ideológica da palavra "desabafo") - não tem a capacidade intelectual argumentativa de defender seus direitos como estudante, trabalhador e cidadão com um texto grande, mesmo com os pormenores citados, é um "desabafo".

É bacana brincar com isso, pois faz parte da vida de hackear o sistema através da linguagem. Ou impor o padrão do sistema de forma taxada em cima da gente ao desqualificar a defesa de um ponto de vista que se propõe a levantar uma questão pertinente e urgente no meio acadêmico e simplesmente dizer: "Foi um desabafo, né?".

Não foi um desabafo.
Foram os fatos, no modo empírico que esse sistema maluco técnico científico me manda obedecer todos os dias, seguindo padrões, normas, regras, os escambau para validar o que eu digo, mesmo que seja 1 página enchendo linguiça para então ter uma conclusão objetiva daquilo que é mais importante.

Isso a universidade não ensina. Na verdade doutrina, porque a gente PRECISA aprender a hackear a linguagem dessa forma.

Há a questão do suporte também, e seus destinatários, um email para instâncias maiores que um mero estagiário explanando uma situação como essa acima não se caracteriza como desabafo. É procedimento padrão de todo estudante que se preze em defender os seus direitos. Escrever sobre a situação toda num blog (como esse) pode ser caracterizado como desabafo, aqui qualquer um lê, qualquer um pode opinar, não tenho que me resguardar na escrita (mas estou por fins de dar seriedade ao tópico) . Mas tou usando o canone, não as estratégias informais de desespero com frases apelativas, isso não é um desabafo. 

A linguagem de novo regulando como se deve se expressar pro mundo. 

Afinal de contas, é novidade pro sistema acadêmico perceber que a gente usa o cérebro e pratica as mesmas normas que eles impõem sobre a gente pra pedir respostas por situações urgentes? 

Tá parecendo. 

Usei um "tá" - Eu sei, informal. Isso aqui é um desabafo? Deve ser, porque tou escrevendo num blog. 

22 março 2018

aquela epístola do templo e o corpo

De uns dias pra cá venho percebendo que todo aquele aprendizado disciplinar em igreja protestante meio que moldou algo que pode ser (ou não) o início de toda a solução ou a problematização do final dos esquema.



E como a semana tá muito dolorida, literalmente, bora assuntar sobre...
Debaixo do link tem aqueles assuntos que deixo sempre debaixo do link, porque bem... É pra isso que serve o "debaixo do link"...

19 março 2018

interlúdio: só pra não esquecer que como vai?


[...] Pois eu vou bem, consigo ver beleza em nós. Nesse astral eu vivo bem. 
É natural ficar assim tão feliz?! (Eu não sei)
Será o tal do rivotril que me deixou tão calmo assim? Eu não sei, não tô bem.
Logo a gravidade me encontrou mais uma vez desligou a chave que mantém minha lucidez
Seu doutor eu não tô bem, faça um favor? Me deixa zen pr’eu me aguentar
“Por favor, meu filho não inventa de roubar, a paz que procura não é química”
Logo a gravidade me encontrou mais uma vez desligou a chave que mantém minha lucidez
Logo a lucidez me desligou mais uma vez, minha gravidade é a chave que mantém (Nada me encontrou)