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25 novembro 2016

[conto] erros de comunicação NSFW

Título: erros de comunicação (por BRMorgado)
Cenário: Original - Nova Orleans.
Classificação: 18 anos. (Cenas insinuantes, menções de BDSM).
Tamanho: 2.783 palavras
Status: Completa.
Resumo: um quarto no bairro francês, uma discussão de relacionamento no quarto ao lado, um teste com mobiliário novo.
Disclaimer: É possível ou não fazer parte desse outro conto aqui. Conteúdo abaixo do link NÃO É apropriado para menores de 18 conforme as tabelinhas de classificação indicativa de filmes/seriados/livros e tudo mais. Então se não gosta dos temas acima, esqueça, vá ler outra coisa, pule de postagem. Não me culpe de corromper vossa mente ou que fui uma má influência.

Trilha sonora: "Ne me quitte pas" interpretada por Aurora Nealand & the Royal Roses



As usual: NSFW, quase, assim não tanto. Mas tá avisado.

19 novembro 2016

[os escorregadios] in manus dominum

Título: in manus dominum (por BRMorgan)
Cenário: Original - os escorregadios.
Classificação: PG-13.
Tamanho:  palavras.
Status: Incompleta - 1/?
Disclaimer: A escrita de EngeL começou há muito tempo atrás e como um elemento de ligação fez a união entre os cenários (a Morte de Triciclo), resolvi juntar tudo no masterpost de Feéricos [x]. EngeL agora foi rebatizado de Os Escorregadios. Quem acompanha o que escrevo sobre Feéricos vai ver algumas alusões aqui. Sim, é de propósito lol
Personagens: Morgenstern, Micaela, Catherina "estrangeira pintora", Abraham "Bram-bram", enfermeira Carlson, enfermeira Woöls, zeladora Todd



“Just one medicated peaceful moment.” : A Perfect Circle – Orestes.


CAPITULO 1 – “IN MANUS DOMINUM”


Parte 1: O Hospital.


A Metrópole era uma cidade de negócios, o maior aeroporto da região. Linda cidade. Separada por dois rios que subiam e entravam na cidade. Em outros tempos, aqueles rios eram limpos e cristalinos, aproveitados pelos habitantes locais com suas choupanas, seus sonhos simples, seu cultivo de grãos para sobreviver. Não havia prédios altos e antenas de tv. Nem barulho de carros e fumaça das fábricas de automóveis. Era tudo quieto e passarinhos voavam por aí.
- Assim como eu... – disse Micaela, a paciente nº 416 perto da janela blindada e com grades de ferro em seu quarto.
- Micaela, saia dessa janela, por favor? – ela nem ouviu a enfermeira do centro psiquiátrico – Da última vez não foi uma boa você ficar aí até mais tarde lembra? – a paciente jovem (Aparentava ter quase 21 anos) virou na cama de limpos lençóis e murmurou algo para si. – Vamos querida... Hora do chá... – disse a enfermeira com um sorriso cansado, tão cansado por estar trabalhando quase 20 horas ali que mal pensava que teria que enfrentar mais duas horas de trem para ir para casa cuidar de seus dois filhos homens e aguentar mais uma noite com o marido insensível.

No corredor da ala feminina, ela passou por alguém que insistentemente desenhava nas paredes, era a estrangeira que ninguém conseguia pronunciar o nome. Era de origem russa e tinha pouca paciência com quem a atrapalhasse em seu trabalho. Para precaver que a adolescente muda não rabiscasse por todo lugar, instruíram uma enfermeira para vigiá-la e lhe dar boas levas de papel para que ela desenhasse sem prejudicar a tinta do recinto. Em seu quarto, era coberto com papel de parede especial (E que eram seus pais que pagavam por qualquer dano que ela causasse ali) que era retirado frequentemente quando ela completava todas as quatro paredes até a altura que sua mão alcançava.

- Cat-cathy... Aqui... – disse a enfermeira que cuidava dela, dando um pote de giz de cera. A menina pegou com um rápido gesto da mão e voltou ao seu trabalho, a enfermeira observou ela fazer um circulo perfeito para pintar o Sol de laranja. Abaixo dele havia um gramado verde cheio de flores de diversas cores, uma árvore solitária em um morrinho perto de dois rios que se encontravam no final do papel.

Ao seu lado estava a mulher aficionada por música. Sabia de toda programação de cabo a rabo, mudava as estações com cuidado e informava as horas das notícias e músicas favoritas às enfermeiras. Seu nome era apenas Mo, ninguém a visitava nos feriados e muitas enfermeiras mal percebiam na presença da menina grudada no rádio de pilha laranja que ganhara de alguém que não se lembravam. Mo era quieta e sorria muito para os outros, gostava tanto de ouvir música que ficava horas com o rádio na orelha direita e cantarolando as músicas baixinho enquanto movia a cabeça no ritmo da música. Nas sessões de recreamento, ela apreciava ficar perto do piano velho que nem usavam na sala. Ficava olhando o velho instrumento como se esperasse que ele tocasse para ela, mas nada acontecia e ela não fazia exercícios como as outras, apenas sentava e observava o piano intocado.
- Enfermeira Carlson... – ela disse baixinho para a enfermeira que cuidava da estrangeira. – Vai começar o programa do Jëss na TWD, 97,9. – a enfermeira agradeceu e ligou o radinho da sala de enfermeiras para as colegas de trabalho escutarem, todas adoravam a voz sensual do locutor e como ele mandava abraços e beijos e declarações de casais apaixonados para os ouvintes. A estrangeira chiou algo em sua língua natal e olhou irritada para a sala das enfermeiras. Mo sorriu para a garota e apontou para o céu que ela desenhava em outra folha. – Bonito... Céu amarelo... Como se o Sol estivesse, ahn... iluminando tudo...? – tentou começar uma conversa, mas a estrangeira voltou a desenhar sem dar-lhe ouvidos. Voltou sua atenção a outra estação que gostava de ouvir, era a 107,1 que era o canal de notícias.
- Micaela, saia dessa janela já! – gritou outra enfermeira já correndo para aparar a jovem paciente 416 que abria a janela pesada e olhava para baixo como se quisesse pular.
- Por Deus!!! – disse a chefe das enfermeiras e fechou a pesada janela com a ajuda de uma enfermeira bem forte, seu nome era Zildi e ela era um doce de pessoa, tratava todos como seus amigos e dava balinhas macias para as meninas mais novas. 
- Mas eu preciso aprender a voar, enfermeira Woöls... – disse a garota inocentemente.
- Que voar o quê? – disse a mulher indignada pelo susto. – Coloquem ela no quarto separado... Só sairá para o banho, Micaela...
E todas ali ficaram caladas. Todo mundo sabia o que significava ficar no quarto separado.


Parte 2.

Hora do banho. Eram grupos de 5 em 5, pois as 2 enfermeiras encarregadas vigiavam as pacientes nos banhos. Os boxes de banho eram abertos na frente, mas separados por divisórias de acrílico temperado. Mo sentia vergonha por tomar banho vigiada, mas sabia que as mulheres ali não tinham receio nenhum, todo cuidado era pouco, já que na última terça, a viciada conseguiu fugir do banho e sair pelada pelo corredor. Houve só uma vez em que Mo se sentiu inteiramente enojada e medrosa, quando uma das enfermeiras da noite, vigiou todas as meninas sozinha. Como era alguém de olhar frio e dominador, ninguém se atreveu a fazer nada errado para não sofrer conseqüências. A enfermeira era bem perfeccionista e chamava atenção de quem estivesse fazendo algo fora do comum (mas era só um banho, oras! Pensou Mo depois.). 

A estrangeira foi a que sofreu mais, pouco entendia o idioma e pouco se interessava como a enfermeira falava para ela fazer. Mo soube depois que a estrangeira foi para o quarto separado, mas desta vez foi à noite. Melhor seria não perguntar, tomou seu banho de uma vez, lavou os cabelos curtos quase rentes ao cocuruto com destreza e saiu se enxugando.
- Muito bem, Mo... – disse Carlson com um sorriso, aparando a estrangeira de pular a parte de se secar e depois pentear os cabelos. Mo viu Micaela entrar com alguns tremeliques característicos de uma sessão. Deu um breve aceno para a garota e não recebeu nada em resposta. Ficou ao lado dela.
- Micaela... Empresta seu creme de cabelo...? – ela pediu apenas para puxar conversa. A garota mais velha deu o pote pequeno com as mãos tremendo. Apontou para o pente e Mo entendeu, a ruiva começou a passar o pente disfarçando com um ar de despreocupada. – Amanhã terá o jogo de perguntas na 92,8. Nós poderíamos tentar a sorte, não? – Micaela virou para Mo e murmurou perto dela.
- Eles tentaram arrancar minhas asas...
- Eles quem...?
- Aqueles... aqueles seres malditos... – dizia a garota baixinho. – Invejam a gente por termos asas... Eles não têm mais asas e nem sabem como voar... Quando eu voltar a voar aí eles irão ver como é que...
- Meninas, se apressem! O jantar está esfriando! – disse outra enfermeira. A expressão de Micaela mudou e ela agarrou o pente de Mo com ferocidade e a empurrou para longe, o chão escorregadio fez Mo desequilibrar e cair de costas no chão frio, sua cabeça quicou várias vezes no chão e ela sentiu que algo quente estava escorrendo em seu pescoço. Grande alvoroço aconteceu minutos depois, Micaela gritava sem parar que haviam tentado cortar suas asas, que não a deixavam em paz porque ela era um anjo escolhido por Deus.

Mo não ouviu a gritaria, desmaiara no chão e ganhou um corte perto da orelha.

15 novembro 2016

[os escorregadios] apegos e afetos

Título: Apegos e afetos (por BRMorgan)
Cenário: Original - Projeto Feéricos.
Classificação: PG-13.
Tamanho: 2.985 palavras.
Status: Completa.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]
Personagens: Raine (aqui chamada de Myrna Reyners), Kristevá Todd



O afeto não era de agora, o conforto de ter um corpo tão perto do seu era familiar, como se aquele momento ali já houvesse disso escrito em algum lugar. Acariciou de leve os cabelos revoltos da pessoa a sua frente, esparramada no sofá maior, ressonando a respiração calma e pausada de sempre. Se acostumara a ouvir esse ritmo desde muito tempo, quando a vira pela primeira vez, dormindo como pedra dentro do vagão de metrô do Arges. O rosto havia mudado muito, a aura tão caótica e confusa também, uma criança domesticada com remédios, tratamentos psiquiátricos, rasurada e esquecida em algum quarto daquele maldito lugar que sugava os sonhos de quem entrava.

Como deixara isso acontecer?

Ela, ou ele, não sabia como denominar mais com quem lidava ali a sua frente, não parecia ser daquela época, alguém deslocado do tempo-espaço, colocado em um corpo que às vezes mostrava que não encaixava na normalidade. Muito confuso para a lógica tradicional de Raine.

Em seus lindos anos em Hibernia, Raine achava que sua vida fútil e cheia de caprichos na Corte a deixariam anestesiada quanto as frivolidades emotivas das donzelas medievais. Acostumada a fugir de qualquer aspecto romântico de sua vida - coisa essa inventada por malvados deuses desordeiros para atrapalhar a vida dos seres vivos - se refugiava solitária nas florestas densas de sua terra Natal ou em incursões nas cavernas de gelo abaixo da grande costa congelada no litoral das terras afastadas do Clã do Profundo Inverno. Estar sozinha era a opção mais acertada em sua vida milenar, e também a mais divertida. Trocar essa sensação de liberdade - o espírito livre de uma folha que se solta da árvore mais frondosa e segue um rumo sem destino - era uma heresia em sua conduta pessoal de viver no mundo dos humanos. Não trocaria isso por nada e nem ninguém.

Até ver que não era necessário trocar sua ética a favor de algo ou alguém. Era apenas se deixar sentir.

Os companheiros de caçada entendiam seu lado aventureiro, sua veia estratégica, sua liderança nata, mas não compreendiam que debaixo das camadas que acobertara pra si residia aquela menininha feérica que adorava ouvir música dos menestréis e apreciar o nascer do sol. O de respirar fundo a atmosfera em uma lua cheia, corpo aquecido por uma fogueira tímida e um jarro de vinho. O dançar sozinha debaixo da torrencial que assolava as divisões entre os reinos sei e o deles.

Kittie sorriu rápido em seu sonho pesado, isso distraiu seu pensamento dos tempos de outrora. Às vezes isso acontecia quando Raine estava por perto, mesmo quando acordada. Prince havia advertido como Kittie a observava quando ninguém prestava atenção, como isso era corriqueiro, pois ninguém se importava com pessoa esquisita que acordava todos os dias em um banco dos fundos do hotel sem saber como chegara ali. Depois foi Angie, explicando que a vida era uma imensa balança de pesos diferentes. E que a paz no sono de Kittie era o pior dos pesadelos no mundo real. Óbvio que entender o que a menina eshu falava era perda de tempo: Angie nunca entregava informações sem haver uma negociação de valores (No caso dela: comida).

Seus dedos caminharam cautelosos pelos cabelos revoltosos, impregnados com grãos de areia da última aventura, rosto não mais transparecendo a dor interna. Kittie parecia ser mais feliz dormindo e sonhando. E isso deixava Raine particularmente infeliz.

Pois se era nos sonhos que Kittie encontrava paz, era exatamente lá que Raine não queria mais habitar. Estar no Sonhar era se sujeitar as regras esquisitas da Corte, das ordens dos elderes, de ter que fazer seu papel odioso de futura monarca mais importante de todo mundo feérico. De ser quem as pessoas queriam que ela fosse, não quem ela realmente era.

Mas Kittie era feliz dormindo. Único lugar de paz e segurança. Com o que ela sonhava, Raine já sabia de cor, mas viver uma ilusão permanente é mais doloroso que acordar para uma vida de sofrimento.

- Eu gostaria de te livrar dessa dor...

02 novembro 2016

[eu não sei fazer poesia] sem título

Tem três eu dentro dimim
Ume é que escreve
Outre que escarnece
Últime é uma extensão sem fim

Como três sofre junto
Que nem boi ladrão
Num mato sem cachorro
Que acabou de levar esporro
Em briga de foice no escuro

Nenhume toma jeito
Acham que no mundo tudo tem conserto
É remendo de lá, costura de cá
Um hematoma ali pra acostumar
Três vezes a dor em um
Ouve só o que vai vir

Primeiramente fora temerários
Povo inerte de posição e cabeçalho
Enfurnado em seus títulos recíprocos
Sentadinhos enfileiradinhos sequinhos
Tão certinhos de seu desempenho oh dó

Mas gritar não resolve, virar olho ou bufar
Nos corredores dos sims e nãos é preciso cortejar
A velha tradição de juntar bolinhos
Daqueles certinhos engomadinhos
De pés juntinhos torcem pra minoria enganar

São três de mim pra escolher um lado só
A ladainha deles, já sabemos de cor
Três de mim quer protestar
Vociferar, chamar em plenos pulmão
Provar por a + b esses cidadão
Tão afeiçoado ao latim do Lattes
Que a lógica esmagadora de Descartes
Não serve para o populacho não

31 outubro 2016

reações químicas parte 1


Não, não é sobre como é descobrir que crush perfeita de C. Lattes impecável e do signo se Touro (*insira um gritinho beeeeeeem histérico aqui*), mas o de experimentar um processo químico desencadeado desde março do ano passado.

Meu cérebro não funciona mais como antes. O acidente me mudou em diversas maneiras de comportamento, expectativas e funcionamento corporal. Se o psicológico foi abalado por um fator de coisas, o meu corpo também seguiu a mesma linha.

Como por exemplo, tolerância a efeitos de analgésicos.

Créditos: A Brief Guide to Common Painkillers (Clica que aumenta!)

Então se eu sinto cólica, não adianta  Buscopan ou Atroveran, vai continuar doendo. Se for dor muscular, NOPE, Torsilax ou Dorflex vai só aliviar um pouco por um tempo mínimo. Dor no coração?

Quem disse que tenho um?

Anyway, a culpa principal disso, sinalizada na bula do bendito remédio que me acompanhou por quase 3 semanas foi a codeína. Sim, a linda e brilhante medicação receitada que além de me fazer beber água como camelo, aumentar minha libido em 333%, também me causou problemas de despersonalização (aka sentir que saí do corpo, hello?), e tchanananan! A tolerância a qualquer remédio contra dor que não seja mais forte que a própria.

O que isso implica, chuchuzites?

É que arranjei uma puta dor nas costas, que está indo para a perna esquerda e tomar Torsilax a cada 4h não está adiantando. Tomar codeína de manhã e fazer o restante com Torsilax não está adiantando, logo há de se pressupor que um dos pesadelos listados na minha lista de pesadelos voltou à tona. O medo da dor. Ou melhor o medo de não sentir mais dor, porque meu cérebro decidiu shut down as conexões nervosas pra autopreservação.

Uma coisa interessante que a Psicologia explica sobre o motivo do homo sapiens ter medo de altura, escuro e fogo vai da noção de autopreservação. Se eu perder algo disso tou lascade. Sério, parte da manutenção da minha Sanidade se deve a se fator.

Já que não posso ficar sem trabalhar e estudar, tou enchendo os cornos de remédios e pedindo a quem me protege uma ajudinha em me lembrar o que devo fazer pra não abusar demais do privilégio de não sentir tanta dor quanto antes.

Pelo menos uma coisa boa dessa experiência: meu cérebro não tem tempo de computar as bad vibes do ambiente, logo não afeta nadinha na depressão, na verdade até me ajuda a ficar mais ative (ui) durante a maior parte do tempo.



Intolerância a dor, anotando nova skill na ficha.

11 outubro 2016

é CDD na silas uni




Fecha a conta, gente que A MINHA VIDA DE BIBLIOTEQUERE LACROOOOOOOOOU!!!!!!!
SILAS UNIVERSITY LIBRARY É CDD!!!!!!!!

10 outubro 2016

[conto com angie] - alantakun (trecho)

Título: Alantakun (poBRMorgan)
Cenário: Original - Projeto Feéricos.
Classificação: PG-13 (Algumas palavras ofensivas).
Tamanho: 1840 palavras.
Status: Incompleta.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]
Personagens: Angela, Quentin, OC: prodígio.


A minha cabeça dói.
Não chegou a explodir, porque isso é lá do outro lado. Tá difícil compreender os esquemas desse Principado.
(Ops, rimou.)

Oh ótimo, estou fazendo versinhos enquanto soterrada numa montoeira de rolos de fita cassete. Pra que mexer com prodígios afinal?! Deixa os cabras quietos e finge que nunca viu. Bem fácil assim, ninguém se machuca, ninguém se atrasa. E eu tou mais que atrasada.

Atrasada duas horas se deixar, mas hey! Rolos de fita cassete, é quase irônico ver em como estou até o pescoço enrolada nessas coisas. Esse mago deve ter um senso de humor ótimo pra planejar essa antes de bater as botas. Queria ter conversado mais com ele, mas já que Quentin levou a porrada maior, tou tranquila. Aquele ogro precisa aprender que há sempre espaço para a linda diplomacia em casos assim. Não necessitava chutar o traseiro do velho enquanto fazia as perguntas.

Quentin é um bundão. E eu sou covarde. Que dupla dinâmica.
(Quede nossos uniformes? Exijo um collant lotado de paetê e purpurina! Sambar na cara da sociedade feérica!)

Uma coisa que aprendi com aquele maluco foi que ter paciência é tudo na vida, tou praticando isso agora, literalmente soterrada por material nostálgico dos anos 80 manjando dos entrelaçamentos. Paciência é uma virtude, monamu, paciência te leva a lugares inesperados.
(Meu traseirinho machucado que leva sim.)

O maluco não disse pro Q que ele deveria se manter calmo o tempo todo, a consequência é essa agora, nesse exato instante, em que no canto do olho vejo o aprendiz original de Stardancer sendo chutado, bem certeiro no rosto.

Yep, botas com bico de metal frio.
Yep, ele deve estar vendo estrelinhas agora. Ou patinhos de borracha.
Depende do nível de delírio que aquilo deve causar.
E yep, eu devo ser a próxima a sentir aquele treco gelado sendo pressionado na minha cútis de neném. (Não quero estragar a maquiagem, estava tão linda quando saí!)

O som da bota fazendo outro baque, dessa vez nas costelas do Q.
Velhote burro, todo mundo sabe que um ogro aguenta ser sovado até virar mingau.

O que muitos não sabem que o ogro do Q é uma versão melhorada e mais cheirosinha que aquele dos desenhos animados (Sim, aquele do pântano em lugar nenhum e que casa com uma princesa que vira ogra também e são felizes para sempre com um quadrúpede tagarela? É bem legal essa história, morro de rir com as piadas internas, sinceramente acho que vou ver o filme de novo quando sair daqui. Quando eu sair daqui. Se é que dá pra sair.).

Diferente dos contos-de-fada que o mainstream adora colocar na rodinha, Q continua sendo canibal (Nunca deixou de ser!). E com uma leve obsessão por cabeças. Tipo, para penduricalhos. Ou para encolher. Acho engraçadinho cabeças encolhidas e colocadas em garrafas, elas ficam com essa expressão risonha e imagino se falam fino e talz... 

[conto com angie] os poucos que choram


Título: os poucos que choram (por BRMorgado)
Cenário: Projeto Feéricos.
Classificação: 14 anos.
Tamanho: 1037 palavras.
Status: Incompleta - 1/?
Resumo: no começo tudo era diferente, e continua sendo mais confuso ainda quando se cresce.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]

Trilha sonora: The Cure "Boys don't cry".




===xxx===
O almoço inexistia, nem o chá das cinco, aquele lanchinho da tarde esperto, muito menos alguma coisa entre a manhã e a noite. Era como manter vigília por tempo demais, seu corpo infantil não aguentaria muito tempo, com certeza aquele médico do posto estava certo, sentir o estômago corroendo algo dentro do seu próprio corpo fazia parte de sua rotina desde criança, mas aquele dia estava tenso, muito tenso.

Sentou no meio-fio olhando o que conseguira no caixote perto da lixeira do restaurante chique do centro de uma cidade qualquer, um pedaço feio de carne com arroz e feijão encrustado em uma placa meio congelada em volta. Era tentar ou tentar.

Verificou o cheiro da carne, passável, tocou a textura da mistura, comível.

Abriu a sacola de supermercado que pegara no Posto 2 e depositou seu tesouro do dia ali. Se tivesse sorte - e o sol forte ajudasse - chegaria debaixo do viaduto e esquentaria uma marmita com o que conseguira hoje.

Agora era passar um tempinho na rua pedindo para ver se alguém liberava umas moedas para comprar refrigerante morno no barzinho do outro lado do Posto 2.

Era um dia especial, oras! Conseguir carne na lata de lixo era difícil, tudo bem que a gororoba acompanhada não parecia tão feliz, mas agradecia muito a Sorte por conseguir finalmente pegar um naco mais parrudo de carne.

Hoje era o dia. Um grande dia!

05 outubro 2016

as cargas d'agua


Para constar, não tenho um coração gelado, ele só deixou de funcionar faz um tempo. Às vezes bate mais forte por uma coisa ou outra, mas volta ao ritmo normal (quase nulo, apenas bombeando sangue para onde deve suprir o corpo) quase que instantaneamente após o estímulo cessar.

É isso que o bode amarrado na perna causa em algumas pessoas. A apatia evidente costuma se manifestar em um conjunto de ações automáticas e repetitivas pra se dar a ilusão de que se está se mexendo, movendo, saindo da inércia. Mas os momentos de silêncio, os minutinhos de conversa interior, a indiferença que se instala após muito tempo, alguma coisa que atiça o bode a balir, aí sim, a apatia vem de com força.

Tenho impulsos destrutivos também. Acontece. Os pensamentos negativos e a análise exaustiva de situações que não vão ser resolvidas pela minha pessoa também é uma forma ferrada de me destruir.
Nutrir rancor e afagar mágoas antigas também me destrói também. Mas nada é mais eficaz que esse instinto imaturo e primitivo de torcer pro carma chegar bem rápido, tanto em mim (sim, eu peço pra ser punide quando reconheço que fiz algo errado, o que sempre acontece na maior parte da minha vida) quando nos outros.

E ai desse sentimento quase irresistível de ver alguém que me magoou, ferrou psicologicamente, prejudicou estar em situação parecida ou pior.

Admitir isso é horrível quando se tenta levar a vida no de bowie-ismo, porque de acordo com a lei e lógica de raciocínio e filosofia que sigo é de manter o Equilíbrio é mais importante que alimentar esse monstro.  Ouvi essa semana algo que me fez perceber esse meu lado destrutivo se manifestando e trazendo danos pro meu lado. O carma funcionando em sua alta performance, quiriduns.

Quando uma ideia se fixa por conta de uma lembrança ou imagem visual (que costuma ser o meu ponto de rememorar entonces mais ativo), vou querer dissecar o porquê. Mas literalmente destrinchar a situação é ideia toda, até deixá-las expostas em suas carcaças e apontar por A + B que em tal ponto eu fui inteiramente culpade daquilo e onde termina meu fardo. É ali que se desenvolve um serzinho miserável que por muito tempo achei que era meu auxiliar em escolhas nada convencionais na vida, mas que depois de disseca-lo descobri que é a maldita chama que Prometeu roubou lá naquele mito: insolência com qualquer tipo de lei que exista.

Os impulsos destrutivos começam nesse padrão, eu consigo, eu posso, eu tenho capacidade, eu aguento, eu faço, eu eu eu eu... E o bode amarrado na perna bale: "Ah é modafóca? Faz agora enquanto eu encho teu repertório com milhares de coisas pra se arrepender, dezenas de coisas para querer desistir de tudo e poucas coisinhas, bem minúsculas pra se lembrar que vale a pena acordar todas as manhãs."



Porque tem dias que não quero nem sair da cama, não dar satisfação a ninguém, me enterrar em algum buraco imaginário dentro do meu cérebro e ficar lá até meu corpo começar a gritar que precisa de fazer as coisas normais da vida. Tem dias que não quero ir pro estágio, ir à aula, desistir de qualquer interação social que me enfiei para provar a mim mesma e ao serzinho miserável que eu era mais forte e capaz de coisas legais. Tem dias que quero dar umas sacudidas em pessoas que considero e amo e dizer em alto e bom som: deixa de ser trouxa e vai viver a vida. Tem dias em que desejo terrivelmente que quem me fez chegar a esse ponto (inclusive eu mesme) tenha um castigo bem lento e deplorável. Piriri por 1 semana, perder o paladar, ser admoestado/passe vergonha publicamente, ter seu coração jogado no lixo, por aí vai. Minha imaginação é fértil para punições que não ameacem a integridade física, mas oh posso dar listas de como deixar impressões e lembranças amargas.

Mas aí vem a lei do carma e ela é infalível. Ter esses impulsos de pensamentos ruins me traz consequências, me faz perceber bem rápido o quanto não posso me deixar levar pelo balido do bode. Equilíbrio é o ponto chave da existência, manchar essa dádiva com rancor não me traz felicidade, apenas sofrimento. Óbvio.

A música e o trabalho (Ou estar produzindo algo como escrever nesse blog) me aliviam bastante dessa situação, estar perto da praia também, sexo também se provou ser um ótimo remédio (olá química e fisiologia básica? Ocitocina, adrenalina e serotonina?), por enquanto. Se a fórmula vai funcionar pro resto da minha vida de escriba, aí nem quero pensar muito não.

Algumas pessoas já me recomendaram praticar esportes, socar coisas (não coisas vivas), fazer academia, tomar remédio, parar de ser fresca, ter mais Deus na minha vida, parar de complicar tanto.
 
Vivendo um dia de cada vez. 
Eliminando um pensamento negativo a cada minuto. 
Tentando não completar o círculo vicioso da destruição.














03 outubro 2016

[Conto com Angie] O metrô do Arges

[O metrô do Arges] por: @_brmorgan.
Cenário: Projeto Feéricos.
Classificação: 16 anos (morte, distorção de convenções morais, violência)
Resumo: Uma estação de metrô abandonada, não afetada pelo tempo, ou talvez sim, há poeira e limo por toda parte, mofo acumulando aqui e ali, mas é impecável o estado de seus ladrilhos, milhares e milhões deles ornando todos os lugares por onde posso deixar meus olhos correrem.
Disclaimer: Não terminei esse, mas já postando, porque gostei da levada do enredo.

Aquele lugar continuava insuportável.
Não me leva a mal, mas tem pouca ventilação aqui, goteira pra tudo quanto é canto e o cheiro é desagradável. Parece um cemitério... Bem... é um cemitério... de locomotivas.

Quando eu tava meio fora do ar, evitava de ficar rondando essas quebrada, metal faz mal pra saúde das fadinhas aqui, valeu? Não quero me meter em enrascada, ser obrigada a sair vazada e tropeçar numa coisa dessas e me cortar. Metal frio dá problema, tipo gangrena, arranca pedaço maior, te mata. Eu não tou pronta pra morrer. Não hoje! Hahahahahahahah, okay, certo, parar de rir tão alto, esse lugar dá eco... Eeeeecooooo... 

 - Ai! Não precisa me beliscar! - digo pro lazarento do meu lado, óbvio que ter guia aqui embaixo é tipo, pedir pra ser coisa ruim. Desde que encontramos aquela quimera-busão, as coisas aqui embaixo andam, bem... ahn... como dizer? Peculiares.

E pra completar bruxas. Oh ótimo! Como se não fosse o bastante!
 - Eu posso te ouvir pensando.
 - Grandes coisa, e eu consigo teleportar. Quem ganha nessa? Você? - digo de volta pro guia. Não dá pra saber quem é, nem me importo o que seja, o importante é que firmou os esquemas, desço sem ser ludibriada, na volta damos um jeito. Certo? Belezura.
 - Estamos perto.
 - Cê falou isso há uns 15 minutos atrás.
 - Você pensa demais. Distrai.
 - Uai Zé Povinho, trata de manter a telepatia guardada, oras! Que intrometido.
 - Sua insolência será registrada no... - sério que isso é uma gravação de voz? Onde raios estamos indo?
 - Véi, era alguém nos auto-falantes?
 - O que é auto-falante?
 - Cê é véi, né véi?
 - Hein?
 - Esquece. guia aê que o tempo tá acabando. Preciso chegar antes das 6 pra jantar direito. Muita coisa rolando pra amanhã... - dando desculpinha pra fingir uma vidinha normal, essa sou eu. Essa é a minha vidinha. Sozinha, na escuridão, no meio de um túnel cercada de lodo e goteiras, sendo guiada por uma criatura invisível e lamurienta para o meio do nada. O cheiro de metal é forte. Muito.
 - Lembre-se que quando chegar até lá, não há volta a não ser pelo viajante de aço.
 - Ah tá, arram, senta lá Cláudia.
 - Meu nome não é Claudia, é Liriam.
 - É um bonito nome! - me surpreendo com a interação. - Whoa Liriam! Cê é tipo aquele povo dos espremidos e talz?
 - Nós temos um nome, menina, não precisa ofender. - a voz de gravação de áudio aparece de novo.
 - Okay, da onde vem essa voz?!
 - É um dos nossos.
 - Não é aqueles dentuços não né? - minhas mãos tremem ao lembrar do último encontro com um "deles". Urrum, eles existem, estão no meio de nós. Não deveriam estar, mas hey! Se o Drácula aparecer na minha frente e buzinar três vezes, é óbvio que irei acreditar em vampiros! Nota para a posteridade: vampiros são mortos-vivos e eles machucam pra cacete. Eu e meu cano de ferro que o fale.
 - Somos antigos, raça antes nobre, hoje fadada a solidão.
 - É triste isso véi, ops Liriam... - eu entro na confissão de terapia de debaixo de metrô. Parece apropriado para o momento. - Cês não encontram mais de vocês pra trocar umas ideias, fazer uns debates, sei lá, jogar pingue-pongue?
 - O que é pingue-pongue?
 - É um esp... ah esquece... demora muito ainda?
 - Mais esse corredor.
 - Isso é um corredor? Parece um túnel!
 - Menina, não se esqueça que no escuro, você parece maior do que é. O seu verdadeiro eu.
 - Oh locutor de meia-tigela! Vai se catar! - odeio quando me vêm com essa de "ser maior", tenho só um e sessenta de altura, pô! Tá tirando com a minha... MINHA NOSSA CENOURA DO CACHORRO RUIVO!! Que p**** é essa?!
 - Por favor, não grite. Pode assustar o viajante de aço.
 - Como é que vou assustar um vagão de metrô, oh locutor pirado? - eu indago de volta para o nada, mas o nada toma forma.

[Créditos da Imagem]
É imenso. É confinado. É tudo ao mesmo tempo.
Uma estação de metrô abandonada, não afetada pelo tempo, ou talvez sim, há poeira e limo por toda parte, mofo acumulando aqui e ali, mas é impecável o estado de seus ladrilhos, milhares e milhões deles ornando todos os lugares por onde posso deixar meus olhos correrem.
 - Aqui é o local. Não posso mais que isso. - diz meu guia com nome bonito, viro-me para o túnel escuro e apenas vejo uma figura alta, esbelta, espremida em uma das paredes do túnel de acesso a essa estação. Não vejo seu rosto direito, há uma cortina grande de cabelos escorridos cobrindo o que parece ser uma face humanóide. Gente boa, Liriam.
 - E pra sair?
 - Apenas pelo viajante de aço. - disse apenas, sendo engolida pela escuridão.
 - Obrigadão Liriam! Cê é jóinha! Passa lá na Raine pra gente tomar um chá... - e vendo que a criatura não iria me ouvir mesmo, eu continuo disfarçando o meu pavor de estar ali. A missão não era nada feliz. - Comer uns biscoitinhos, fazer um tricô, talvez umas miçangas e vender a Arte na praia... Essas coisas... - enquanto caminho percebo nos detalhes dos ladrilhos, tão bem colocados em um imenso mosaico colorido nas paredes, teto e além. O vitral azul acima de minha cabeça mostra as estrelas pálidas. Ufa, pelo menos aqui estou sendo assistida, não dá para me perder.