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22 dezembro 2016

Zé Walter entalado


Apenas para deixar registrado:

Hoje, às 8h17 da manhã fui resgatar um gato pseudo-siames entalado na estante de livros.
O dito gato ficou com metade do corpo pra fora das separações da estante - que na verdade é um estrado de cama de solteiro - impossibilitado de sair na hora do nomnomz.

O que o gato não esperava era que eu no impulso iria tirar fotos dele nessa situação, maaaaaaaas recorri ao meu bom senso e não tirei. Vergonha alheia, basta a minha.

O gato estava bem p*** quando foi retirado do entalamento, mas comeu tranquilamente e reassumiu o posto debaixo do sofá com um ar compenetrado e desconfiado.

Tal fato me deu crise de riso no meio do busão. E provavelmente dará mais pro resto do dia.

Atenciosamente,

xx Gateira tr0ll xx

a ética internética de todo dia

Há um consenso meio doido que todo mundo stalkeia na Internet, oh well, se você não leu as 100 regras da Internet, saberás que tal prática é necessária até pra saber se a pessoa que é alvo de investigação tão apurada possivelmente pode ser um serial killer
Ou um engenheiro. 
Não sei qual dos dois é mais amedrontador.

Não stalkeie, pergunte logo pra pessoa o que deseja saber ou sei lá conviva com ela tempo suficiente pra nem precisar perguntar. Volta e meia as informações saem naturalmente. Oversharing acontece nas melhores horas, tipo na fila do RU.

Percebo em colegas que essa sensação de não saber é angustiante ao ponto de fazer romaria em perfis de Facebook, traçar rotas em redes sociais, buscar o máximo de informações que possam levar a alguma conversa ou satisfação pessoal sobre um determinado assunto. Ou se for interesse romântico, é de catar todos os detalhes antes de ativamente fazer isso com o consentimento da pessoa.

Como meu interesse primário nas pessoas de level superior ao meu costuma ser o Lattes (sim, sou superficial desse jeito mesmo, mas é precaução: se rolou coisa com áreas que não bico de jeito algum, fecha a aba do navegador, não desperdiça tempo), é lá que costumo passar um bom tempo, seja fazendo revisão de bibliografia da pessoa ou dando uma lida no que ela produziu cientificamente.

Não há nada de mal nisso, já que é  o meu trabalho como pseudo-bibliotecárie saber fontes e referências sobre os assuntos. Se a pessoinha que me interesso está enquadrada nessa premissa, ótimo! Metade do caminho pra perguntar o que ela acha sobre a atual conjectura política de apatia dos bibliotecários e se prefere uva passa no arroz. Bem simples assim #SqN

Minha reação exata ao fazer pesquisa exaustiva e o resultado vir
de um jeito que eu não esperava ter visto
Aqui no meu lado é a ética capitalista (conceitos contrários, yey!!): Apenas pesquiso exaustivamente Currículo Lattes ou se preciso recuperar informação que seja importante.

Pra saber signo, sorvete favorito, cor que mais gosta e se prefere o café com ou sem açúcar ou é uma pessoa adepta ao chá ou sua visão de mundo, prefiro tomar coragem, deixar a bigorna da vergonha cair na minha cabeça depois e perguntar logo. Se as oportunidades aparecem, são raras. Logo não vou ficar forçando o descobrimento de informações se aquilo exatamente não será relevante pra mim se não tiver o esforço máximo de sair da minha zona de conforto. E sou tímide pra cacete, demora até eu perguntar o que a pessoa acha sobre a vida, universo e tudo mais, mas coisas básicas como se ela tem lóbulo anexado, se nasceu os sisos ou se é canhota e tem língua geográfica. Esses tipos de perguntas são com um level moderado de convivência.
(então, quem convive comigo sabe que minhas perguntas são bem esdrúxulas assim, sem sentido aparente algum, mas pra mim faz total sentido!) 

Por exemplo, amiga tem um blog ativo pré-adolescente: aproveitei a piada e disse que ia atrás do link. Com o apavoramento imediato da chuchuzinha disse que não faria isso se ela não se sentisse a vontade. Eu poderia simplesmente ir lá e descobrir o link e ler tudo o que ela escreveu com sei lá 14/15 anos, mas não, é mais legal sentar com ela na cachoeira ou no chão do quarto bebendo vinho barato e comendo batata, ouvir os causos absurdos da vida naquela época dela do que vasculhar em cada canto da web sobre isso.

A gente passa muito tempo se enfiando em lugares que não tem propósito de o que fazer com a informação após o sofrido percurso de garimpo. O que adianta fazer uma pesquisa exaustiva se depois não sabe aplicar o conhecimento?
(E na minha área tem uma chatice de dado que constitui informação que produz conhecimento)

Onde entra a ética nisso? Bem, é o saber como manejar isso de forma em que não cause nenhum prejuízo pra pessoa e também pra você também. E saber respeitar o Outro com o limite/fronteira entre o que se deve saber o que se pode descobrir.

Sabe o Grande Irmão? 1984 me ensinou tantas coisas, gente!

E refletir sobre todo esse esforço maluco de catar informações daqui e dali para se obter um fato concreto ou se de acordo com o timbre da voz da pessoa é possível associar com o gosto musical dela.
(não gente, não é possível descobrir essas coisas assim, mas se por acaso em um artigo ou capítulo de livro que a pessoa tenha contribuído tenha um rodapé com a letra de uma música da Bjork ou Rionegro e Solimões, isso vai me sinalizar algo importante)

O trem da palavra stalker também é pesado. Amaciar essa prática nefasta com os níveis toleráveis e de ser politicamente correto pode ser um tiro no pé lindo. Ou um processo de assédio se a coisa ser invasiva.
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Fui movide a escrever esse texto ao perceber que meus blogs de preadolescente foram há eras deletados, o fotolog vergonhoso também, meu Lattes tá jogado às traças, há pedaços meus aí pelas interwebs, mas meu main default é deixar tudo concentrado aqui, pra zoeira ser maior e também ter uma organização no que faço de bom ou de ruim.

Até porque isso me consome tempo. E tempo é dinheiro.
O meu tempo já é desperdiçado demais com coisas que não produzem dinheiro (tipo 3 a 4 horas enfurnada em ônibus, terminal, fila, trânsito), logo a deliberação final se resume a isso.

E de me sentir com vontade de realizar um stalking básico, mas aí volto a premissa lá tão pegajosa em sua essência: tempo é dinheiro. E tenho bem pouco dos dois. 
(E respirar fundo e conseguir até final do ano pelo menos a informação de quais bandas a pessoa gosta de ouvir - não consegui em tempo hábil, logo semestre que vem há mais oportunidades!)

Disclaimer póstumo: eu falando de ética nas interwebs, mas sacaneando a torto e a direito o povo da engenharia, lalalalalalalalala...

11 dezembro 2016

[conto com angie] hora do chá


Título: Hora do chá (por BRMorgan)
Cenário: Projeto Feéricos.
Classificação: PG-13.
Tamanho: 1.010 palavras.
Status: Completa.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]
Personagens: Kristevá Todd, Raine, Angie, Tobby

Algumas coisas na vida mudavam. 
E outras coisas continuavam as mesmas. 

Angie observava a cena com um leve sorriso no rosto ainda marcado de tinta guache, canetinha hidrocor, a maquiagem meio borrada pelo turno vespertino na creche comunitária onde fazia voluntariado apenas pela merenda e nada mais.

Seus olhos cansados passeavam minuciosamente pela cozinha do hotel, aquele gigante animado de forma grotesca em seu entender, como um construto despedaçado e rebocado em cada pedaço e andar do prédio. Já havia se desentendido com o tal hotel (Ou seja lá o que o mantinha "vivo") e agora, exatamente naquele instante percebeu que tinha um cúmplice de intrigas.

Nesse caso, de sacanear a chefia o máximo possível.

O fogão que nunca pegava na primeira acendida de fósforo estava perfeitamente funcional. Aceitando o fundo da chaleira sem balançar e espalhar a água quente e apagar a chama ou queimar quem estivesse por perto. O segundo bocal enorme para panela grande nem cismara em se acender e causar um pequeno incêndio. O forno é que mais surpreendia, não jorrou nenhum objeto chamuscado, deixou um fedor empesteante de gás e muito menos fazia um barulho horrendo após alguns minutos aquecido.

A cozinha do hotel estava colaborando com a Rainha dos Feéricos, mesmo ela odiando esse título e o evitando como dava.

A observadora não tão distraída na porta da famigerada cozinha mortífera coçou o queixo com uma casquinha de guache seca, o sorriso cresceu ao ver o gesto pequeno de carinho trocado entre as duas ocupantes do pequeno espaço, o simples mover harmonioso de se dividir as tarefas, uma mão que complementava a outra, uma ação ainda não feita, mas pensada já sendo executada, a sincronia entre movimentos, e os fios prateados. Urrum, lá estava os dois, tão entrelaçados um ao outro que mal conseguia distinguir onde um começava e outro terminava.

As duas pessoas não percebiam nessa ótica, estavam entretidas em fazer o ritual do chá da tarde e terem o momento silencioso de desfrutar a companhia uma da outra sem precisar tratar de negócios do Mercado Proibido ou de Quimeras rebeldes. 
- Abro esse pacote aqui ou...? 
- Abre dois que a menina chega esfomeada, como sempre... - riu Raine para a dificuldade em que Kittie tinha em abrir a embalagem de biscoitos. Angie quis intervir como sempre, dar sua opinião ferina era algo automático de sua índole, mas ali, naquele lugar, ela não iria interromper o que estava acontecendo. 

Os fios prateados sempre diziam o caminho.

A música na vitrola na sala da sinuca mudara para uma balada dos anos 80, algo bem melancólico de letra ambígua, mas que fizera muito sucesso na época (Angie lembrava disso muito bem, viveu intensamente os anos 80 como uma adolescente eshu que se orgulhava). Para Angie, a música era um código universal de alcance ilimitado aos corações, não importava como. O fato da vitrola pertencer a Raine e estar tocando sucessos dos anos 80 era algo a se relevar: a chefia não deixava ninguém tocar em seus pertences, muito menos mudar aquele disco pegajoso de música barroca, de concerto, sem letra alguma e tediosa depois do terceiro minuto. 
- As torradas estão prontas, chá também, faltam as sementes e o querido voltar com a geleia e manteiga... - organizou Kittie em seu modo metódico de viver a vida, sempre se disciplinando para não esquecer nada. Raine riu novamente, se aproximando da pessoa mais alta e tirou uma xícara de seus dedos sempre trêmulas. 
- Relaxa... É só um chá da tarde, estão todos acostumados com a bagunça. - O rosto de Kittie se contorceu em preocupação, mirando bem a xícara retirada de sua mão, os óculos de armação tartaruga escorregaram um pouco do gancho do nariz para serem ajeitados por Raine inconscientemente. As duas trocaram olhares novamente e riram. 
- É só um chá... - repetiu Kittie com certeza, a mão de Raine tocou seu rosto e a preocupação se desfez rapidamente. A troca de olhares foi confusa, Raine para a cicatriz ainda se curando no lábio de Kittie, esta focando sua atenção e miopia no topo da cabeça de Raine. 

Foi quando Angie percebeu no que Kittie também via, soltou um soluço de surpresa pela descoberta e atrapalhou o fluxo de energias que a cena doméstica produzia no ambiente (E pro hotel ter ficado a favor disso era porque as energias eram realmente poderosas). 
- Oh Angie, já chegou? Não pegou até às 18h? - disse Tobby chegando com sacolas de compras no seu andar desequilibrado. O momento ali se dissipou, Kittie foi supervisionar o forno, Raine pegou um pano de prato e o amassou nas mãos com certa violência. A interrupção não era nada perto do incômodo da dona do hotel ser vista em posição tão vulnerável. 
- Gurizada foi pro flúor e escovação de dentes, então... - Angie deu de ombros e refez seu jogo para amenizar a tensão. - Tá fazendo biscoito, é? 
- É bolacha. - provocou Tobby, ela abanou a orelha demonstrando o quanto se importava. 
- É semente de abóbora caramelizada... Receita básica de Dia dos Santos... - explicou Kittie abrindo o forno e tomando cuidado para tirar a travessa com o doce marrom e de aroma característico entre amendoim torrado e açúcar queimado. 
- Dia dos Santos é semana que vem, não? - Angie ajudou Tobby a tirar as compras e separar na bancada de mármore da pequena cozinha, Raine continuava em silêncio, observando bem a tarefa de Kittie com a travessa quente e uma espátula de teflon. - Pode pegar um teco? 
- Espera esfriar que vira torrão, calma. - Kittie avisou mantendo a travessa longe da menina eshu.
- Obrigada Tobby pelas compras... - Raine agradeceu polidamente e pegando com cuidado as bandejas com chá, biscoitos e utensílios.

Saiu graciosamente pela porta da cozinha e encaminhou-se para a sala da sinuca. Kittie brigava com a espátula, Tobby ajeitava as compras nos armários e Angie percebia que o fio prateado de Kittie e Raine lentamente se afinava para finalmente se separarem, cada um de seu lado.

projeto verão quebradeira 2017?!


Querida entidade do panteão que não gostaria de citar tanto em meus escritos,

Não lembro de ter assinado nenhum contrato ou aceitado algum termo de consentimento, mas tá parecendo que há umas forças estúpidas aí movendo uns palitinhos e enfiando em alguma trama da tapeçaria que as fiandeiras tão gerenciando desde meu nascimento.

Encaminhei algumas reclamações na Ouvidoria do Olimpo por conta da incompetência de seu amado filho e colaborador vitalício, e também outra queixa enorme para o Departamento de Marketing de seu setor por fazer propaganda falsa durante 29 anos. 
(Amor é legal, Amor é sensacional) 



Tá na hora dessa gestão aí mudar, deixa alguém mais capacitado gerenciar os processos (teu meio irmão mensageiro parece um candidato a altura, esquece teus dois maridos, eles são babacas), vai tirar férias, vai pescar. Leva o pirralho míope contigo.

Já me foi jogado na cara algum tempo atrás que todo tipo de Amor que me envolvi seria e é um exercício pro teatro da vida (E já que estamos falando de mitologia e tragédia grega, oh divina!) e que definitivamente eu me sentia mais no backstage do que sendo protagonista.

E no backstage a gente puxa as cordinhas (a falsa noção de controle) , mantém o camarim livre, faz as trocas de roupas, ajuda na logística, não tem pretensão alguma de decorar falas e ir pro centro do palco.

Centro do palco é um horror. 
Há holofotes demais, muita encenação e pouca improvisação. E eu vivo praticamente disso. 

27 novembro 2016

[conto] a música do diafragma


Título: a música do diafragma (por BRMorgado)
Cenário: Original/Cotidiano - Nova Orleans.
Classificação: 18 anos. (linguagem inapropriada).
Tamanho: 3.412 palavras
Status: Completa.
Resumo
N/A: Como não largo as vibes de Nova Orleans e aproveitei o cenário que já tenho (Felicidade Adormecida, em breve um link prestável) para colocar essa pequena peça de diálogo. Faz parte desse cenário aqui também [x]
Trilha sonora:

 - Cê sabe que minha visão lá é lá boa...
 - Quantos anos você tem, moleca? - dou de ombros, o velho do meu lado parece irritado.
 - Pede pro guri ali, ele tem mais noção nessas coisas que eu, oras! - aponto para o primo do Cavillar, um adolescente chato que colou no grupo esses dias. Ele deve ter um olho melhor que eu, isso com certeza.

Fantasias de Mardi Gras não eram meu forte, vou ser sincera. Gostava muito da festa, demais até, como qualquer pessoa nascida aqui honra as calças que usa com a barra suja da lama do Mississípi, mas sinceramente a tradição das fantasias me assustavam. Culpe o catolicismo traumatizante na minha vida de viciada, qualquer coisa muito colorida e que trazia alguma simbologia cultural me fazia querer correr na direção oposta.

Vai ver que é isso que não gosto tanto de entrar nas casas de memória ou nos museus. Muita simbologia para decifrar. Ah! Ironia do destino: estar com alguém que é expert nisso. Que classifica essas coisas... culturais... sei lá o nome pra isso, sempre achei que ela tava zoando quando me disse que trabalhava em uma reserva indígena no oeste fazendo catalogação de objetos usados por índios há um milhão de anos atrás. Tá, um milhão não, centenas de anos atrás. Ela explicou umas outras coisas também que não consegui acompanhar, meu cérebro virou pudim depois desse último verão e a abstinência tava queimando o restante daquilo que eu já não tinha, então ficava assim: eu escutava, mas não entendia bulhufas. Ela na paciência infinita, me explicava de novo. A gente fazia umas comparações com as coisas aqui da cidade e aí nos entendíamos.

Melhor isso que aquele silêncio péssimo que tanto odeio.

Tava no semáforo quebrado da St. Charles essa semana (ou era hoje de manhã?), parada como sempre, esperando o verde aparecer. veio de novo, como quando eu percebi quando criança, compasso 4 por 4, valsa, rock, um pouco puxado pro country, deu para seguir o compasso com a cabeça, mas tinha que atravessar a rua, ir para o Centro Social, dar palestra sobre teoria musical, o ritmo do semáforo foi perdido. Antes isso me dava muita raiva, assim de surtar, mas agora como a medicação tinha voltado ao normal dava pra segurar a explosão de humor. Do 8 ao 800 em poucos segundos, agora demoravam horas. Seja lá o que colocaram na mudança de pilulas, nem sentindo dor no estômago eu tava mais.

Oh! Sim, palestra! O basicão pra garotada. Nada muito aprofundado, um pouco mais puxado pros sopros e as latas, eu queria achar um ali que entendesse de cordas, umzinho que respeitava o sagrado violoncelo, mas nadinha. Tudo vidrado na tradição do latão com o trio que a Big Easy perpetuou como a verdadeira música americana. Isso me cansa também, entendo só da teoria dos latões, não da espiritualidade. Pra tocar um trompete, um sax, uma tuba tem que ter a alma grudada na porra do latão, como uma parte do teu pulmão ali arfando, é essa a filosofia dos mais velhos. A única coisa que consigo sentir isso é com um cello no meio das pernas.

25 novembro 2016

[conto] erros de comunicação NSFW

Título: erros de comunicação (por BRMorgado)
Cenário: Original - Nova Orleans.
Classificação: 18 anos. (Cenas insinuantes, menções de BDSM).
Tamanho: 2.783 palavras
Status: Completa.
Resumo: um quarto no bairro francês, uma discussão de relacionamento no quarto ao lado, um teste com mobiliário novo.
Disclaimer: É possível ou não fazer parte desse outro conto aqui. Conteúdo abaixo do link NÃO É apropriado para menores de 18 conforme as tabelinhas de classificação indicativa de filmes/seriados/livros e tudo mais. Então se não gosta dos temas acima, esqueça, vá ler outra coisa, pule de postagem. Não me culpe de corromper vossa mente ou que fui uma má influência.

Trilha sonora: "Ne me quitte pas" interpretada por Aurora Nealand & the Royal Roses



As usual: NSFW, quase, assim não tanto. Mas tá avisado.

19 novembro 2016

[os escorregadios] in manus dominum

Título: in manus dominum (por BRMorgan)
Cenário: Original - os escorregadios.
Classificação: PG-13.
Tamanho:  palavras.
Status: Incompleta - 1/?
Disclaimer: A escrita de EngeL começou há muito tempo atrás e como um elemento de ligação fez a união entre os cenários (a Morte de Triciclo), resolvi juntar tudo no masterpost de Feéricos [x]. EngeL agora foi rebatizado de Os Escorregadios. Quem acompanha o que escrevo sobre Feéricos vai ver algumas alusões aqui. Sim, é de propósito lol
Personagens: Morgenstern, Micaela, Catherina "estrangeira pintora", Abraham "Bram-bram", enfermeira Carlson, enfermeira Woöls, zeladora Todd



“Just one medicated peaceful moment.” : A Perfect Circle – Orestes.


CAPITULO 1 – “IN MANUS DOMINUM”


Parte 1: O Hospital.


A Metrópole era uma cidade de negócios, o maior aeroporto da região. Linda cidade. Separada por dois rios que subiam e entravam na cidade. Em outros tempos, aqueles rios eram limpos e cristalinos, aproveitados pelos habitantes locais com suas choupanas, seus sonhos simples, seu cultivo de grãos para sobreviver. Não havia prédios altos e antenas de tv. Nem barulho de carros e fumaça das fábricas de automóveis. Era tudo quieto e passarinhos voavam por aí.
- Assim como eu... – disse Micaela, a paciente nº 416 perto da janela blindada e com grades de ferro em seu quarto.
- Micaela, saia dessa janela, por favor? – ela nem ouviu a enfermeira do centro psiquiátrico – Da última vez não foi uma boa você ficar aí até mais tarde lembra? – a paciente jovem (Aparentava ter quase 21 anos) virou na cama de limpos lençóis e murmurou algo para si. – Vamos querida... Hora do chá... – disse a enfermeira com um sorriso cansado, tão cansado por estar trabalhando quase 20 horas ali que mal pensava que teria que enfrentar mais duas horas de trem para ir para casa cuidar de seus dois filhos homens e aguentar mais uma noite com o marido insensível.

No corredor da ala feminina, ela passou por alguém que insistentemente desenhava nas paredes, era a estrangeira que ninguém conseguia pronunciar o nome. Era de origem russa e tinha pouca paciência com quem a atrapalhasse em seu trabalho. Para precaver que a adolescente muda não rabiscasse por todo lugar, instruíram uma enfermeira para vigiá-la e lhe dar boas levas de papel para que ela desenhasse sem prejudicar a tinta do recinto. Em seu quarto, era coberto com papel de parede especial (E que eram seus pais que pagavam por qualquer dano que ela causasse ali) que era retirado frequentemente quando ela completava todas as quatro paredes até a altura que sua mão alcançava.

- Cat-cathy... Aqui... – disse a enfermeira que cuidava dela, dando um pote de giz de cera. A menina pegou com um rápido gesto da mão e voltou ao seu trabalho, a enfermeira observou ela fazer um circulo perfeito para pintar o Sol de laranja. Abaixo dele havia um gramado verde cheio de flores de diversas cores, uma árvore solitária em um morrinho perto de dois rios que se encontravam no final do papel.

Ao seu lado estava a mulher aficionada por música. Sabia de toda programação de cabo a rabo, mudava as estações com cuidado e informava as horas das notícias e músicas favoritas às enfermeiras. Seu nome era apenas Mo, ninguém a visitava nos feriados e muitas enfermeiras mal percebiam na presença da menina grudada no rádio de pilha laranja que ganhara de alguém que não se lembravam. Mo era quieta e sorria muito para os outros, gostava tanto de ouvir música que ficava horas com o rádio na orelha direita e cantarolando as músicas baixinho enquanto movia a cabeça no ritmo da música. Nas sessões de recreamento, ela apreciava ficar perto do piano velho que nem usavam na sala. Ficava olhando o velho instrumento como se esperasse que ele tocasse para ela, mas nada acontecia e ela não fazia exercícios como as outras, apenas sentava e observava o piano intocado.
- Enfermeira Carlson... – ela disse baixinho para a enfermeira que cuidava da estrangeira. – Vai começar o programa do Jëss na TWD, 97,9. – a enfermeira agradeceu e ligou o radinho da sala de enfermeiras para as colegas de trabalho escutarem, todas adoravam a voz sensual do locutor e como ele mandava abraços e beijos e declarações de casais apaixonados para os ouvintes. A estrangeira chiou algo em sua língua natal e olhou irritada para a sala das enfermeiras. Mo sorriu para a garota e apontou para o céu que ela desenhava em outra folha. – Bonito... Céu amarelo... Como se o Sol estivesse, ahn... iluminando tudo...? – tentou começar uma conversa, mas a estrangeira voltou a desenhar sem dar-lhe ouvidos. Voltou sua atenção a outra estação que gostava de ouvir, era a 107,1 que era o canal de notícias.
- Micaela, saia dessa janela já! – gritou outra enfermeira já correndo para aparar a jovem paciente 416 que abria a janela pesada e olhava para baixo como se quisesse pular.
- Por Deus!!! – disse a chefe das enfermeiras e fechou a pesada janela com a ajuda de uma enfermeira bem forte, seu nome era Zildi e ela era um doce de pessoa, tratava todos como seus amigos e dava balinhas macias para as meninas mais novas. 
- Mas eu preciso aprender a voar, enfermeira Woöls... – disse a garota inocentemente.
- Que voar o quê? – disse a mulher indignada pelo susto. – Coloquem ela no quarto separado... Só sairá para o banho, Micaela...
E todas ali ficaram caladas. Todo mundo sabia o que significava ficar no quarto separado.


Parte 2.

Hora do banho. Eram grupos de 5 em 5, pois as 2 enfermeiras encarregadas vigiavam as pacientes nos banhos. Os boxes de banho eram abertos na frente, mas separados por divisórias de acrílico temperado. Mo sentia vergonha por tomar banho vigiada, mas sabia que as mulheres ali não tinham receio nenhum, todo cuidado era pouco, já que na última terça, a viciada conseguiu fugir do banho e sair pelada pelo corredor. Houve só uma vez em que Mo se sentiu inteiramente enojada e medrosa, quando uma das enfermeiras da noite, vigiou todas as meninas sozinha. Como era alguém de olhar frio e dominador, ninguém se atreveu a fazer nada errado para não sofrer conseqüências. A enfermeira era bem perfeccionista e chamava atenção de quem estivesse fazendo algo fora do comum (mas era só um banho, oras! Pensou Mo depois.). 

A estrangeira foi a que sofreu mais, pouco entendia o idioma e pouco se interessava como a enfermeira falava para ela fazer. Mo soube depois que a estrangeira foi para o quarto separado, mas desta vez foi à noite. Melhor seria não perguntar, tomou seu banho de uma vez, lavou os cabelos curtos quase rentes ao cocuruto com destreza e saiu se enxugando.
- Muito bem, Mo... – disse Carlson com um sorriso, aparando a estrangeira de pular a parte de se secar e depois pentear os cabelos. Mo viu Micaela entrar com alguns tremeliques característicos de uma sessão. Deu um breve aceno para a garota e não recebeu nada em resposta. Ficou ao lado dela.
- Micaela... Empresta seu creme de cabelo...? – ela pediu apenas para puxar conversa. A garota mais velha deu o pote pequeno com as mãos tremendo. Apontou para o pente e Mo entendeu, a ruiva começou a passar o pente disfarçando com um ar de despreocupada. – Amanhã terá o jogo de perguntas na 92,8. Nós poderíamos tentar a sorte, não? – Micaela virou para Mo e murmurou perto dela.
- Eles tentaram arrancar minhas asas...
- Eles quem...?
- Aqueles... aqueles seres malditos... – dizia a garota baixinho. – Invejam a gente por termos asas... Eles não têm mais asas e nem sabem como voar... Quando eu voltar a voar aí eles irão ver como é que...
- Meninas, se apressem! O jantar está esfriando! – disse outra enfermeira. A expressão de Micaela mudou e ela agarrou o pente de Mo com ferocidade e a empurrou para longe, o chão escorregadio fez Mo desequilibrar e cair de costas no chão frio, sua cabeça quicou várias vezes no chão e ela sentiu que algo quente estava escorrendo em seu pescoço. Grande alvoroço aconteceu minutos depois, Micaela gritava sem parar que haviam tentado cortar suas asas, que não a deixavam em paz porque ela era um anjo escolhido por Deus.

Mo não ouviu a gritaria, desmaiara no chão e ganhou um corte perto da orelha.

15 novembro 2016

[os escorregadios] apegos e afetos

Título: Apegos e afetos (por BRMorgan)
Cenário: Original - Projeto Feéricos.
Classificação: PG-13.
Tamanho: 2.985 palavras.
Status: Completa.
Disclaimer: Esse conto faz parte de algum rascunho perdido meu do Projeto Feéricos que vocês podem ver os pedaços sendo costurados aqui nesse post [x]
Personagens: Raine (aqui chamada de Myrna Reyners), Kristevá Todd



O afeto não era de agora, o conforto de ter um corpo tão perto do seu era familiar, como se aquele momento ali já houvesse disso escrito em algum lugar. Acariciou de leve os cabelos revoltos da pessoa a sua frente, esparramada no sofá maior, ressonando a respiração calma e pausada de sempre. Se acostumara a ouvir esse ritmo desde muito tempo, quando a vira pela primeira vez, dormindo como pedra dentro do vagão de metrô do Arges. O rosto havia mudado muito, a aura tão caótica e confusa também, uma criança domesticada com remédios, tratamentos psiquiátricos, rasurada e esquecida em algum quarto daquele maldito lugar que sugava os sonhos de quem entrava.

Como deixara isso acontecer?

Ela, ou ele, não sabia como denominar mais com quem lidava ali a sua frente, não parecia ser daquela época, alguém deslocado do tempo-espaço, colocado em um corpo que às vezes mostrava que não encaixava na normalidade. Muito confuso para a lógica tradicional de Raine.

Em seus lindos anos em Hibernia, Raine achava que sua vida fútil e cheia de caprichos na Corte a deixariam anestesiada quanto as frivolidades emotivas das donzelas medievais. Acostumada a fugir de qualquer aspecto romântico de sua vida - coisa essa inventada por malvados deuses desordeiros para atrapalhar a vida dos seres vivos - se refugiava solitária nas florestas densas de sua terra Natal ou em incursões nas cavernas de gelo abaixo da grande costa congelada no litoral das terras afastadas do Clã do Profundo Inverno. Estar sozinha era a opção mais acertada em sua vida milenar, e também a mais divertida. Trocar essa sensação de liberdade - o espírito livre de uma folha que se solta da árvore mais frondosa e segue um rumo sem destino - era uma heresia em sua conduta pessoal de viver no mundo dos humanos. Não trocaria isso por nada e nem ninguém.

Até ver que não era necessário trocar sua ética a favor de algo ou alguém. Era apenas se deixar sentir.

Os companheiros de caçada entendiam seu lado aventureiro, sua veia estratégica, sua liderança nata, mas não compreendiam que debaixo das camadas que acobertara pra si residia aquela menininha feérica que adorava ouvir música dos menestréis e apreciar o nascer do sol. O de respirar fundo a atmosfera em uma lua cheia, corpo aquecido por uma fogueira tímida e um jarro de vinho. O dançar sozinha debaixo da torrencial que assolava as divisões entre os reinos sei e o deles.

Kittie sorriu rápido em seu sonho pesado, isso distraiu seu pensamento dos tempos de outrora. Às vezes isso acontecia quando Raine estava por perto, mesmo quando acordada. Prince havia advertido como Kittie a observava quando ninguém prestava atenção, como isso era corriqueiro, pois ninguém se importava com pessoa esquisita que acordava todos os dias em um banco dos fundos do hotel sem saber como chegara ali. Depois foi Angie, explicando que a vida era uma imensa balança de pesos diferentes. E que a paz no sono de Kittie era o pior dos pesadelos no mundo real. Óbvio que entender o que a menina eshu falava era perda de tempo: Angie nunca entregava informações sem haver uma negociação de valores (No caso dela: comida).

Seus dedos caminharam cautelosos pelos cabelos revoltosos, impregnados com grãos de areia da última aventura, rosto não mais transparecendo a dor interna. Kittie parecia ser mais feliz dormindo e sonhando. E isso deixava Raine particularmente infeliz.

Pois se era nos sonhos que Kittie encontrava paz, era exatamente lá que Raine não queria mais habitar. Estar no Sonhar era se sujeitar as regras esquisitas da Corte, das ordens dos elderes, de ter que fazer seu papel odioso de futura monarca mais importante de todo mundo feérico. De ser quem as pessoas queriam que ela fosse, não quem ela realmente era.

Mas Kittie era feliz dormindo. Único lugar de paz e segurança. Com o que ela sonhava, Raine já sabia de cor, mas viver uma ilusão permanente é mais doloroso que acordar para uma vida de sofrimento.

- Eu gostaria de te livrar dessa dor...

02 novembro 2016

[eu não sei fazer poesia] sem título

Tem três eu dentro dimim
Ume é que escreve
Outre que escarnece
Últime é uma extensão sem fim

Como três sofre junto
Que nem boi ladrão
Num mato sem cachorro
Que acabou de levar esporro
Em briga de foice no escuro

Nenhume toma jeito
Acham que no mundo tudo tem conserto
É remendo de lá, costura de cá
Um hematoma ali pra acostumar
Três vezes a dor em um
Ouve só o que vai vir

Primeiramente fora temerários
Povo inerte de posição e cabeçalho
Enfurnado em seus títulos recíprocos
Sentadinhos enfileiradinhos sequinhos
Tão certinhos de seu desempenho oh dó

Mas gritar não resolve, virar olho ou bufar
Nos corredores dos sims e nãos é preciso cortejar
A velha tradição de juntar bolinhos
Daqueles certinhos engomadinhos
De pés juntinhos torcem pra minoria enganar

São três de mim pra escolher um lado só
A ladainha deles, já sabemos de cor
Três de mim quer protestar
Vociferar, chamar em plenos pulmão
Provar por a + b esses cidadão
Tão afeiçoado ao latim do Lattes
Que a lógica esmagadora de Descartes
Não serve para o populacho não

31 outubro 2016

reações químicas parte 1


Não, não é sobre como é descobrir que crush perfeita de C. Lattes impecável e do signo se Touro (*insira um gritinho beeeeeeem histérico aqui*), mas o de experimentar um processo químico desencadeado desde março do ano passado.

Meu cérebro não funciona mais como antes. O acidente me mudou em diversas maneiras de comportamento, expectativas e funcionamento corporal. Se o psicológico foi abalado por um fator de coisas, o meu corpo também seguiu a mesma linha.

Como por exemplo, tolerância a efeitos de analgésicos.

Créditos: A Brief Guide to Common Painkillers (Clica que aumenta!)

Então se eu sinto cólica, não adianta  Buscopan ou Atroveran, vai continuar doendo. Se for dor muscular, NOPE, Torsilax ou Dorflex vai só aliviar um pouco por um tempo mínimo. Dor no coração?

Quem disse que tenho um?

Anyway, a culpa principal disso, sinalizada na bula do bendito remédio que me acompanhou por quase 3 semanas foi a codeína. Sim, a linda e brilhante medicação receitada que além de me fazer beber água como camelo, aumentar minha libido em 333%, também me causou problemas de despersonalização (aka sentir que saí do corpo, hello?), e tchanananan! A tolerância a qualquer remédio contra dor que não seja mais forte que a própria.

O que isso implica, chuchuzites?

É que arranjei uma puta dor nas costas, que está indo para a perna esquerda e tomar Torsilax a cada 4h não está adiantando. Tomar codeína de manhã e fazer o restante com Torsilax não está adiantando, logo há de se pressupor que um dos pesadelos listados na minha lista de pesadelos voltou à tona. O medo da dor. Ou melhor o medo de não sentir mais dor, porque meu cérebro decidiu shut down as conexões nervosas pra autopreservação.

Uma coisa interessante que a Psicologia explica sobre o motivo do homo sapiens ter medo de altura, escuro e fogo vai da noção de autopreservação. Se eu perder algo disso tou lascade. Sério, parte da manutenção da minha Sanidade se deve a se fator.

Já que não posso ficar sem trabalhar e estudar, tou enchendo os cornos de remédios e pedindo a quem me protege uma ajudinha em me lembrar o que devo fazer pra não abusar demais do privilégio de não sentir tanta dor quanto antes.

Pelo menos uma coisa boa dessa experiência: meu cérebro não tem tempo de computar as bad vibes do ambiente, logo não afeta nadinha na depressão, na verdade até me ajuda a ficar mais ative (ui) durante a maior parte do tempo.



Intolerância a dor, anotando nova skill na ficha.