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28 fevereiro 2018

[eu não sei fazer poesia] trabalho não nos dignifica, nos autentica

O que seria de nós metros de músculo,
nervo, ossos e sinapses, embalados em quilômetro de pele rasa,
eriça, fraca, falha em poucos segundos destroçada
sem o menor esforço...?

Faço das minhas palavras as últimas a ouvir,
tampem os ouvidos se assim querer,
querido eu,
antes eu,
anteriormente eu,
cúmplice eu.

"Aprenda com os erros dos outros,
aperfeiçoe onde não acertaram,
conserte isso e aquilo!",

O simples clamor do labor a cada segundo de uma vida erroneamente eterna quando se coloca coração demais no trabalho e pouco onde ele acha que pertence - e é sempre onde os Outros acham que deve pertencer.
O trabalho não nos dignifica, nos autentica.

Como um preço de supermercado,
estampado em nossas testas,
prontos para sermos consumidos,
o valor de cada troca é diretamente proporcional
ao esforço exigido,
tantos esforços por tantas etiquetas,
olhe só isso,
hoje,
meu amigo terreno,
hoje estou em promoção.

27 fevereiro 2018

mais um semestre a começar

Hey céleblo feladapoooota, como vai?
Pois eu vou bem.
Não consigo ver beleza em nada ainda, mas tamos aí pra entender o que raios vai ser desse semestre.

Ataques de ansiedade são bem-vindos, até porque eles sempre estão por aqui rodeando um estômago cheio de suco gástrico sem ser afetado por cafeína há 2 meses e um fator de não ter algo substancial como distraimento.

Ando lendo livros.
A Divina Comédia tá encaixando direitinho com a vida, principalmente aquele trem de ficar se apoiando em poeta morto, dando uns rolê em círculos e a única possibilidade de ter alguma redenção é conferindo na íntegra o que o mal-mal como pica-pau tem reservado para o coração fraco e pecador de um cristão relapso, logo consigo me identificar com a narrativa.

Fonte: Comics by R.E. Parrish


Não que eu seja cristão.
Mas o rolêzim tá bem parecido com a vida real.

Voltar para faculdade cada semestre tem um misto de apropriações emocionais - porque negar é o princípio para a aceitação né? Bora - em que a ansiedade tá ali, maratonando junto, dando tchauzinho a cada 3 minutos e voltando pra dar aquele abraço só pra garantir que estará ao seu lado, no que der e vier.

É bom personificar os medos, já meio caminho andado para querer chutá-los em sonhos ou devaneios mesmo. Sinceramente? Colocar massa corpórea nessas quimeras é mais fácil de lidar do que tentar pegar com a mão uma cortina de fumaça.

Então o misto vem com todo o repertório da frustração, em quase todos os sentidos, em quando uma situação que não sei se saiu do controle vai me atingir com mais força por eu não ter controle nenhum. Pra ter uma ideia, quis ficar grudade no busão na hora de ir pra aula, ficar na cadeira e voltar de onde eu vim. Lá é seguro, é calmo, nada acontece, é um depósito de poucas lembranças.

Graças.

Mas ser adulto é encarar a realidade, e para percepções que me são salientes, a realidade não é nada legal.

A realidade nos faz pensar que durante uma aula qualquer sobre assunto diverso vai abrir uma porta de (im)possibilidades incríveis de se explorar, para um segundo depois ter a bigorna esmagadora de que não, ali não é lugar para se abstrair para isso. Aliás, esse sufocamento primário de pensamentos é que me fez chegar a esse ponto no começo da conversa.

É a vida.
Ela é nada feliz.

É um espetáculo bonito isso de ser visitante em seu próprio corpo, analisando cada molécula arrasada por culpa daquilo que não fez e daquilo que deveria ter feito (na maior parte das vezes é ter coragem pra fazer as coisas, tá difícil), se chega à conclusão que se cuidar é a melhor maneira de não surtar. E não surtar no sentido romântico, explícito, altamente catártico da palavra, é o fermentar pequenas porções de ansiedade e torções de realidade e angústia e medo de não ser suficiente em um bolo imaginário que estaciona nas dependências do abdômen. E subir pela garganta. E trancar a respiração. E ter que fingir que tá tudo bem, porque hey tá tudo bem! Não tá bem? Por que não deveria estar? 

O surtar aos poucos e com doses homeopáticas é uma das habilidades que vem de berço, eu sei. Engolir o bolo até ele se digerir em algo diferente foi o que aprendi até então.
(Dá pra mudar? Dá. Se eu quero? Nem sei mais.)

Por que não tentar de novo, seu disgramento? Penso eu com meu músculo que não sente dor. Porque tentar de novo vai ser a mesma coisa que expor a tudo que não é necessário se absorver. 

Até onde investiguei, não sou uma esponja.

Então até essas miudezas não serem extraídas do sistema neural e principalmente do estomacal (a fermentação dos sucos é acessível com um olhar, faz parte) não partir, essa é a minha vida de escriba nesse bendito curso que continua sendo minha paixão, mas assim como o moleque estrábico rancoroso, minha Psique não está muito a fim de ficar casada com uma entidade que é invisível.

Mas prossegue a rotina, tem um diploma pra pegar, mais outra epopeia estomacal para cultivar e rever prioridades novamente pra não surtar. 

Muito poético isso, né?
Tava achando que tinha perdido essa veia de disfarçar meus problemas emocionais com metáforas e referências e afins. Faz parte.

26 fevereiro 2018

regrinhas de viajantes

É sempre bom lembrar algumas regrinhas aprendidas enquanto viajantes dessa realidade:

1) tempo não cura powha nenhuma, amnésia sim.
2) nunca diga nunca para aquilo que não afeta seus valores pessoais, seu conceito de moralidade e suas ruminações éticas.
3) pessoas são pessoas e elas provavelmente irão te decepcionar em um certo grau de intensidade. Você também é uma pessoa, logo também entra nessa roda.

Item 2 de com força pra esse começo de semestre letivo e fase nova de vida meio antiga.

23 fevereiro 2018

erros de interpreta-direção


Desde criança gosto de direções.
A Rosa dos ventos é fascinante pra mim desde que consegui mexer numa régua direito.
Mapas, bússolas, continuo sendo a pessoa loka que cata todo guia turístico vagabundo printado em rodoviária.

Antes de escrever algo substancial faço rascunho de mapas, plantas baixas, lugares que existem, lugares que não existem (ou não), direções.

18 fevereiro 2018

waddahell is embuste?

Oi sincronicidade, 

Tudo bem? 
Rememorando uma pergunta que de certo jeito que já estava esperando vir de alguma forma (não da pessoa que fez), e que de vez em quando me pergunto no meio do dia quando a dúvida sobre o que tou fazendo nessa existência vale a pena.

A questão tratava sobre principalmente a forma que enxergamos as outras pessoas nessa lente graduada que temos nos globos oculares.

Engraçado em perceber que na ótica da pessoa querida a questão foi dirigida quanto a qualidade de um relacionamento que tava fadado a muito desgaste emocional por conta de outros e sacrifícios pessoais. Na minha ótica empirista, analisei a questão de duas formas, com visão utilitária (e perdoe-me se uma lente que uso pode ser tão fria, dura e grossa) e a outra a gente tríplice do bom, bonito e barato.

O que podemos trocar por:
Bom = maturidade 
Bonito = distância 
Barato = tempo

Nessa tríplice deu para responder com mais veemência. Até porque a pergunta não era para estabelecer exatamente o que eu achava da outra pessoa - isso aí foge um bocado de como nos enxergamos pelos olhos dos outros - era para reafirmar algo que todo dia levanto da cama com a cara amassada no travesseiro.

O que é embuste afinal?
O que é valer a pena para outrem?
O que é exatamente o se esforçar para um relacionamento funcionar?

10 fevereiro 2018

[estrada para o éden] projeto novo de escrivinhação


Estrada para o Éden (6843 words) by brmorgan
Chapters: 3/?
Fandom: Original Work
Rating: Teen And Up Audiences
Characters: Jordana "Marga" Margaret, Original Characters, Timothy, Gloria, Reginaldo "Regis"
Additional Tags: sobrenatural, biblioteca, bibliotecária, Past Lives
Summary:
Uma bibliotecária senhorinha, Jordana "Marga" Raelsin - com seus tiques e afazeres infinitos na biblioteca infanto-juvenil do bairro onde nasceu e morou desde sempre - é atingida na cabeça com um sapato enfeitado de um dos desfiles do Mardi Gras em Nova Orleans e acorda no meio da multidão como uma criança de 10 anos.
Muitos mistérios, achados e perdidos, piadinhas de bibliotecários, serviços de referência e processamento técnico, além daquele plot sobrenatural que todo residente em Nova Orleans deve ter para contar nos dias de Carnaval.

08 fevereiro 2018

[bibliotequices] desorganização organizada com LibraryThing

[nenhum jabá foi feito ao se produzir esse post, esse trem tem código aberto pra gente usar o API, gente!]

Alguém precisar de uma ajudinha ou quiser praticar um pouco do processamento técnico aprendido no curso de Biblioteconomia, uma dica que dou é organizar a própria biblioteca particular.

Um projeto que boto muita confiança e gosto de ver as atualizações é o LibraryThing por facilitar para quem não quer perder tempo preenchendo dados intermináveis, em alguns cliques dá para adicionar livros em alguns minutos.

O app para Android que me surpreendeu com a última atualização: literalmente em segundos consegui processar uma pilha de 10 livros só escaneando o ISBN (válido) e adicionando automaticamente ao catálogo.

Qual é a graça nisso tudo depois?
Pra quem é a da Biblio é se divertir fazendo a indexação de forma mais apropriada pras suas necessidades (Minha política de indexação tá lá pegando poeira, mas vou dar uma revisada quando entrar na disciplina de Prática de Tratamento de Informação), se quiser escrever review do livro também dá, marcar estrelinha, separar em coleções, categorias, fazer wishlist, verificar se os dados com a fonte estão certos (se bem que eles puxam todas as informações de várias fontes como LoC, British Library, Amazon e muitos outros lugares), dá pra esnobar o Dewey e usar a LCC (Classificação da LoC) ou por número de chamada e PASMEM! dá pra colocar um campo para administrar empréstimos e devoluções

Tem mais opções lá, mas como faço a organização da minha estante de forma desorganizada (Por tamanho do livro, se caber na prateleira vai por autor, se não couber vai por similaridade) pra mim tá bem belezinha.

Quem quiser saber mais, visite o site deles e/ou comenta aqui o que achou, se usou, se tá com alguma dúvida. Facilitar a vida de quem precisa de informação: essa é a meta biblioteconomística pro resto da minha vida!


05 fevereiro 2018

curativos instrumentais - claire delafontaine

2006 era o ano, final de semestre. 
Portman não suportava mais os ensaios semanais, as cordas constantemente trocadas, as variações de clima. Portman não cabia mais no meu corpo e meus dedos saíam acabados após estar horas ininterruptas nela. 

Whooooooa ppl, Portman era o meu primeiro violão, ganhei de aniversário em 2000 e que aos trancos e barrancos aguentou bem alguém totalmente descuidado e sem muitoooooo preparo para a rotina musical.

Portman na versão clean 2000 - 2004


Portman glitterinado e papel contact 2004 - 2006

Ele tinha um traste pequeno, por ser uma versão iniciante e talz, não tinha muito o que cobrar dela, coitada. Os agudos eram um problema, pois por ser violão para cordas de nylon, eu insistia colocar cordas de metal para a sonoridade ficar melhor. O corpo ajudava um bocado já que tinha um grave até de boas, o ruim mesmo foi descobrir que acústico não é o mesmo que colocar um "cristal" para suprir a falta de instalação para uma versão elétrica.

Aquele cristal era meu pesadelo secreto nos ensaios, sério. Ele fazia um barulho estridente nos agudos que eu me recusava a ouvir e por conta disso até hoje quando tou tocando faço o movimento involuntário de pressionar meus ouvidos para dentro para não ouvir o rangido. Era um rangido? Era, eu sentia às vezes ecoar no braço quando usava a braçadeira (Esse trem que prende as cordas em uma afinação diferente).

Aliás, essa effing braçadeira que salvou muitos dedos ferrados, já que Portman ficava em uma afinação de 1 tom abaixo (em D, G, C, F, A, D) pra braçadeira fazer o trabalho dela na 1ª casa e não a padrão (as cordas estão nessa afinação E A D G B e, é o que eles chamam de afinação em Sol Maior e é fofurice). Por quê?! Porque "amaciava" na hora de apertar as cordas, não era pra ser estiloso. Eu reclamando pra cacete aqui, mas passei umas boas com a chuchuzinha antes de aposentá-la. 

Aí veio a Claire.

Claire é meu violão folk.
Ela é canadense, Quebec, tem cerca de 20 anos e foi feita como edição especial para uma linha de violões folk para iniciantes e intermediários. O ano seguinte saiu de linha.

Consegui essas informações diretamente com a fabricante e com um bocado de recuperação de informação exercitada na outra amada magoada (a arte que casei desde 2013). O atendente deu uma lista bacana de materiais que a versão da Claire tinha sido fabricada e perguntou como eu havia conseguido ela aqui no Brasil. Fui rememorar né?

Debaixo do link algumas coisas que gosto de lembrar sobre os instrumentos musicais que já sofreram na minha mão.

25 janeiro 2018

vigilância constante

Fui perceber o quanto tava difícil de manter a seguridade da cachola quando percebi que não queria escrever mais.

Sério. Não escrever mais.

Deixar as histórias que estavam na minha cabeça esvaírem, não descerem pela corrente sanguínea, encontrarem os dedos.

Essa é a minha bandeira vermelha de que algo muito muito ruim tá acontecendo e não tou conseguindo controlar como o devido no modo "mecanismo de enfrentamento" 24/7.

É exaustivo.

21 janeiro 2018

o funkodélico anos 90 ouvindo Fernanda Abreu

Vi um doc bacana no Canal Arte 1 - "Nas Nuvens" - sobre a produção dos primeiros álbuns da cantora carioca Fernanda Abreu e fiquei hipnotizade com a narração do processo criativo do Liminha e da Fernanda nos anos 90. Um mundo antes da Internet e sem leis de copyright sobre samples em música autoral.

Não tem o doc inteiro nas interwebs (Estreou em dezembro do ano passado, logo...), mas abaixo tem um trechinho da conversa dos dois.



Ver o doc me remeteu a muitas lembranças bacanas do começo da adolescência trash, reconhecer o quanto o álbum "Da Lata" fez diferença no gosto musical que fui curiosamente buscar depois. E esse álbum de 1996 foi o 1º CD (compact disc) físico que comprei. Tocava ele em um system da Toshiba com altas caixa de som de madeira que depois consegui juntar mais outras 2 de uma antiga vitrola. Não era dolby surround, mas pô, era a gambiarra de uma criança de 12 anos que amava o baixo das melodias.

Esse conjunto estava no quarto que dividia com minha irmã mais velha (6 anos a mais) e ficou ali até ser movido para a cozinha, já que era nosso maior espaço para fazer coisas.
(Aliás, me fez perceber o quanto as cozinhas mineiras são enooooormes comparadas as daqui de Floripa. A minha antiga costumava ocupar 2/4 da casa e a sala era mínima)

O trabalho que ela desenvolveu foi incrível e valorizo pra caramba a mistureba criativa dela com as ideias mirabolantes de gravações do Liminha. Em uma das passagens, disseram que gravaram as buzinas de "Garota Sangue-Bom" rodando as principais vias com um aqueles gravadores com fitinha, e pedindo pro pessoal ao lado buzinar. Depois iam pro estúdio e emendavam com máquina de sample que nem existia no Brasil, botavam base do baixo no meio, jogavam cavaquinho, batucada de escola de samba (O famoso grupo da época Funk'n'Lata) e batidão funk e plim! Era assim Fernanda Abreu!

Não lembro de alguém fazendo a mesma coisa que ela naquela época (Ed Motta não era a mesma coisa, gente, era música de rico.), com as poucas informações que chegavam na roça onde morava, menos ainda. A MTV era nossa única fonte boa de música estranha, mas que nem a Fernanda? Nope, ninguém ganha de Kátia Flávia.

E era uma mulher cantando, sabe? Isso fez uma diferença total em como fui enxergar a música produzida no Brasil daquela época. Anos 90 tinha muita gente bacana, mas poucas levavam versos para retratar a mulher como poderosa, dona de si e o modo carioquês sem ser sexista. Tá, tem o Fausto Fawcett, mas tira ele da composição e tudo fica feliz.
(E obrigade Wikipedia por informar a data de aniversário dela, virginiana phodaaaaaaaaaaaaaa!!!)

O álbum todo tá aqui, só clicar e ser feliz, ou ouvir pela 1ª vez o que raios era o cenário musical inusitado no Brasil dos anos 90.




E "Jorge de Capadócia" de 1992 né? Oh letra foda! Jorge Ben Jor era um artista que meus pais tocavam até furar o disco na vitrola, ouvir novamente com essa roupagem groove/funk foi aqueles momentos de mindblow. Mãe desenterrou os vinis dentro do armário, tava lá a música original.

Aliás mãe me lembrou que tem umas raridades naquele armário. Tem um ao vivo da Rita Lee que minha irmã insistia em ouvir, e outro do Lulu Santos. Quando o system chegou lá em casa ficou revezando os vinis de antes, o "Da Lata" e "Bridges to Babylon" do Rolling Stones, mas aí esse é assunto para outra postagem :D

Lembrar das letras do álbum sem saber como também me é um mistério. Fui ouvir "Tudo vale a pena" e meu coração bateu bem forte aqui na caixa torácica, a carioquice que tá no sangue, mas pouco praticada, sobe devagar quando ouço os versos "Seus santos são fortes, adoro seu sorriso, Zona Sul ou Zona Norte, seu ritmo é preciso. Tudo vale a pena, sua alma 'não-é' pequena.", parece besteira, mas esse verso cantado é de levantar a alma de gente morta-viva, sabe?
É algo que eu imaginaria a Angie de Feéricos cantarolando dentro do busão para animar geral após um dia inteiro de trabalho ou caçada.

Ps: "É hoje!" vai ser meu tema de formatura, quiriduns! Oh se vai!

(to be continued...)